segunda-feira, 25 de maio de 2015
PERSPECTIVAS DE ENFERMEIROS QUANTO AO FUTURO PROFISSIONAL ( AMAGOS CONSELHO ANTES DE ESCOLHER EM ENFERMAGEM VEJAM O MERCADO PARA NÃO FICAR DEPRIMIDO FRUSTRADO E DEPRIMIDO UMA VEZ FEITO NÃO DA VOLTAR ATRAS SÃO 5 ANOS DE SUA VIDA QUE JAMAIS VOLTSRM REFLITÃO PROFUNDAMENTE )
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COMO SERÁ O AMANHÃ? RESPONDA QUEM PUDER! Perspectivas de enfermeirandos quanto ao seu futuro profissional
José Gilmar Costa de Souza Júnior*
Aracele Tenório de Almeida Cavalcanti*
Estela Maria Leite Meireles Monteiro**
Maria Inês da Silva***
Resumo
Estudo qualitativo que teve como objetivos:
Identificar os fatores significativos na formação
do enfermeiro; descortinar o perfil do
enfermeiro na percepção do graduando;
conhecer as perspectivas dos enfermeirandos
quanto ao seu amanhã profissional. Teve como
sujeitos 12 alunos concluintes do Curso de
Graduação em Enfermagem de três
Universidades de Pernambuco. Foram
realizadas entrevistas gravadas e observação
assistemática, nos meses de março e abril de
2003. Como resultados foram construídas as
seguintes categorias: Escolha pela profissão
de enfermagem; envolvimento com a formação
profissional; reflexões quanto à formação
acadêmica e perspectivas em relação ao futuro
profissional.
Descritores: perspectivas; enfermeirandos;
futuro profissional
Abstract
This is a qualitative study aimed at: identifying
significant factors in nurse education;
presenting a nurse profile as perceived by an
undergraduate student; getting to know the
perspectives nursing students have for their
future professional lives. The interviewees
were twelve students in nursing undergraduate
programs from three universities located in
the state of Pernambuco, Brazil. Recorded
interviews and non-systematic observation
were carried out between March and April,
2003. The following categories were identified:
choice of the nurse profession; involvement in
professional education; reflections on
academic education and perspectives for
future professional lives.
Descriptors: perspectives; nursing students;
future professional life
Title: What will our future look like? answer
me, if you can! Perspectives from nursing
students for their future professional lives
Resumen
Estudio cualitativo, cuyos objetivos fueron:
identificar los factores significativos en la
formación del enfermero; descubrir el perfil
del enfermero, tal como lo ve el estudiante;
conocer las perspectivas de los estudiantes
respecto a su mañana/porvenir profesional.
Tuvo como sujetos a 12 estudiantes que
concluían el Curso de Enfermería de tres
Universidades de Pernambuco,en Brasil.Se
realizaron entrevistas grabadas y observación
asistemáticas los meses de marzo y abril de
2003. Como resultado se construyeron las
siguientes categorías: elección de la profesión
de enfermería; compromiso con la formación
profesional; reflexiones respecto a la formación
académica y perspectivas respecto a su futuro
profesional.
Descriptores: perspectivas; estudiantes de
enfermería; futuro profesional
Título: ?Cómo será el mañana? !responda
quien pueda! Perspectivas de estudiantes
enfermeros respecto a su futuro profesional
* Graduando do Curso de Enfermagem da Faculdade de Enfermagem Nossa Senhora das Graças da Universidade de Pernambuco.
** Mestre em Enfermagem em Saúde Pública pela UFPB. Docente da Faculdade de Enfermagem Nossa Senhora das Graças da Universidade de
Pernambuco e Enfermeira do HUOC-PE.
*** Especialista em Enfermagem Médico Cirúrgica pela UFPE. Docente da Faculdade de Enfermagem Nossa Senhora das Graças da Universidade de
Pernambuco.
E-mail do autor:
1 Introdução
Em 1633, na França, foi fundada pela irmã Luiza de
Marilac e pelo padre Vicente de Paulo, a companhia das irmãs
de caridade de São Vicente de Paulo, primeiro local onde se
formulou regras de um cuidado que hoje seria denominado de
Enfermagem. O trabalho desenvolvido pelas irmãs era tão
caridoso e reabilitador que logo se difundiu pelo mundo, dada
a enorme influência religiosa que pesava sobre a ocupação.
Eram dominantes no espaço hospitalar e decidiam quando a
presença do médico era necessária ou não, já que a esta altura
do século XVII este era considerado apenas um coadjuvante. A
Enfermagem, mesmo não conhecida como, ganhava espaço,
e aquela arte pregada pela companhia ganhava seguidores,
entre eles, a célebre Florence Nightingale(1).
Hoje no “mundo do trabalho” passa-se a exigir do
profissional Enfermeiro, determinadas qualidades, essenciais
ao contexto sócio-cultural e filosófico de um novo tempo, gerando
um processo desencadeador de mudanças e reflexão, quanto
ao processo educacional de formação em todas as etapas de
ensino, principalmente no ensino superior, que culmine com a
formação do profissional que irá desenvolver suas
potencialidades através da apropriação crítica e reflexiva do
conhecimento teórico-prático, a partir de atitudes e ações
criativas transformadoras, comprometidas com sua função
social(2).
Em diversos momentos ressalta-se que estudantes
recém graduados experimentam o conhecido “conflito de
identidade” em torno do papel do Enfermeiro, ou seja, muitas
vezes a Universidade prepara o enfermeirando para algo, e
quando formado, este encontra um ambiente de trabalho que
lhe exige muito mais do que se sente preparado.
Os resultados deste conjunto dicotômico de papel e de
herança transmitida de geração em geração, onde se observa
que o papel do Enfermeiro apreendido pelo estudante de
Enfermagem reflete uma imagem “ideal” passada pelo mestre,
ao invés da imagem “real” do Enfermeiro no seu dia-a-dia de
trabalho(3).
Contrariando este pensamento, emerge o entendimento
que as Universidades brasileiras estão se adequando à
flexibilização do mercado de trabalho, oferecendo hoje ao
estudante de Enfermagem uma capacitação voltada para a
situação real(4).
Tais informações mostram que, na realidade, os recém
graduados devem ser conhecedores de seu papel e interpretálo
para as outras pessoas, caso contrário surgirão
constantemente situações de estresse que contribuirão, sem
dúvida, para a frustração profissional. Na atualidade, nota-se a
grande diferença do papel do Enfermeiro de hoje com o do
passado, embora ainda reflitam a herança subcultural que
passa de geração a geração. Os modelos de Enfermeiras de
ontem refletiam o autoritarismo e rigidez da disciplina militar,
bem como o conceito de sacrifício e de serviço à base da
generosidade(5).
Hoje esse modelo é refletido por homens e mulheres que, a
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partir do seu trabalho e esforço, esperam um salário competitivo,
valorização. Acredita-se que a alta qualificação dos Enfermeiros
Universitários geram conflitos na prática que são em parte, a
causa de um certo desencantamento quanto ao campo de
autonomia e o status. profissional que lhes é atribuído(6).
Diante do contexto surgiram as seguintes questões
norteadoras: O que os futuros profissionais de Enfermagem
esperam ao “cortarem o cordão umbilical” com a faculdade?
Qual o papel da formação acadêmica na consolidação da
perspectiva do graduando quanto ao seu futuro profissional?
Até quando esta formação influencia na crise de identidade e
frustração quanto ao ser enfermeiro?
Desenvolvemos este trabalho onde refletimos
intensamente sobre o futuro da Enfermagem, já que é no
momento do pleno exercício da profissão onde se evidencia a
problemática da crise de identidade profissional, visto que a
fase vivida pelos graduandos quando beiram a formação é
caracterizada por dúvidas e receios, cuja analogia podemos
fazer com Shakespeare através das marcantes palavras ditas
por Hamlet: “Ser ou não ser... eis a questão.”
Destacamos estudo realizado com graduandos de Medicina
de Brasília sobre a reflexão destes alunos quanto à
aprendizagem e observou que a proporção de alunos com nível
de autoconfiança como aprendiz diminuía com o decorrer dos
anos dentro da graduação. Constatando que, geralmente são
nos últimos períodos da faculdade que o acadêmico encontrase
mais atarefado, pois além da rotina acadêmica, passa a
realizar estágios extracurriculares e outras tarefas, o que os
sobrecarregam, muitas vezes desmotivando-os em relação ao
curso. Talvez esta fase seja bastante crítica no processo de
formação profissional(7).
Uma cabeça ‘bem cheia’ é uma cabeça onde o saber é
acumulado e empilhado, não dispondo de um princípio de
seleção e organização que lhe dê sentido. Já uma cabeça ‘bem
feita’, significa que, ao invés de acumular o saber, é mais
importante dispor de tempo para: “uma aptidão geral para colocar
e tratar os problemas; princípios organizadores que permitam
ligar os saberes e lhes dar sentido”(8:21).
Acredita-se que um dos principais problemas da graduação
que repercutem na vida profissional, é a centralização das aulas
que compõem o currículo de Enfermagem, já que esta
centralização transmite um conteúdo teórico agrupado quase
sempre em torno de patologias médicas e procedimentos
técnicos, divorciado de situações de Enfermagem que são
vivenciadas na prática(9).
Analisando a evolução do ensino da Enfermagem no Brasil,
podemos perceber a intensa relação às práticas e políticas de
saúde dominantes nas épocas, evidenciadas pelas importantes
mudanças curriculares.
O primeiro currículo (1923 a 1949), eqüivale ao treinamento
de Enfermeiros baseados na filosofia de Nightingale. A carga
horária era pequena e as disciplinas, fragmentadas, dava ênfase
às práticas hospitalares, distanciando-se da intenção proposta
por Carlos Chagas com a criação do curso, que era formar
profissionais era atender ao projeto sanitarista-campanhista(10).
O processo histórico, todavia, evidenciava que a
Enfermagem “Pós-Florence” ao optar pelo modelo biomédico,
se distanciou de suas bases fundamentais, desencadeando
uma desvalorização do cuidado, foco e expressão da
Enfermagem ocupacional e profissional ao longo da história (9).
A Enfermagem tornou-se uma profissão de nível superior só
em 1962, sendo definido um currículo mínimo para o curso de
graduação, atendendo às exigências da Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional, recém-promulgada, através do parecer
CFE 271/62. O curso era reduzido para três anos, incluindo as
disciplinas de administração e excluindo as de Saúde Pública.
Dez anos depois, com a Reforma Universitária, através do
parecer CFE 163/72, mais uma modificação: O curso é dividido
em ciclo básico e profissionalizante com habilitações nas áreas
de Saúde Pública, Obstetrícia e Médico-Cirúrgica(10).
Ainda seguindo o processo histórico, o debate sobre o
movimento da construção do SUS na década de 80, repercutiu
na Enfermagem. Mais uma vez o currículo vigente passa a ser
criticado, principalmente quanto à duração do curso, que era
considerado insuficiente. A ABEn aprovou então, um novo
diploma, aumentando para quatro anos, extingue as habilitações
e permitem o desempenho de atividades em situações clínicocirúrgicas,
psiquiátricas, coletivas, gineco-obstétricas ,
pediátricas e administrativas(10) .
Finalmente veio a Resolução CNE/CES nº3 de 7 de
novembro de 2001, instituindo que os conteúdos essenciais
para o curso de Graduação em Enfermagem deveriam estar
relacionados com todo o processo saúde-doença do cidadão,
da família e da comunidade, integrado à realidade
epidemiológica e profissional, proporcionando a integralidade
das ações do cuidar em Enfermagem. Tais conteúdos deveriam
conter: Ciências Biológicas e da Saúde; Ciências Humanas e
Sociais; Ciências da Enfermagem, como, Fundamentos de
Enfermagem, Assistência de Enfermagem, Administração de
Enfermagem e Ensino de Enfermagem. Atribuiu também que
além dos conteúdos teóricos e práticos desenvolvidos ao longo
de sua formação, ficavam os cursos obrigados a incluir no
currículo o estágio supervisionado em hospitais gerais e
especializados, ambulatórios, rede básica de saúde e
comunidades nos dois últimos semestres do curso de
Graduação em Enfermagem(11).
Mais uma vez estamos passando por um processo
histórico, onde a mundialização dos mercados e o avanço deste
processo, vai além dos fenômenos econômicos, invadindo
dimensões políticas, sociais e culturais, trazendo
consequentemente mudanças nas formas de organização e
flexibilização do trabalho(2).
No decorrer dos anos, passou-se a valorizar a
subjetividade e o saber tácito do trabalhador, dando lugar a
uma qualificação real em contraposição à qualificação formal(12).
A noção de competência surge quando a construção de
aprendizados vai além da aquisição formal de conhecimentos
academicamente validados e se constrói saberes também a
partir das mais diversificadas experiências que o sujeito
enfrenta, seja no meio de trabalho ou ao longo da vida.
Destacando competências políticas que possibilitam aos
indivíduos refletir e atuar criticamente sobre a esfera da
produção, assim como na esfera pública, nas instituições da
sociedade civil, constituindo-se como atores sociais dotados
de interesses próprios que se tornam interlocutores legítimos
e reconhecidos(2).
Acompanhando toda essa flexibilidade, a Enfermagem é
hoje considerada pelo mesmo autor, uma das profissões que
oferecem grandes perspectivas de crescimento,
desenvolvimento e valorização do trabalho, pois mesmo com a
crise de desemprego no país, os Enfermeiros vêm conquistando
espaços e firmando-se nas diversas áreas de atuação, incluindo
principalmente aqueles que apostam sua capacidade
profissional e qualificação real, ampliando os conhecimentos
científicos e buscando especialização para aproveitar as chances
de emprego surgidas no mercado de trabalho.
O profissional de Enfermagem do século XXI atribui ao seu
“ser profissional”, a ciência cultural da sociedade mundial, que
reflete uma questão de adaptabilidade, sendo essencial hoje,
conhecer a fundo seu papel diante da política de saúde e fazêlo
valer diante de todos(13).
Quando se fala em problemas na formação dos
profissionais de Saúde, destaca-se: Dicotomia do ciclo básico/
profissionalizante, sem que haja correlação entre o
conhecimento das disciplinas básicas e a futura prática
profissional; Contato tardio do aluno com a futura prática
profissional. Desconsideração do trabalho como princípio
pedagógico; Compatimentalização do ensino, com repetição
Como será o amanhã? responda...
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de conteúdos, muitas vezes irrelevantes para a prática
profissional; Descompasso entre os serviços de saúde e
universidade, descomprometendo-se esta com a mudança do
modelo assistencial; descompromisso ético, humano e social
com os usuários(10).
Diante da problemática levantada, este estudo apresenta
como objetivos:
I. Identificar os fatores significativos na formação do Enfermeiro;
II. Conhecer as perspectivas dos enfermeirandos quanto ao
seu amanhã profissional.
2 Procedimento metodológico
Trata-se de uma pesquisa exploratória com abordagem
qualitativa, que utiliza o universo de significados, motivos,
crenças e atitudes, o que corresponde a um espaço mais
profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que
não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis
quantitativas(14). A pesquisa foi realizada nas três Faculdades
de Enfermagem da cidade do Recife, sendo elas, de caráter
Federal, Estadual e Particular.
Todos os sujeitos entrevistados foram do sexo feminino,
solteiras, com idades entre 21 e 27 anos, sendo uma delas,
mãe. A renda familiar varia de 05 a 20 salários mínimos, 05
delas possuem familiares Enfermeiros ou áreas afins,
nenhuma delas possuem outro curso, ou exercem outra
profissão. Áries, Touro, Gêmeos e Câncer, são alunas de uma
IES Estadual; Leão, Virgem, Libra e Escorpião, de uma IES de
caráter Federal e Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes de
uma IES Particular.
Constituíram sujeitos do estudo doze estudantes, do
último período do curso de Graduação em Enfermagem, os
mesmos foram escolhidos aleatoriamente, sendo quatro de
cada Faculdade visitada.
O projeto de pesquisa foi enviado ao Comitê de Ética.
Solicitando a anuência formal dos sujeitos que compuseram a
amostra do estudo, através da assinatura de Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido, o qual garante anonimato
e a liberdade em participar ou não de qualquer fase da pesquisa,
atendendo a Resolução nº 196/96)(15).
Procedemos à coleta de dados nos meses de março e
abril de 2003. O instrumento para a coleta foi constituído por um
roteiro de entrevista com sete questões subjetivas, cujas
respostas foram gravadas. Os conteúdos das entrevistas
gravadas foram transcritos e após sucessivas leituras, foram
estabelecidas as categorias a partir dos questionamentos
realizados, sendo denominadas “categorias pré-estabelecidas”
e destas, quando necessário foram estabelecidas às
subcategorias. O desenvolvimento desta fase não teve a
pretensão de realizar uma análise com rigor metodológico da
análise do conteúdo, entretanto, as disposições de categorias
e subcategorias, teve por objetivo, proporcionar ao leitor, maior
clareza com relação à apresentação dos dados colhidos. Os
resultados foram analisados à luz do referencial teórico.
A cada ator social estudado, foi atribuído um codinome,
correspondendo aos doze signos do zodíaco, para garantir a
total privacidade do pesquisado.
3 Resultados e discussões
3.1 Escolha pela profissão enfermagem
3.1.1 Enfermagem Última opção
[...] Tentei 03 anos para medicina, na realidade eu fiz
para me livrar do vestibular [...] (Leão).
[...] Não passei para medicina, então tentei Enfermagem
[...] nem sabia o que era a profissão [...] (Câncer).
Fiz 03 anos de vestibular para medicina, não passei.
Daí escolhi Enfermagem [...] que está muito ligada à
medicina [...] (Áries).
[...] Primeiro eu fiz vestibular para medicina [...] pensava
que eu poderia procurar outra coisa, outra profissão
[...] havia outras interessantes que eu também me
identificava [...] (Touro).
A pretensão na análise destas falas é identificar o
conhecimento da profissão antes da escolha perante o
vestibular. Onde observamos uma suprema gama de tentativas
de entrar no curso de medicina que se tornaram frustradas e
em virtude da reprovação no vestibular, acabaram optando por
Enfermagem.
A verdade é que baseados nos resultados, o conceito
da Enfermagem antes da graduação é de uma atividade de
ajuda, dedicação, devoção e submissão, não compatível com o
intenso desejo de ter uma profissão, que impõe respeito,
arranque elogios e encha os pais de orgulho. Não fugindo do
senso comum de que a medicina é o curso da área de saúde
de “maior importância” e consequentemente de maior status.
Num estudo realizado sobre prestígio profissional do
Enfermeiro com 45 estudantes universitários das diferentes
cursos de graduação e pós-graduação da USP, foi identificado
que a medicina foi consagrada como a de maior prestígio e a
Enfermagem ficaria entre sétimo e oitavo lugar(16).
Tais resultados evidenciam a auto-imagem do
vestibulando, formada com a interação com o meio ambiente,
traduzido neste caso, numa sala de aula repleto de indivíduos
concorrendo por algumas vagas em cursos superiores e
consequentemente a melhoria da qualidade de vida.
O ambiente social influencia na auto-imagem destes
indivíduos. A profissão, às vezes, tem em si questões históricas
tatuadas, geradoras de preconceitos, podendo influenciar de
forma positiva ou negativa na auto-imagem e conseqüentemente
na escolha profissional(17).
As falas a seguir são exemplos que evidenciam este
pensamento:
[...] Eu me realizei. Nos primeiros períodos já me
identifiquei com a profissão, agora principalmente.
Estou nela e pretendo ficar nela até o final da minha
vida (Touro).
[...] se tu me perguntasse hoje se eu trocaria estar
agora na Enfermagem por uma vaga no curso de
medicina, eu não trocaria não. Não trocaria por curso
nenhum [...] (Virgem).
[...] Hoje eu não me arrependo de ter feito Enfermagem[...]
(Gêmeos).
Tais mudanças do conceito sob a enfermagem ocorrem
com o desenrolar da graduação, onde a verdadeira face da
Enfermagem é apresentada e apreciada.
3.1.2 Enfermagem Primeira Opção
[...] Enfermagem foi minha primeira opção [...] Uma amiga
estava fazendo curso de auxiliar de Enfermagem e todos
os dias ela me estimulava (Escorpião).
[...] Nunca fiz vestibular para outro curso. Minha primeira
e única opção foi Enfermagem [...] (Sagitário).
Apenas 02 dos atores, optaram por fazer enfermagem
inicialmente. Deixam claro que conheciam algo da profissão
como, por exemplo, campo de trabalho promissor. Outrora
estimulados por familiares que conheciam a profissão e se
sentiam satisfeitos com a sua escolha.
3.2 Envolvimento com a formação profissional
A maioria dos Enfermeiros de todo o mundo recebeu
sua formação profissional com a utilização da demonstração
como estratégia pedagógica. Daí a grande importância da
prática, do relacionamento professor-aluno e do envolvimento
com a profissão enquanto estudante(18).
Para aprender e estar exposto às demonstrações, o
estudante precisa criar oportunidades. Para isso é necessário
que este absorva ao seu dia a dia acadêmico, atividades que
Souza Júnior JGC, Cavalvanti ATA, Monteiro EMLM, Silva MI.
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lhe proporcionem estas oportunidades, como por exemplo,
estágios curriculares, pesquisas e Participação em eventos
científicos.
O envolvimento dos atores sociais com sua profissão
pode ser apreciado nas seguintes citações:
[...] Eu não me vejo somente como estudante. Eu já me
vejo como profissional, sabendo que eu devo dar o
melhor de mim, buscando raízes cientificas [...]
(Gêmeos).
[...] Tento fazer o máximo pelos meus pacientes,
cuidando deles como se eu já fosse Enfermeira,
inclusive na questão da humanização [...] (Touro).
[...] Procuro participar de congressos, procuro
enriquecer mais a minha prática, através de estágios e
estudar, estudar bastante (Libra).
[...] Faço projeto de extensão e já fiz 02 estágios extras
(Escorpião).
[...] Procuro trabalhar na parte burocrática, mas
também prestar assistência (Peixes).
É evidente nas citações o compromisso com o
aprendizado para ser um profissional competente. Nota-se nas
falas a imensa preocupação em prestar assistência como base
fundamental do envolvimento com a Enfermagem. Notamos
inclusive alguns tons de independência, o que reflete a
segurança de ter assimilado o conteúdo relevante do curso
para a prática. É notável a necessidade dos atores em assegurar
a importância dos trabalhos científicos na vida profissional, o
que desvela a vontade de lidar com a Enfermagem, renovando
seus conceitos e a sua ciência.
3.3 Reflexões quanto à formação acadêmica
Questionamos nossos atores quanto aos pontos
positivos e negativos que vivenciaram ao longo de sua formação
acadêmica, reconhecendo a importância de toda uma vivência
na faculdade como fator determinante na vida profissional, como
é destacado na seguinte fala: [...] É do aluno que se faz o
profissional [...] (Câncer).
A grande maioria dos signos não se prenderam muito
aos pontos positivos, provavelmente por terem encontrado nesta
pesquisa, uma oportunidade de expor suas insatisfações e
contribuir com a melhoria da formação acadêmica do
Enfermeiro, para os demais e futuros alunos. É evidente esta
preocupação nas palavras a seguir: [...] Modificações “dizem”
que estão sendo feitas, eu espero que aconteça, não vai mais
me beneficiar, mas vai beneficiar os próximos (Escorpião).
3.3.1 Pontos Positivos
[...] Apoio de muitos profissionais [...] (Gêmeos).
[...] A faculdade até que apoia para trabalhos científicos
[...] (Câncer).
[...] É através de todas essas dificuldades que a gente
aprende a pesquisar [...] Isso é positivo porque a gente
aprendeu a correr atrás, já que é o aluno que faz a
faculdade e não a faculdade que faz o aluno [...] (Touro).
[...] Só um turno, dá para estudar mais, dá para estágio
extra, o currículo é atualizado [...] (Capricórnio).
[...] Boa teoria e relação professor-aluno [...] (Peixes).
[...] É um incentivo para a gente que está dentro da sala
de aula, o professor dizer que apesar de todas as
dificuldades que tem ele está satisfeito, se voltasse
atrás faria a mesma opção [...] (Virgem).
3.3.2 Pontos Negativos
Chamou-nos atenção à insatisfação de alguns atores
em relação à metodologia utilizada por alguns dos professores,
geradora de angústias.
As contradições da prática profissional que permeiam o
pensar/fazer, a teoria/prática e o cuidar/administrar, não são
explicitadas nem enfrentadas durante o processo de formação,
o que reforça a divisão técnica e social do trabalho e favorece a
crise de identidade(10). [...] Tem aula que é aquela coisa: Chegou,
falou um pouquinho e pronto! [...] (Virgem). [...] Acho que a
faculdade tem que investir em profissionais mais capacitados
[...] (Câncer). [...] Algumas cadeiras não atenderam às minhas
expectativas [...] não foram bem dadas [...] (Libra).
O que nos permite relacionar com uma pesquisa
realizada com 52 alunos do Curso de Graduação em
Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul,
onde identificaram que os alunos percebiam seus tutores como
profissionais preocupados com aspectos tecnicistas e
normativos do curso, sem se preocupar com a opinião dos
alunos, não refletindo sobre sua prática pedagógica.
Acreditamos que quando o aluno se depara com deficiências
no processo ensino-aprendizagem, gerando lacunas no
conteúdo que não foi apreendido, gerando insatisfação com o
próprio curso(19).
Outra reivindicação quase unânime é de uma reforma
curricular, onde a carga horária fosse mais trabalhada e não
levasse o aluno ao estresse a fadiga. [...] A carga horária às
vezes é muito exagerada [...] (Peixes). [...] O tempo de estágio
da gente [...] é muito curto [...] e tem outros que a carga horária é
enorme! [...] (Câncer).
A reforma desejada, não se restringe a carga horária,
mas alberga também, melhoria na estrutura física e em
bibliotecas, além da inclusão e extensão de disciplinas como
farmacologia e saúde do idoso. Nossos atores encontram
necessidade de deter tais disciplinas, baseados nas políticas
de saúde atuais que envolvem o Programa de Saúde da Família,
onde o Enfermeiro trabalha ativamente na prescrição de
medicamentos e na melhoria da qualidade de vida da população
que gera conseqüentemente um alargamento do ápice da
pirâmide populacional.
Diante deste contexto, os enfermeirandos relatam seus
descontentamentos nas falas ilustradas a seguir: [...] Eu não
lembro quase nada de fármaco e anatomia! Semiologia também
[...] (Touro). [...] Não me sinto segura em relação à farmacologia
[...] (Capricórnio). [...] A grade curricular é incompleta [...] por
exemplo, a área hematológica, não temos [...] (Aquário). [...] Senti
falta de farmacologia e exames laboratoriais, que não vemos
(Peixes). [...] Eu sinto muita falta de saúde do idoso [...] (Virgem).
Vale ressaltar que fazer alterações num currículo de um
curso, não se restringe a acrescentar ou eliminar disciplinas,
aumentar ou diminuir carga horária de maneira isolada, não
produz mudanças de grande significado no processo de
educação. Caso isto ocorresse, apenas mostraria o caráter
fragmentário que tem acompanhado às reformas curriculares
dos cursos até hoje(20).
O currículo vigente contempla o desenvolvimento
humano somente até a idade adulta, sendo assim, o idoso só
está incluído como portador de doenças estudadas em outras
disciplinas como clínica médica e cirúrgica. Fala ainda que a
falta da disciplina de gerontologia é comum na maioria das
faculdades(21).
Estamos cientes de que o processo ensinoaprendizagem
na enfermagem necessita de mudanças, mas
de maneira abrangente e dinâmica. De modo, que seja aceito
com entusiasmo a fome de aprender dos alunos e se construa
sobre esta base e que estes constituam sujeitos ativos na
construção e desenvolvimento do Processo Político Pedagógico
(PPP) da Instituição de Ensino Superior (IES).
3.4 Perspectivas em relação ao futuro profissional
3.4.1 Autonomia e Reconhecimento
[...] Me vejo fazendo a parte assistencial com muita
autonomia [...] Eu não me vejo submissa a um médico,
eu me vejo independente [...] (Gêmeos).
A autonomia é a propriedade pela qual o homem pode
Como será o amanhã? responda...
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escolher as leis que regem sua conduta. E que no cotidiano a
procura pela autonomia parece ter uma íntima relação com a
dúvida em se firmar como enfermeiro, cidadão e pessoa (22).
Nas falas, os atores associam ter autonomia a desligar de si
grandes problemas da enfermagem.
Trabalhos que analisam as razões da evasão na
profissão evidenciaram como principais fatores desencadeantes
a falta de liberdade para exercer o trabalho e a submissão(23).
O poder, porém, é uma “faca de dois gumes”, porque a
autonomia é buscada, mas em contrapartida, a intensa idéia
de multidisciplinaridade gera uma atitude simpática do
enfermeiro com outros profissionais na intenção de evitar
conflitos, não impondo uma resistência explícita à submissão(22).
A multidisciplinaridade esta, reforçada demasiadamente
pelos professores em sala de aula, tão distante da prática.
Quando evidencia-se o corporativismo, o autoritarismo e por
vezes, o terrorismo de alguns médicos que tentam impedir o
enfermeiro de exercer plenamente suas funções, como
diagnosticar, prescrever medicamentos, e até mesmo realizar
consultas, nas situações em que a lei lhe faculta esse direito,
gerando mobilização da categoria, que já construiu uma trajetória
histórica de luta e defesa pelos seus direitos e por que não
dizer pela saúde.
Acreditamos que a maioria dos entrevistados, vêem a
autonomia como um valor a ser conquistado e como
conseqüência teriam o reconhecimento e o status tão
almejados.
[...] Quero ter o reconhecimento merecido [...] (Áries).
[...] Deus queira... [risos] ... Que o futuro seja bem
diferente disso que a gente vê hoje. Espero que a minha
profissão seja mais respeitada [...] (Escorpião).
[...] Quero ser reconhecida nacionalmente e
internacionalmente [...] (Câncer).
É importante ressaltar que o trabalho na Saúde Pública
é constantemente associado pelos sujeitos do estudo à
autonomia na enfermagem. [...] tenho esperança na área de
PSF, pois a enfermagem tem mais autonomia (Áries).
Metade dos signos lembram que é imprescindível fazer
da enfermagem uma profissão respeitada e do enfermeiro um
profissional valorizado.
3.4.2 Retorno financeiro
[...] Eu espero bom retorno [...] Estabilidade [...] (Leão).
O retorno financeiro almejado pelos atores sociais vem
de reflexo ao reconhecimento e status, os quais se sentem
afastados. Vêem como uma maneira de fazer valer tantos anos
de estudo e dedicação, plantões em excesso, grande carga
horária de trabalho, cobrança e estresse.
[...] A gente pode ser milionário e perder todo o dinheiro,
mas o que ninguém pode nos roubar é o nosso
conhecimento, dignidade, caráter [...] (Gêmeos).
Apesar de o dinheiro não ser o mais importante, a classe
tem que permanecer unida para lutar contra baixos salários e
elevada carga horária como uma questão de honra (23).
[...] O profissional de enfermagem tem que se valorizar
mais em relação ao piso salarial. Ganham pouco porque
eles aceitam, não se unem, não se valorizam [...]
(Câncer).
3.4.3 Importância do Aperfeiçoamento
Preocupar-se em estar constantemente se reciclando
com o intuito de manter a qualidade do trabalho é uma das
idéias mais freqüentes e marcantes nas falas dos futuros
enfermeiros. O que mais uma vez associamos ao
reconhecimento profissional, vistos que os profissionais mais
competentes e admirados, são aqueles que dominam suas
especialidades, usam o saber teórico nas práticas e detém o
poder de discutir com qualquer outro profissional da área, de
igual para igual.
As atuais exigências da sociedade, os processos de
mudanças e a evolução da tecnologia e do conhecimento
humano influenciam a prática da enfermagem no sentido de
melhorar a assistência. Daí a necessidade de os futuros
profissionais de enfermagem se instrumentalizarem com
conhecimento técnico especializado e outros conhecimentos
necessários ao desenvolvimento da competência, a fim de se
tornarem profissionais diferenciados, podendo enfrentar melhor
um mercado de trabalho mais competitivo (17:29). [...] Eu quero
fazer uma residência, um mestrado, um, doutorado [...]
(Capricórnio). [...] Quero trabalhar, quero fazer residência, quero
me especializar [...] Me vejo estudando muito, nunca parada.
Progredindo bastante. (Peixes)
Isso significa que apesar de muitas vezes, sentirem-se
insatisfeitos com o curso diante de problemas já citados, não
abrem mão e lutam por um futuro melhor tanto pessoal quanto
profissional, quanto para a profissão em si. As reflexões do
estudante que reforçam sua individualidade, se relacionam não
só com o futuro profissional, mas também como pessoa (24).
3.4.4 Insegurança e Incerteza
Diante de tantas expectativas boas para o futuro, a
insegurança e a incerteza insistiram em aparecer. Sabemos
que viver este conflito é comum em diversos cursos de
graduação, mas tememos que na enfermagem este processo
tenha uma significância maior. Já que o enfermeiro irá liderar
uma equipe e responder por vidas humanas. [...] Meu maior
medo é de não ter o discernimento de gerenciar bem a equipe
[...] (Virgem). [...] Eu não vou estar completa. (...) Eu vou sair da
faculdade bastante insegura (...) (Libra).
É preciso aprender a enfrentar a incerteza, pois vivemos
num período onde os valores são ambivalentes, necessitando
que a educação do futuro volte-se para as incertezas ligadas ao
conhecimento (25).
3.4.5 Realização Profissional
[...] Me vejo com tudo o que sempre quis [...] Realizada
na minha profissão [...] (Touro).
[...] Me vejo realizada profissionalmente [...] (Sagitário).
[...] Minhas perspectivas são estudar cada vez mais
[...] Sempre estar fazendo concurso [...] Num ótimo
emprego e me realizar fazendo o que eu gosto [...]
(Câncer).
Este tópico está relacionado intimamente com todos os
outros citados acima, pois almejam a vitória sob as inseguranças
e incertezas, e independência para conseqüentemente atingirem
o sucesso e assim se sentirem realizados.
Como quase enfermeiros, desejam competência para
que possa lutar por sua independência científica e profissional,
cujo fruto é a prestação de uma assistência adequada, para só
assim se sentirem satisfeitos e realizados com sua profissão(17).
A realização profissional para o enfermeirando
materializa-se em forma de cascata: Ter qualidades como
competência e responsabilidade, levará a autonomia, que
provocará lutas contra as inseguranças e incertezas, que ao
vencer, ganhará coragem para reivindicar seu espaço, e tendo
seu espaço para desenvolver seu trabalho, poderá mostrar a si
e aos outros seu potencial, que irá desaguar no rio da sua
satisfação como profissional e consequentemente como
pessoa.
[...] Me vejo feliz com tudo o que sempre quis [...]
Mostrando para os outros profissionais que a
enfermagem VALE MUITO E PODE MUITO! [...] (Touro.).
4 Considerações finais
Diante dos resultados, podemos perceber que desponta
um novo tempo para a Enfermagem, já que seus futuros
Souza Júnior JGC, Cavalvanti ATA, Monteiro EMLM, Silva MI.
Rev Bras Enferm, Brasília (DF) 2003 jul/ago;56(4):453-458
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profissionais passaram a reivindicar a solução de problemas
configurados durante a formação acadêmica do Enfermeiro,
com o intuito de despedaçar o modelo tecnicista cristalizado
que são praticamente obrigados a viver, sem chances de
egresso.
O redimensionamento do processo ensinoaprendizagem
se faz necessário, visto que o profissional de
Enfermagem do futuro exige de seus formadores que o
processo político-pedagógico, que desenvolve a construção do
saber seja aplicado. Refletir, analisar e criticar são verbos que
devem ser incorporados ao aluno, desde o início da construção
dos pilares de seu saber.
É difícil incluir um momento pedagógico que contemple
todas as necessidades de um profissional que deve se preparar
para o mundo do trabalho, no dia a dia destes alunos, já que
com tantas batalhas acirradas contra o modelo conservador,
mesmo ganhando algumas, retrocedemos por inércia, quando
somos freados pela visão reducionista dos defensores da
prática pedagógica do “saber fazer” e não do “saber ser”.
Quando perguntamos aos entrevistados sobre suas
perspectivas em relação ao futuro profissional, tínhamos como
intenção, não avaliar somente o produto e sim todo o processo.
A verdade é que se faz necessário que a formação profissional
seja progressista, para dar suporte às realizações das maiores
expectativas dos estudantes de Enfermagem, sem esta sintonia,
não haverá a solidificação do “ser Enfermeiro” e a utilização do
verdadeiro poder que tem a profissão, dará lugar à crise de
identidade e a frustração profissional.
Nossa intenção não é radicalizar nem abalar as
estruturas das IES (Instituições de Ensino Superior). Queremos
com esta pesquisa, provar que para um futuro melhor, não
precisamos apenas de mudanças externas, mas inicialmente,
de uma auto-avaliação.
Corríamos o risco de evidenciarmos uma geração sem
estímulo para realizar seus objetivos, mas tudo que comporta
oportunidade, comporta risco(25). O estudo evidenciou que os
sujeitos desejam um futuro melhor para a nossa profissão,
compreendendo que para tanto, precisamos apenas, semear
uma educação que estimule os potenciais de cada um, para
que no amanhã profissional, consigamos não ser apenas a
“lâmpada”, mas também o “gênio”.
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Data de recebimento: 15/08/2003
Data de aprovação: 30/10/2003
Como será o amanhã? responda...
Rev Bras Enferm, Brasília (DF) 2003 jul/ago;56(4):453-458
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