terça-feira, 8 de outubro de 2013
SEXUALIDADE DO ADOLESCENTE COM DEFICIÊNCIA MENTAL
389
Sexualidade e o adolescente com deficiência
mental: uma revisão bibliográfica
Sexuality and adolescents with mental
disability: a review
1 Instituto Fernandes
Figueira, Fiocruz.
Av. Rui Barbosa 716,
2o andar, 22250-020,
Rio de Janeiro RJ
olgab@iff.fiocruz.br
Olga Maria Bastos 1
Suely Ferreira Deslandes 1
Abstract The objective of this article is to discuss
the sexuality of the mentally retarded adolescent
and its consequences within the family. It is based
on articles from Bireme, written from 1990 to
2003, related to the sexuality of the adolescents
with intellectual disability, as well as the impacts
of the adolescence period on the family. The articles show that during this period of development,
the parents of the adolescents with intellectual
disability face challenges regarding their children’s social integration, with the genital sexual
awakening being of greatest concern. The papers
reinforce that there is still a great deal of prejudice regarding sexuality. It is also clear that parents are uncomfortable dealing with, and even
fear, the sexual expression of the adolescents with
intellectual disability, especially masturbation.
The fear of sexual abuse and potential pregnancy
raises the issue of contraception of the girls with
mental disability, including definitive sterilization. Further readings on the subject state that the
development of sexuality happens both in adolescents with mental disorders or not, however there
are attributes that differentiate both groups. We
conclude that ample discussion on issues of sexuality with parents and mentally retarded adolescents is likely to contribute to a less risky and stigmatized sexuality, consequently more satisfactory.
Key words Intellectual disability, Adolescence,
Sexuality, Sexual abuse
Resumo Com o objetivo de discutir a sexualidade de adolescentes com deficiência mental e as repercussões familiares do adolescer, realizou-se
uma revisão bibliográfica a partir da base de dados da Bireme, analisando a produção de 1990 a
2003 sobre o tema. Os artigos mostram que os
pais se deparam com novos desafios para a integração social dos seus filhos com deficiência mental quando estes chegam à adolescência, especialmente com o despertar de sua sexualidade genital. Os trabalhos corroboram que os preconceitos
no campo da sexualidade ainda estão presentes.
Fica evidente o temor diante das manifestações
sexuais desses adolescentes, como a masturbação,
e a dificuldade dos pais em lidar com a situação.
Pelo receio do abuso sexual e da gravidez decorrente, métodos contraceptivos, inclusive a esterilização, são discutidos. A revisão da literatura indica, enfim, que o desenvolvimento da sexualidade se dá igualmente nos adolescentes com e sem
deficiência, mas são atribuídas representações
distintas aos dois grupos. Conclui-se que a ampliação do debate aos pais e adolescentes com deficiência pode contribuir para que eles tenham
uma vivência da sexualidade com menos estigmas, menos exposta a riscos e, conseqüentemente,
mais satisfatória.
Palavras-chave Deficiência mental, Adolescente, Sexualidade, Abuso sexual390
Introdução
O adolescer das pessoas com deficiência mental é um tema escassamente tratado pela literatura. Entretanto, a grande maioria dos indiví-
duos com deficiência mental chega à puberdade, com a conseqüente maturação sexual, como
os demais adolescentes sem deficiência. Ainda
vigora o senso comum de que as pessoas com
deficiência mental não teriam esta etapa do seu
desenvolvimento, pois as mudanças físicas não
corresponderiam às psicossociais.
Entre todas as modificações que se apresentam nesta etapa da vida, destacam-se aquelas relacionadas à sexualidade. Até então auto-erótica, a sexualidade sofre transformações do ponto de vista qualitativo, e os adolescentes com
deficiência mental, na dependência do seu ní-
vel de comprometimento, assim como os que
não têm deficiência, sentem-se estimulados a
buscar satisfações amorosas e genitais.
O desenvolvimento da sexualidade é uma
etapa fundamental do ser humano. Acreditamos que a disseminação da informação sobre a
questão é um dos elementos contribuintes para
que alguns tabus sejam revistos, e conseqüentemente seu exercício seja possível, saudável e
seguro. Para isto, este debate precisa ser implementado mais amplamente na sociedade, em
especial nas famílias, que encontram dificuldades para a discussão do assunto com seus filhos adolescentes, principalmente quando eles
têm deficiência mental. Um dos entraves para a
discussão da sexualidade das pessoas com deficiência se deve à quase inexistência de relatos
de experiência sobre o assunto. Esta ausência
talvez se relacione aos preconceitos e à discriminação ainda presentes, que muitas vezes sustentam a idéia de que eles não têm o direito de
exercer a sua sexualidade.
Conhecer o estado da arte da reflexão sobre
a sexualidade do adolescente com deficiência
mental pode contribuir para o entendimento
destas questões. Um maior conhecimento da
temática pelos profissionais da saúde pode se
refletir em uma melhor abordagem, tanto com
os familiares quanto com os adolescentes, favorecendo o cumprimento dos seus direitos, incluindo os sexuais.
Este estudo tem como objetivo analisar o
conteúdo da produção bibliográfica na área da
saúde sobre a sexualidade dos adolescentes com
deficiência mental, no período de 14 anos, identificando aspectos tidos como relevantes. Dentre estes, destacamos: 1) o adolescer na pessoa
com deficiência mental e sua repercussão para
os familiares; 2) a sexualidade dos adolescentes
com deficiência mental; 3) as repercussões e
reações relacionadas à prática desta sexualidade. A discussão sobre o abuso sexual também
será considerada, tendo em vista a importância
do tema.
Metodologia
O presente trabalho utiliza o referencial da pesquisa bibliográfica, entendida como o ato de indagar e de buscar informações sobre determinado assunto, através de um levantamento realizado em base de dados nacionais e estrangeiros, com o objetivo de detectar o que existe de
consenso ou de polêmico no estado da arte da
literatura (Biblioteca Central da Universidade
de Brasília < http://www.bce.unb.br/serviços/
pesq_bibliografica.php>).
Com este propósito foi efetuada uma revisão das publicações na área de saúde através da
Biblioteca Virtual Bireme, tendo sido consultadas as bases de dados Medline, Adolec e Scielo.
Somente os artigos foram selecionados, devido à sua maior circulação no meio acadêmico e
profissional. Assim, as dissertações e teses não
compuseram o acervo. O período da pesquisa
foi de 1990 a 2003. Este recorte temporal foi
operado devido ao fato de, na década de 1990,
ter se iniciado a atenção sistematizada à saúde
dos adolescentes na América Latina, além de
ter sido uma época na qual as investigações sobre as práticas e representações sobre sexualidade sofreram forte impulso decorrente, entre
outros fatores, pela epidemia da Aids.
No Medline foram encontradas 3.201 referências através da chave “retardo mental e adolescência”. A designação de pessoas com defici-
ência intelectual é polissêmica, e alguns trabalhos as nomeiam como retardo mental, outras
como pessoas portadoras de necessidades especiais, alguns como pessoas portadoras de deficiência mental ou simplesmente pessoas com
deficiência mental. Optou-se pela utilização da
última nomenclatura, pois vai ao encontro da
sugestão dada por Goffman (1988), de que as
pessoas com deficiência devem ser chamadas
pelos nomes que elas mesmas, ou aqueles que
advogam por elas, julguem conveniente. A nomeação de “pessoa com deficiência mental”
encontra-se entre as preferências, como pode
ser observado em encontros técnico-científicos
voltados para a discussão da questão.391
Contudo, ao se acrescentar a palavra “sexualidade” à referida chave de busca, este número
foi reduzido para 9. Na base Adolec foram encontradas 90 publicações com a chave inicial,
das quais somente 5 abordavam a sexualidade
deste grupo da população. No Scielo não foi
encontrada nenhuma publicação utilizando esta chave de busca.
Visando ampliar o debate e discutir as repercussões psicossociais e familiares do adolescer com deficiência mental, foi acrescentada à
busca a chave “retardo mental – adolescência –
família”. E, ao serem selecionados os que discutiam exclusivamente esses aspectos, foram localizados 13 artigos.
Com essa metodologia foram acessadas somente 21 destas publicações, já que nem todas
as revistas referidas estavam disponíveis, mesmo
pelo Comut. Alguns artigos inicialmente pesquisados não fizeram parte desta revisão, pois
traziam como objeto de estudo, adultos com deficiência mental, doentes psiquiátricos de uma
maneira geral, ou especificamente, pessoas com
autismo. No quadro 1 encontra-se a caracterização do acervo estudado segundo o autor, o
ano da publicação e a metodologia adotada.
Para apoiar a discussão dos referidos textos
foram incorporadas publicações de outras fontes, que abordavam aspectos da adolescência e
da sexualidade, de um modo geral. Este acervo
secundário foi empregado para fomentar a reflexão acerca da produção analisada.
Existem controvérsias quanto à classifica-
ção das pessoas com deficiência mental, e estudos epidemiológicos indicam que 85 % desses indivíduos não apresentam um comprometimento que seja impeditivo para o estabelecimento de relações sociais (Ballone, 2001). Provavelmente, a maior parte das argumentações
dos autores se refere a esse grupo, e por isto, somente faremos referências aos diferentes níveis
de deficiência à medida que forem destacados
nos artigos.
Os artigos foram analisados seguindo as
perspectivas da análise temática (Minayo, 1993),
sendo inicialmente procedida a leitura flutuante de todo acervo, a identificação dos eixos temáticos e aferidos seus respectivos núcleos de
sentido. O corpus analisado também foi submetido à classificação do tipo de metodologia empregada em cada artigo.
Quadro 1
Caracterização do acervo de revisão, segundo autor, ano e metodologia adotada, 1990- 2003.
Tema Autor/Ano Tipo de Estudo
Sexualidade 1) Ribeiro & Nepomuceno, 1992 1) Estudo qualitativo
2) MacKinlay et al., 1996 2) Estudo epidemiológico
3) Konstantareas & Lunsky, 1997 3) Estudo epidemiológico
4) Waldaman et al., 1999 4) Ensaio teórico
5) MacConkey & Ryan, 2001 5) Estudo epidemiológico
6) Reeve, 2001 6) Ensaio teórico
Sexualidade / Contracepção / 1) Cruz et al., 1994 1) Estudo epidemiológico
Esterilização 2) Heller & Jeanmonod, 2000 2) Revisão
3) Alvin et al., 2002 3) Ensaio teórico
Sexualidade / Abuso sexual 1) Tharinger et al., 1990 1) Ensaio teórico
2) Adams et al., 1995 2) Estudo epidemiológico
3) Strickler, 2001 3) Ensaio teórico
4) Balogh et al., 2002 4) Estudo epidemiológico
5) Groce, 2003 5) Ensaio teórico
Repercussões familiares 1) Aramayo, 1993 1) Estudo epidemiológico
e psicossociais (adaptação, 2) Rimmerman & Duvdevani, 1996 2) Estudo epidemiológico
relação pais/filhos, 3) Hannah & Midlarsky, 1999 3) Estudo epidemiológico
autonomia, discriminação) 4) Bramston & Fogart, 2000 4) Estudo epidemiológico
5) Silva & Dessen, 2001 5) Ensaio teórico
6) Kennedy, 2001 6) Ensaio teórico
7) Blacher, 2001 7) Ensaio teórico392
Resultados e discussão
Adolescer com deficiência mental
e as implicações familiares
Existem diferentes definições para adolescência, mas todas contemplam o fato de que esta é uma etapa do processo de crescimento e desenvolvimento humano na qual ocorrem modificações rápidas e importantes nos corpos infantis, assim como no estilo de vida. Nesta fase
são estabelecidas novas relações e novos modos
de pensar e de se comportar, que serão responsáveis por redefinições de identidades e participação no mundo externo, assim como também
demarcam outras formas de inserção na famí-
lia (Mandú, 2001). É o início do caminho para
a autonomia da vida adulta.
Como, de um modo geral, o indivíduo com
deficiência mental apresenta mais dificuldade
em adquirir habilidades e competências que
propiciem uma maior autonomia, cabe indagar se a adolescência teria o mesmo significado
para eles. Rimmerman & Duvdevani (1996)
avaliam que os pais sofrem maior sobrecarga
física e emocional para cuidar do filho com deficiência mental, dado que passam a apresentar
uma demanda diferenciada.
A forma de a família reagir a esse estresse
pode ser um fator facilitador ou prejudicial ao
desenvolvimento do adolescente. A atitude da
família interfere no processo de inclusão e nas
defesas contra a discriminação, em um período crítico para o desenvolvimento e estrutura-
ção da personalidade. É dela grande parte da
responsabilidade em propiciar que o filho estabeleça relação com outras pessoas, integrando-se a grupos sociais diversos, uma vez que o
adolescente com deficiência, por suas limita-
ções e a depender do grau de comprometimento apresentam poucas habilidades e competências tendo dificuldade de se separar dos pais e
fazer amigos (Néri et al., 2003).
Glat & Freitas (2002) argumentam que alguns pais, por conta de uma relação de mútua
dependência, prejudicam o desenvolvimento
emocional dos filhos. Em outras famílias, a dor
ao reconhecer um filho com deficiência, pode
produzir um efeito agregador, fortalecendo os
laços familiares, contribuindo para um melhor
desenvolvimento da criança (Cavalcante, 2001).
A literatura pesquisada aponta que a presença de um filho com deficiência também pode, em algumas famílias, proporcionar um alto
nível de responsabilidade, competência e discernimento. Dentre os fatores que interferem na
forma desta reação, são destacados o nível socioeconômico das famílias e a presença de uma
rede familiar de apoio (Hannah & Midlarsky,
1999).
Hannah & Midlarsky (1999), em relação ao
impacto familiar diante de um filho com deficiência, observam que na dependência do nível
socioeconômico dos pais, as questões que os
preocupam podem ser distintas. Para algumas
famílias de classe média a deficiência mental
pode ser encarada como um fator que vai impedir a aquisição de conhecimento de seu filho,
e desta forma limitar sua ascensão social. Já para os das classes populares, mesmo que exista a
preocupação com o futuro, os empecilhos imediatos são os que mais os preocupam, pois dispõem de recursos limitados, que podem ser insuficientes às necessidades do filho.
Também se reconhece que o desenvolvimento do indivíduo está intimamente relacionado à adaptação de sua família diante da situação. E esta, com o apoio dos recursos disponíveis, imprime seus valores, crenças e metas
no processo de acomodação ao meio, de forma
a organizar sua rotina (Aramayo, 1993).
A literatura também aponta que o bem-estar dos pais tem sido pouco considerado, apesar de serem tão afetados quanto seus filhos no
processo de transição da infância à adolescência. E, se o sucesso desta passagem é influenciado por características individuais, tais como
idade, gênero, saúde física e mental, as influências do meio sócio-familiar e da cultura são tidos como especialmente relevantes (Blacher,
2001).
Há expectativa cultural que ao final da adolescência o indivíduo tenha definido sua identidade sexual, desenvolvido relações pessoais e
esteja no caminho para adquirir independência
financeira e social. Os autores do acervo refletem que de acordo com o grau de comprometimento do adolescente com deficiência mental, ele pode estar mais vulnerável e dependente que seus pares sem deficiência (Mckinlay et
al., 1996), acarretando frustrações a seus pais.
Ao tecer considerações sobre a autonomia
das pessoas com deficiência mental, os autores
consultados consideram que a educação desses
indivíduos deve se concentrar na busca de desenvolvimento de habilidades, e principalmente de competências, tais como saber realizar sua
higiene pessoal, fazer compras e circular sozinho, ao menos nos locais próximos de sua residência. Avaliam que desse modo poderá ser ad-393
quirida uma maior independência, favorecendo uma inserção melhor na sociedade e contribuindo de forma positiva na sua qualidade de
vida. Também se destaca a importância da inclusão na escola como um outro fator importante para o desenvolvimento social. Alguns
autores defendem que a socialização se dá de
modo mais eficaz quando os adolescentes com
deficiência mental são integrantes de um processo educacional normal, quando comparado
aos que freqüentam escola especial (Kennedy,
2001).
Outro tema debatido pela literatura é o preconceito e a discriminação a que são submetidos os adolescentes com deficiência mental. Na
sociedade ocidental, o indivíduo com qualquer
deficiência, sofre as conseqüências da discriminação, pois esta diferença é entendida como
sinal de inferioridade, de sobressair de forma
“negativa” na multidão. A diferença transforma-se em desigualdade, colocando-o em desvantagem em relação aos demais membros da
sociedade (Montanari, 1999). Silva & Dessen
(2001) chegam a afirmar que certos pais, evitando o confronto com o preconceito, acabam
por limitar as atividades socioculturais de seus
filhos com deficiência, dificultando ainda mais
o desenvolvimento deles.
Adolescente com deficiência mental
e a sexualidade
O desenvolvimento da sexualidade está vinculado ao desenvolvimento integral do indiví-
duo, sendo considerado um elemento constitutivo da personalidade. A sua manifestação transcende sua base biológica, estando predominantemente demarcada por valores socioculturais
(Basso, 1991). Esse desenvolvimento se inicia
na infância, mas é na adolescência que se operam mudanças físicas e psicossociais destinadas a dar à vida sexual infantil sua forma adulta (Gomes, 1996).
Como alguns autores observam, ocorreram
mudanças no comportamento sexual ocidental
nos últimos anos, incluindo novas representa-
ções e práticas sobre sexualidade (Heilborn &
Brandão, 1999; Loyola, 1999). Pode ser constatada uma maior aceitação à prática masturbatória e uma diminuição da valorização da virgindade, refletindo uma atitude mais libertária
nessa área (Parker, 1991). Mas, estas modifica-
ções não atingiram igualmente todas as camadas da população (Desser, 1993). As pessoas
com deficiência mental fazem parte do grupo
que não se beneficiou com as mudanças na área
da sexualidade. Muito freqüentemente, aspectos relacionados ao desabrochar da sexualidade
dos adolescentes com deficiência mental trazem preocupações aos pais e à sociedade, de
um modo geral, traduzida por atitudes repressoras e discriminatórias, que impedem um desenvolvimento mais pleno do indivíduo.
Para Giami (2000), há um imaginário social que constrói a sexualidade da pessoa com
deficiência mental a partir de um conjunto de
representações relativas à monstruosidade e à
anormalidade, ficando a cargo das famílias e
dos profissionais da educação o controle de sua
manifestação. Esse sistema de representações
conduz a sexualidade das pessoas com defici-
ência ao estado de natureza, no qual sua sexualidade aparece difícil de ser educada e controlada. Havendo a possibilidade deste descontrole,
iriam inevitavelmente exercer práticas sexuais
consideradas socialmente inadequadas. O autor reflete que estes preconceitos podem estar
ocorrendo como conseqüência do desconhecimento de questões que dizem respeito aos aspectos do desenvolvimento desse grupo da população.
Pela apreciação das publicações pesquisadas sobre a sexualidade do indivíduo com deficiência mental, a partir da década de 1990, fica
evidente que os preconceitos ainda estão presentes e de forma muito intensa. Essas apontam, principalmente, as preocupações dos pais
quanto às manifestações sexuais de seus filhos,
a utilização de métodos contraceptivos e o temor quanto ao abuso sexual.
A literatura do acervo analisa que muitos
pais e educadores, assim como outros setores
da sociedade, negam a sexualidade dos adolescentes com deficiência mental. Muitos pais os
consideram, pela sua inocência sexual, eternas
crianças. Mas, existem outros que enfatizam um
comportamento de exacerbação da sexualidade, que necessitaria de um controle por parte
de seus responsáveis (Giami, 2000). Não existe
um reconhecimento dos direitos da manifesta-
ção da sexualidade das pessoas com deficiência
mental, sendo lhes dadas poucas possibilidades
de compreender as emoções despertadas por
ela, e conseqüentemente, dificultando a exploração da sua curiosidade sexual (Tharinger et
al., 1990).
Como se depreende, as pessoas com deficiência mental não são respeitadas nos seus direitos fundamentais, encontrando-se aí, os direitos sexuais. A adolescência é uma época pri-394
vilegiada para se iniciar o movimento de garantia desses direitos. Nesta etapa do desenvolvimento é importante a inserção em atividades
que promovam maiores habilidades e competências, que resultarão na formação de indiví-
duos mais autônomos, com maior responsabilidade e possibilidades de escolhas, contribuindo para que o exercício da sexualidade se dê de
forma mais satisfatória e protegida.
O exercício da sexualidade do
adolescente com deficiência mental
As modificações físicas próprias da puberdade acontecem naturalmente para a maioria
das pessoas com deficiência mental. Paralelo a
este desenvolvimento são observadas mudan-
ças psicossociais, nas quais se detectam altera-
ções no comportamento do adolescente, tanto
na família como nas relações sociais. Considera-se que este conjunto de mudanças seja responsável pelo despertar da sexualidade, não
existindo evidências na literatura consultada,
de que à deficiência intelectual corresponda um
déficit sexual (Reeve, 2001).
Os adolescentes percebem a possibilidade
de erotização e da obtenção de prazer pelo sexo. Mas, como observado no acervo pesquisado, alguns adolescentes com deficiência mental
não sabem bem como lidar com estas novas sensações, podendo ser difícil o controle de seus
impulsos sexuais. Assim como os adolescentes
sem deficiência, muitas vezes eles descobrem a
satisfação que a área genital pode lhes oferecer,
através da masturbação. Entretanto, não raro,
esta é uma prática observada pelos adolescentes
com deficiência sem que busquem a privacidade, o que pode gerar um grande desgaste emocional para a família. No entanto, na dependência do seu nível de comprometimento mental e, principalmente, de acordo com as orientações recebidas pelos familiares, muitos adolescentes apresentam a capacidade de exercer
esta prática reservadamente (Waldman et al.,
1999).
Alguns autores do acervo, como Waldman
et al. (1999), evidenciaram que ao serem flagrados em situações consideradas socialmente inadequadas, tais como a masturbação, eles são severamente repreendidos. Esta conduta foi também observada por Ribeiro & Nepomuceno
(1992) quando estudaram o comportamento
dos educadores e funcionários de uma institui-
ção para adolescentes com deficiência, diante
de situações envolvendo o exercício da sexualidade. Esses pesquisadores detectaram que os
adolescentes institucionalizados são submetidos a padrões comportamentais que consideram rígidos e moralistas, que em nada contribui para a descoberta da sexualidade, mas sim
incutindo sentimentos de culpa e vergonha.
Entrevistando pessoas que trabalham em servi-
ços para adolescentes e jovens com deficiência
mental, McConkey & Ryan (2001) constataram
que esses profissionais não receberam treinamento para lidar com as questões de sexualidade que surgiam, sendo as suas condutas ditadas
por iniciativa própria, com a possibilidade de
conseqüências inadequadas aos indivíduos.
O onanismo exacerbado no indivíduo com
deficiência mental, uma observação freqüente
de pais e educadores, pode ser uma forma de
chamar a atenção sobre si, ou simplesmente um
modo de compensar uma existência insatisfatória ou mesmo expressar a dificuldade que alguns pais podem ter de dar limites aos filhos
(Glat & Freitas, 2002). E, a literatura demonstra que ao invés de enfrentar a situação, os pais
geralmente preferem ignorar o assunto, seja
pela dificuldade de lidar com o tema ou por
acreditarem que falar sobre sexualidade pode
estimular ainda mais as manifestações sexuais
de seus filhos (Konstantareas & Lunsky, 1997).
Por outro lado, para alguns pais, o despertar do exercício da sexualidade pode funcionar
como uma metáfora de saúde e de avanço, em
oposição à deficiência (Cardoso, 2000). Se o filho apresenta ejaculação, se a filha já tem menstruação ou se demonstram algum interesse sexual, eles avaliam que este comportamento está
mais próximo dos demais adolescentes, e, portanto, seus filhos possuem uma maior identidade com os jovens considerados normais.
Em relação à atividade sexual, um estudo
do acervo observou que alguns pais acreditavam que os filhos adolescentes não somente seriam capazes de manter um relacionamento sexual com responsabilidade, como eles também
demonstravam grande interesse nesta questão
(McKinlay et al., 1996). Existem avaliações discordantes, nas quais os pais não reconhecem
nos filhos nenhuma curiosidade sobre o assunto. Como já assinalado, eles os comparam a um
“anjo” pela sua inocência, avaliando que as suas
relações são afetivas, com ausência de manifestações eróticas (Giami, 2000).
Os adolescentes com deficiência mental assistem no cotidiano a situações que apresentam
a manifestação da sexualidade de forma explícita, propiciando a sua identificação com os ado-395
lescentes sem deficiência. Suas expectativas recebem influência destas experiências, só que a
oportunidade de desempenhá-la não é considerada pela sociedade, pois muitos pais têm a
preocupação de que seus filhos não sejam capazes de controlar seu comportamento, e que
então possam ser explorados sexualmente.
Abuso sexual, contracepção
e esterilização: debate polêmico
Os dados da literatura apontam que são
poucos os adolescentes com deficiência mental
que se envolvem espontaneamente em uma relação sexual, apesar do receio dos pais. Portanto, se a atividade sexual envolver outra pessoa,
é importante ficar atento quanto à possibilidade de abuso sexual (Tharinger et al., 1990).
Alvin et al. (2002) acreditam que eles são particularmente vulneráveis ao abuso sexual por
existir uma fronteira muito tênue entre afetividade, sensualidade e sexualidade. Já para Groce
(2003), esta maior vulnerabilidade ao abuso e
também ao HIV/Aids estaria parcialmente relacionada ao fato de que as pessoas com deficiência mental dificilmente conseguem manter
uma relação estável, por causa das sanções sociais, favorecendo o envolvimento com um nú-
mero maior de parceiros eventuais. Essa situa-
ção provavelmente estaria restrita aos adolescentes mais velhos e aos adultos que apresentem um nível de autonomia que propicie a busca de parceiros sexuais. O autor também lamenta a ausência de programas abrangentes de educação sexual, assim como de campanhas para
prevenção de HIV/Aids que atinjam às pessoas
com deficiência.
Apesar da inegável vulnerabilidade destes
adolescentes, principalmente nos que apresentam um nível maior de comprometimento, não
existem dados que sustentem a proposição de
que o abuso sexual seja mais provável de ocorrer entre pessoas com deficiência (Balogh et al.,
2001). Questiona-se se a inexistência de dados
não seria conseqüência da ausência de detec-
ção e denúncia do abuso porque, muito freqüentemente, os agressores estão entre seus familiares e cuidadores (Rimmerman & Duvdevani, 1996; McKinlay et al., 1996; Waldman et
al., 1999). Em uma contribuição ao entendimento desta questão, Strickler (2001) assinala
que esta maior suscetibilidade pode ser devido
ao fato de que as pessoas com deficiência mental são condicionadas a acreditar que não têm
controle algum sobre o que acontece e que, portanto, não têm possibilidades de escolhas na sua
vida. Outros autores defendem que em adolescentes com deficiência que apresentam distúrbios importantes de conduta, este maior risco
pode estar associado a comportamentos sexuais
considerados socialmente inadequados, como,
por exemplo, o flerte sem censura e a masturbação repetitiva e pública (Adams et al., 1995).
A maior dependência de terceiros pode ser um
fator que se relacione, principalmente, ao abuso sexual de pessoas com maior comprometimento.
Diante da possibilidade do ato sexual, seja
ele com consentimento ou conseqüente à violência, surge a discussão sobre os métodos contraceptivos para as adolescentes, inclusive com
a utilização da esterilização definitiva. Dupras
(2000) argumenta que a escolha pela laqueadura de trompas pode ser uma atitude também de
natureza política, se remetendo aos princípios
morais e de escolhas eugênicas da sociedade.
Alguns artigos do período estudado revelam que a laqueadura de trompas é um método
controverso e problemático em mulheres com
deficiência mental, pois ele pressupõe para a
sua realização o consentimento livre e esclarecido, difícil de ser obtido nesta situação (Heller
& Jeanmonod, 2000). Mas, Cruz et al. (1994) relatam experiências consideradas por eles bemsucedidas quanto à esterilização definitiva em
adolescentes mulheres, com a inexistência de
complicações decorrentes, seja da própria cirurgia ou por distúrbios hormonais. Os autores
justificam sua ação como uma forma de evitar
a gravidez decorrente do abuso sexual, além de
diminuir a população susceptível ao abuso sexual, pois consideram que os filhos dessas adolescentes estariam mais predispostos a ter problemas de ordem física e mental. Contudo, eles
não refletem sobre os aspectos psíquicos ou éticos envolvidos nesta questão, defendendo que
só necessitariam do consentimento dos pais ou
dos responsáveis legais para a realização da laqueadura.
No nosso país este debate ainda é incipiente, restringindo-se a alguns fóruns isolados. Deve ser assinalado que pela legislação brasileira,
somente sob determinadas condições a esterilização pode ser realizada, não estando prevista
a autorização para laqueadura tubária em adolescentes com deficiência mental.396
Considerações finais
A escassez dos trabalhos sobre a sexualidade
das pessoas com deficiência mental, apesar da
importância deste debate, nos permite questionar se este fato não se deve ao tema ser ainda
revestido de preconceitos pela sociedade. Mostra também a necessidade de novas pesquisas,
que possam subsidiar uma discussão mais ampla e consistente.
Mas, pode-se considerar que já houve algum avanço na discussão, como fica evidenciado nas críticas da maioria dos autores do acervo a atitudes mais conservadoras da sociedade.
Alguns dados empíricos apresentados apontam
para a possibilidade de mudanças, sendo cada
vez mais valorizada a fala da pessoa com deficiência mental, mesmo diante da dificuldade
encontrada para a coleta de informações.
Como os artigos pesquisados demonstram,
a construção da sexualidade do adolescente com
deficiência mental se dá de diferentes formas
pelos familiares, pois assim como alguns pais
os julgam inocentes sexualmente, outros acham
que eles têm a sexualidade exacerbada. Estas
diferenças talvez se associem a variações de idade e gênero, à saúde física ou mental além das
influências dos valores e representações socioculturais.
Predomina nos artigos estudados a observação de que existe um silêncio sobre a sexualidade dos indivíduos com deficiência mental,
seja dentro da família ou com outros adultos
com quem convivem. Outro tema de destaque
é em relação aos comportamentos considerados socialmente inadequados e o abuso sexual
Como revela a literatura, um grande número de adolescentes com deficiência mental apresenta um comprometimento intelectual que
não impede a participação na discussão sobre
sexualidade, se esta se der sem subterfúgios, de
forma explícita.
Desta forma, torna-se um desafio modificar a visão sobre os projetos do exercício da sexualidade dos que têm deficiência mental, geralmente abordados pela sociedade a partir de
uma visão negativa e pessimista. É preciso valorizar os aspectos positivos e otimistas decorrentes da prática sexual destes adolescentes, em
detrimento dos preconceitos relativos ao exercício de sua sexualidade, contribuindo para enriquecer sua existência.
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Artigo apresentado em 25/10/2004
Aprovado em 23/02/2005
Versão final apresentada em 11/03/2005
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