quinta-feira, 5 de novembro de 2015
quarta-feira, 23 de setembro de 2015
segunda-feira, 21 de setembro de 2015
sábado, 12 de setembro de 2015
sexta-feira, 11 de setembro de 2015
sábado, 15 de agosto de 2015
quarta-feira, 8 de julho de 2015
quarta-feira, 24 de junho de 2015
domingo, 31 de maio de 2015
segunda-feira, 25 de maio de 2015
PERSPECTIVAS DE ENFERMEIROS QUANTO AO FUTURO PROFISSIONAL ( AMAGOS CONSELHO ANTES DE ESCOLHER EM ENFERMAGEM VEJAM O MERCADO PARA NÃO FICAR DEPRIMIDO FRUSTRADO E DEPRIMIDO UMA VEZ FEITO NÃO DA VOLTAR ATRAS SÃO 5 ANOS DE SUA VIDA QUE JAMAIS VOLTSRM REFLITÃO PROFUNDAMENTE )
453
COMO SERÁ O AMANHÃ? RESPONDA QUEM PUDER! Perspectivas de enfermeirandos quanto ao seu futuro profissional
José Gilmar Costa de Souza Júnior*
Aracele Tenório de Almeida Cavalcanti*
Estela Maria Leite Meireles Monteiro**
Maria Inês da Silva***
Resumo
Estudo qualitativo que teve como objetivos:
Identificar os fatores significativos na formação
do enfermeiro; descortinar o perfil do
enfermeiro na percepção do graduando;
conhecer as perspectivas dos enfermeirandos
quanto ao seu amanhã profissional. Teve como
sujeitos 12 alunos concluintes do Curso de
Graduação em Enfermagem de três
Universidades de Pernambuco. Foram
realizadas entrevistas gravadas e observação
assistemática, nos meses de março e abril de
2003. Como resultados foram construídas as
seguintes categorias: Escolha pela profissão
de enfermagem; envolvimento com a formação
profissional; reflexões quanto à formação
acadêmica e perspectivas em relação ao futuro
profissional.
Descritores: perspectivas; enfermeirandos;
futuro profissional
Abstract
This is a qualitative study aimed at: identifying
significant factors in nurse education;
presenting a nurse profile as perceived by an
undergraduate student; getting to know the
perspectives nursing students have for their
future professional lives. The interviewees
were twelve students in nursing undergraduate
programs from three universities located in
the state of Pernambuco, Brazil. Recorded
interviews and non-systematic observation
were carried out between March and April,
2003. The following categories were identified:
choice of the nurse profession; involvement in
professional education; reflections on
academic education and perspectives for
future professional lives.
Descriptors: perspectives; nursing students;
future professional life
Title: What will our future look like? answer
me, if you can! Perspectives from nursing
students for their future professional lives
Resumen
Estudio cualitativo, cuyos objetivos fueron:
identificar los factores significativos en la
formación del enfermero; descubrir el perfil
del enfermero, tal como lo ve el estudiante;
conocer las perspectivas de los estudiantes
respecto a su mañana/porvenir profesional.
Tuvo como sujetos a 12 estudiantes que
concluían el Curso de Enfermería de tres
Universidades de Pernambuco,en Brasil.Se
realizaron entrevistas grabadas y observación
asistemáticas los meses de marzo y abril de
2003. Como resultado se construyeron las
siguientes categorías: elección de la profesión
de enfermería; compromiso con la formación
profesional; reflexiones respecto a la formación
académica y perspectivas respecto a su futuro
profesional.
Descriptores: perspectivas; estudiantes de
enfermería; futuro profesional
Título: ?Cómo será el mañana? !responda
quien pueda! Perspectivas de estudiantes
enfermeros respecto a su futuro profesional
* Graduando do Curso de Enfermagem da Faculdade de Enfermagem Nossa Senhora das Graças da Universidade de Pernambuco.
** Mestre em Enfermagem em Saúde Pública pela UFPB. Docente da Faculdade de Enfermagem Nossa Senhora das Graças da Universidade de
Pernambuco e Enfermeira do HUOC-PE.
*** Especialista em Enfermagem Médico Cirúrgica pela UFPE. Docente da Faculdade de Enfermagem Nossa Senhora das Graças da Universidade de
Pernambuco.
E-mail do autor:
1 Introdução
Em 1633, na França, foi fundada pela irmã Luiza de
Marilac e pelo padre Vicente de Paulo, a companhia das irmãs
de caridade de São Vicente de Paulo, primeiro local onde se
formulou regras de um cuidado que hoje seria denominado de
Enfermagem. O trabalho desenvolvido pelas irmãs era tão
caridoso e reabilitador que logo se difundiu pelo mundo, dada
a enorme influência religiosa que pesava sobre a ocupação.
Eram dominantes no espaço hospitalar e decidiam quando a
presença do médico era necessária ou não, já que a esta altura
do século XVII este era considerado apenas um coadjuvante. A
Enfermagem, mesmo não conhecida como, ganhava espaço,
e aquela arte pregada pela companhia ganhava seguidores,
entre eles, a célebre Florence Nightingale(1).
Hoje no “mundo do trabalho” passa-se a exigir do
profissional Enfermeiro, determinadas qualidades, essenciais
ao contexto sócio-cultural e filosófico de um novo tempo, gerando
um processo desencadeador de mudanças e reflexão, quanto
ao processo educacional de formação em todas as etapas de
ensino, principalmente no ensino superior, que culmine com a
formação do profissional que irá desenvolver suas
potencialidades através da apropriação crítica e reflexiva do
conhecimento teórico-prático, a partir de atitudes e ações
criativas transformadoras, comprometidas com sua função
social(2).
Em diversos momentos ressalta-se que estudantes
recém graduados experimentam o conhecido “conflito de
identidade” em torno do papel do Enfermeiro, ou seja, muitas
vezes a Universidade prepara o enfermeirando para algo, e
quando formado, este encontra um ambiente de trabalho que
lhe exige muito mais do que se sente preparado.
Os resultados deste conjunto dicotômico de papel e de
herança transmitida de geração em geração, onde se observa
que o papel do Enfermeiro apreendido pelo estudante de
Enfermagem reflete uma imagem “ideal” passada pelo mestre,
ao invés da imagem “real” do Enfermeiro no seu dia-a-dia de
trabalho(3).
Contrariando este pensamento, emerge o entendimento
que as Universidades brasileiras estão se adequando à
flexibilização do mercado de trabalho, oferecendo hoje ao
estudante de Enfermagem uma capacitação voltada para a
situação real(4).
Tais informações mostram que, na realidade, os recém
graduados devem ser conhecedores de seu papel e interpretálo
para as outras pessoas, caso contrário surgirão
constantemente situações de estresse que contribuirão, sem
dúvida, para a frustração profissional. Na atualidade, nota-se a
grande diferença do papel do Enfermeiro de hoje com o do
passado, embora ainda reflitam a herança subcultural que
passa de geração a geração. Os modelos de Enfermeiras de
ontem refletiam o autoritarismo e rigidez da disciplina militar,
bem como o conceito de sacrifício e de serviço à base da
generosidade(5).
Hoje esse modelo é refletido por homens e mulheres que, a
Rev Bras Enferm, Brasília (DF) 2003 jul/ago;56(4):453-458
454
partir do seu trabalho e esforço, esperam um salário competitivo,
valorização. Acredita-se que a alta qualificação dos Enfermeiros
Universitários geram conflitos na prática que são em parte, a
causa de um certo desencantamento quanto ao campo de
autonomia e o status. profissional que lhes é atribuído(6).
Diante do contexto surgiram as seguintes questões
norteadoras: O que os futuros profissionais de Enfermagem
esperam ao “cortarem o cordão umbilical” com a faculdade?
Qual o papel da formação acadêmica na consolidação da
perspectiva do graduando quanto ao seu futuro profissional?
Até quando esta formação influencia na crise de identidade e
frustração quanto ao ser enfermeiro?
Desenvolvemos este trabalho onde refletimos
intensamente sobre o futuro da Enfermagem, já que é no
momento do pleno exercício da profissão onde se evidencia a
problemática da crise de identidade profissional, visto que a
fase vivida pelos graduandos quando beiram a formação é
caracterizada por dúvidas e receios, cuja analogia podemos
fazer com Shakespeare através das marcantes palavras ditas
por Hamlet: “Ser ou não ser... eis a questão.”
Destacamos estudo realizado com graduandos de Medicina
de Brasília sobre a reflexão destes alunos quanto à
aprendizagem e observou que a proporção de alunos com nível
de autoconfiança como aprendiz diminuía com o decorrer dos
anos dentro da graduação. Constatando que, geralmente são
nos últimos períodos da faculdade que o acadêmico encontrase
mais atarefado, pois além da rotina acadêmica, passa a
realizar estágios extracurriculares e outras tarefas, o que os
sobrecarregam, muitas vezes desmotivando-os em relação ao
curso. Talvez esta fase seja bastante crítica no processo de
formação profissional(7).
Uma cabeça ‘bem cheia’ é uma cabeça onde o saber é
acumulado e empilhado, não dispondo de um princípio de
seleção e organização que lhe dê sentido. Já uma cabeça ‘bem
feita’, significa que, ao invés de acumular o saber, é mais
importante dispor de tempo para: “uma aptidão geral para colocar
e tratar os problemas; princípios organizadores que permitam
ligar os saberes e lhes dar sentido”(8:21).
Acredita-se que um dos principais problemas da graduação
que repercutem na vida profissional, é a centralização das aulas
que compõem o currículo de Enfermagem, já que esta
centralização transmite um conteúdo teórico agrupado quase
sempre em torno de patologias médicas e procedimentos
técnicos, divorciado de situações de Enfermagem que são
vivenciadas na prática(9).
Analisando a evolução do ensino da Enfermagem no Brasil,
podemos perceber a intensa relação às práticas e políticas de
saúde dominantes nas épocas, evidenciadas pelas importantes
mudanças curriculares.
O primeiro currículo (1923 a 1949), eqüivale ao treinamento
de Enfermeiros baseados na filosofia de Nightingale. A carga
horária era pequena e as disciplinas, fragmentadas, dava ênfase
às práticas hospitalares, distanciando-se da intenção proposta
por Carlos Chagas com a criação do curso, que era formar
profissionais era atender ao projeto sanitarista-campanhista(10).
O processo histórico, todavia, evidenciava que a
Enfermagem “Pós-Florence” ao optar pelo modelo biomédico,
se distanciou de suas bases fundamentais, desencadeando
uma desvalorização do cuidado, foco e expressão da
Enfermagem ocupacional e profissional ao longo da história (9).
A Enfermagem tornou-se uma profissão de nível superior só
em 1962, sendo definido um currículo mínimo para o curso de
graduação, atendendo às exigências da Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional, recém-promulgada, através do parecer
CFE 271/62. O curso era reduzido para três anos, incluindo as
disciplinas de administração e excluindo as de Saúde Pública.
Dez anos depois, com a Reforma Universitária, através do
parecer CFE 163/72, mais uma modificação: O curso é dividido
em ciclo básico e profissionalizante com habilitações nas áreas
de Saúde Pública, Obstetrícia e Médico-Cirúrgica(10).
Ainda seguindo o processo histórico, o debate sobre o
movimento da construção do SUS na década de 80, repercutiu
na Enfermagem. Mais uma vez o currículo vigente passa a ser
criticado, principalmente quanto à duração do curso, que era
considerado insuficiente. A ABEn aprovou então, um novo
diploma, aumentando para quatro anos, extingue as habilitações
e permitem o desempenho de atividades em situações clínicocirúrgicas,
psiquiátricas, coletivas, gineco-obstétricas ,
pediátricas e administrativas(10) .
Finalmente veio a Resolução CNE/CES nº3 de 7 de
novembro de 2001, instituindo que os conteúdos essenciais
para o curso de Graduação em Enfermagem deveriam estar
relacionados com todo o processo saúde-doença do cidadão,
da família e da comunidade, integrado à realidade
epidemiológica e profissional, proporcionando a integralidade
das ações do cuidar em Enfermagem. Tais conteúdos deveriam
conter: Ciências Biológicas e da Saúde; Ciências Humanas e
Sociais; Ciências da Enfermagem, como, Fundamentos de
Enfermagem, Assistência de Enfermagem, Administração de
Enfermagem e Ensino de Enfermagem. Atribuiu também que
além dos conteúdos teóricos e práticos desenvolvidos ao longo
de sua formação, ficavam os cursos obrigados a incluir no
currículo o estágio supervisionado em hospitais gerais e
especializados, ambulatórios, rede básica de saúde e
comunidades nos dois últimos semestres do curso de
Graduação em Enfermagem(11).
Mais uma vez estamos passando por um processo
histórico, onde a mundialização dos mercados e o avanço deste
processo, vai além dos fenômenos econômicos, invadindo
dimensões políticas, sociais e culturais, trazendo
consequentemente mudanças nas formas de organização e
flexibilização do trabalho(2).
No decorrer dos anos, passou-se a valorizar a
subjetividade e o saber tácito do trabalhador, dando lugar a
uma qualificação real em contraposição à qualificação formal(12).
A noção de competência surge quando a construção de
aprendizados vai além da aquisição formal de conhecimentos
academicamente validados e se constrói saberes também a
partir das mais diversificadas experiências que o sujeito
enfrenta, seja no meio de trabalho ou ao longo da vida.
Destacando competências políticas que possibilitam aos
indivíduos refletir e atuar criticamente sobre a esfera da
produção, assim como na esfera pública, nas instituições da
sociedade civil, constituindo-se como atores sociais dotados
de interesses próprios que se tornam interlocutores legítimos
e reconhecidos(2).
Acompanhando toda essa flexibilidade, a Enfermagem é
hoje considerada pelo mesmo autor, uma das profissões que
oferecem grandes perspectivas de crescimento,
desenvolvimento e valorização do trabalho, pois mesmo com a
crise de desemprego no país, os Enfermeiros vêm conquistando
espaços e firmando-se nas diversas áreas de atuação, incluindo
principalmente aqueles que apostam sua capacidade
profissional e qualificação real, ampliando os conhecimentos
científicos e buscando especialização para aproveitar as chances
de emprego surgidas no mercado de trabalho.
O profissional de Enfermagem do século XXI atribui ao seu
“ser profissional”, a ciência cultural da sociedade mundial, que
reflete uma questão de adaptabilidade, sendo essencial hoje,
conhecer a fundo seu papel diante da política de saúde e fazêlo
valer diante de todos(13).
Quando se fala em problemas na formação dos
profissionais de Saúde, destaca-se: Dicotomia do ciclo básico/
profissionalizante, sem que haja correlação entre o
conhecimento das disciplinas básicas e a futura prática
profissional; Contato tardio do aluno com a futura prática
profissional. Desconsideração do trabalho como princípio
pedagógico; Compatimentalização do ensino, com repetição
Como será o amanhã? responda...
Rev Bras Enferm, Brasília (DF) 2003 jul/ago;56(4):453-458
455
de conteúdos, muitas vezes irrelevantes para a prática
profissional; Descompasso entre os serviços de saúde e
universidade, descomprometendo-se esta com a mudança do
modelo assistencial; descompromisso ético, humano e social
com os usuários(10).
Diante da problemática levantada, este estudo apresenta
como objetivos:
I. Identificar os fatores significativos na formação do Enfermeiro;
II. Conhecer as perspectivas dos enfermeirandos quanto ao
seu amanhã profissional.
2 Procedimento metodológico
Trata-se de uma pesquisa exploratória com abordagem
qualitativa, que utiliza o universo de significados, motivos,
crenças e atitudes, o que corresponde a um espaço mais
profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que
não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis
quantitativas(14). A pesquisa foi realizada nas três Faculdades
de Enfermagem da cidade do Recife, sendo elas, de caráter
Federal, Estadual e Particular.
Todos os sujeitos entrevistados foram do sexo feminino,
solteiras, com idades entre 21 e 27 anos, sendo uma delas,
mãe. A renda familiar varia de 05 a 20 salários mínimos, 05
delas possuem familiares Enfermeiros ou áreas afins,
nenhuma delas possuem outro curso, ou exercem outra
profissão. Áries, Touro, Gêmeos e Câncer, são alunas de uma
IES Estadual; Leão, Virgem, Libra e Escorpião, de uma IES de
caráter Federal e Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes de
uma IES Particular.
Constituíram sujeitos do estudo doze estudantes, do
último período do curso de Graduação em Enfermagem, os
mesmos foram escolhidos aleatoriamente, sendo quatro de
cada Faculdade visitada.
O projeto de pesquisa foi enviado ao Comitê de Ética.
Solicitando a anuência formal dos sujeitos que compuseram a
amostra do estudo, através da assinatura de Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido, o qual garante anonimato
e a liberdade em participar ou não de qualquer fase da pesquisa,
atendendo a Resolução nº 196/96)(15).
Procedemos à coleta de dados nos meses de março e
abril de 2003. O instrumento para a coleta foi constituído por um
roteiro de entrevista com sete questões subjetivas, cujas
respostas foram gravadas. Os conteúdos das entrevistas
gravadas foram transcritos e após sucessivas leituras, foram
estabelecidas as categorias a partir dos questionamentos
realizados, sendo denominadas “categorias pré-estabelecidas”
e destas, quando necessário foram estabelecidas às
subcategorias. O desenvolvimento desta fase não teve a
pretensão de realizar uma análise com rigor metodológico da
análise do conteúdo, entretanto, as disposições de categorias
e subcategorias, teve por objetivo, proporcionar ao leitor, maior
clareza com relação à apresentação dos dados colhidos. Os
resultados foram analisados à luz do referencial teórico.
A cada ator social estudado, foi atribuído um codinome,
correspondendo aos doze signos do zodíaco, para garantir a
total privacidade do pesquisado.
3 Resultados e discussões
3.1 Escolha pela profissão enfermagem
3.1.1 Enfermagem Última opção
[...] Tentei 03 anos para medicina, na realidade eu fiz
para me livrar do vestibular [...] (Leão).
[...] Não passei para medicina, então tentei Enfermagem
[...] nem sabia o que era a profissão [...] (Câncer).
Fiz 03 anos de vestibular para medicina, não passei.
Daí escolhi Enfermagem [...] que está muito ligada à
medicina [...] (Áries).
[...] Primeiro eu fiz vestibular para medicina [...] pensava
que eu poderia procurar outra coisa, outra profissão
[...] havia outras interessantes que eu também me
identificava [...] (Touro).
A pretensão na análise destas falas é identificar o
conhecimento da profissão antes da escolha perante o
vestibular. Onde observamos uma suprema gama de tentativas
de entrar no curso de medicina que se tornaram frustradas e
em virtude da reprovação no vestibular, acabaram optando por
Enfermagem.
A verdade é que baseados nos resultados, o conceito
da Enfermagem antes da graduação é de uma atividade de
ajuda, dedicação, devoção e submissão, não compatível com o
intenso desejo de ter uma profissão, que impõe respeito,
arranque elogios e encha os pais de orgulho. Não fugindo do
senso comum de que a medicina é o curso da área de saúde
de “maior importância” e consequentemente de maior status.
Num estudo realizado sobre prestígio profissional do
Enfermeiro com 45 estudantes universitários das diferentes
cursos de graduação e pós-graduação da USP, foi identificado
que a medicina foi consagrada como a de maior prestígio e a
Enfermagem ficaria entre sétimo e oitavo lugar(16).
Tais resultados evidenciam a auto-imagem do
vestibulando, formada com a interação com o meio ambiente,
traduzido neste caso, numa sala de aula repleto de indivíduos
concorrendo por algumas vagas em cursos superiores e
consequentemente a melhoria da qualidade de vida.
O ambiente social influencia na auto-imagem destes
indivíduos. A profissão, às vezes, tem em si questões históricas
tatuadas, geradoras de preconceitos, podendo influenciar de
forma positiva ou negativa na auto-imagem e conseqüentemente
na escolha profissional(17).
As falas a seguir são exemplos que evidenciam este
pensamento:
[...] Eu me realizei. Nos primeiros períodos já me
identifiquei com a profissão, agora principalmente.
Estou nela e pretendo ficar nela até o final da minha
vida (Touro).
[...] se tu me perguntasse hoje se eu trocaria estar
agora na Enfermagem por uma vaga no curso de
medicina, eu não trocaria não. Não trocaria por curso
nenhum [...] (Virgem).
[...] Hoje eu não me arrependo de ter feito Enfermagem[...]
(Gêmeos).
Tais mudanças do conceito sob a enfermagem ocorrem
com o desenrolar da graduação, onde a verdadeira face da
Enfermagem é apresentada e apreciada.
3.1.2 Enfermagem Primeira Opção
[...] Enfermagem foi minha primeira opção [...] Uma amiga
estava fazendo curso de auxiliar de Enfermagem e todos
os dias ela me estimulava (Escorpião).
[...] Nunca fiz vestibular para outro curso. Minha primeira
e única opção foi Enfermagem [...] (Sagitário).
Apenas 02 dos atores, optaram por fazer enfermagem
inicialmente. Deixam claro que conheciam algo da profissão
como, por exemplo, campo de trabalho promissor. Outrora
estimulados por familiares que conheciam a profissão e se
sentiam satisfeitos com a sua escolha.
3.2 Envolvimento com a formação profissional
A maioria dos Enfermeiros de todo o mundo recebeu
sua formação profissional com a utilização da demonstração
como estratégia pedagógica. Daí a grande importância da
prática, do relacionamento professor-aluno e do envolvimento
com a profissão enquanto estudante(18).
Para aprender e estar exposto às demonstrações, o
estudante precisa criar oportunidades. Para isso é necessário
que este absorva ao seu dia a dia acadêmico, atividades que
Souza Júnior JGC, Cavalvanti ATA, Monteiro EMLM, Silva MI.
Rev Bras Enferm, Brasília (DF) 2003 jul/ago;56(4):453-458
456
lhe proporcionem estas oportunidades, como por exemplo,
estágios curriculares, pesquisas e Participação em eventos
científicos.
O envolvimento dos atores sociais com sua profissão
pode ser apreciado nas seguintes citações:
[...] Eu não me vejo somente como estudante. Eu já me
vejo como profissional, sabendo que eu devo dar o
melhor de mim, buscando raízes cientificas [...]
(Gêmeos).
[...] Tento fazer o máximo pelos meus pacientes,
cuidando deles como se eu já fosse Enfermeira,
inclusive na questão da humanização [...] (Touro).
[...] Procuro participar de congressos, procuro
enriquecer mais a minha prática, através de estágios e
estudar, estudar bastante (Libra).
[...] Faço projeto de extensão e já fiz 02 estágios extras
(Escorpião).
[...] Procuro trabalhar na parte burocrática, mas
também prestar assistência (Peixes).
É evidente nas citações o compromisso com o
aprendizado para ser um profissional competente. Nota-se nas
falas a imensa preocupação em prestar assistência como base
fundamental do envolvimento com a Enfermagem. Notamos
inclusive alguns tons de independência, o que reflete a
segurança de ter assimilado o conteúdo relevante do curso
para a prática. É notável a necessidade dos atores em assegurar
a importância dos trabalhos científicos na vida profissional, o
que desvela a vontade de lidar com a Enfermagem, renovando
seus conceitos e a sua ciência.
3.3 Reflexões quanto à formação acadêmica
Questionamos nossos atores quanto aos pontos
positivos e negativos que vivenciaram ao longo de sua formação
acadêmica, reconhecendo a importância de toda uma vivência
na faculdade como fator determinante na vida profissional, como
é destacado na seguinte fala: [...] É do aluno que se faz o
profissional [...] (Câncer).
A grande maioria dos signos não se prenderam muito
aos pontos positivos, provavelmente por terem encontrado nesta
pesquisa, uma oportunidade de expor suas insatisfações e
contribuir com a melhoria da formação acadêmica do
Enfermeiro, para os demais e futuros alunos. É evidente esta
preocupação nas palavras a seguir: [...] Modificações “dizem”
que estão sendo feitas, eu espero que aconteça, não vai mais
me beneficiar, mas vai beneficiar os próximos (Escorpião).
3.3.1 Pontos Positivos
[...] Apoio de muitos profissionais [...] (Gêmeos).
[...] A faculdade até que apoia para trabalhos científicos
[...] (Câncer).
[...] É através de todas essas dificuldades que a gente
aprende a pesquisar [...] Isso é positivo porque a gente
aprendeu a correr atrás, já que é o aluno que faz a
faculdade e não a faculdade que faz o aluno [...] (Touro).
[...] Só um turno, dá para estudar mais, dá para estágio
extra, o currículo é atualizado [...] (Capricórnio).
[...] Boa teoria e relação professor-aluno [...] (Peixes).
[...] É um incentivo para a gente que está dentro da sala
de aula, o professor dizer que apesar de todas as
dificuldades que tem ele está satisfeito, se voltasse
atrás faria a mesma opção [...] (Virgem).
3.3.2 Pontos Negativos
Chamou-nos atenção à insatisfação de alguns atores
em relação à metodologia utilizada por alguns dos professores,
geradora de angústias.
As contradições da prática profissional que permeiam o
pensar/fazer, a teoria/prática e o cuidar/administrar, não são
explicitadas nem enfrentadas durante o processo de formação,
o que reforça a divisão técnica e social do trabalho e favorece a
crise de identidade(10). [...] Tem aula que é aquela coisa: Chegou,
falou um pouquinho e pronto! [...] (Virgem). [...] Acho que a
faculdade tem que investir em profissionais mais capacitados
[...] (Câncer). [...] Algumas cadeiras não atenderam às minhas
expectativas [...] não foram bem dadas [...] (Libra).
O que nos permite relacionar com uma pesquisa
realizada com 52 alunos do Curso de Graduação em
Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul,
onde identificaram que os alunos percebiam seus tutores como
profissionais preocupados com aspectos tecnicistas e
normativos do curso, sem se preocupar com a opinião dos
alunos, não refletindo sobre sua prática pedagógica.
Acreditamos que quando o aluno se depara com deficiências
no processo ensino-aprendizagem, gerando lacunas no
conteúdo que não foi apreendido, gerando insatisfação com o
próprio curso(19).
Outra reivindicação quase unânime é de uma reforma
curricular, onde a carga horária fosse mais trabalhada e não
levasse o aluno ao estresse a fadiga. [...] A carga horária às
vezes é muito exagerada [...] (Peixes). [...] O tempo de estágio
da gente [...] é muito curto [...] e tem outros que a carga horária é
enorme! [...] (Câncer).
A reforma desejada, não se restringe a carga horária,
mas alberga também, melhoria na estrutura física e em
bibliotecas, além da inclusão e extensão de disciplinas como
farmacologia e saúde do idoso. Nossos atores encontram
necessidade de deter tais disciplinas, baseados nas políticas
de saúde atuais que envolvem o Programa de Saúde da Família,
onde o Enfermeiro trabalha ativamente na prescrição de
medicamentos e na melhoria da qualidade de vida da população
que gera conseqüentemente um alargamento do ápice da
pirâmide populacional.
Diante deste contexto, os enfermeirandos relatam seus
descontentamentos nas falas ilustradas a seguir: [...] Eu não
lembro quase nada de fármaco e anatomia! Semiologia também
[...] (Touro). [...] Não me sinto segura em relação à farmacologia
[...] (Capricórnio). [...] A grade curricular é incompleta [...] por
exemplo, a área hematológica, não temos [...] (Aquário). [...] Senti
falta de farmacologia e exames laboratoriais, que não vemos
(Peixes). [...] Eu sinto muita falta de saúde do idoso [...] (Virgem).
Vale ressaltar que fazer alterações num currículo de um
curso, não se restringe a acrescentar ou eliminar disciplinas,
aumentar ou diminuir carga horária de maneira isolada, não
produz mudanças de grande significado no processo de
educação. Caso isto ocorresse, apenas mostraria o caráter
fragmentário que tem acompanhado às reformas curriculares
dos cursos até hoje(20).
O currículo vigente contempla o desenvolvimento
humano somente até a idade adulta, sendo assim, o idoso só
está incluído como portador de doenças estudadas em outras
disciplinas como clínica médica e cirúrgica. Fala ainda que a
falta da disciplina de gerontologia é comum na maioria das
faculdades(21).
Estamos cientes de que o processo ensinoaprendizagem
na enfermagem necessita de mudanças, mas
de maneira abrangente e dinâmica. De modo, que seja aceito
com entusiasmo a fome de aprender dos alunos e se construa
sobre esta base e que estes constituam sujeitos ativos na
construção e desenvolvimento do Processo Político Pedagógico
(PPP) da Instituição de Ensino Superior (IES).
3.4 Perspectivas em relação ao futuro profissional
3.4.1 Autonomia e Reconhecimento
[...] Me vejo fazendo a parte assistencial com muita
autonomia [...] Eu não me vejo submissa a um médico,
eu me vejo independente [...] (Gêmeos).
A autonomia é a propriedade pela qual o homem pode
Como será o amanhã? responda...
Rev Bras Enferm, Brasília (DF) 2003 jul/ago;56(4):453-458
457
escolher as leis que regem sua conduta. E que no cotidiano a
procura pela autonomia parece ter uma íntima relação com a
dúvida em se firmar como enfermeiro, cidadão e pessoa (22).
Nas falas, os atores associam ter autonomia a desligar de si
grandes problemas da enfermagem.
Trabalhos que analisam as razões da evasão na
profissão evidenciaram como principais fatores desencadeantes
a falta de liberdade para exercer o trabalho e a submissão(23).
O poder, porém, é uma “faca de dois gumes”, porque a
autonomia é buscada, mas em contrapartida, a intensa idéia
de multidisciplinaridade gera uma atitude simpática do
enfermeiro com outros profissionais na intenção de evitar
conflitos, não impondo uma resistência explícita à submissão(22).
A multidisciplinaridade esta, reforçada demasiadamente
pelos professores em sala de aula, tão distante da prática.
Quando evidencia-se o corporativismo, o autoritarismo e por
vezes, o terrorismo de alguns médicos que tentam impedir o
enfermeiro de exercer plenamente suas funções, como
diagnosticar, prescrever medicamentos, e até mesmo realizar
consultas, nas situações em que a lei lhe faculta esse direito,
gerando mobilização da categoria, que já construiu uma trajetória
histórica de luta e defesa pelos seus direitos e por que não
dizer pela saúde.
Acreditamos que a maioria dos entrevistados, vêem a
autonomia como um valor a ser conquistado e como
conseqüência teriam o reconhecimento e o status tão
almejados.
[...] Quero ter o reconhecimento merecido [...] (Áries).
[...] Deus queira... [risos] ... Que o futuro seja bem
diferente disso que a gente vê hoje. Espero que a minha
profissão seja mais respeitada [...] (Escorpião).
[...] Quero ser reconhecida nacionalmente e
internacionalmente [...] (Câncer).
É importante ressaltar que o trabalho na Saúde Pública
é constantemente associado pelos sujeitos do estudo à
autonomia na enfermagem. [...] tenho esperança na área de
PSF, pois a enfermagem tem mais autonomia (Áries).
Metade dos signos lembram que é imprescindível fazer
da enfermagem uma profissão respeitada e do enfermeiro um
profissional valorizado.
3.4.2 Retorno financeiro
[...] Eu espero bom retorno [...] Estabilidade [...] (Leão).
O retorno financeiro almejado pelos atores sociais vem
de reflexo ao reconhecimento e status, os quais se sentem
afastados. Vêem como uma maneira de fazer valer tantos anos
de estudo e dedicação, plantões em excesso, grande carga
horária de trabalho, cobrança e estresse.
[...] A gente pode ser milionário e perder todo o dinheiro,
mas o que ninguém pode nos roubar é o nosso
conhecimento, dignidade, caráter [...] (Gêmeos).
Apesar de o dinheiro não ser o mais importante, a classe
tem que permanecer unida para lutar contra baixos salários e
elevada carga horária como uma questão de honra (23).
[...] O profissional de enfermagem tem que se valorizar
mais em relação ao piso salarial. Ganham pouco porque
eles aceitam, não se unem, não se valorizam [...]
(Câncer).
3.4.3 Importância do Aperfeiçoamento
Preocupar-se em estar constantemente se reciclando
com o intuito de manter a qualidade do trabalho é uma das
idéias mais freqüentes e marcantes nas falas dos futuros
enfermeiros. O que mais uma vez associamos ao
reconhecimento profissional, vistos que os profissionais mais
competentes e admirados, são aqueles que dominam suas
especialidades, usam o saber teórico nas práticas e detém o
poder de discutir com qualquer outro profissional da área, de
igual para igual.
As atuais exigências da sociedade, os processos de
mudanças e a evolução da tecnologia e do conhecimento
humano influenciam a prática da enfermagem no sentido de
melhorar a assistência. Daí a necessidade de os futuros
profissionais de enfermagem se instrumentalizarem com
conhecimento técnico especializado e outros conhecimentos
necessários ao desenvolvimento da competência, a fim de se
tornarem profissionais diferenciados, podendo enfrentar melhor
um mercado de trabalho mais competitivo (17:29). [...] Eu quero
fazer uma residência, um mestrado, um, doutorado [...]
(Capricórnio). [...] Quero trabalhar, quero fazer residência, quero
me especializar [...] Me vejo estudando muito, nunca parada.
Progredindo bastante. (Peixes)
Isso significa que apesar de muitas vezes, sentirem-se
insatisfeitos com o curso diante de problemas já citados, não
abrem mão e lutam por um futuro melhor tanto pessoal quanto
profissional, quanto para a profissão em si. As reflexões do
estudante que reforçam sua individualidade, se relacionam não
só com o futuro profissional, mas também como pessoa (24).
3.4.4 Insegurança e Incerteza
Diante de tantas expectativas boas para o futuro, a
insegurança e a incerteza insistiram em aparecer. Sabemos
que viver este conflito é comum em diversos cursos de
graduação, mas tememos que na enfermagem este processo
tenha uma significância maior. Já que o enfermeiro irá liderar
uma equipe e responder por vidas humanas. [...] Meu maior
medo é de não ter o discernimento de gerenciar bem a equipe
[...] (Virgem). [...] Eu não vou estar completa. (...) Eu vou sair da
faculdade bastante insegura (...) (Libra).
É preciso aprender a enfrentar a incerteza, pois vivemos
num período onde os valores são ambivalentes, necessitando
que a educação do futuro volte-se para as incertezas ligadas ao
conhecimento (25).
3.4.5 Realização Profissional
[...] Me vejo com tudo o que sempre quis [...] Realizada
na minha profissão [...] (Touro).
[...] Me vejo realizada profissionalmente [...] (Sagitário).
[...] Minhas perspectivas são estudar cada vez mais
[...] Sempre estar fazendo concurso [...] Num ótimo
emprego e me realizar fazendo o que eu gosto [...]
(Câncer).
Este tópico está relacionado intimamente com todos os
outros citados acima, pois almejam a vitória sob as inseguranças
e incertezas, e independência para conseqüentemente atingirem
o sucesso e assim se sentirem realizados.
Como quase enfermeiros, desejam competência para
que possa lutar por sua independência científica e profissional,
cujo fruto é a prestação de uma assistência adequada, para só
assim se sentirem satisfeitos e realizados com sua profissão(17).
A realização profissional para o enfermeirando
materializa-se em forma de cascata: Ter qualidades como
competência e responsabilidade, levará a autonomia, que
provocará lutas contra as inseguranças e incertezas, que ao
vencer, ganhará coragem para reivindicar seu espaço, e tendo
seu espaço para desenvolver seu trabalho, poderá mostrar a si
e aos outros seu potencial, que irá desaguar no rio da sua
satisfação como profissional e consequentemente como
pessoa.
[...] Me vejo feliz com tudo o que sempre quis [...]
Mostrando para os outros profissionais que a
enfermagem VALE MUITO E PODE MUITO! [...] (Touro.).
4 Considerações finais
Diante dos resultados, podemos perceber que desponta
um novo tempo para a Enfermagem, já que seus futuros
Souza Júnior JGC, Cavalvanti ATA, Monteiro EMLM, Silva MI.
Rev Bras Enferm, Brasília (DF) 2003 jul/ago;56(4):453-458
458
profissionais passaram a reivindicar a solução de problemas
configurados durante a formação acadêmica do Enfermeiro,
com o intuito de despedaçar o modelo tecnicista cristalizado
que são praticamente obrigados a viver, sem chances de
egresso.
O redimensionamento do processo ensinoaprendizagem
se faz necessário, visto que o profissional de
Enfermagem do futuro exige de seus formadores que o
processo político-pedagógico, que desenvolve a construção do
saber seja aplicado. Refletir, analisar e criticar são verbos que
devem ser incorporados ao aluno, desde o início da construção
dos pilares de seu saber.
É difícil incluir um momento pedagógico que contemple
todas as necessidades de um profissional que deve se preparar
para o mundo do trabalho, no dia a dia destes alunos, já que
com tantas batalhas acirradas contra o modelo conservador,
mesmo ganhando algumas, retrocedemos por inércia, quando
somos freados pela visão reducionista dos defensores da
prática pedagógica do “saber fazer” e não do “saber ser”.
Quando perguntamos aos entrevistados sobre suas
perspectivas em relação ao futuro profissional, tínhamos como
intenção, não avaliar somente o produto e sim todo o processo.
A verdade é que se faz necessário que a formação profissional
seja progressista, para dar suporte às realizações das maiores
expectativas dos estudantes de Enfermagem, sem esta sintonia,
não haverá a solidificação do “ser Enfermeiro” e a utilização do
verdadeiro poder que tem a profissão, dará lugar à crise de
identidade e a frustração profissional.
Nossa intenção não é radicalizar nem abalar as
estruturas das IES (Instituições de Ensino Superior). Queremos
com esta pesquisa, provar que para um futuro melhor, não
precisamos apenas de mudanças externas, mas inicialmente,
de uma auto-avaliação.
Corríamos o risco de evidenciarmos uma geração sem
estímulo para realizar seus objetivos, mas tudo que comporta
oportunidade, comporta risco(25). O estudo evidenciou que os
sujeitos desejam um futuro melhor para a nossa profissão,
compreendendo que para tanto, precisamos apenas, semear
uma educação que estimule os potenciais de cada um, para
que no amanhã profissional, consigamos não ser apenas a
“lâmpada”, mas também o “gênio”.
Referências
1. Padilha MICS. Do cuidado da alma ao cuidado do corpo: uma nova
compreensão da história da Enfermagem. Revista Brasileira de
Enfermagem, Brasília (DF) 1998 jul/set;51(3):431-46.
2. Deluiz N. Qualificação, competências e certificação: visão do mundo
do trabalho. Formação, Brasília (DF) 2001 maio;1(2):5-15.
3. Trevizan MA, Mendes IAC, Nogueira MS. Definições teórica e
operacional do conceito de papel do Enfermeiro. Revista Gaúcha de
Enfermagem, Porto Alegre (RS) 1987 jan;8(1):94-110.
4. Azevedo N, Cumming, AL. Mercado de trabalho: crescimento e
valorização profissional. Florence, Salvador (BA) 1998 set/
out;1(1):16-7.
5. Kramer M. Role conceptions of baccalaureate nurses and suers in
hospital nursing. Nursing Research, New York 1970,19(5):428-39.
6. Lopes MJM. Imagem e singularidade: reinventando o saber de
enfermagem. In: Meyer DE, Waldow VR, Lopes MJM. Marcas da
diversidade. Porto Alegre (RS): ARTMED; 1998. 241 p. p. 43-52.
7. Sobral DT. Reflexão na aprendizagem: análise dos estudantes de um
curso de medicina. Revista Brasileira de Educação Médica, Rio de
Janeiro 2002 jan/abr;26(1):5-12.
8. Morin E. A cabeça bem-feita: repensar a forma, repensar o pensamento.
4ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil; 2001.
9. Peixoto EMP, Silva S. Modelo para crítica de currículos de graduação
em Enfermagem. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília (DF)
1987 jan/mar;40(1):14-22.
10. Araújo MJS. Demandas sociais para a preparação de profissionais
de enfermagem: a graduação. In: CBEn. Anais do 49º Congresso
Brasileiro de Enfermagem; 1997 out; Belo Horizonte (MG), Brasil.
Belo Horizonte (MG): ABEn/MG; 1997. 355 p. il. p. 196-212.
11. Ministério da Educação (BR). Conselho Nacional de Educação. Câmara
de Educação Superior (CNE/CES). Resolução nº 3/2001. Diário Oficial
da União, Brasília (DF); 2001 nov 9;Seção 1:37.
12. Ramos MN. Da qualificação à competência: deslocamento conceitual
na relação trabalho–educação [tese de Doutorado em Educação].
Niterói (RJ): Faculdade de Educação, Universidade Federal
Fluminense, 2001. 340 f.
13. Kelefian S, Redman RW. Nursing science in the global community.
Image: Journal of Nursing Sholarship, New Haven 1997;29(1):11-6.
14. Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em
saúde. 4ª ed. São Paulo: HUCITEC; 1996. 267 p.
15. Ministério da Saúde (BR). Conselho Nacional de Saúde. Diretrizes e
normas regulamentadores da pesquisa envolvendo seres humanos:
resolução nº 196/96. Brasília (DF);1996. 12 f.
16. Sousa FAEF, Silva JA. Prestígio profissional do enfermeiro: estimação
de magnitudes e de categorias expandidas. Revista Latino-americana
de Enfermagem [online], Ribeirão Preto (SP) 2001 nov;9(6):19-24.
Disponível em: URL: .
Acessado em: 2003 mar 18.
17. Rodrigues MSP, Lima FRF, Soares MCP. O estudante de enfermagem
e sua auto-imagem relacionada à profissão. Nursing: Revista Técnica
de Enfermagem, São Paulo 2003 fev; 57(6):24-9.
18. Friedlander MR. A teoria e a prática da demonstração na enfermagem.
Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo 1993 jan/dez;6(1/4):33-8.
19. Silva MG; Ruffino MC. Comportamento docente no ensino de graduação
em enfermagem: a percepção dos alunos. Revista Latino-americana
de Enfermagem, Ribeirão Preto (SP) 1999 out;7(4):45-55.
20. Ern E, Backes VMS. Currículo: aspectos que educadores e educandos
da área de enfermagem devem conhecer: Texto & Contexto:
Enfermagem. Florianópolis (SC) 1999 jan/abr;8(1):43-52.
21. Santos SMA. Algumas reflexões sobre o ensino da enfermagem
geronto-geriátrica na UFSC. Texto & Contexto: Enfermagem,
Florianópolis (SC) 2000 ago/dez;9(3):174-85.
22. Souza J.G. Autonomia e cidadania na enfermagem. Texto & Contexto:
Enfermagem, Florianópolis (SC) 2000 ago/dez;9(3):86-99.
23. Secaf V, Rodrigues ARF. Enfermeiros que deixaram de exercer a
enfermagem: por que?. Revista Latino-americana de Enfermagem,
Ribeirão Preto (SP) 1998 abr;6(2):5-11.
24. Vianna LAC, Bomfim GFT, Chicone G. Auto-estima dos alunos de
graduação de enfermagem. Revista Brasileira de Enfermagem,
Brasília (DF) 2002 set/out;55(5):503-8.
25. Morin E. Enfrentar as incertezas. In: Morin E. Os sete saberes
necessários à educação do futuro. 5ª ed. São Paulo: Cortez; 2002.
118 p. p.79-92.
Data de recebimento: 15/08/2003
Data de aprovação: 30/10/2003
Como será o amanhã? responda...
Rev Bras Enferm, Brasília (DF) 2003 jul/ago;56(4):453-458
domingo, 24 de maio de 2015
ESPONDILITE ANQUILOSANTE ( E A )
52
Artigo de Revisão
Review Article
RESUMO
A espondilite anquilosante (EA) é uma doença inflamatória crônica
caracterizada por acometimento predominante do esqueleto axial.
Ocorre de forma insidiosa e é potencialmente debilitante, levando
à redução na qualidade de vida dos indivíduos acometidos. A sua
etiopatogenia ainda não está totalmente esclarecida, dificultando
estratégias no seu diagnóstico e manejo. O avanço da terapia
com agentes biológicos veio reforçar discussões sobre a melhor
forma de avaliação destes pacientes. Nesta revisão, discutimos os
principais instrumentos utilizados para avaliar pacientes com EA
e o consenso do grupo internacional (ASAS working group –
Assessments in Ankylosing Spondylitis Working Group) determinado
no OMERACT IV (Outcome Measures in Rheumatology).
Palavras-chave: espondilite anquilosante, instrumentos, qualidade
de vida.
Instrumentos de Avaliação em Espondilite Anquilosante
Outcome Measures in Ankylosing Spondylitis
Themis Mizerkowski Torres(1), Rozana Mesquita Ciconelli(2)
Abstract
Ankylosing spondylitis is a chronic and progressive disease
involving predominantly the axial skeleton. It is insidious and
potentially debilitating, compromising the quality of life of
patients suffering from the disease. The etiopathogenesis is still
uncertain, which difficult strategies in its diagnosis and treatment.
Advances in biological therapies are reforcing discussions in the
best way of managing the disease. In this paper, we revise the
outcome instruments available for ankylosing spondylitis and
the consensus from the ASAS working group (Assessments
in Ankylosing Spondylitis Working Group) established at the
OMERACT IV (Outcome Measures in Rheumatology).
Keywords: ankylosing spondylitis, instruments, quality of life.
Disciplina de Reumatologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Recebido em 14/07/05. Aprovado, após revisão, em 28/01/06.
1. Pós-graduanda da Disciplina de Reumatologia da UNIFESP.
2. Médica Assistente da Disciplina de Reumatologia da UNIFESP.
Endereço para correspondência: Themis Mizerkowski Torres, Rua Azevedo Macedo, 57/44, Vila Mariana, São Paulo, SP, Brasil, e-mail: themistorres@uol.com.br
INTRODUÇÃO
A Espondilite Anquilosante (EA) é uma doença sistêmica
inflamatória crônica caracterizada por acometimento primário
do esqueleto axial com prevalência de 0,9% na população
geral(1). Tem a característica de acometer predominantemente
indivíduos do sexo masculino na segunda e terceira décadas
de vida, gerando um forte impacto socioeconômico e na
qualidade de vida dos pacientes(2, 3). Recentemente, tem
sido demonstrado que drogas anti-TNF são potencialmente
modificadoras da atividade da doença, atuando na melhora da
capacidade funcional, mobilidade da coluna e nas articulações
periféricas e enteses(4-6). Desta maneira, há a necessidade de
se definir medidas de avaliação específicas para o acompanhamento
e tratamento de pacientes com EA.
Definir atividade de doença em afecções crônicas é uma
tarefa difícil. A dificuldade aumenta quando se depara com
doenças reumatológicas de evolução lenta e ausência de um
marcador laboratorial definido, como a EA. Elabora-se,
então, diversos instrumentos para a avaliação da atividade,
a maioria em forma de questionários.
A abordagem pode ser feita através de modelos genéricos
ou específicos. Os questionários genéricos refletem o
impacto da doença sobre a vida do indivíduo numa larga
variedade de populações e envolvem domínios como atividade
funcional, incapacidade, estresse físico e emocional. Os
específicos oferecem informações mais especializadas sobre
uma área de interesse primário, podendo ser uma doença,
população (ex: crianças) ou funções como sono ou atividade
sexual, utilizados quando se necessita de informações mais
detalhadas em relação a aspectos da própria doença(7).
Existem vários instrumentos de avaliação em EA, sendo
os principais os descritos abaixo:
Específicos
• BASDAI (Bath Ankylosing Spondylitis Disease Activity
Index)(8): questionário desenvolvido para medir a atividade
da doença. Provou ser válido, reprodutível e sensível a
mudanças. Consiste em seis questões que abordam domínios
relacionados à fadiga, dor na coluna, dor e sintomas
Rev Bras Reumatol, v. 46, supl.1, p. 52-59, 2006
53
articulares, dor devido ao acometimento das enteses, e duas
questões relacionadas à qualidade e quantidade de rigidez
matinal. O escore é medido em escala visual analógica
(EVA) de 0 a 10 (0 = bom; 10 = ruim). É considerado,
atualmente, um dos mais importantes instrumentos para
a utilização em ensaios clínicos.
• BASFI (Bath Ankylosing Spondylitis Functional Index)(
9): medida de avaliação da capacidade funcional. Inclui
oito itens relacionados a atividades da vida diária e dois itens
que medem as habilidades do paciente em lidar com o seu
dia-a-dia. O escore é de 0 a 10 em EVA (0 = bom; 10 =
ruim). Constitui, junto com o Dougados' Functional Index
(DFI), medida escolhida para o item função dos domínios
definidos pelo grupo ASAS(10,11).
• BASRI (Bath Ankylosing Spondylitis Radiology
Index)(12): método de graduação radiográfica do acometimento
da coluna, em uma escala de 0 a 4 (0 = normal, 1 = lesões
suspeitas, 2 = quadratura vertebral com erosões e esclerose,
3 = lesões mais difusas com formação de sindesmófitos, 4
= anquilose). As localizações escolhidas para a abordagem
são bacia, coluna cervical e lombar, resultando em um
escore de 2 a 12.
• BAS-G (Bath Ankylosing Spondylitis Global Score)(13):
mede a avaliação global do paciente. São duas questões em
EVA de 0 a 10 (0 = bom; 10 = ruim) que abordam o efeito
da doença na percepção global do paciente, na última semana
e nos últimos seis meses.
• BASMI (Bath Ankylosing Spondylitis Metrology
Index)(14): engloba medidas da coluna no intuito de definir o
status axial do paciente. As medidas envolvidas são: rotação
cervical, distância occipito-parede, flexão lombar, teste de
Schober modificado e distância intermaleolar. Cada medida é
convertida em um escore de 0 a 10 (0 = bom; 10 = ruim).
• ASQoL (Ankylosing Spondylitis Quality of Life
Questionnaire)(15): instrumento de medida de qualidade
de vida (QoL). Engloba 18 questões com resposta sim
ou não, resultando em um escore de 0 a 18, com o maior
valor implicando em uma pior qualidade de vida. É o único
desenvolvido originalmente para a medida específica de
qualidade de vida em EA.
• HAQ-S (Health Assessment Questionnaire –
Spondylitis)(16): versão do HAQ para EA, mede função.
Difere do HAQ original por apresentar mais cinco questões
relacionadas a atividades envolvendo a coluna, como dirigir
com o carro em ré ou carregar sacolas pesadas. A escala
varia de 0 (sem dificuldade) a 3 (incapacidade).
• AS-AIMS2 (Arthritis Impact Measurement Scales 2
– Ankylosing Spondylitis)(17): versão do AIMS-2 para a
EA, mede qualidade de vida. Engloba uma nova dimensão
denominada mobilidade espinhal, composta de seis ou quatro
itens, dependendo da habilidade do paciente em dirigir
automóveis. O escore é calculado de 0 (saúde perfeita) a
10.
• DFI (Dougados' Functional Index)(18): instrumento
para a avaliação da capacidade funcional. Contém 20 itens
relacionados à capacidade do paciente em realizar tarefas
da vida diária. Todas a questões iniciam-se por “Você
consegue”, com três modalidades de resposta: 0 (sim, sem
dificuldade), 1 (sim, com dificuldade) e 2 (não). O escore
é calculado como a soma de todas as respostas (0-40).
• PGI (Patient Generated Index)(19): medida individual de
qualidade de vida. Já foi validado para o uso em lombalgia e
menorragia, dermatite e apnéia do sono. O cálculo do escore
envolve três estágios: no primeiro, o paciente faz uma lista
de cinco áreas da sua vida mais afetadas pela doença. No
segundo, escolhe, em uma escala de 0 (pior) a 10 (melhor),
como se comporta a sua vida em cada área determinada.
No terceiro, faz uma escala de prioridades para a melhora
atribuindo pontos de 0 a 14. O escore é calculado multiplicando-
se o ponto dado no segundo estágio à proporção
encontrada no terceiro estágio. A somatória dos escores
para cada área resulta em um escore final de 0 a 10 (melhor
qualidade de vida).
• RLDQ (Revised Leeds Disability Questionnaire)(20):
medida relacionada à capacidade funcional. Contém 16
itens distribuídos em 4 domínios: mobilidade, inclinação,
movimentos cervicais e postura. O escore situa-se entre 0
(sem dificuldade) e 3 (incapacidade) para cada item, sendo
o escore final variando de 0 a 48, com os maiores valores
indicando maior incapacidade.
• Body Chart(20): avalia dor global. O método consiste em
pedir ao paciente para escolher, em um manequim, as áreas
do corpo mais doloridas. Para cada uma, é dada um nota de
0 (dor leve) a 4 (dor intensa). Realiza-se a soma das notas,
resultando no escore final, sem haver valor máximo.
• SASSS (Stoke Ankylosing Spondylitis Spine Score)(21):
medida de avaliação radiológica. As localizações escolhidas
para a graduação são as articulações sacroilíacas (0 = normal,
1 = borramento, 2 = 1+ esclerose ou pseudoalargamento, 3=
2 + erosões ou pontes ósseas, 4 = anquilose) e coluna lombar
(1 = erosão, esclerose ou quadratura, 2 = sindesmófitos, 3
= anquilose). A avaliação da coluna é feita tanto posterior
quanto anteriormente, englobando o bordo inferior de T12
ao bordo superior de S1. O máximo do escore composto é
de 72. Atualmente, este método foi modificado, surgindo
o M-SASSS (modified Stoke Ankylosing Spondylitis Spine
Instrumentos de Avaliação em Espondilite Anquilosante
Rev Bras Reumatol, v. 46, supl.1, p. 52-59, 2006
54
Score)(22), diferindo do original por apenas abordar a parte
anterior da coluna lombar e por incluir a análise da coluna
cervical (do bordo inferior de C2 ao bordo superior de
T1). Em estudo recente, comparando os três métodos para
avaliação radiológica da EA (BASRI, SASSS e M-SASSS), o
M-SASSS demonstrou ser o melhor método para a análise
da progressão radiológica na espondilite anquilosante.(23)
GENÉRICOS
• SF-36 (Medical Outcomes Study (MOS) 36-Item Short
Form): instrumento mundialmente empregado em estudos
envolvendo qualidade de vida. Apresenta oito domínios: capacidade
funcional, aspectos físicos, aspecto emocional, saúde
mental, aspectos sociais, vitalidade, dor e percepção geral de
saúde. O escore é de 0-100, com valores maiores indicando
melhor qualidade de vida. Já está traduzido e validado para o
uso no nosso país(24).
• EUROQoL: inclui valores do estado de saúde e tem
grande potencial para aplicação em avaliações econômicas.
Apresenta duas seções: EQ-5D e EQ-VAS. A primeira
(EQ-5D) contém cinco itens cobrindo os domínios de mobilidade,
cuidados próprios, atividade habitual, dor/desconforto e
ansiedade/depressão. Cada item é graduado em uma escala de
1 (sem problemas) a 3 (incapacidade/ problemas graves). Os
escores situam-se entre –0,59 a 1,00, onde 1,00 é considerado
saúde perfeita e escores menores que 0 são definidos como
piores que a morte. A segunda seção (EQ-VAS) inclui uma
EVA em que o paciente gradua seu estado geral de saúde de
0 (pior imaginável) a 100 (melhor imaginável)(25).
• WHODAS II (World Health Organisation Disability
Assessment Schedule II): questionário multidimensional
que pode ser utilizado para medir o nível de incapacidade.
Inclui seis domínios (compreensão e comunicação, relacionamentos,
participação na sociedade, atividades relacionadas
ao trabalho e serviços de casa, cuidados próprios,
mobilidade). É constituído por 36 questões e o escore final
é de 0 (melhor) a 100 (pior)(25, 26).
Dentre todos estes instrumentos, houve a necessidade
de se definir a melhor forma de avaliação. Desta maneira,
em 1995, foi formado um grupo internacional (ASAS) que
estabeleceu as áreas principais de enfoque na abordagem aos
pacientes com EA. (10, 11, 27, 28)
ASAS WORKING GROUP - CONSENSO
O ASAS Working Group é um grupo formado por
médicos, pesquisadores, pacientes e representantes de
indústrias farmacêuticas, com experiência em EA, englobando
mais de 20 países. Baseado em uma combinação de
consensos especializados e análises estatísticas, estabeleceu
os principais domínios recomendados para a avaliação de
pacientes com EA. Estes domínios estão distribuídos em
três áreas principais (core sets), conforme Tabela 1:
- tratamento com medicações que controlam a doença
(DC-ART).
- tratamento com medicações que controlam os sintomas
(SM – ARD)/ fisioterapia.
- avaliação clínica.
Para cada domínio, foram então escolhidos um ou
mais instrumentos específicos dentre 105 identificados na
literatura. Trinta e cinco destes foram eliminados por serem
considerados irrelevantes ou inviáveis e os restantes foram
analisados segundo critérios de simplicidade, confiabilidade,
relevância clínica e capacidade de discriminação. O
resultado da seleção final é mostrado na Tabela 2.
FUNÇÃO
O domínio função relaciona-se à atividade da doença
e danos. O BASFI e DFI estão entre os instrumentos
escolhidos para a sua avaliação, ambos demonstrando propriedades
válidas e confiáveis. Há, no entanto, diferenças
entre eles, descritas em estudo feito por Ruof e Stucki(29)
(Tabela 3):
Atualmente, O BASFI é a medida de avaliação funcional
mais utilizada nos estudos clínicos.
DC-ART SM-ARD/FISIOTERAPIA AVALIAÇÃO CLÍNICA
função função função
dor dor dor
mobilidade da coluna mobilidade da coluna mobilidade da coluna
rigidez da coluna rigidez da coluna rigidez da coluna
avaliação global do
paciente
avaliação global do
paciente
avaliação global do
paciente
articulações periféricas/
enteses
articulações
periféricas/enteses
provas de atividade
inflamatória
provas de atividade
inflamatória
radiografia da coluna
radiografia do quadril
fadiga
Tabela 1
Domínios Selecionados para Estudos Envolvendo
DC-ART, SM-ARD/ Fisioterapia, Avaliação Clínica
*DC-ART - tratamento com medicações que controlam a doença.
SM-ARD - tratamento com medicações que controlam os sintomas.
Torres e cols.
Rev Bras Reumatol, v. 46, supl.1, p. 52-59, 2006
55
Instrumentos de Avaliação em Espondilite Anquilosante
DOMÍNIO INSTRUMENTOS
Função BASFI OU DFI
Dor
EVA, última semana, devido à coluna à
noite e EVA, última semana,
devido à coluna
Mobilidade da coluna
Expansibilidade torácica e Schober
modificado e distância
occipito-parede
Avaliação global do paciente EVA, última semana
Rigidez
Duração da rigidez matinal, coluna,
última semana
Articulações periféricas e
enteses
Número de articulações inflamadas
(44 articulações); não há preferência
para instrumento utilizado para a
avaliação de enteses
Provas de atividade
inflamatória
VHS
Radiografias da coluna
Incidências ântero-posterior e lateral
da coluna lombar e cervical
e pelve (sacroilíacas e quadris)
Radiografias dos quadris ver radiografias da coluna
Fadiga
não há preferência por instrumento
específico
Tabela 2
Instrumentos específicos para cada domínio
relacionado a drogas controladoras da doença
(DC-ART), drogas modificadoras de sintomas
(SM-ARD), fisioterapia, avaliação clínica
*BASFI – Bath Ankylosing Functional Index; DFI – Dougados Functional Index;
EVA – escala visual analógica; VHS – velocidade de hemossedimentação.
*BASFI – Bath Ankylosing Functional Index; DFI – Dougados Functional Index.
DOR
Recomenda-se a avaliação da dor através de dois instrumentos:
-EVA 0-100 mm para dor noturna.
-EVA 0-100 mm para dor, sem predominância de horário.
Ambos os instrumentos estão relacionados à dor na
coluna devido à EA, na última semana.
Vários estudos utilizam o BASDAI, que contém três
medidas de EVA para a avaliação de dor e desconforto:
- dor no pescoço, coluna ou quadril.
- dor/edema em outras articulações.
- desconforto em áreas sensíveis ao tato ou à pressão.
Os dois últimos itens relacionam-se a articulações
periféricas. Esta avaliação é feita em outro domínio pelo
consenso do ASAS working group.
MOBILIDADE DA COLUNA
A expansibilidade torácica, o teste de Schober modificado
e a distância occipito-parede estão entre as medidas
selecionadas para representar este domínio. A versão do
teste de Schober (Tabela 4) foi padronizada tendo em vista
as várias modificações realizadas na sua execução.
RIGIDEZ DA COLUNA
Avaliada pela duração da rigidez matinal na última
semana. Há dois componentes do BASDAI relacionados a
este item:
- EVA indicando a intensidade de rigidez matinal na última
semana.
- duração da rigidez matinal na última semana.
BASFI DFI LIMITAÇÕES
10 itens 20 itens DFI demanda mais tempo para ser completado
escore baseado em 10 cm EVA
escore baseado
em escala de 3 pontos
escala do DFI mais limitada em relação à expressão
de mudanças
7 itens similares ao DFI;
3 itens adicionais que melhoram a validade de
conteúdo e o espectro de dificuldade dos itens
7 itens similares ao BASFI;
alguns itens redundantes e outros r
elacionados a sintomas e não à função
a validade de conteúdo e de construto do DFI
inferior à do BASFI
capaz de discriminar o efeito de
3 semanas de tratamento com fisioterapia
não é capaz de discriminar o efeito de
3 semanas de tratamento com fisioterapia
a distribuição dos escores do DFI mostram tendência
a escores normais, impedindo a percepção de melhora
em pacientes com incapacidade leve nos estudos
envolvendo fisioterapia
Tabela 3
Diferenças e Limitações do BASFI e DFI
Rev Bras Reumatol, v. 46, supl.1, p. 52-59, 2006
56
1) Com o paciente de pé, fazer uma marca na região lombar,
no meio de uma linha imaginária unindo as duas espinhas ilíacas
póstero-superiores
2) Fazer uma nova marca 10 cm acima da primeira
3) Pedir para o paciente fletir o tronco ao máximo, mantendo os joelhos
estendidos
4) Medir a distância entre as duas marcas
5) A distância normal deve ultrapassar 15 cm
Tabela 4
Teste de Schober Modificado
A medida de intensidade em uma escala de 0-100 mm
aliada à duração tem demonstrado ser um melhor parâmetro
para a abordagem da rigidez quando comparada à
duração apenas.
AVALIAÇÃO GLOBAL DO PACIENTE
É o estado geral de saúde e a escolha da sua medida é
por EVA na última semana.
Difere do BAS-G, pois este inclui uma escala que mede
o estado de saúde nos últimos seis meses.
ARTICULAÇÕES PERIFÉRICAS/ENTESES
A abordagem das articulações periféricas é feita pela
contagem de articulações inflamadas. As 44 articulações
incluídas na contagem são: esternoclaviculares, acromioclaviculares,
ombros, cotovelos, punhos, joelhos, tornozelos,
10 metacarpofalangianas, 10 interfalangianas proximais das
mãos, 10 metatarsofalangianas.
Em relação às enteses, não há instrumento recomendado
no momento. O único instrumento validado na literatura é o
Mander Enthesitis Index (MEI)(30), considerado inviável para
a inclusão no consenso. Um novo instrumento criado recentemente,
o Maastricht Ankylosing Spondylitis Enthesitis Score
(MASES)(31), tem demonstrado ser válido e viável, porém ainda
necessitando verificar a sua sensibilidade a mudanças. Uma
outra forma de avaliar as enteses é aplicar uma das questões
do BASDAI relacionada à dor à pressão ou ao tato.
PROVAS DE ATIVIDADE INFLAMATÓRIA
O parâmetro laboratorial definido no consenso é a velocidade
de hemossedimentação (VHS), pelo baixo custo e facilidade
de execução. Estudos recentes demonstram que marcadores
de fase aguda estão geralmente em níveis baixos na EA, correlacionando-
se pouco com a gravidade da doença(32). Porém,
algumas avaliações sugerem que estes marcadores podem
estar relacionados à responsividade no DC-ART, refletindo
em novas informações sobre os efeitos da terapia biológica.
RADIOGRAFIAS DA COLUNA E QUADRIS
Os locais escolhidos para a avaliação radiográfica são:
coluna cervical, coluna lombar e pelve (sacroilíacas e
quadris). Porém, não está definido como acessar a coluna
torácica ou como deve ser feito o acompanhamento. Além
disso, ainda não estão estabelecidas quais alterações realmente
expressam atividade da doença, importante questão
para a escolha de um método ideal de escore.
Os instrumentos mais utilizados nos estudos clínicos
são o Stoke Ankylosing Spondylitis Spine Score
(SASSS) e o Bath Ankylosing Spondylitis Radiology Index
(BASRI). Ambos apresentam boa reprodutibilidade e validade,
porém a capacidade de detectar progressão da doença em
1 ou 2 anos é baixa(23). Recentemente, houve a publicação
de um novo método de avaliação utilizando a ressonância
magnética (RM) da coluna. Este método foi testado em 20
pacientes, sendo efetivo na doença ativa. Necessita, porém,
de estudos com um maior número de pacientes para avaliar
os escores de atividade e cronicidade.(33)
FADIGA
Nenhum instrumento específico foi selecionado para
a avaliação de fadiga, por não haver nenhum relevante na
literatura. Estudos recentes têm demonstrado que os itens
relacionados à fadiga do BASDAI, SF-36 e índice de fadiga
multifatorial são boas alternativas para a avaliação.(34)
MELHORA DO TRATAMENTO COM DROGAS
MODIFICADORAS DOS SINTOMAS E
CONTROLADORAS DE DOENÇA
O grupo ASAS escolheu quatro domínios para a definição
de melhora no tratamento com drogas modificadoras de
sintomas(35): função (BASFI), dor (EVA), avaliação global
do paciente (EVA), inflamação (média da rigidez matinal
no escore do BASDAI ou rigidez matinal de, no máximo,
120 minutos).
Todos os domínios estão em uma escala de 0-100. A
melhora (ASAS 20) é definida como sendo maior ou igual
a 20% ou maior ou igual a 10 unidades, em uma escala de
0 a 100 em cada um de três domínios, sem haver piora
maior ou igual a 20% ou maior ou igual a 10 unidades no
quarto domínio. O contrário vale como critério de piora.
A remissão parcial é definida como nível baixo de atividade
de doença, o que significa menos de 20 unidades na escala
de 0-100 em cada um dos quatro domínios.
Torres e cols.
Rev Bras Reumatol, v. 46, supl.1, p. 52-59, 2006
57
Para o tratamento com drogas anti-TNF, o grupo ASAS
elaborou um consenso descrito abaixo(36):
CONCLUSÃO
Com o advento dos agentes biológicos e os seus surpreendentes
efeitos em doenças reumáticas como a EA, os
esforços para o desenvolvimento de medidas de avaliação
estão em evidente crescimento. O grupo ASAS selecionou
parâmetros ideais para a abordagem de pacientes com EA,
como a avaliação da função, dor, rigidez, fadiga, mobilidade
da coluna, articulações periféricas, avaliação global do paciente
e exames de atividade inflamatória e radiográficos. Pela importância
da qualidade de vida como medida de desfecho em
estudos clínicos, questionários como o SF-36 e ASQoL têm
sido cada vez mais utilizados e talvez devessem ter seu lugar
nos parâmetros de avaliação definidos internacionalmente.
Seleção dos pacientes
• DIAGNÓSTICO
o Pacientes que preenchem os critérios modificados de Nova Iorque para EA
• 1 critério clínico
• Dor lombar de pelo menos três meses de duração aliviada com o exercício e não melhorada com o repouso ou
• Limitação da coluna lombar nos planos frontal e sagital ou
• Expansibilidade torácica reduzida em relação aos valores normais para idade e sexo
• 1 critério radiológico
• Sacroileíte bilateral grau 2 a 4 ou
• Sacroileíte unilateral grau 3 a 4
• DOENÇA ATIVA
o Doença ativa por mais de quatro semanas
o BASDAI > ou = 4 (0-10) e uma opinião de especialista para o início da terapia anti-TNF
• FALHA NO TRATAMENTO
o Todos os pacientes devem ter passado por tentativas de tratamento com pelo menos dois tipos de AINHs, cada tentativa definida como:
• Tratamento por > ou = a três meses na dose máxima recomendada ou tolerada
• Tratamento por < de três meses se cancelado por intolerância, toxicidade ou contra-indicação
o Pacientes com artrite periférica sintomática (normalmente tendo falta de resposta a injeção local de corticosteróide para aqueles com
envolvimento oligoarticular) devem ter passado por tentativas de tratamento com AINHs e sulfassalazina
o Pacientes com entesite sintomática devem ter passado por tentativas de pelo menos duas injeções locais de corticosteróides
• CONTRA-INDICAÇÕES
o Gestantes ou mulheres que estão amamentando; deve ser orientada anticoncepção
o Infecção ativa
o Pacientes com alto risco de infecção incluindo:
• Úlcera crônica de MMII
• TB prévia
• Artrite séptica nos últimos 12 meses
• Sepses em prótese articular nos últimos 12 meses, ou indefinidamente se a prótese ainda está no lugar
• Infecções pulmonares persistentes ou recorrentes
• Presença de cateter urinário permanente
o História de LES ou esclerose múltipla
o Estados malignos ou pré-malignos excluindo:
• Carcinoma de célula basal
• Malignidades diagnosticadas ou tratadas há mais de 10 anos (quando a probabilidade de cura é alta)
Instrumentos de Avaliação em Espondilite Anquilosante
Rev Bras Reumatol, v. 46, supl.1, p. 52-59, 2006
58
Avaliação da resposta
• CRITÉRIO DE RESPOSTA
o BASDAI: 50% de mudança relativa ou mudança absoluta de 2 (escala de 0-10) e opinião de especialista: Continuação sim/não
• TEMPO DE AVALIAÇÃO
o Entre 6 e 12 semanas
Avaliação da doença
• CORE SET ASAS
o Função (BASFI ou DFI)
o Dor (EVA, na última semana e da coluna durante a noite devido à EA e EVA, na última semana e
da coluna devido à EA)
o Mobilidade da coluna (expansão torácica e Teste de Schober modificado e distância occipito-parede e
flexão lombar lateral)
o Avaliação global do paciente (EVA, última semana)
o Rigidez (duração da rigidez matinal da coluna na última semana)
o Articulações periféricas e enteses (número de articulações edemaciadas (44 articulações), escore para entesites como os
desenvolvidos em Maastrich, berlim ou São Francisco
o Provas de atividade inflamatória (PCR ou VHS)
o Fadiga (EVA)
• BASDAI
o EVA – fadiga na última semana
o EVA – dor cervical, lombar, ou em quadris na última semana
o EVA – dor/ inflamação em outras articulações que não região cervical, coluna lombar ou quadris na última semana
o EVA – desconforto em quaisquer áreas sensíveis ao tato ou à pressão na última semana
o EVA – rigidez matinal na última semana
o Duração e intensidade (EVA) – rigidez matinal (mais de 120 min)
Torres e cols.
REFERÊNCIAS
1. Braun J, Bollow M, Remlinger G, Eggens U, Rudwaleit M,
Distler A et al: Prevalence of spondylarthropathies in HLA-B27
positive and negative blood donors. Arthritis Rheum 41: 58–67,
1998.
2. Braun J, Sieper J: Inception cohorts for spondyloarthropathies.
Z Rheumatol 59:11, 2000.
3. Zink A, Braun J, Listing J, Wollenhaupt J: Disability and handicap
in rheumatoid arthritis and ankylosing spondylitis—results from
the German rheumatological database. J Rheumatol 27: 613–22,
2000.
4. Braun J, Brandt J, Listing J, Zink A, Alten R, Krause A et al.
Treatment of active ankylosing spondylitis with infliximab—a
double-blind, placebo-controlled multicenter trial. Lancet
359:1187–93, 2002
5. Gorman JD, Sack KE, Davis JC Jr: Treatment of ankylosing
spondylitis by inhibition of tumor necrosis factor a. N Engl J
Med 346: 1349–56, 2002.
6. Barkham N, Kong KO, Tennant A et al: The unmet need for
anti-tumour necrosis factor (anti-TNF) therapy in ankylosing
spondylitis. Rheumatology (Oxford) 44 : 1277-81, 2005.
7. Ciconelli RM. Medidas de avaliação de qualidade de vida: Rev
Bras Reum 43: IX – XIII, 2003.
8. Calin A, Nakache JP, Gueguen A et al: Defining disease activity
in ankylosing spondylitis: is a combination of variables (Bath
Ankylosing Spondylitis Disease Activity Index) an appropriate
instrument? Rheumatology 38: 878-882, 1999.
9. Calin A, Garrett S, Whitelock H et al: A new approach to defining
functional ability in ankylosing spondylitis: the development of
the Bath Ankylosing Spondylitis Functional Index. J Rheumatol
21: 2281-5, 1994.
Rev Bras Reumatol, v. 46, supl.1, p. 52-59, 2006
59
10. van der Heijde D, Bellamy N, Calin A et al: Preliminary core sets
for endpoints in ankylosing spondylitis. Assessments in Ankylosing
Spondylitis Working Group. J Rheumatol 24: 2225-9, 1997.
11. van der Heijde D, Bellamy N, Calin A et al: Selection of
instruments in the core set for DC-ART, SMARD, physical
therapy, and clinical record keeping in ankylosing spondylitis.
Progress report of the ASAS Working Group. Assessments in
Ankylosing Spondylitis. J Rheumatol 26: 951-4, 1999.
12. Calin A, Mackay K, Santos H, Brophy S: A new dimension
to outcome: application of the Bath Ankylosing Spondylitis
Radiology Index. J Rheumatol. 26: 988-92, 1999.
13. Jones SD, Steiner A, Garrett SL, Calin A. The Bath Ankylosing
Spondylitis Patient Global Score (BAS-G): Br J Rheumatol. 35:
66-71, 1996.
14. Jenkinson TR, Mallorie PA, Whitelock H et al: Defining spinal
mobility in ankylosing spondylitis (AS). The Bath AS Metrology
Index. J Rheumatol 21: 1694-8, 1994.
15. Doward LC, Spoorenberg A, Cook SA et al: Development of
the ASQoL: a quality of life instrument specific to ankylosing
spondylitis. Ann Rheum Dis 62: 20-6, 2003.
16. Daltroy LH, Larson MG, Roberts WN, Liang MH: A
Modification of the Health Assessment Questionnaire for the
Spondyloarthropathies. J Rheumatol 17: 946-50, 1990.
17. Guillemin F, Challier B, Urlacher F et al: Quality of life in
ankylosing spondylitis: validation of the ankylosing spondylitis
Arthritis Impact Measurement Scales 2, a modified Arthritis
Impact Measurement Scales Questionnaire. Arthritis Care Res
12: 157-62, 1999.
18. Dougados M, Gueguen A, Nakache JP et al: Evaluation of a
functional index and an articular index in ankylosing spondylitis.
J Rheumatol 15: 302-7, 1998.
19. Haywood KL, Garratt AM, Dziedzic K, Dawes PT: Patient
centered assessment of ankylosing spondylitis-specific health
related quality of life: evaluation of the Patient Generated Index.
J Rheumatol 30: 764-73, 2003.
20. Haywood KL, M Garratt A, Jordan K et al: Disease-specific,
patient-assessed measures of health outcome in ankylosing
spondylitis: reliability, validity and responsiveness. Rheumatology
(Oxford) 41: 1295-302, 2002
21. Averns HL, Oxtoby J, Taylor HG, Jones PW, Dziedzic K,
Dawes PT: Radiological outcome in ankylosing spondylitis: use
of the Stoke Ankylosing Spondylitis Spine Score (SASSS). Br J
Rheumatol 35: 373–6, 1996.
22. Creemers MC, Franssen MJ, van ‘t Hof MA, Gribnau FW,
van de Putte LB, van Riel PL: A radiographic scoring system
and identification of variables measuring structural damage in
ankylosing spondylitis [thesis]. Nijmegen (The Netherlands):
University of Nijmegen;1993.
23. Wanders AJ, Landewe RB, Spoorenberg A, Dougados M, van
der Linden S, Mielants H, et al: What is the most appropriate
radiologic scoring method for ankylosing spondylitis? A
comparison of the available methods based on the Outcome
Measures in Rheumatology Clinical Trials filter. Arthritis Rheum
50: 2622–32, 2004
24. Ciconelli RM, Ferraz MB, Santos W et al: Tradução para a língua
portuguesa e validação do questionário genérico de avaliação
de qualidade de vida SF-36 (Brasil SF-36). Rev. Bras Reumatol
39:143-50, 1999.
25. Haywood KL, Garratt AM, Dziedzic K, Dawes PT: Generic
measures of health-related quality of life in ankylosing spondylitis:
reliability, validity and responsiveness. Rheumatology (Oxford)
41: 1380-7, 2002
26. van Tubergen A, Landewe R, Heuft-Dorenbosch L et al:
Assessment of disability with the World Health Organisation
Disability Assessment Schedule II in patients with ankylosing
spondylitis. Ann Rheum Dis 62 :140-5, 2003.
27. OMERACT IV Conference. Cancun, Mexico. J Rheumatol
Suppl, 1998.
28. van der Heijde D, Braun J, McGonagle D, Siegel J: Treatment
trials in ankylosing spondylitis: current and future considerations.
Ann Rheum Dis 61 (Suppl III): iii24-iii32, 2002.
29. Ruof J, Stucki G: Comparison of the Dougados Functional
Index and the Bath Ankylosing Spondylitis Functional Index.
A literature review. J Rheumatol 26 : 955-60, 1999.
30. Mander M, Simpson JM, McLellan A et al: Studies with an
enthesis index as a method of clinical assessment in ankylosing
spondylitis.Ann Rheum Dis 46: 197-202, 1987.
31. Heuft-Dorenbosch L, Spoorenberg A, van Tubergen A et al:
Assessment of enthesitis in ankylosing spondylitis. Ann Rheum
Dis 62 : 127-32, 2003.
32. Spoorenberg A, van der Heijde D, de Klerk E et al: Relative
value of erythrocyte sedimentation rate and C-reactive protein
in assessment of disease activity in ankylosing spondylitis. J
Rheumatol 26: 980-4, 1999.
33. Braun J, Baraliakos X, Golder W et al: Magnetic resonance
imaging examinations of the spine in patients with ankylosing
spondylitis, before and after successful therapy with infliximab:
evaluation of a new scoring system. Arthritis Rheum 48: 1126-
1136, 2003.
34. van Tubergen A, Coenen J, Landewe R, Spoorenberg A, Chorus
A, Boonen A, van der Linden S, van der Heijde D: Assessment
of fatigue in patients with ankylosing spondylitis: a psychometric
analysis. Arthritis Rheum 47: 8-16, 2002.
35. Anderson JJ, Baron G, van der Heijde D, Felson DT, Dougados
M: Ankylosing spondylitis assessment group preliminary
definition of short-term improvement in ankylosing spondylitis.
Arthritis Rheum 44: 1876-86, 2001.
36. Braun J, Pham T, Sieper J, Davis J, van der Linden S, Dougados
M, van der Heijde D; ASAS Working Group. International ASAS
consensus statement for the use of anti-tumour necrosis factor
agents in patients with ankylosing spondylitis. Ann Rheum Dis
62: 817-24, 2003.
Instrumentos de Avaliação em Espondilite Anquilosante
Rev Bras Reumatol, v. 46, supl.1, p. 52-59, 2006
sábado, 9 de maio de 2015
domingo, 22 de fevereiro de 2015
INFECÇÕES SANGUINEAS
Corrente Sanguínea
Critérios Nacionais de Infecções
Relacionadas à Assistência à Saúde
Unidade de Investigação e Prevenção das Infecções e dos
Efeitos Adversos - UIPEA
Gerência Geral de Tecnologia em Serviços
de Saúde - GGTES
Setembro de 2009
Agência Nacional de
Vigilância Sanitária
2
Índice
I. INTRODUÇÂO
a) As infecções primárias da corrente sanguínea (IPCS)...................... 3
b) Infecções relacionadas ao acesso vascular (IAV).............................. 3
II. DEFINIÇÕES.......................................................................................... 4
a) Infecção primária da corrente sanguínea ......................................... 4
b) Infecção relacionada ao acesso vascular .......................................... 6
III. CÁLCULO DE INDICADORES ......................................................... 6
a) Indicadores de Resultado ................................................................... 7
b) Indicadores de Processo .................................................................... 8 3
I. INTRODUÇÂO
As infecções da corrente sanguínea são multifatoriais e apresentam fisiopatologia,
critérios diagnósticos, implicações terapêuticas, prognósticas e preventivas distintas. Particularmente
do ponto de vista de tratamento, são importantes a presença ou ausência de
hemocultura positiva, sinais sistêmicos de infecção, presença ou ausência de foco primário
de origem, presença ou ausência de acesso vascular, tipo do acesso, envolvimento e possibilidade
de remoção do mesmo, sinais locais de infecção do cateter. Além da subjetividade
de muitos destes aspectos, a subdivisão da vigilância levando em consideração todas
estas variáveis impossibilitaria a construção de indicadores para referência e comparação,
além de praticamente inviabilizar o trabalho de vigilância epidemiológica. Por esta
razão, alguns destes aspectos devem ser sintetizados no trabalho relacionado à vigilância
epidemiológica.
Do ponto de vista prático, é importante a definição de duas síndromes que apresentam
aspectos diagnósticos e preventivos específicos, e que merecem grande atenção e
monitorização sistemática
Estas duas situações são:
a) As infecções primárias da corrente sanguínea (IPCS), que são aquelas infecções de
conseqüências sistêmicas graves, bacteremia ou sepse, sem foco primário identificável.
Há dificuldade de se determinar o envolvimento do cateter central na ocorrência da IPCS.
Com finalidade prática, as IPCS serão associadas ao cateter, se este estiver presente ao
diagnóstico como descrito adiante.
b) Infecções relacionadas ao acesso vascular (IAV), que são infecções que ocorrem no
sítio de inserção do cateter, sem repercussões sistêmicas. A maioria das infecções dessa
natureza são infecções relacionadas ao acesso vascular central (IAVC), entretanto, em
algumas instituições pode ser importante o acompanhamento de infecções relacionadas
ao acesso vascular periférico, por esta razão também será descrita a definição de infec-
ção relacionada a acesso vascular periférico (IAVP).
A infecção de corrente sanguínea secundária, que é a ocorrência de hemocultura
positiva ou sinais clínicos de sepsis, na presença de sinais de infecção em outro sítio, não
será abordada neste documento. Neste caso, devera ser notificado o foco primário, por
exemplo, pneumonia, infecção do trato urinário ou sítio cirúrgico.
4
II. DEFINIÇÕES
a) Infecções primárias da corrente sanguínea (IPCS)
As infecções da corrente sanguínea podem ser divididas naquelas com hemocultura
positiva, e naquelas somente com critérios clínicos. Há grande debate quanto à necessidade
de vigilância de uma ou ambas as variedades. As IPCS com hemocultura positiva
têm critério diagnóstico mais objetivo, e permitem comparações mais fidedignas entre
hospitais. No entanto, a sensibilidade das hemoculturas é variável de acordo com práticas
institucionais de hospitais e laboratórios, e é baixa em pacientes que já estão em uso de
antimicrobianos. Já as infecções diagnosticadas clinicamente são de definição mais simples,
mas apresentam grande teor de subjetividade, dificultando de modo substancial a
comparação interinstitucional. Por estas razões é recomendado que, para adultos e crian-
ças com mais de 30 (trinta) dias, as infecções sejam subdivididas entre as IPCS laboratoriais
e as IPCS clínicas. Os índices de IPCS clinica e laboratorial devem ser calculados e
analisados separadamente. As IPCS laboratoriais poderão servir para comparação dentro
do próprio hospital, ou para avaliação interinstitucional. As IPCS clínicas são de coleta facultativa,
e poderão servir para avaliação local.
Existem definições de IPCS que levam em consideração métodos laboratoriais como
a diferença do tempo de positividade (DTP), e as hemoculturas quantitativas pareadas
(coleta por veia periferia e central, no mesmo momento). No entanto, os estudos que analisam
esses métodos, apresentam problemas metodológicos que impossibilitam sua interpretação,
e só há evidência substancial para seu emprego em cateteres venosos centrais
de longa permanência. Para acessos venosos centrais de curta permanência, a literatura é
escassa e mostra baixa sensibilidade e especificidade, em especial para a metodologia do
DTP. Adicionalmente, estes métodos se prestam mais no auxílio da conduta terapêutica,
uma vez que eles têm o objetivo de determinar a participação do acesso vascular na IPCS,
e não servem diretamente para o diagnóstico da IPCS. Por esta razão, estes parâmetros
não serão considerados nos critérios diagnósticos de IPCS, sem abdicar do seu valor para
manejo clínico.
Cabe ressaltar que resultados positivos de hemocultura podem refletir contamina-
ção na coleta ou processamento. Por esta razão, hemoculturas só devem ser coletadas
com indicação clínica precisa, seguindo as recomendações do Manual de Microbiologia da
ANVISA e sua interpretação deve ser criteriosa.5
IPCS laboratorial: é aquela que preenche um dos seguintes critérios
Critério 1 Paciente com uma ou mais hemoculturas positivas coletadas
preferencialmente de sangue periférico1
, e o patógeno não está
relacionado com infecção em outro sítio2
.
Critério 2 Pelo menos um dos seguintes sinais ou sintomas: febre
(>38°C), tremores, oligúria (volume urinário <20 ml/h), hipotensão
(pressão sistólica ≤ 90mmHg), e esses sintomas não estão
relacionados com infecção em outro sítio;
E
Duas ou mais hemoculturas (em diferentes punções com intervalo
máximo de 48h) com contaminante comum de pele (ex.:
difteróides, Bacillus spp, Propionibacterium spp, estafilococos
coagulase negativo, micrococos)
Critério 3 Para crianças > 30 dias e < 1ano
Pelo menos um dos seguintes sinais ou sintomas:
febre (>38°C), hipotermia (<36°C), bradicardia ou taquicardia
(não relacionados com infecção em outro sítio)
E
Duas ou mais hemoculturas (em diferentes punções com intervalo
máximo de 48h) com contaminante comum de pele (ex.:
difteróides, Bacillus spp, Propionibacterium spp, estafilococos
coagulase negativo, micrococos)
1 A coleta de hemocultura através de dispositivos intra-venosos é de difícil interpretação
2 A infecção em acesso vascular não é considerada infecção em outro sítio.
IPCS clínica: é aquela que preenche um dos seguintes critérios
Critério 1 Pelo menos de um dos seguintes sinais ou sintomas: febre
(>38°), tremores, oligúria (volume urinário <20 ml/h), hipotensão
(pressão sistólica ≤ 90mmHg) ou (não relacionados com infec-
ção em outro sítio)
E
todos os seguintes:
a) Hemocultura negativa ou não realizada
b) Nenhuma infecção aparente em outro sítio
c) Médico institui terapia antimicrobiana para sepse
Critério 2 Para crianças > 30 dias e < 1ano
Pelo menos um dos seguintes sinais ou sintomas:
febre (>38°C), hipotermia (<36°C), bradicardia ou taquicardia
(não relacionados com infecção em outro sitio)
E
todos os seguintes:
a) Hemocultura negativa ou não realizada
b) Nenhuma infecção aparente em outro sítio
c) Médico institui terapia antimicrobiana para sepse 6
b) Infecções relacionadas ao acesso vascular
As infecções do sitio de inserção dos acessos vasculares, geralmente são de menor
gravidade do que as de corrente sanguínea. No entanto, elas merecem duas considera-
ções importantes:
- pode indicar contaminação do sitio de inserção do dispositivo e apontar para a possibilidade
de uma intervenção preventiva específica;
- são indicadores de qualidade de assistência que podem ser aplicadas em vários ambientes,
inclusive fora do ambiente de cuidados críticos;
Infecções relacionadas ao acesso vascular central (IAVC):
São definidas como a presença de sinais locais de infecção (secreção purulenta ou hiperemia),
em pacientes sem diagnóstico concomitante de IPCS. A cultura de cateter é um
exame de baixa especificidade e não é necessária para diagnóstico de IAVC.
Infecção relacionada a acesso vascular periférico (IAVP):
São definidas como a presença de sinais locais de infecção (secreção purulenta ou celulite),
com ou sem a presença de cordão inflamatório em pacientes sem diagnóstico concomitante
de IPCS. A cultura de cateter é um exame de baixa especificidade e não deve ser
utilizada para diagnóstico de IAVC.
III. CÁLCULO DE INDICADORES
Os indicadores podem ser criados para contemplar as três questões básicas que
envolvem a melhoria da qualidade nos serviços de saúde: resultado, processo e estrutura.
Os indicadores aqui descritos serão os indicadores de resultado e processo. Esses
indicadores devem ser específicos para expressar riscos definidos. Para as infecções de
corrente sanguínea, o maior risco definido é a presença de acesso venoso central, portanto,
os indicadores de IPCS deverão ser calculados para pacientes com acesso venoso
central no momento do diagnóstico, ou até 48 horas após a sua retirada. Já as IACV poderão
ser analisadas de acordo com o tipo de cateter (central ou periférico).
A vigilância epidemiológica deve ser sistemática, realizada de forma contínua ou
periódica, e para aplicação correta dos parâmetros de vigilância é importante definir alguns
termos:
Cateteres centrais: inclui cateteres posicionados no sistema circulatório central, incluindo
os seguintes vasos: artérias pulmonares, aorta ascendente, artérias coronárias, artéria
carótida primitiva, artéria carótida interna, artéria carótida externa, artérias cerebrais, tronco
braquiocefálico, veias cardíacas, veias pulmonares, veia cava superior e veia cava inferior.
Em unidades de pacientes imunodeprimidos, a CCIH poderá calcular a densidade de incidência
de IPCS em pacientes com cateteres de longa permanência
Paciente-dia: unidade de medida que representa a assistência prestada a um paciente
internado durante um dia hospitalar. O número de pacientes-dia de um serviço em um determinado
período de tempo é definido pela soma do total de pacientes a cada dia de
permanência em determinada unidade. 7
Paciente com Cateter Central-dia: unidade de medida que representa a intensidade da
exposição dos pacientes aos cateteres centrais. Este número é obtido através da soma de
pacientes em uso de cateteres centrais, a cada dia, em um determinado período de tempo.
Quando o paciente tiver mais do que um cateter central, este deverá ser contado apenas
uma vez, por dia de permanência na unidade.
a) Indicadores de Resultado
O principal indicador de resultado a ser calculado é o indicador de ocorrência de
IPCS laboratorial. Ele deve ser calculado da seguinte forma:
IPCS Laboratorial = Nº de casos novos de IPCSL no período X 1000
Nº de pacientes com cateter central-dia no período
Não é recomendada a consolidação mensal de dados caso o denominador (número
de pacientes com cateter centra-dia no período) seja sistematicamente baixo, inferior a 50.
Nesta situação, é preferível análise bimestral ou trimestral.
O indicador de IPCS clínica pode se calculado, e sua fórmula é:
IPCS Clínica = Nº de casos novos de IPCSC no período X 1000
Nº de pacientes com cateter central-dia no período
Um dado que deve ser utilizado para ajudar na interpretação dos indicadores de infecção,
é a taxa de utilização de cateteres venosos centrais. Ele indica o grau que a amostra
analisada esta exposta ao risco de infecção. Por exemplo, uma taxa de utilização de
80% indica que, em média, os pacientes presentes naquela unidade no período estudado
estiveram em uso de cateter central durante 80% do tempo de permanência. Esta taxa é
calculada da seguinte forma:
Taxa de utilização = Nº de pacientes com cateter central-dia no período
de CVC Nº de pacientes-dia no período
Para os indicadores de IAVC e IAVP, o cálculo deve ser feito da seguinte forma:
IAVC = Nº de casos novos de IAVC no período X 1000
Nº de pacientes com cateter central-dia no período
IAVP = Nº de casos novos de IAVP no período X 1000
Nº de pacientes com cateter periférico no período 8
b) Indicadores de Processo
Têm o objetivo de avaliar as intervenções e/ou ações que levam a um bom ou mau
resultado. O acompanhamento destes indicadores deve levar ao desenvolvimento de planos
de ação para a melhoria da prática.
Tomando como base a campanha “Protecting 5 Million Lives”, podemos trabalhar
com os processos de alto impacto na prevenção da infecção da corrente sanguínea associada
ao acesso venoso. O projeto recomenda “pacotes de medidas, que individualmente
resultam em melhoria da assistência, mas quando implantadas em conjunto, resultam em
melhorias ainda mais substanciais. As evidências científicas que corroboram cada elemento
do “pacote” estão suficientemente estabelecidas a ponto de ser considerado um cuidado
padrão.
O pacote do CVC tem 5 componentes:
1. Higienização das Mãos
2. Precauções máximas de Barreira na passagem do cateter
3. Anti-sepsia com Clorexidina
4. Escolha do sítio de inserção adequado, com preferência para a veia subclávia nos
casos de cateteres não tunelizados
5. Reavaliação diária da necessidade de manutenção do cateter, com pronta remoção
daqueles desnecessários.
Os itens acima não têm o objetivo de ser uma lista abrangente de todos os elementos
de cuidado relacionados ao CVC, pelo contrário, a abordagem do pacote, tem objetivo de
manter o foco em um pequeno grupo de intervenções, com regularidade e método. A adesão
ao pacote pode ser facilmente mensurada através da avaliação do cumprimento de
cada item, no entanto a implantação tem sido mais bem sucedida quando todos os elementos
são aplicados em conjunto.
Adesão ao pacote de medidas
As melhorias no resultado começam a surgir quando os times aplicam todos os 5
componentes de cuidados do pacote, em sendo assim, assim, escolhemos medir a adesão
ao pacote como um todo, e não apenas a partes dele.
Nº pctes recebendo TODOs os 5 elementos do pacote
Nº pctes com CVC no dia avaliado
= Adesão ao Pacote Õ
Assinar:
Postagens (Atom)