quinta-feira, 15 de agosto de 2013
CARTILHA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE ALTISMO ( TEA )
Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa
MINISTÉRIO DA SAÚDE
com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)
Diretrizes de Atenção
à Reabilitação da Pessoa com Transtornos
do Espectro do Autismo (TEA)
AT
1
Brasília – DF
2013
à Reabilitação da Pessoa com Transtornos
do Espectro do Autismo (TEA)
Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa
com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria de Atenção à Saúde
Departamento de Ações Programáti cas Estratégicas
Diretrizes de Atenção
à Reabilitação da Pessoa com Transtornos
do Espectro do Autismo (TEA)
F. Comunicação e Educação em Saúde
Brasília – DF
2013
Ministério
da Saúde
4
5
Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa
com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)
©
2013 Ministério da Saúde.
Todos os direitos reservados. É permiti da a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que não seja para
venda ou qualquer fi m comercial. A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens desta obra é da área técnica. A
coleção insti tucional do Ministério da Saúde pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde:
.
Tiragem: 1ª edição – 2013 – 500 exemplares
ção, distribuição e
Colaboradores
Elabora
informações
Cleonice Alves Bosa
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria de Atenção à Saúde
Daniela Fernanda Marques
Departamento de Ações Programáti cas e Estratégicas
Fernanda Prada Machado
Área Técnica de Saúde da Pessoa com Deficiência
Jacy Perissinoto
SAF/Sul, Trecho 2, Edifí cio Premium, Torre 2, bloco F, térreo, sala 11
José Salomão Schwartzman
CEP: 70070-600– Brasília/DF
Maria América Coimbra de Andrade
Marisa Furia Silva
Site:
pessoacomdefi ciencia@saude.gov.br
Rogério Lerner
E-mail:
Ruth Ramalho Ruivo Palladino
Silvia Maria Arcuri
Coordenação
Dário Frederico Pasche
Vera Lúcia Ferreira Mendes
Projeto Gráfi co e diagramação
Alisson Sbrana
Organização
Fotos
Mariana Fernandes Campos
Vera Lúcia Ferreira Mendes
Acervo Área Técnica de Saúde
da Pessoa com Deficiência
:
Revisão Técnica
Jacy Perissinoto
Normalização
Mariana Fernandes Campos
Ruth Ramalho Ruivo Palladino
Vera Lúcia Ferreira Mendes
Impresso no Brasil /
Printed in Brazil
Ficha Catalográfi ca
___________________________________________________________________________________________
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáti cas Estratégicas.
Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com Transtornos do Espectro do Auti smo / Ministério da Saúde, Secretaria de
Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáti cas Estratégicas. – Brasília : Ministério da Saúde, 2013.
74, p. : il. - (Série F. Comunicação e Educação em Saúde)
1. Transtornos do Espectro do Auti smo. 2. Saúde pública. 3. Políti cas públicas.
CDU 619.899
_________________________________________________________________________________________________________
Catalogação na fonte – Coordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS –
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5
Ministério
da Saúde
Prefácio
Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Defi ciência
(NY, 2007),
A
promulgada pelo Estado Brasileiro pelo decreto 6.949 em 25/08/09,
resultou numa mudança paradigmáti ca das condutas oferecidas às
Pessoas com Defi ciência, elegendo a acessibilidade como ponto
central para a garanti a dos direitos individuais. A Convenção, em seu
arti go 1º, afi rma que a pessoa com defi ciência é aquela que
“ têm
impedimentos de longo prazo, de natureza fí sica, mental, intelectual
ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem
obstruir sua parti cipação plena e efeti va na sociedade em igualdade
de condições com as demais pessoas”.
Desde então, o Estado brasileiro tem buscado, por meio da formulação
de políti cas públicas, garanti r a autonomia; a ampliação do acesso
à saúde; à educação; ao trabalho, entre outros, com objeti vo de
melhorar as condições de vida das pessoas com defi ciência. Em
dezembro de 2011 é lançado o
Viver sem Limite: Plano Nacional de
Direitos da Pessoa com Defi ciência
(Decreto 7.612 de 17/11/11) e,
como parte integrante deste programa, o Ministério da Saúde insti tui
a
Rede de Cuidados à Saúde da Pessoa com Defi ciência no âmbito
do SUS
(Portaria 793, de 24/04/12), estabelecendo diretrizes para
o cuidado às pessoas com defi ciência temporária ou permanente;
progressiva; regressiva ou estável; intermitente ou contí nua.
6
7
Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa
com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)
Também em consonância com a Convenção sobre os Direitos da Pessoa
com Defi ciência, o governo brasileiro insti tui a
Políti ca Nacional de
Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtornos do Espectro do
Auti smo
(Lei 12.764 de 27/12/12), sendo esta considerada Pessoa
com Defi ciência para todos os efeitos legais.
Esse processo é resultado da luta de
movimentos sociais, entre os
quais enti dades e associações de pais de pessoas com transtornos do
espectro do auti smo
que, passo a passo, vêm conquistando direitos
e, no campo da saúde, ajudando a construir equidade e integralidade
nos cuidados das Pessoas com Transtornos do Espectro do Auti smo.
é um dos resultados da conjunção de esforços da
Esta
Diretriz
sociedade civil e do governo brasileiro. Coordenado pelo Ministério da
Saúde, um grupo de pesquisadores e especialistas e várias enti dades,
elaborou o material aqui apresentado, oferecendo orientações
relati vas ao cuidado à saúde das Pessoas com Transtornos do
Espectro do Auti smo, no campo da habilitação/reabilitação na Rede
de Cuidados à Pessoa com Defi ciência.
Vale ainda salientar que para que a atenção integral à pessoa com
transtorno do espectro do auti smo seja efeti va, as ações aqui
anunciadas devem estar arti culadas a outros pontos de Atenção da
Rede SUS (atenção básica, especializada e hospitalar), bem como os
serviços de proteção social (centros dia, residências inclusivas, CRAS
e CREAS), e de educação.
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7
Ministério
da Saúde
SUMÁRIO
1 OBJETIVO
09
2 METODOLOGIA
11
3 INTRODUÇÃO
13
4 INDICADORES DO DESENVOLVIMENTO E SINAIS DE ALERTA
20
5 INSTRUMENTOS DE RASTREAMENTO
29
6 COMPORTAMENTOS ATÍPICOS, REPETITIVOS E
ESTEREOTIPADOS COMO INDICADORES DA PRESENÇA DE TEA
32
7 DIRETRIZES DIAGNÓSTICAS DOS TEA
36
8 O MOMENTO DA NOTÍCIA DO DIAGNÓSTICO DE TEA
53
9 PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR: HABILITAÇÃO/
REABILITAÇÃO DA PESSOA COM TEA
56
10 APOIO E ACOLHIMENTO À FAMÍLIA DA PESSOA COM TEA
63
11 FLUXOGRAMA DE ACOMPANHAMENTO E ATENDIMENTO
DA PESSOA COM TEA NA REDE SUS
64
REFERÊNCIAS
66
8
9
Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa
com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)
1 Objetivo
8
9
Ministério
da Saúde
O objeti vo desta diretriz é oferecer orientações às equipes
multi profi ssionais para o cuidado à saúde da pessoa com Transtornos
do Espectro do Auti smo (TEA) e sua família, nos diferentes pontos de
atenção da Rede de Cuidados à Pessoa com Defi ciência.
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Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa
com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)
2 Metodologia
A elaboração das Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa
com Transtornos do Espectro do Auti smo foi uma ação conjunta
de profi ssionais, pesquisadores e especialistas, com experiência
reconhecida em diversas profi ssões da saúde e pertencentes a
Sociedades Cientí fi cas e Profi ssionais. Esse grupo contou também
com um representante da sociedade civil.
A apresentação da problemáti ca resultou de pesquisa bibliográfi ca
em material nacional e internacional publicado nos últi mos
70
anos,
o que permiti u construir um pequeno, mas representati vo resumo
do estado da arte. As recomendações, por sua vez, também foram
consequência de um trabalho de revisão críti ca da experiência práti ca
dos membros do grupo, cada um em sua especialidade de trabalho
com as pessoas com Transtornos do Espectro do Auti smo.
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da Saúde
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Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa
com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)
3 Introdução
3.1 Histórico
O termo “auti smo” foi introduzido na psiquiatria por Plouller, em
1906, como item descriti vo do sinal clínico de isolamento (encenado
pela repeti ção da auto-referência) frequente em alguns casos.
Em 1943, Kanner reformulou o termo como distúrbio autí sti co do
contato afeti vo, descrevendo uma síndrome com o mesmo sinal
clínico de isolamento, então observado num grupo de crianças com
idades variando entre 2 anos e 4 meses a 11 anos . Ele apresentou as
seguintes característi cas, como parte do quadro clínico que justi fi cava
a determinação de um transtorno do desenvolvimento: 1) extrema
difi culdade para estabelecer vínculos com pessoas ou situações;
2) ausência de linguagem ou incapacidade no uso signifi cati vo da
linguagem; 3) boa memória mecânica; 4) ecolalia
; 5) repeti ção de
1
pronomes sem reversão; 6) recusa de comida; 7) reação de horror
a ruídos fortes e movimentos bruscos; 8) repeti ção de ati tudes; 9)
manipulação de objetos, do ti po incorporação; 10) fí sico normal; 11)
família normal.
Em 1956, ele elege dois sinais como básicos para a identi fi cação do
quadro: o isolamento e a imutabilidade e confi rma a natureza inata
do distúrbio. O quadro do auti smo passou, desde então, a ser referido
por diferentes denominações, tendo sido descrito por diferentes
1
Genericamente, a ecolalia se caracteriza pela repetição sistemática de
palavras ou sílabas do enunciado do interlocutor.
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Ministério
da Saúde
sinais e sintomas dependendo da classifi cação diagnósti ca adotada a
parti r dos dois sinais básicos estabelecidos por Kanner.
O conceito do Auti smo Infanti l (AI), portanto, se modifi cou desde
sua descrição inicial, passando a ser agrupado em um contí nuo de
condições com as quais guarda várias similaridades, que passaram
a ser denominadas de Transtornos Globais (ou Invasivos) do
Desenvolvimento (TGD). Mais recentemente, denominaram-se os
Transtornos do Espectro do Auti smo (TEA) para se referir a uma parte
dos TGD: o Auti smo; a Síndrome de Asperger; e o Transtorno Global
do Desenvolvimento sem Outra Especifi cação, portanto não incluindo
Síndrome de Rett e Transtorno Desintegrati vo da Infância.
O auti smo é considerado uma síndrome neuropsiquiátrica. Embora
uma eti ologia específi ca não tenha sido identi fi cada, estudos sugerem
a presença de alguns fatores genéti cos e neurobiológicos que podem
estar associados ao auti smo (anomalia anatômica ou fi siológica
do SNC; problemas consti tucionais inatos, predeterminados
biologicamente). Fatores de risco psicossociais também foram
associados. Nas diferentes expressões do quadro clínico, diversos
sinais e sintomas podem estar ou não presentes, mas as característi cas
de isolamento e imutabilidade de condutas estão sempre presentes.
O quadro, inicialmente, foi classifi cado no grupo das psicoses infanti s.
Na tentati va de diferenciação da esquizofrenia de início precoce,
prevaleceu o conceito de que os sinais e sintomas devem surgir antes
dos 03 anos de idade, e os três principais grupos de característi cas
são: problemas com a linguagem; problemas na interação social; e
problemas no repertório de comportamentos (restrito e repeti ti vo),
o que inclui alterações nos padrões dos movimentos.
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Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa
com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)
Sendo assim, duas questões tornaram-se evidentes: a importância
da detecção precoce e a necessidade do diagnósti co diferencial. A
primeira se refere a uma melhor defi nição de sinais, ou ainda, a uma
possibilidade de identi fi cação dos mesmos no período em que a
comunicação e expressão individual e social começam a se moldar:
primeiros meses de vida. Nesse ponto vale uma observação: a
importância atribuída à dimensão intelectual se dá em detrimento do
estudo da linguagem dessas pessoas, que aparece de forma genérica
nos apontamentos sobre comunicação, privilegiada para descrever o
sintoma básico do isolamento. Portanto, faz-se necessária a defi nição
de indicadores de risco para o quadro, em várias dimensões. A
segunda questão se refere à construção de protocolos econômicos
e efi cientes de diagnósti co e tratamento, separando os casos
de transtornos do espectro do auti smo de um quadro geral dos
transtornos do desenvolvimento, como medida de ajuste à rede de
cuidados à saúde nesses casos.
3.2 Epidemiologia
Os dados epidemiológicos internacionais indicam uma maior
incidência de TEA no sexo masculino, com uma proporção de cerca de
4,2 nascimentos para cada um do sexo feminino (Fombonne, 2009;
Rice, 2007). A prevalência é esti mada em um em cada 88 nascimentos
(
Centers for Disease Control and Preventi on
, 2012), confi rmando a
afi rmação de que o auti smo tem se tornado um dos transtornos do
desenvolvimento mais comuns (Fombonne, 2009; Newscha er et al.,
2007).
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Ministério
da Saúde
No Brasil, os estudos epidemiológicos são escassos. No Primeiro
Encontro Brasileiro para Pesquisa em Auti smo (EBPA - htt p://www6.
ufrgs.br/ebpa2010/), Fombonne (2010) esti mou uma prevalência de
aproximadamente 500 mil pessoas com auti smo em âmbito nacional,
baseando-se no Censo de 2000. Dentre os poucos estudos realizados,
há um piloto (De Paula, Ribeiro, Fombonne e Mercadante, 2011)
realizado em uma cidade brasileira, que apontou uma prevalência
de aproximadamente 0,3% de pessoas com transtornos globais
do desenvolvimento. De acordo com os próprios autores, dada a
pouca abrangência da pesquisa, não existem ainda esti mati vas de
prevalência confi áveis em nosso país.
3.3 Classificação e descrição
Os sistemas internacionalmente uti lizados na classifi cação desse
quadro são o Código Internacional das Doenças e Problemas
Relacionados à Saúde (CID-10) e o Código Internacional de
Funcionalidades (CIF).
O CID-10 tem dois objeti vos determinados: estudos epidemiológicos
gerais e avaliação da assistência à saúde. O seu capítulo V trata
dos Transtornos Mentais e Comportamentais, tendo uma subparte
dedicada aos Transtornos do Desenvolvimento Psicológico e,
nesta parte, uma divisão relati va aos Transtornos Globais do
Desenvolvimento (F-84), na qual se alocam:
o auti smo infanti l (F84-0) ,
16
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Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa
com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)
o auti smo atí pico (F84-1),
a síndrome de Rett (F84-2),
a síndrome de Aspeger (F84-5),
o Transtorno desintegrati vo da Infancia (F84-3) e
o Transtorno Geral do desenvolvimento não especifi cado (F84-9) .
Note-se que, nessa mesma subparte, se alocam: problemas no
desenvolvimento de fala e linguagem (F-80); no desenvolvimento
das habilidades escolares (F-81); e no desenvolvimento motor
(F-82), compondo uma classifi cação geral dos problemas do
desenvolvimento.
A CIF, um sistema de classifi cação funcional, traz
as dimensões das
ati vidades
(execução de tarefas ou ações por um indivíduo) e da
parti cipação
(ato de envolver-se em uma situação vital) de cada pessoa,
bem como os
qualifi cadores de desempenho
(aquilo que o indivíduo
faz no seu ambiente atual/real) e de
capacidade
(potencialidade ou
difi culdade de realização de ati vidades), nas seguintes áreas:
•
Aprendizagem e aplicação do conhecimento
•
Tarefas e Demandas Gerais
•
Comunicação
•
Mobilidade
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Ministério
da Saúde
•
Cuidado Pessoal
•
Vida Domésti ca
•
Relações e Interações Interpessoais
•
Áreas Principais da Vida
•
Vida Comunitária, Social e Cívica
A CIF permite a identi fi cação de facilitadores e barreiras dentre os
Fatores Ambientais (fí sico, social e de ati tude) peculiares a cada
pessoa em diferentes momentos da vida:
•
Produtos e Tecnologia (ex.: medicamentos; próteses)
•
Ambiente Natural e Mudanças Ambientais feitas pelo Ser
Humano (ex.: estí mulos sonoros)
•
Apoio e Relacionamentos (ex.: profi ssionais de saúde)
•
Ati tudes (ex.: de membros da família imediata)
•
Serviços, Sistemas e Políti cas (ex.: sistemas de educação e
treinamento)
18
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Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa
com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)
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19
Ministério
da Saúde
4 Indicadores do desenvolvimento e
sinais de alerta
A identi fi cação de sinais iniciais de problemas possibilita a instauração
imediata de intervenções extremamente importantes, uma vez que os
resultados positi vos em resposta a terapias são tão mais signifi cati vos
quanto mais precocemente insti tuídos. A maior plasti cidade das
estruturas anátomo-fi siológicas do cérebro nos primeiros anos de
vida, bem como o papel fundamental das experiências de vida de
um bebê, para o funcionamento das conexões neuronais e para a
consti tuição psicossocial, tornam este período um momento sensível
e privilegiado para intervenções. Assim, as intervenções precoces
em casos de TEA têm maior efi cácia e contemplam maior economia,
devendo ser privilegiadas pelos profi ssionais.
Nas ações de assistência materno-infanti l da Atenção Básica, por
exemplo, as equipes profi ssionais são importantes na tarefa de
identi fi cação de sinais de alerta às alterações no desenvolvimento da
criança.
Há uma necessidade crescente de possibilitar a identi fi cação precoce
desse quadro clínico para que crianças com TEA possam ter acesso
a ações e programas de intervenção o quanto antes. Sabe-se que
manifestações do quadro sintomatológico devem estar presentes até
os três anos de idade da criança, fator que favorece o diagnósti co
precoce.
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Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa
com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)
Assim, inventários de desenvolvimento das competências e
habilidades, e de sinais de alerta para problemas são um importante
material para instrumentalizar as equipes de saúde na tarefa de
identi fi cação desses casos.
É importante observar não somente a presença ou ausência de uma
competência e/ou habilidade, mas sua qualidade e frequência nos
contextos de vida das pessoas. Entre os principais aspectos a serem
observados, destacamos:
20
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Ministério
da Saúde
Indicadores do Desenvolvimento
Sinais de Alerta para
Infanti l
TEA
Por volta dos 3 meses de idade crianças
Criança com TEA pode
passam a acompanhar e a buscar o olhar
não fazer isto ou fazer
de seu cuidador.
com frequência menor.
Interação
Em torno dos 6 meses de idade é possível
Social
Criança com TEA pode
observar que as crianças prestam mais
prestar mais atenção
atenção em pessoas do que em objetos
em objetos.
ou brinquedos.
Desde o começo, a criança parece ter
Criança com TEA pode
atenção à (melodia da) fala humana. Após
ignorar ou apresentar
os 3 meses, ela já identi fi ca a fala de seu
pouca resposta aos
cuidador, mostrando reações corporais.
sons de fala.
Para sons ambientais, apresenta
expressões, por exemplo, de “susto”/
choro/tremor.
Desde o começo, a criança apresenta
Criança com TEA pode
balbucio intenso e indiscriminado, bem
tender ao silêncio e/ou
como gritos aleatórios, de volume e
a gritos aleatórios.
intensidade variados, na presença ou
na ausência do cuidador. Por volta dos
6 meses, começa uma discriminação
Linguagem
nestas produções sonoras, que tendem a
aparecer principalmente na presença do
cuidador.
No inicio, o choro é indiscriminado.
Criança com TEA pode
Por volta dos 3 meses, há o início de
ter um choro indisti nto
diferentes formatações de choro: choro
nas diferentes
de fome, de birra, etc. Estes formatos
ocasiões, e pode ter
diferentes estão ligados ao momento e/
frequentes crises de
ou a um estado de desconforto.
choro duradouro, sem
ligação aparente a
evento ou pessoa.
Ausência ou
As crianças olham para o objeto e o
raridade desses
Brincadeiras
exploram de diferentes formas (sacodem,
comportamentos
ati ram, batem e etc.)
exploratórios pode ser
um indicador de TEA.
A amamentação é um momento
Criança com TEA pode
privilegiado de atenção por parte da
apresentar difi culdades
Alimentação
criança aos gestos, expressões faciais e
nestes aspectos.
fala de seu cuidador.
22
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Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa
com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)
Indicadores do Desenvolvimento
Indicadores do Desenvolvimento
Sinais de Alerta para
Infanti l Sinais de Alerta para TEA
Infanti l
TEA
Por volta dos 3 meses de idade crianças
Criança com TEA pode
Começam a apresentar comportamentos
Crianças com TEA podem
passam a acompanhar e a buscar o olhar
não fazer isto ou fazer
Interação
antecipatórios (ex: estender os braços e
apresentar difi culdades
de seu cuidador.
com frequência menor.
Social
fazer contato visual para “pedir” colo) e
nesses comportamentos.
Interação
Em torno dos 6 meses de idade é possível
imitati vos (por exemplo: gesto de beijo).
Social
Criança com TEA pode
observar que as crianças prestam mais
prestar mais atenção
Crianças com TEA
atenção em pessoas do que em objetos
em objetos.
Choro bastante diferenciado e gritos
podem gritar muito
ou brinquedos.
Desde o começo, a criança parece ter
menos aleatórios.
e manter seu choro
Criança com TEA pode
atenção à (melodia da) fala humana. Após
indiferenciado, criando
ignorar ou apresentar
os 3 meses, ela já identi fi ca a fala de seu
uma difi culdade para seu
pouca resposta aos
cuidador, mostrando reações corporais.
cuidador entender suas
sons de fala.
Para sons ambientais, apresenta
necessidades.
expressões, por exemplo, de “susto”/
Crianças com TEA
choro/tremor.
Balbucio se diferenciando; risadas e
tendem ao silêncio e a
sorrisos.
Desde o começo, a criança apresenta
Criança com TEA pode
não manifestar amplas
balbucio intenso e indiscriminado, bem
tender ao silêncio e/ou
expressões faciais com
como gritos aleatórios, de volume e
a gritos aleatórios.
signifi cado.
intensidade variados, na presença ou
Atenção a convocações (presta atenção
Crianças com TEA tendem
na ausência do cuidador. Por volta dos
à fala materna ou do cuidador e
a não agir como se
Linguagem
6 meses, começa uma discriminação
Linguagem
começa a agir como se “conversasse”,
conversassem.
nestas produções sonoras, que tendem a
respondendo com gritos, balbucios,
aparecer principalmente na presença do
movimentos corporais).
cuidador.
Crianças com TEA podem
A criança começa a atender ao ser
No inicio, o choro é indiscriminado.
Criança com TEA pode
ignorar ou reagir apenas
chamada pelo nome.
Por volta dos 3 meses, há o início de
ter um choro indisti nto
após insistência ou toque.
diferentes formatações de choro: choro
nas diferentes
Crianças com TEA podem
Começa a repeti r gestos de acenos,
de fome, de birra, etc. Estes formatos
ocasiões, e pode ter
não repeti r gestos
palmas, mostrar a língua, dar beijo, etc.
diferentes estão ligados ao momento e/
frequentes crises de
(manuais e/ou corporais)
ou a um estado de desconforto.
choro duradouro, sem
frente a uma solicitação
ligação aparente a
ou pode passar a repeti -
evento ou pessoa.
los fora do contexto,
aleatoriamente.
Ausência ou
A criança com TEA
Começam as brincadeiras sociais (como
As crianças olham para o objeto e o
raridade desses
pode precisar de muita
brincar de esconde-esconde), a criança
Brincadeiras
exploram de diferentes formas (sacodem,
comportamentos
Brincadeiras
insistência do adulto
passa a procurar o contato visual para
ati ram, batem e etc.)
exploratórios pode ser
para se engajar nas
manutenção da interação
um indicador de TEA.
brincadeiras.
Período importante porque serão
Crianças com TEA
A amamentação é um momento
Criança com TEA pode
introduzidos texturas e sabores
podem ter resistência a
privilegiado de atenção por parte da
apresentar difi culdades
Alimentação
diferentes (sucos, papinhas) e,
mudanças e novidades na
Alimentação
criança aos gestos, expressões faciais e
nestes aspectos.
sobretudo, porque será iniciado
alimentação.
fala de seu cuidador.
desmame.
22
23
Ministério
da Saúde
Indicadores do Desenvolvimento
Infanti l Sinais de Alerta para TEA
Aos 15-18 meses as crianças apontam
A ausência ou raridade
(com o dedo indicador) para mostrar
deste gesto de atenção
coisas que despertam a sua curiosidade.
comparti lhamento pode ser um
Geralmente, o gesto é acompanhado
dos principais indicadores de
por contato visual e, às vezes, sorrisos e
TEA.
vocalizações (sons). Ao invés de apontar
elas podem “mostrar” as coisas de outra
forma (ex: colocando-as no colo da pessoa
ou em frente aos seus olhos).
Surgem as primeiras palavras (em
Crianças com TEA podem
repeti ção) e, por volta do 18
mês, os
o
não apresentar as primeiras
primeiros esboços de frases (em repeti ção
palavras nesta faixa de idade.
a fala de outras pessoas).
A criança desenvolve mais amplamente
Crianças com TEA podem não
a fala, com um uso gradati vamente mais
apresentar este descolamento/
apropriado do vocabulário e da gramáti ca.
sua fala pode parecer muito
Há um progressivo descolamento de usos
adequada, mas porque está em
“congelados” (situações do coti diano
repeti ção, sem autonomia.
muito repeti das) para um movimento mais
livre na fala.
Crianças com TEA mostram
A compreensão vai também saindo das
difi culdade em ampliar sua
situações coti dianamente repeti das e se
compreensão de situações
ampliando para diferentes contextos.
novas.
A comunicação é, em geral, acompanhada
Crianças com TEA tendem a
por expressões faciais que re etem
apresentar menos variações
o estado emocional das crianças (ex:
na expressão facial ao se
arregalar os olhos e fi xar o olhar no
comunicarem, a não ser alegria/
adulto para expressar surpresa, ou então
excitação, raiva ou frustração.
constrangimento, “vergonha”).
A criança com TEA tende a
Aos 12 meses a brincadeira exploratória
explorar menos objetos e,
é ampla e variada. A criança gosta de
muitas vezes, fi xa-se em
descobrir os diferentes atributos (textura,
algumas de suas partes, sem
cheiro, etc.) e funções dos objetos (sons,
explorar as funções (ex.:
luzes, movimentos, etc.).
passar mais tempo girando a
roda de um carrinho do que
empurrando-o).
O jogo de faz-de-conta emerge por volta
Em geral, isso não ocorre no
dos 15 meses e deve estar presente de
TEA.
forma mais clara aos 18 meses de idade.
A criança gosta de descobrir as novidades
Crianças com TEA podem ser
na alimentação, embora possa resisti r um
muito resistentes à introdução
pouco no início.
de novos alimentos na dieta.
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24
25
Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa
com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)
Indicadores do Desenvolvimento
Infanti l Sinais de Alerta para TEA
Há interesse em pegar objetos
Crianças com TEA podem não
oferecidos pelo seu parceiro cuidador.
se interessar e não tentar pegar
Olham para o objeto e para quem o
objetos estendidos por pessoas
oferece.
ou fazê-lo somente após muita
insistência.
A criança já segue o apontar ou o
Crianças com TEA podem não
olhar do outro, em várias situações.
seguir o apontar ou o olhar dos
outros; podem não olhar para o
alvo ou olhar apenas para o dedo
de quem está apontando. Além
disso, não alterna seu olhar entre
a pessoa que aponta e o objeto
que está sendo apontado.
A criança, em geral, tem a iniciati va
Nos casos de TEA, a criança,
espontânea de mostrar ou levar
em geral, só mostra ou dá algo
objetos de seu interesse a seu
para alguém se isso reverter em
cuidador.
sati sfação de alguma necessidade
imediata (abrir uma caixa, por
exemplo, para que ela pegue um
brinquedo em que tenha interesse
imediato: uso instrumental do
parceiro).
Por volta do 24 meses: surgem os
Criança com TEA tendem a
“erros”, mostrando o descolamento
ecolalia.
geral do processo de repeti ção da fala
do outro, em direção a uma fala mais
autônoma, mesmo que sem domínio
das regras e convenções (Por isso
aparecem os “erros”).
Crianças com TEA costumam
uti lizar menos gestos e/ou
(conti nua...)
a uti lizá-los aleatoriamente.
Os gestos começam a ser amplamente
Respostas gestuais, como acenar
usados na comunicação.
com a cabeça para “sim” e “não”,
também podem estar ausentes
nessas crianças entre os 18 e 24
meses.
A criança com TEA pode fi car
25
Por volta de 18 meses, bebês
24
25
fi xada em algum atributo
costumam reproduzir o coti diano por
do objeto, como a roda que
meio de um brinquedo ou brincadeira;
gira ou uma saliência em que
descobrem a função social dos
passa os dedos, não brincando
brinquedos. (ex.: fazer o animalzinho
apropriadamente com o que o
“andar” e produzir sons)
brinquedo representa.
As crianças usam brinquedos para
imitar ações dos adultos (dar a
mamadeira a uma boneca; dar
Em crianças com TEA este ti po de
“comidinha” usando uma colher,
brincadeira está ausente ou é rara.
“falar” ao telefone”, etc.) de forma
freqüente e variada.
Período importante porque, em geral,
é feito 1) o desmame; 2) começa a
passagem dos alimentos líquidos/
Crianças com TEA podem resisti r
pastosos, frios/mornos para alimentos
às mudanças, podem apresentar
sólidos/semi-sólidos, frios/quentes/
recusa alimentar ou insisti r em
mornos, doces/ salgados/amargos;
algum ti po de alimento mantendo
variados em quanti dade; oferecidos
por exemplo, a textura, a cor,
em vigília, fora da situação de criança
a consistência, etc. Podem,
deitada ou no colo; 3) começa a
sobretudo, resisti r a parti cipar da
introdução da cena alimentar: mesa/
cena alimentar.
cadeira/utensílios (prato, talheres,
copo) e a interação familiar/social.
Indicadores do Desenvolvimento
Infanti l Sinais de Alerta para TEA
Crianças com TEA podem não
Há interesse em pegar objetos
se interessar e não tentar pegar
oferecidos pelo seu parceiro cuidador.
objetos estendidos por pessoas
Olham para o objeto e para quem o
ou fazê-lo somente após muita
oferece.
insistência.
Crianças com TEA podem não
seguir o apontar ou o olhar dos
outros; podem não olhar para
o alvo ou olhar apenas para o
A criança já segue o apontar ou o
dedo de quem está apontando.
olhar do outro, em várias situações.
Além disso, não alterna seu
olhar entre a pessoa que
aponta e o objeto que está
sendo apontado.
Nos casos de TEA, a criança,
em geral, só mostra ou dá algo
para alguém se isso reverter
A criança, em geral, tem a iniciati va
em sati sfação de alguma
espontânea de mostrar ou levar
necessidade imediata (abrir
objetos de seu interesse a seu
uma caixa, por exemplo, para
cuidador.
que ela pegue um brinquedo
em que tenha interesse
imediato: uso instrumental do
parceiro).
Por volta do 24 meses: surgem os
“erros”, mostrando o descolamento
Ministério
geral do processo de repeti ção da fala
da Saúde
Criança com TEA tendem a
do outro, em direção a uma fala mais
ecolalia.
autônoma, mesmo que sem domínio
das regras e convenções (Por isso
(conti nuação)
aparecem os “erros”).
Os gestos começam a ser amplamente
Crianças com TEA costumam
usados na comunicação.
uti lizar menos gestos e/ou
a uti lizá-los aleatoriamente.
Respostas gestuais, como
acenar com a cabeça para
“sim” e “não”, também podem
estar ausentes nessas crianças
entre os 18 e 24 meses.
Por volta de 18 meses, bebês
A criança com TEA pode fi car
costumam reproduzir o coti diano por
fi xada em algum atributo
meio de um brinquedo ou brincadeira;
do objeto, como a roda que
descobrem a função social dos
gira ou uma saliência em que
brinquedos. (ex.: fazer o animalzinho
passa os dedos, não brincando
“andar” e produzir sons)
apropriadamente com o que o
brinquedo representa.
As crianças usam brinquedos para
Em crianças com TEA este ti po
imitar ações dos adultos (dar a
de brincadeira está ausente ou
mamadeira a uma boneca; dar
é rara.
“comidinha” usando uma colher,
“falar” ao telefone”, etc.) de forma
freqüente e variada.
Período importante porque, em geral,
Crianças com TEA podem
é feito 1) o desmame; 2) começa a
resisti r às mudanças, podem
passagem dos alimentos líquidos/
apresentar recusa alimentar
pastosos, frios/mornos para alimentos
ou insisti r em algum ti po
sólidos/semi-sólidos, frios/quentes/
de alimento mantendo por
mornos, doces/ salgados/amargos;
exemplo, a textura, a cor,
variados em quanti dade; oferecidos
a consistência, etc. Podem,
em vigília, fora da situação de criança
sobretudo, resisti r a parti cipar
deitada ou no colo; 3) começa a
da cena alimentar.
introdução da cena alimentar: mesa/
cadeira/utensílios (prato, talheres,
copo) e a interação familiar/social.
27
26
27
Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa
com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)
Indicadores do Desenvolvimento
Infanti l Sinais de Alerta para TEA
Os gestos (olhar, apontar, etc.) são
Os gestos e comentários em
acompanhados pelo intenso aumento na
resposta ao adulto tendem
capacidade de comentar e/ou perguntar
a aparecer isoladamente ou
sobre os objetos e situações que estão
após muita insistência. As
sendo comparti lhadas. A iniciati va da criança
iniciati vas são raras, sendo um
em apontar, mostrar e dar objetos para
dos principais sinais de alerta
comparti lhá-los com o adulto aumenta em
de TEA.
frequência.
A fala está mais desenvolvida, mas ainda
Crianças com TEA podem ter
há repeti ção da fala do adulto em várias
repeti ção da fala da outra
ocasiões, com uti lização dentro da situação de
pessoa sem relação com a
comunicação.
situação de comunicação.
Crianças com TEA podem
Começa a contar pequenas estórias; a relatar
apresentar difi culdades ou
eventos próximos já acontecidos; a comentar
desinteresse em narrati vas
sobre eventos futuros, sempre em situações de
referentes ao coti diano.
diálogo (com o adulto sustentando o discurso).
Podem repeti r fragmentos de
relatos/narrati vas, inclusive
de diálogos, em repeti ção e
independente da parti cipação
da outra pessoa.
Canta e pode recitar uma estrofe de versinhos
Crianças com TEA podem
(em repeti ção). Já faz disti nção de tempo
tender à ecolalia; disti nção de
(passado, presente, futuro); de gênero
gênero, número e tempo não
(masculino, feminino); e de número (singular,
acontece; cantos e versos só
plural), quase sempre adequadas (sempre em
em repeti ção aleatória, não
contexto de diálogo). Produz a maior parte dos
“conversam” com o adulto.
sons da língua, mas pode apresentar “erros”; a
fala tem uma melodia bem infanti l ainda; voz
geralmente mais agudizada.
A criança, nas brincadeiras, usa um objeto
“fi ngindo” que é outro (um bloco de madeira
Crianças com TEA raramente
(conti nua...)
pode ser um carrinho, uma caneta pode ser um
apresentam este ti po de
avião, etc.). A criança brinca imitando os papéis
brincadeira ou o fazem de
dos adultos (de “casinha”, de “médico”, etc.),
forma bastante repeti ti va e
construindo cenas ou estórias. Ela própria ou
pouco criati va.
seus bonecos são os “personagens”.
A ausência dessas ações
A criança gosta de brincar perto de outras
pode indicar sinais de TEA;
27
26
27
crianças (ainda que não necessariamente
as crianças podem se afastar,
com elas) e demonstram interesse por elas
ignorar ou limitar-se a observar
(aproximar-se, tocar e se deixar tocar, etc.)
brevemente outras crianças à
distância.
Crianças com TEA, quando
Aos 36 meses as crianças gostam de propor/
aceitam parti cipar das
engajar-se em brincadeiras com outras da
brincadeiras com outras
mesma faixa de idade.
crianças, em geral, têm
difi culdades em entendê-las.
Crianças com TEA podem ter
difi culdade com este esquema
alimentar: permanecer na
mamadeira; apresentar recusa
A criança já parti cipa das cenas alimentares
alimentar; não parti cipar das
coti dianas: café da manhã/almoço/jantar; é
cenas alimentares; não se
capaz de estabelecer separação dos alimentos
adequar aos “horários” de
pelo ti po de refeição ou situação (comida
alimentação; pode querer
de lanche/festa/almoço de domingo, etc.);
comer a qualquer hora e
início do manuseio adequado dos talheres;
vários ti pos de alimento ao
alimentação conti da ao longo do dia (reti rada
mesmo tempo; pode passar
das mamadeiras noturnas).
por longos períodos sem
comer; pode só comer quando
a comida é dada na boca ou só
comer sozinha, etc.
Indicadores do Desenvolvimento
Infanti l Sinais de Alerta para TEA
Os gestos (olhar, apontar, etc.) são
Os gestos e comentários em
acompanhados pelo intenso aumento na
resposta ao adulto tendem
capacidade de comentar e/ou perguntar
a aparecer isoladamente ou
sobre os objetos e situações que estão
após muita insistência. As
sendo comparti lhadas. A iniciati va da criança
iniciati vas são raras, sendo um
em apontar, mostrar e dar objetos para
dos principais sinais de alerta
comparti lhá-los com o adulto aumenta em
de TEA.
frequência.
A fala está mais desenvolvida, mas ainda
Crianças com TEA podem ter
há repeti ção da fala do adulto em várias
repeti ção da fala da outra
ocasiões, com uti lização dentro da situação de
pessoa sem relação com a
comunicação.
situação de comunicação.
Crianças com TEA podem
apresentar difi culdades ou
desinteresse em narrati vas
Começa a contar pequenas estórias; a relatar
referentes ao coti diano.
eventos próximos já acontecidos; a comentar
Podem repeti r fragmentos de
sobre eventos futuros, sempre em situações de
relatos/narrati vas, inclusive
diálogo (com o adulto sustentando o discurso).
de diálogos, em repeti ção e
independente da parti cipação
da outra pessoa.
Canta e pode recitar uma estrofe de versinhos
(em repeti ção). Já faz disti nção de tempo
Crianças com TEA podem
(passado, presente, futuro); de gênero
tender à ecolalia; disti nção de
(masculino, feminino); e de número (singular,
Ministério
gênero, número e tempo não
da Saúde
plural), quase sempre adequadas (sempre em
acontece; cantos e versos só
contexto de diálogo). Produz a maior parte dos
em repeti ção aleatória, não
sons da língua, mas pode apresentar “erros”; a
“conversam” com o adulto.
(conti nuação)
fala tem uma melodia bem infanti l ainda; voz
geralmente mais agudizada.
A criança, nas brincadeiras, usa um objeto
Crianças com TEA raramente
“fi ngindo” que é outro (um bloco de madeira
apresentam este ti po de
pode ser um carrinho, uma caneta pode ser um
brincadeira ou o fazem de
avião, etc.). A criança brinca imitando os papéis
forma bastante repeti ti va e
dos adultos (de “casinha”, de “médico”, etc.),
pouco criati va.
construindo cenas ou estórias. Ela própria ou
seus bonecos são os “personagens”.
A criança gosta de brincar perto de outras
A ausência dessas ações
crianças (ainda que não necessariamente
pode indicar sinais de TEA;
com elas) e demonstram interesse por elas
as crianças podem se afastar,
(aproximar-se, tocar e se deixar tocar, etc.).
ignorar ou limitar-se a
observar brevemente outras
crianças à distância.
Aos 36 meses as crianças gostam de propor/
Crianças com TEA, quando
engajar-se em brincadeiras com outras da
aceitam parti cipar das
mesma faixa de idade.
brincadeiras com outras
crianças, em geral, têm
difi culdades em entendê-las.
Crianças com TEA podem ter
A criança já parti cipa das cenas alimentares
difi culdade com este esquema
coti dianas: café da manhã/almoço/jantar; é
alimentar: permanecer na
capaz de estabelecer separação dos alimentos
mamadeira; apresentar recusa
pelo ti po de refeição ou situação (comida
alimentar; não parti cipar das
de lanche/festa/almoço de domingo, etc.);
cenas alimentares; não se
início do manuseio adequado dos talheres;
adequar aos “horários” de
alimentação conti da ao longo do dia (reti rada
alimentação; pode querer
das mamadeiras noturnas).
comer a qualquer hora e
vários ti pos de alimento ao
mesmo tempo; pode passar
por longos períodos sem
comer; pode só comer quando
a comida é dada na boca ou só
comer sozinha, etc.
28
29
Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa
com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)
5 Instrumentos de Rastreamento
5.1 – Instrumentos de uso livre
para o
2
Rastreamento/Triagem de Indicadores de
Desenvolvimento Infantil e dos TEA
O diagnósti co do TEA permanece essencialmente clínico e é feito
a parti r de observações da criança e entrevistas com pais e/ou
cuidadores, o que torna o uso de escalas e instrumentos de triagem e
avaliação padronizados uma necessidade.
Dentre os instrumentos de triagem e de avaliação do TEA, é preciso
reconhecer e diferenciar que alguns desses são para identi fi cação,
outros para diagnósti co, para identi fi car alvos de intervenção e
monitorar os sintomas ao longo do tempo.
É importante salientar que há instrumentos de rastreamento/
triagem que podem ser aplicados por profi ssionais de diversas áreas,
para ser o mais abrangente possível. Instrumentos de rastreamento
são aqueles que, em linhas gerais, detectam sintomas relati vos ao
espectro, mas não “fecham” diagnósti co.
Vale destacar que tais instrumentos fornecem informações que
levantam a suspeita do diagnósti co, sendo necessário o devido
encaminhamento para que o diagnósti co propriamente dito seja
realizado por profi ssional treinado e capacitado para isso. No caso
dos Transtornos do Espectro do Auti smo, recomenda-se que seja
realizado diagnósti co diferencial.
2 Foram incluídos apenas instrumentos cuja situação de uso livre de direitos
autorais foi mencionada na publicação original e/ou na versão brasileira.
28
29
Ministério
da Saúde
Dentre os instrumentos de uso livre para rastreamento/triagem de
indicadores clínicos de alterações de desenvolvimento, temos:
•
IRDI (Indicadores Clínicos de Risco para o Desenvolvimento
Infanti l):
é instrumento de observação e inquérito que pode ser
usado no rastreamento do desenvolvimento. Criado e validado
por um grupo de especialistas brasileiros é de uso livre pelos
profi ssionais da saúde. É composto por 31 indicadores de bom
desenvolvimento do vínculo do bebê com os pais, distribuídos em
4 faixas etárias de 0 a 18 meses, para a observação e perguntas
dirigidas à díade mãe (ou cuidador)-bebê. O possível risco para
desenvolvimento decorre de indicadores estarem ausentes.
(KUPFER et. al., 2009, LERNER, 2011)
Dentre os instrumentos de rastreamento/triagem de indicadores dos
TEA adaptados e validados no Brasil, apenas o M-CHAT é de uso livre:
M-Chat (
Modifi ed Checklist for Auti sm in Toddlers
é um
•
questi onário com 23 itens, usado como triagem de TEA. Pode ser
aplicado por qualquer profi ssional de saúde. Como mencionado,
é composto por 23 perguntas para pais de crianças de 18 a 24
meses, com respostas “sim” ou “não”, que indicam a presença de
comportamentos conhecidos como sinais precoces de TEA. Inclui
itens relacionados aos interesses da criança no engajamento
social; habilidade de manter o contato visual; imitação;
brincadeira repeti ti va e de “faz-de-conta”; e o uso do contato
visual e de gestos para direcionar atenção social do parceiro
ou para pedir ajuda (LOSAPIO e PONDÉ, 2008; CASTRO-SOUZA,
2011) WRIGHT E POULIN-DUBOIS, 2011).
30
31
Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa
com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)
30
31
Ministério
da Saúde
6 Comportamentos Atípicos, Repetitivos
e Estereotipados como Indicadores da
Presença de TEA
Comportamentos incomuns não são bons preditores de TEA, porque
várias crianças com TEA não os apresentam e, quando o fazem,
costumam demonstrá-los mais tardiamente. Em alguns casos, são
observados comportamentos atí picos, repeti ti vos e estereoti pados
severos, indicando a necessidade de encaminhamento para avaliação
diagnósti ca de TEA, como descritos abaixo
:
6.1 – Motores
•
movimentos motores estereoti pados:
apping
de mãos;
“espremer-se”; correr de um lado para o outro; dentre outros;
•
ações atí picas repeti ti vas: alinhar/empilhar brinquedos de
forma rígida; observar objetos aproximando-se muito deles;
prestar atenção exagerada a certos detalhes de um brinquedo;
demonstrar obsessão por determinados objetos em movimento
(venti ladores, máquinas de lavar roupas etc.).
•
difi culdade de se aninhar no colo dos cuidadores ou extrema
passividade no contato corporal; extrema sensibilidade em
momentos de desconforto (ex.: dor);
•
dissimetrias na motricidade, tais como: maior movimentação
dos membros de um lado do corpo; difi culdades de rolamento
na idade esperada; movimentos corporais em bloco e não
32
33
Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa
com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)
suaves e distribuídos pelo eixo corporal; difi culdade, assimetria ou
exagero em retornar membros superiores à linha média; difi culdade
de virar o pescoço e a cabeça na direção de quem chama a criança.
6.2 – Sensoriais
•
hábito de cheirar e/ou lamber objetos;
•
sensibilidade exagerada a determinados sons (liquidifi cador,
secador de cabelos, etc.), reagindo de forma exagerada e eles;
•
insistência visual em objetos que têm luzes que piscam e/ou
emitem barulhos, bem como nas partes que giram (venti ladores,
máquinas, etc.);
•
insistência táti l: podem permanecer por muito tempo passando a
mão sobre uma determinada textura.
6.3 - Rotinas
•
tendência a roti nas ritualizadas e rígidas;
•
difi culdade importante na modifi cação da alimentação. Algumas
crianças, por exemplo, só bebem algo se uti lizarem sempre o
mesmo copo; outras, para se alimentarem, exigem que os alimentos
estejam dispostos no prato sempre da mesma forma. Sentar-
se sempre no mesmo lugar; assisti r apenas a um mesmo DVD; e
colocar as coisas sempre no mesmo lugar. Qualquer mudança de
roti na pode desencadear acentuadas crises de choro, grito ou
intensa manifestação de desagrado.
32
33
Ministério
da Saúde
6.4 - Fala
•
repetem palavras que acabaram de ouvir (ecolalia imediata).
Outras podem emiti r falas ou “slogans/vinhetas” que ouviram
na televisão, sem senti do contextual (ecolalia tardia). Pela
repeti ção da fala do outro, não operam a modifi cação no uso
de pronomes;
•
podem apresentar característi cas peculiares na entonação e no
volume da voz;
•
a perda de habilidades previamente adquiridas deve ser
sempre encarada como sinal de importância. Algumas crianças
com TEA deixam de falar e perdem certas habilidades sociais
já adquiridas por volta dos 12-24 meses. A perda pode ser
gradual ou aparentemente súbita. Caso isso seja observado
em uma criança, ao lado de outros possíveis sinais, a hipótese
de wum TEA deve ser aventada, sem, no entanto, excluir
outras possibilidades diagnósti cas (por exemplo, doenças
progressivas).
6.5 Expressividade
•
expressividade emocional menos frequente e mais limitada;
•
difi culdade de encontrar formas de expressar as diferentes
preferências e vontades, e de responder às tentati vas
dos adultos em compreendê-las (quando a busca de
compreensão está presente na ati tude dos adultos)
34
35
Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa
com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)
34
35
Ministério
da Saúde
7 Diretrizes Diagnósticas dos TEA
Toda pessoa com suspeita de apresentar um dos TEA deve
ser encaminhada para avaliação diagnósti ca. O diagnósti co é
essencialmente clínico e, nesse senti do, não deve prescindir da
parti cipação do médico especialista (psiquiatra e/ou neurologista),
acompanhado de equipe interdisciplinar capacitada para reconhecer
clinicamente tais transtornos. A equipe deverá contar com, no mínimo:
médico psiquiatra ou neurologista, psicólogo e fonoaudiólogo. Cada
profi ssional, dentro de sua área, fará sua observação clínica.
Segue abaixo, um modelo sintéti co de aspectos a serem investi gados
pelas equipes, proposto por BOSA (1998) e ampliada por FERNANDES
(2000); PERISSINOTO (2004) e MARQUES (2010), e que pode orientar
os profi ssionais da saúde.
7.1 Entrevista com os Pais ou Cuidadores
Além dos dados que já constam no prontuário é importante registrar
os ti pos de atendimentos (data de início, frequência, etc.) e obter
informações sobre:
História de problemas de desenvolvimento dos pais, irmãos
•
e outros familiares (desenvolvimento fí sico, problemas
emocionais, problemas de aprendizagem na escola – leitura/
escrita) e se houve necessidade de tratamento.
Quando surgiram os primeiros sintomas e em que área do
•
desenvolvimento.
Problemas no sono (difi culdades para conciliar o sono ou
•
36
37
Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa
com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)
sono agitado; medos) e na alimentação (masti gação; apeti te
ausente ou excessivamente voraz); parti cularidades em
relação à comida (exigências sobre certos ti pos de comida;
temperatura da comida; etc.) de forma rígida.
Problemas na conduta: agressividade, hiperati vidade,
•
comportamento destruti vo, autoagressão.
Registrar ti pos de atendimentos (data de início, freqüência,
•
etc.)
7.2 Sugestão de Roteiro para Anamnese:
7.2.1 Aspectos qualitati vos da comunicação, linguagem e interação
social
7.2.1.1 Idade das primeiras vocalizações (balbucio)
7.2.1.2 Idade das primeiras palavras (descrever)
7.2.1.3 Idade das primeiras frases (verbo + palavra)
7.2.1.4 Atraso no aparecimento da fala
7.2.1.5 Segura o rosto do adulto para fazê-lo olhar em
determinada direção
7.2.1.6 Pega na mão do adulto como se fosse uma ferramenta
para abrir/alcançar algo
7.2.1.7 Atende quando chamado pelo nome
7.2.1.8 Como é a arti culação/pronúncia das palavras e frases?
(> 4 anos) Há difi culdade de entendimento por parte de
estranhos?
7.2.1.9 Como é o ritmo/entonação da voz (fala monótona,
muito baixa ou alta)?
36
37
Ministério
da Saúde
7.2.1.10 Repete a últi ma palavra ou frase imediatamente
ouvida (considerar a idade)?
7.2.1.11 Repete, fora de contexto, frases ouvidas anteriormente
(exatamente da mesma forma)?
7.2.1.12 Faz confusão entre eu/tu/ele(a) (> 3 anos)?
7.2.1.13 Inventa palavras ou vocalizações? Combina palavras
de forma estranha?
7.2.1.14 Insiste em falar sempre sobre o mesmo tema?
7.2.1.15 Insiste em fazer os outros dizerem palavras/frases
repeti damente da mesma forma?
7.2.2 Atenção comparti lhada:
7.2.2.1 Mostra ou traz o objeto para perto do rosto do parceiro
ou aponta objetos/eventos de interesse variados apenas para
comparti lhar (não considerar pedidos de ajuda)?
7.2.2.2 Faz comentários (verbalmente ou através de gestos)?
7.2.2.3 Olha para onde o parceiro aponta?
7.2.2.4 Responde aos convites para brincar?
7.2.3 Respostas/Iniciati vas Sociais Relacionadas a outras pes-
soas
7.2.3.1 Há iniciati va de aproximação ou interesse em outras
pessoas (observa outras crianças brincando, é capaz de res-
ponder mas não toma iniciati va)?
7.2.3.2 Fica ansioso(a) com a presença de outras pessoas?
7.2.3.3 É capaz de engajar-se em brincadeiras e/ou ati vidades
simples e simultâneas (chutar bola de volta enquanto desloca
carrinhos na areia; etc.)?
38
39
Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa
com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)
7.2.3.4 Engaja-se em brincadeiras, mas somente aquelas en-
volvendo os objetos de preocupações circunscritas (estereoti -
padas)?
7.2.3.5 Prefere brincadeiras em duplas a grupos (considerar a
idade)?
7.2.3.6 Fica intensamente ansioso na presença de pessoas que
não sejam familiares (disti nguir ansiedade de ti midez – baixar
os olhos, esconder o rosto, etc.)?
7.2.3.7 Ignora/evita de forma persistente o contato com pesso-
as não familiares?
7.2.3.8 Empurra/agride (componente fí sico) de forma persis-
tente?
7.2.3.9 Há falta de inibição (comum em crianças pequenas) em
relação a pessoas estranhas?
7.2.3.10 Há variação na resposta conforme o contexto e a pes-
soa?
7.2.4 Comportamentos de Apego
7.2.4.1 Demonstra preocupação quando separada dos pais ou
cuidadores?
7.2.4.2 Sorri ou mostra excitação com o retorno dos pais ou
cuidadores após separações?
7.2.4.3 Busca ajuda dos pais ou cuidadores quando machuca-
da?
7.2.4.4 Checa a presença dos pais ou cuidadores em lugares
estranhos?
7.2.5 Afeti vidade
38
39
Ministério
da Saúde
7.2.5.1 Em que idade ocorreram os primeiros sorrisos?
7.2.5.2 Apresentou orientação da cabeça para a face do adulto
quando este falava/brincava com ela (bebê)?
7.2.5.3 Há sorriso espontâneo a pessoas familiares (registrar se
é restrito aos pais)
7.2.5.4 Há sorriso espontâneo a pessoas que não sejam fami-
liares?
7.2.5.5 Há variação na expressão facial (contentamento, frus-
tração, surpresa, constrangimento, etc.)?
7.2.5.6 Há expressão emocional apropriada ao contexto (ex.:
sorriso coerente com a situação)?
7.2.5.7 Comparti lha ati vidades prazerosas com os outros?
7.2.5.8 Demonstra preocupação se os pais/cuidadores estão
tristes ou doentes/machucados?
7.2.6 Brincadeira
7.2.6.1 Investi gar a qualidade da brincadeira: frequência, in-
tensidade, variedade de contextos e tópicos. Se a brincadeira
for repeti ti va e estereoti pada, investi gar a resistência à inter-
rupção da mesma.
7.2.6.2 Quais são os brinquedos e ati vidades favoritas?
7.2.6.3 Apresenta brincadeira de faz-de-conta (fazer estorinhas
com os brinquedos; um boneco conversar com o outro; usar
um objeto para representar outro)
7.2.6.4 Alinha ou empilha objetos sem aparente função na
brincadeira e de forma repeti ti va?
7.2.6.5 Faz brincadeiras com partes de objetos ao invés do ob-
jeto como um todo (por exemplo, ignora o carrinho e gira ape-
40
41
Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa
com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)
nas as rodas por um longo tempo)?
7.2.6.6 Abre/fecha portas, gavetas repeti damente; liga/desliga
interruptores de luz repeti da e insistentemente; intenso inte-
resse por objetos que giram (máquina de lavar, venti lador, ve-
ículos em geral – considerar a persistência/difi culdade em ser
interrompida)?
7.2.6.7 Há resistência a mudanças na roti na pessoal/da casa?
7.2.6.8 Exige uma sequência fi xa e rígida para ati vidades (ex.:
vesti r-se, arrumar a casa, higiene pessoal)? Como reage se a
roti na é alterada/interrompida?
7.2.6.9 Existe apego a objetos pouco comuns (ex.: plásti co,
pedra, etc.) para a idade (carrega consigo coti dianamente e se
desorganiza quando reti rado)?
7.2.7 Comportamentos repeti ti vos e estereoti pados
7.2.7.1 Maneirismos e Movimentos Complexos do Corpo (re-
peti ção de movimentos sem aparente função, principalmente
em movimentos de estresse ou excitação):
7.2.7.2 Há movimentos das mãos perto do rosto?
7.2.7.3 Há movimentos dos dedos e mãos junto ao corpo?
7.2.7.4 Há balanço do corpo?
7.2.7.5 Há movimentos dos braços ( apping)?
7.2.8 Sensibilidade Sensorial:
7.2.8.1 Há demasiado interesse pelas propriedades senso-
riais dos objetos (cheiro, textura, movimento)?
7.2.8.2 Nota-se hipersensibilidade a barulhos comuns (ano-
40
41
Ministério
da Saúde
tar reações como cobrir as orelhas, afastar-se, chorar)?
7.2.9 Problemas de comportamento:
7.2.9.1 Já manifestou masturbação em público e/ou tentati vas
de tocar em partes ínti mas dos outros de forma persistente?
7.2.9.2 Demonstra hiperati vidade (agitação intensa)?
7.2.9.3 Tem hábito de roer unhas?
7.2.9.4 Agride os outros sem razão aparente ou se auto-agride?
7.2.9.5 Destrói objetos com frequência?
7.2.9.6 Medos (relacionar medos discrepantes com a etapa
evoluti va: frequência, intensidade, grau de interferência em
outras ati vidades ou na família).
7.3 Observação Direta do Comportamento
7.3.1 –
Interação social, linguagem e comunicação
7.3.1.1 - Atenção Comparti lhada
•
Observar se tenta dirigir a atenção do examinador para
brinquedos/eventos de interesse próprio, de forma
espontânea. Pode ser manifestado por meio de gestos
(mostrar, apontar, trazer objetos para o parceiro) e/ou
verbalizações (comentários sobre as propriedades fí sicas
dos objetos/eventos; perguntas para esclarecimento
de dúvidas ou obtenção de informação em relação a
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43
Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa
com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)
estes objetos/eventos, por curiosidade). No caso desse
comportamento estar presente, deve-se considerar o
comportamento coordenado com o olhar. Além disso,
observar se o comportamento de atenção comparti lhada
aparece em uma variedade de situações ou somente em
ati vidades repeti ti vas (estereoti padas).
•
Observar também se segue os gestos indicati vos de
outras pessoas: olha para onde estes estão olhando, etc.
Não inclui fazer gestos ou falar para pedir ajuda (para
alcançar ou fazer funcionar um brinquedo, etc.).
7.3.1.2 - Busca de Assistência
•
Neste item deve-se considerar se uti liza gestos (mostrar,
apontar, trazer objetos para o examinador) com a
fi nalidade de buscar assistência (ex.: abrir a tampa de
uma caixa, fazer funcionar um brinquedo) e, ainda, se
são coordenados com o olhar.
7.3.1.3 Responsividade Social
•
Observar a aceitação/recepti vidade das iniciati vas do
examinador (ex.: convites, propostas) para engajá-
la em brincadeiras, bem como a frequência em que o
comportamento aparece.
•
Imitação motora ou “social” estão presentes?
•
Observar se reproduz os gestos ou ati vidades iniciadas
pelo examinador e com que frequência isso ocorre; se
42
43
Ministério
da Saúde
canta ou dança.
7.3.1.4 - Sorriso
•
Neste item deve-se observar se apresenta sorriso
dirigido ao outro e com moti vo aparente; se a direção
do sorriso é difusa e sem moti vo identi fi cável, ou se não
sorri. Considerar também se o sorriso é acompanhado
pelo olhar e adequado ao contexto social.
7.3.1.5 - Outras Expressões Afeti vas Identi fi cáveis pelo
Observador
•
Observar a gama de expressões faciais afeti vas (ex.:
alegria, tristeza, frustração, acanhamento, surpresa,
medo) manifestadas durante a avaliação. Considerar
se estas expressões seriam esperadas em uma
determinada situação (ex.: mediante um brinquedo que
não funciona como gostaria, se expressa frustração) ou
se se apresentam “desorganizadas” (ex.: chora ou grita
sem moti vo aparente, não direcionado a alguém em
parti cular).
7.3.1.6 - Linguagem
•
Qual é o meio de comunicação prioritário e suas
característi cas? Fala? Gestos? Sons?
o
Refere-se à linguagem mediada por diferentes
recursos (exclusivos ou complementares) como sons,
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45
Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa
com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)
gestos, palavras, frases, leitura/escrita ou uso de fi guras,
a fi m de iniciar e/ou manter um diálogo; comentar e/ou
relatar e narrar eventos; ponderar e argumentar frente
às situações e os diversos interlocutores.
•
Responde à fala da outra pessoa? Precisa de apoio
para a resposta? Qual(is)?
•
Inicia um diálogo? Para que?
o
Refere-se à habilidade em demandar a atenção
da outra pessoa e pode ser realizada para chamar a
atenção para um objeto e/ou evento; pedir um objeto
ou ação (ex.: pegar algo, abrir porta, etc.). Observar se
sua expressão depende sempre da iniciati va da outra
pessoa.
•
Mantém o mesmo foco em um assunto?
o
Refere-se à seleção de seu foco de interesse e da
habilidade de ampliar a maneira de aborda-lo, a parti r
da parti cipação da outra pessoa. Ao abordar seu foco de
interesse, sua expressão mostra coerência?
•
Parti lha do assunto proposto pela outra pessoa?
Precisa de ajuda para dirigir sua atenção/interesse e
mantê-la?
o
Refere-se à habilidade de parti lhar o que a outra
pessoa apresenta, isto é, se parti cipa do tema com
pergunta ou comentário sobre o objeto ou evento
apresentado pela outra pessoa. Observe se considera
as justi fi cati vas uti lizadas pela outra pessoa, isto
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45
Ministério
da Saúde
é, se considera o ponto de vista do interlocutor ou
personagem de estória.
•
Relata ou narra fatos ou historias? Qual a parti cipação
da outra pessoa?
o
Refere-se à habilidade de fazer relatos/narrati vas
de fatos e/ou de situações imaginárias. Observar se
depende exclusivamente da parti cipação direcionadora
da outra pessoa (ex.: perguntas, repeti ções, retomadas).
•
Expõe sua opinião? Usa elementos de justi fi cati va?
o
Refere-se ao uso da linguagem para explicar e/
ou mudar sua opinião e argumentar sobre um ponto
de vista. E, também, às habilidades de expressar seus
pontos de vista acerca das situações, e de mostrar
tentati vas de explicação para eventos ou ati tudes (ex.:
causas fí sicas ou intenções das pessoas). Observar se
depende exclusivamente da parti cipação direcionadora
(perguntas, repeti ções, retomadas).
•
Há variabilidade da melodia de fala?
o
Refere-se à melodia de fala (prosódia) como fator
comunicati vo. Isto é, considere se a prosódia de fala
da pessoa com suspeita de TEA carrega informação
(ex.: expressão de pergunta, de resposta, negação,
exclamação, etc.), também, se a carga comunicati va
da variação melódica da outra pessoa é moti vadora da
atenção da pessoa com TEA.
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Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa
com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)
•
Considere ainda o vocabulário de recepção e de
expressão; a complexidade gramati cal de recepção e
expressão; e característi cas fonológicas.
•
Observe se reconhece letras, palavras, frases e/ou
números sem ter sido formalmente ensinado (anterior
aos 4anos) e, especialmente, se mostra compreensão
deste ti po de leitura.
•
Observe as habilidades de leitura e de escrita, isto
é, na leitura, analise a compreensão; taxa de leitura e
acurácia; na escrita, registre a coerência e a coesão do
texto escrito; característi cas dos períodos; vocabulário
selecionado; e autonomia de construção do tema.
7.3.2 - Relação com Objetos/Brincadeiras/Ati vidades
7.3.2.1 - Manipulação/exploração
•
Observar a gama de objetos manipulados/explorados
pela pessoa com suspeita de TEA. O comportamento
exploratório pode aparecer com diferentes objetos/
brinquedos ou, ainda, pode estar ausente (ex.: criança
“anda” sobre os brinquedos, sem parecer notá-los).
•
Aqui deve ser considerada se a exploração dos objetos é
considerada tí pica, conforme o esperado para a idade, ou
se realizada de forma estereoti pada (ex.: interesse pelo
movimento dos objetos, por partes e não pelo objeto
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Ministério
da Saúde
inteiro, ati vidade repeti ti va - alinhar, girar objetos, sem
função aparente).
7.3.2.2 - Brincadeira Funcional
•
A brincadeira funcional refere-se à manipulação de
objetos/brinquedos não apenas com fi ns exploratórios,
mas de acordo com suas funções (ex.: acionar brinquedos
musicais, fazer encaixes, jogos de construção, etc.).
7.2.2.3 - Brincadeira de faz-de-conta (simbólica)
•
Ati vidade na qual um objeto é uti lizado para representar
outro (ex.: um pedaço de madeira serve como espada;
um bloco de madeira pode ser usado como telefone). É
conhecida como brincadeira de faz-de-conta, ou ainda
representa situações/papéis, mesmo sem o uso de
objetos (ex.: fi ngir que é médico, professora, etc.). Deve-
se considerar também se a brincadeira simbólica aparece
restrita às ati vidades estereoti padas e repeti ti vas (ex.:
na insistência em um mesmo tópico e de forma rígida).
7.2.2.4 - Ati vidade Gráfi ca
•
Nesse item deve ser avaliado o registro gráfi co da criança.
Observar se há apenas rabiscos, garatujas (desenhos
sem forma defi nida, mas ao qual a criança atribui uma
representação) ou representações defi nidas de pessoas
(mesmo que na forma de traço, “palito”), animais,
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Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa
com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)
objetos, natureza, etc. Considerar também se a criança
não “desenha”, mesmo após tentati vas do adulto.
•
O examinador deve considerar se a representação
foi espontânea ou estereoti pada (insistência em um
mesmo tópico com resistência à mudança/interrupção
da ati vidade). Quando a representação gráfi ca for
considerada espontânea, deve-se avaliar se foi ou não
criati va.
7.3.3 – Movimentos Estereoti pados do Corpo e Aspectos Sensoriais
7.3.3.1 - Movimentos Repeti ti vos das Mãos e do corpo
•
Refere-se aos movimentos rápidos e involuntários dos
dedos e mãos, de forma repeti ti va e aparentemente
não-funcional, e que geralmente ocorrem dentro do
campo visual da criança ou na linha média do corpo
(ex.: retorcer e/ou tremular os dedos; movimentar as
duas ou uma das mãos de um lado para outro; esfregar;
torcer/apertar as mãos). A criança pode andar na ponta
dos pés, salti tar repeti damente, porém, ao contrário do
que acontece comumente com crianças pequenas, esses
movimentos ocorrem fora de contexto de brincadeira.
Considerar se são ocasionais ou frequentes e, ainda, a
reação da criança perante a tentati va de interrupção
pelo examinador.
7.3.3.2 - Interesse pelos atributos sensoriais dos objetos
48
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•
Observar se a criança fi ca excessivamente “focada”
em atributos sensoriais dos objetos, tais como: luzes,
movimentos, textura, isto é, se resiste a ter sua atenção
desviada para outros estí mulos.
7.3.4 – Aspectos a serem considerados na Avaliação de
Adultos com TEA
•
Para que se possa avaliar as preferências de adultos e
idosos com TEA - e parti cularmente daquelas com défi cits
de comunicação - pode-se usar métodos indiretos (i.e.
entrevistas e questi onários a familiares e cuidadores)
ou formas diretas de avaliação. No caso dos métodos
diretos, podemos observar o indivíduo em seu ambiente
natural e real, atentando às suas escolhas e formas de
engajamento, ou podemos apresentar situações de teste
de preferência, nos quais um ou mais itens ou ati vidades
são avaliados simultânea ou sucessivamente.
•
No que diz respeito a uma avaliação dos riscos vividos
pelo indivíduo adulto ou idoso com TEA, há múlti plos
elementos a serem considerados. Primeiro, a presença
de comportamentos auto e hetero agressivos. Um
adulto com TEA que apresenta uma longa história de
comportamentos auto-agressivos, pode apresentar
lesões internas que devem ser avaliadas pela equipe
médica. A chance de ocorrência de comportamentos
auto e hetero agressivos, os riscos que estes apresentam,
bem como formas de tratamento e gerenciamento dos
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Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa
com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)
mesmos, devem ser extensivamente discuti das pela
equipe de trabalho. Mas não são apenas os excessos
comportamentais que colocam o indivíduo em risco.
Défi cits nas áreas de comunicação, auto cuidados e auto
preservação também podem ser críti cos.
7.3.5 – Comorbidades
Estudos têm reconhecido a ocorrência de TEA como comorbidade
em outras condições como, por exemplo, Síndrome de Down,
Paralisia Cerebral, Síndrome de Tourett e, Síndrome de Turner,
Síndrome de Willians, Esclerose Tuberosa e Defi ciência Auditi va e
Visual, Fenilcetonúria não tratada, Amaurose de Leber, Defi ciência
Intelectual. entre outras. (Baron-Cohen, Scahill, Izaguirre, Hornsey
e Robertson, 1999; Cass, 1998; Creswell e Skuse, 1999; Fombonne,
du Mazaubrun, Cans e Grandjean, 1997; Harrison e Bolton, 1997;
Howlin, Wing e Gould, 1995; Nordin e Gillberg, 1996).
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Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa
8 O Momento da Notícia do Diagnóstico
com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)
de TEA
O momento da notí cia do diagnósti co deve ser cuidadosamente
preparado, pois será muito sofrido para família e terá impacto em
sua futura adesão ao tratamento.
O diagnósti co é uma tarefa multi disciplinar, porém, a comunicação
à família deve ser feita por apenas um dos elementos da equipe,
preferencialmente aquele que estabeleceu o vínculo mais forte e
que, de certa forma, vai funcionar como referência na coordenação
do projeto terapêuti co indicado pela equipe para o caso. Ele
deverá ter uma postura éti ca e humana, além de ser claro, conciso
e disponível às perguntas e dúvidas dos familiares. Mais ainda, o
local uti lizado deverá ser reservado e protegido de interrupções, já
que a privacidade do momento é requisito básico para o adequado
acolhimento do caso.
A apresentação do diagnósti co deve ser complementada pela sugestão
de tratamento, incluindo todas as ati vidades sugeridas no projeto
terapêuti co singular. O encaminhamento para os profi ssionais, que
estarão envolvidos no atendimento do caso, deve ser feito de modo
objeti vo e imediato, respeitando, é claro, o tempo necessário para
cada família elaborar a nova situação.
É importante esclarecer que o quadro do auti smo é uma “síndrome”,
que signifi ca “um conjunto de sinais clínicos”; conjunto que defi ne uma
certa condição de vida diferente daquela até então experimentada pela
família, e que impõe cuidados e roti nas diferenciadas. É igualmente
importante esclarecer que os cuidados serão comparti lhados entre a
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53
Ministério
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equipe profi ssional responsável pelo tratamento e a família. Ou seja,
é importante fazê-la notar que não estará sozinha nesse processo, e
que terá respeitada sua autonomia na tomada das decisões.
9 Projeto Terapêutico Singular:
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com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)
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Habilitação/Reabilitação da Pessoa
com TEA
Após o diagnósti co e a comunicação à família, inicia-se imediatamente
a fase do tratamento e da habilitação/reabilitação.
A oferta de tratamento, nos pontos de atenção da Rede de Cuidados
à Saúde da Pessoa com Defi ciência, consti tui uma importante
estratégia na atenção às pessoas com transtornos do espectro
do auti smo, uma vez que tal condição implica em alterações de
linguagem e de sociabilidade que afetam diretamente – com maior ou
menor intensidade – grande parte dos casos, limitando capacidades
funcionais no cuidado de si e nas interações sociais, o que demanda
cuidados específi cos e singulares de habilitação e reabilitação
ao
3
longo das diferentes fases da vida.
O projeto terapêuti co a ser desenvolvido deve resultar do diagnósti co
elaborado; das sugestões da equipe; e das decisões da família. Todo
projeto terapêuti co, portanto, será individualizado e deve atender
às necessidades, demandas e interesses de cada paciente e de seus
familiares.
3 Conforme o documento base para gestores e trabalhadores do SUS
(Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Núcleo Técnico da Política
Nacional de Humanização, 4a Ed., 2008), habilitar é tornar hábil, no sentido da destreza/
inteligência ou no da autorização legal. O “re” constitui prefi xo latino que apresenta as
noções básicas de voltar atrás, tornar ao que era. A questão que se coloca no plano
do processo saúde/doença é se é possível “voltar atrás”, tornar ao que era. O sujeito
é marcado por suas experiências; o entorno de fenômenos, relações e condições
históricas, neste sentido, sempre muda. Então, a noção de reabilitar é relativamente
problemática. Na saúde, estaremos sempre desafi ados a habilitar o sujeito a uma nova
realidade biopsicossocial. No entanto, o sentido estrito da volta ou reconquista de uma
capacidade antes existente ou legal pode ocorrer. Nesses casos, o “re”habilitar se
aplica.
56
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Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa
com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)
A escolha do método a ser uti lizado no tratamento, bem como a
avaliação periódica de sua efi cácia devem ser feitas de modo conjunto
entre a equipe e a família do paciente, garanti ndo informação
adequada quanto ao alcance e aos benefí cios do tratamento, bem
como favorecendo a implicação e a corresponsabilidade no processo
de cuidado à saúde.
A avaliação sistemáti ca do processo de habilitação/reabilitação deve
ser pautada pela melhora e pela ampliação das capacidades funcionais
do indivíduo em vários níveis e ao longo do tempo, por exemplo: na
parti cipação e no desempenho em ati vidades sociais coti dianas; na
autonomia para mobilidade; na capacidade de autocuidado e de
trabalho; na ampliação do uso de recursos pessoais e sociais; na
qualidade de vida e na comunicação. Em síntese, os ganhos funcionais
são indicadores centrais na avaliação da efi cácia do tratamento.
O tratamento deve ser estabelecido de modo acolhedor e humanizado,
considerando o estado emocional da pessoa com TEA e seus familiares,
direcionando suas ações ao desenvolvimento de funcionalidades e à
compensação de limitações funcionais, como também à prevenção
ou retardo de possível deterioração das capacidades funcionais,
por meio de processos de habilitação e reabilitação focados no
acompanhamento médico e no de outros profi ssionais de saúde
envolvidos com as dimensões comportamentais, emocionais,
cogniti vas e de linguagem (oral, escrita e não-verbal), pois estas são
dimensões básicas à circulação e a pertença social das pessoas com
TEA na sociedade.
No contexto do atendimento ao adulto e idoso com TEA, alguns
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Ministério
da Saúde
fatores adicionais devem ser considerados. Primeiro, a demanda por
esse ti po de serviço tem aumentado no mundo e o mesmo é esperado
aqui no Brasil. Ainda que a intervenções precoces e intensivas tragam
imensos ganhos para o indivíduo com TEA e suas famílias, muitas
da difi culdades vividas por esses indivíduos ultrapassam os anos da
infância e da juventude. A necessidade por serviços e cuidados pode,
portanto, se estender durante toda a vida do indivíduo. No caso do
adulto ou idoso com TEA – um pouco diferente do que ocorre na
intervenção precoce e na educação infanti l, onde há muita ênfase no
desenvolvimento de habilidades de base ou pré-requisitos – o foco
do atendimento deve se voltar à integração e acesso aos serviços, à
comunidade, à inserção no mercado de trabalho, ao lazer. A ênfase
nessas dimensões não exclui a conti nuidade do trabalho para que
os adultos com TEA possam cuidar de sua saúde pessoal, aprimorar
habilidades funcionais e de autocuidado, bem como intensifi car
suas possibilidades de comunicação e ampliar seu repertório de
comportamentos sociais.
Para o planejamento, seleção de objeti vos e intervenção em cada uma
dessas áreas, as equipes profi ssionais devem considerar ao menos
os seguintes aspectos: (a) preferências individuais, (b) desempenho
individual, (c) tolerância e resistência à demanda da ati vidade
proposta, (d) riscos ao próprio indivíduo ou outros.
Um bom entendimento das preferências individuais do adulto com
TEA, nas diversas áreas da vida, permiti rá que a equipe selecione
objeti vos sociais, de lazer e trabalho adequados a pessoa atendida.
No caso do adulto, a expressão “desempenho individual” usada aqui
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Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa
com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)
refere-se às habilidades presentes e ao nível de ajuda necessários
para que o indivíduo parti cipe das ati vidades propostas em sua vida.
É importante que se tenha em mente que o fato de se tratar de um
adulto, não signifi ca que não haja aprendizagem. Ou seja, um dos
objeti vos fundamentais do atendimento, mesmo durante a vida
adulta, é o de habilitar o indivíduo para parti cipar de modo ati vo e
independente das ati vidades que são apresentadas. Conhecer seu
desempenho independente em diversas áreas, permite que a equipe
planeje estratégias para melhorar esse desempenho e reduzir, gradual
e sistemati camente, o nível de ajuda que é necessário.
Outra área críti ca na vida do adulto com TEA, que afeta principalmente
suas chances de inserção no mercado de trabalho e na vida
comunitária, refere-se a sua tolerância as demandas apresentadas.
Sejam essas demandas de trabalho (i.e. quanti dade ou tempo de
ati vidade), ou demandas sociais (i.e. presença de pessoas, ruídos,
interações). Por isso, é importante que se conheça quanto cada
indivíduo consegue tolerar e desempenhar a cada momento do
atendimento. Por exemplo: é possível que um jovem adulto com
TEA entre na rede de serviços sendo completamente capaz de
desempenhar bem certas ati vidades de trabalho, porém apresente
difi culdades em permanecer engajado durante períodos mais longos.
Nesse caso, sua tolerância ao engajamento pode ser aumentada
gradati vamente, de modo que ele possa, eventualmente, alcançar
níveis competi ti vos de desempenho.
O indivíduo que não consegue comunicar dor, ou descrever estados
internos, dependerá da habilidade daqueles a seu redor para o
diagnósti co e tratamento de todo ti po de desconforto. A equipe,
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Ministério
da Saúde
por sua vez, deve aprender a entender e acolher os fatos para além
daquilo que é relatado. Por exemplo: se um indivíduo que não
consegue se comunicar, pode exibir comportamento auto-lesivo
persistente dirigido à região do rosto. A equipe terá que desenvolver
formas objeti vas de medir a ocorrência e os possíveis efeitos desse
comportamento. Medidas de frequência, porcentagem de ocorrência,
etc., são bastante úteis nesse senti do. Em alguns casos, tais medidas
serão a única forma de se avaliar riscos.
É essencial que a defi nição do projeto terapêuti co das pessoas com
Transtornos do Espectro do Auti smo leve em conta as diferentes
situações clínicas envolvidas nos transtorno do espectro do auti smo.
Ou seja, é necessário disti nguir e ter a capacidade de responder
tanto às demandas de habilitação/reabilitação de duração limitada
(ati ngimento de níveis sati sfatórios de funcionalidade e sociabilidade
por parte dos pacientes, evitando manter essas pessoas como usuários
permanentes dos serviços), quanto ao estabelecimento de processos
de cuidado àqueles usuários que necessitam de acompanhamento
contí nuo e prolongado.
Ao mesmo tempo, além dos processos de cuidado à saúde no âmbito
da atenção especializada, que visam responder às especifi cidades
clínicas, é importante ressaltar que os serviços de saúde devem
funcionar em rede, estando preparados para acolher e responder
às necessidades gerais de saúde das pessoas com TEA, o que inclui
o acompanhamento (básico e especializado) tanto da equipe de
habilitação/reabilitação, quanto médico, odontológico e da saúde
mental, sempre que se fi zer necessário.
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Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa
com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)
É também de extrema importância que os cuidados à saúde da pessoa
com TEA, ao longo da vida, estejam arti culados também às ações e
programas no âmbito da proteção social, educação, lazer, cultura
e trabalho, visando o cuidado integral e o máximo de autonomia e
independência nas ati vidades da vida coti diana.
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Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa
com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA)
10 Apoio e Acolhimento à Família da
Pessoa com TEA
O cuidado da pessoa com TEA exige da família extensos e
permanentes períodos de dedicação, provocando, em muitos casos,
a diminuição das ati vidades de trabalho, lazer e até de negligência
aos cuidados da saúde de membros da família. Isto signifi ca que
estamos diante da necessidade de ofertar, também aos pais e
cuidadores, espaços de escuta e acolhimento; de orientação e até
de cuidados terapêuti cos específi cos.
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11 Fluxograma de Acompanhamento e Atendimento da Pessoa com TEA na REDE SUS
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11 Fluxograma de Acompanhamento e Atendimento da Pessoa com TEA na REDE SUS
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Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa
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M IN IST ÉR IO DA SAÚ DE
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Tip o de p ap e l do m io lo: O ff- Set 9 0 g r am a s
I mp r ess o po r me io d o C on tr at o 2 8 /2 01 2
Br as ília /DF , Ab ril de 2 01 3
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