segunda-feira, 30 de setembro de 2013
ESCLEROSE MÚLTIPLA
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O QUE É ESCLEROSE MÚLTIPLA? 24/02/2006
Posted by Esclerose Múltipla in Esclerose Múltipla.
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A esclerose múltipla (EM) é uma doença inflamatória que não tem cura e extremamente invasiva. Atinge as fibras nervosas responsáveis pela transmissão de comandos do cérebro a várias partes do corpo, provocando um descontrole interno generalizado. Muitas vezes o termo esclerosado é usado para as pessoas que perdem a memória ou apresentam outras confusões mentais quando vão envelhecendo. Não tem nada a ver! A esclerose múltipla não tem nenhuma relação com as limitações que surgem com o envelhecimento. Trata-se de um problema comum em adultos jovens, na faixa de 20 a 40 anos. O maior pico é por volta dos 30 anos. Raramente pessoas na terceira idade desenvolvem a doença.
A esclerose múltipla não é um processo degenerativo contagioso e, na maioria dos casos, não é fatal. Apesar de não ser herdada, atinge pessoas geneticamente predispostas a doença e se manifesta de diferentes modos. Atualmente, há cerca de 35 mil brasileiros que sofrem deste mal. E, em geral, as mulheres são as mais atingidas (na proporção de duas mulheres para um homem).
O diagnóstico não é simples e pode levar alguns anos para ser feito corretamente, pois os sintomas se assemelham, em alguns casos, com outros tipos de doenças do sistema nervoso (devido aos sintomas iniciais, muitas vezes o paciente nem procura orientação médica). Entre os principais sintomas da doença estão alteração no controle de urina e fezes, comprometimento da memória, depressão, dificuldades de movimentos, fala e deglutição, dores articulares, dormências, fadiga intensa, mudanças de humor, paralisia total ou parcial de uma parte do corpo, perda da visão em um ou ambos os olhos, queimações, sensações de formigamento. tremores e tonturas. Segundo o neurologista Dagoberto Callegaro, “estes sinais podem levar horas ou dias para aparecer. Em média, a doença inicia com um surto por ano ou um a cada dez meses. Chamamos de surto um novo sintoma neurológico que provoca uma alteração sensitiva ou motora”.
A forma mais comum de esclerose múltipla é a recorrente-remitente (quando os surtos podem deixar seqüelas ou não). A primário-progressiva é a pior forma de esclerose, onde a evolução da doença é galopante. A rápida progressão pode causar paralisia dos membros, perda da visão ou demência se não for tratada a tempo.
A esclerose múltipla pode se manifestar de 4 formas:
Remitente-recorrente: é a manifestação clínica mais comum, caracterizada por surtos que duram dias ou semanas e, em seguida, desaparecem.
Progressiva-primária: apresenta uma progressão de sintomas e comprometimentos (seqüelas) desde o seu aparecimento.
Progressiva-secundária: pacientes que evoluíram da forma remitente-recorrente e vão piorando lenta e progressivamente.
Progressiva-recorrente: do tipo progressiva com surtos. Desde o início da doença, mostra a progressão clara das incapacidades geradas a cada crise.
A ciência ainda não descobriu a causa da doença nem sua cura (atribui-se à doença a uma reação auto-imune do organismo, que em algum momento e por algum motivo, começa a atacar o Sistema Nervoso Central). Acredita-se que o motivo mais provável seja um vírus não identificado até o momento.
Entendendo melhor o desenvolvimento da esclerose múltipla
Ainda não se sabe o porquê do ataque ao Sistema Nervoso Central, que é dirigido à mielina – uma substância gordurosa que cobre as fibras nervosas do cérebro e facilita a comunicação entre as células. Esse ataque acontece silenciosamente e recebe o nome de desmielinização (o processo de destruição das camadas da mielina). Uma vez que as camadas da mielina vão sendo destruídas, as mensagens que saem do cérebro são atrasadas ou bloqueadas de vez, alterando, assim, o funcionamento da região que esperava um comando de ordem. Onde quer que a camada protetora seja destruída, forma-se um tecido parecido com uma cicatriz. Daí o nome esclerose. E é múltipla, pois atinge várias áreas do cérebro e da medula espinhal . A gravidade de cada caso está relacionada com a área afetada. Se atinge a medula, o paciente geralmente manifesta fraqueza, dormência ou paralisia dos braços e pernas. Não se tem como avaliar o desgaste da mielina; por isso, o diagnóstico é basicamente clínico, baseado nas queixas dos pacientes, em seu histórico médico, na avaliação dos sintomas e na existência de sinais neurológicos (através de testes para avaliação de coordenação, reflexos e sensibilidades). Exames como ressonância magnética, avaliação do líquido da medula espinhal (líquor) e potencial evocado também são fundamentais neste momento.
A atenção da família e de pessoas próximas é essencial ao doente. Como o indivíduo perde a capacidade de fazer coisas simples, o apoio familiar ajuda a manter sua vida quase normal e sua saúde mental em melhor condição.
É importante controlar o estresse físico e emocional.
Sessões de fisioterapia auxiliam no tratamento.
Procurar reduzir o excesso de peso e praticar algum tipo de atividade física (caminhada, hidroginástica, por exemplo).
A luz no fim do túnel
Atualmente não existe a cura para a doença. Entretanto, como vimos, as pesquisas não param. Existem avanços na área e novos medicamentos que possam, pelo menos, tornar os efeitos da esclerose múltipla menos agressivos. É o caso dos remédios chamados imunomoduladores e imunosupressores (capazes de aliviar ou reduzir os sintomas da esclerose).
O acompanhamento terapêutico também é fundamental ao paciente de esclerose múltipla, cuidar da mente é tão importante quanto tomar a medicação correta. O neurologista Cícero Galli Coimbra afirma que, “O sistema imunológico é ativado toda vez que enfrentamos uma situação de estresse grave. Avisado de que algo está errado em nosso organismo, ele começa a vasculhá-lo na tentativa de identificar ‘invasores’ como vírus e bactérias. Por fim, acaba atacando a bainha de mielina que envolve os neurônios. Com a estabilidade emocional, 85% dos surtos podem ser reduzidos. Psicoterapia e terapia ocupacional são indicadas para organizar os pensamentos e as atividades”.
Não há como prevenir a esclerose múltipla. Nem se pode afirmar quem ou não é propenso à doença. A recomendação é manter uma dieta equilibrada. E para aqueles que já foram atingidos pelo mal, uma dieta adequada é recomendada.
As fibras presentes em cereais integrais e leguminosas ajudam a fazer a digestão.
Dietas de baixo teor de gorduras saturadas (presente em produtos de origem animal) e ricas em ômega 3 podem retardar a evolução da doença (baseado em estudos realizados).
Evite ingerir alimentos duros, pois são difíceis de digerir e podem provocar engasgos.
Refeições pastosas ou líquidas (purês e/ou sopas) são as mais recomendadas.
Fontes: “Revista Viva saúde” e “Guia da Vida Saudável” e “Alimentação e Saúde de A a Z”
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domingo, 29 de setembro de 2013
DISTROFIA MUSCULAR
ANÁLISE ENTRE A CINESIOTERAPIA E HIDROTERAPIA NA
DISTROFIA MUSCULAR DE DUCHENNE: REVISÃO DE
LITERATURA
RESUMO
Introdução: A Distrofia Muscular de Duchenne (DMD) é uma miopatia progressiva, com
herança progressiva ligada ao cromossomo X, afetando, clinicamente o sexo masculino
e assintomaticamente o sexo feminino. O gene afetado codifica a proteína distrofina que
tem a função de garantir a integridade da membrana muscular. A ausência da distrofina
leva a necrose da fibra muscular. A principal característica clínica é a perda progressiva
de força muscular com sinalização de cansaço e fadiga muscular frente a uma atividade
de esforço. Os primeiros sinais aparecem por volta dos 3 a 5 anos, sendo que em média
aos 12 anos perdem a marcha e ao final da segunda década de vida vão a óbito. Não há
cura para essa miopatia, porém o tratamento deve ser multidisciplinar. A fisioterapia é
indispensável no tratamento, podendo utilizar de vários métodos como cinesioterapia e
hidroterapia. Metodologia: Revisão de literatura através da análise de estudos publicados de 1995 a 2011. Objetivo: Analisar os tratamentos de cinesioterapia e hidroterapia
nos pacientes com DMD. Conclusão: Acredita-se que tanto a cinesioterapia quanto a
hidroterapia trazem benefícios a esses pacientes, não provocando progressão da doen-
ça, porém o presente estudo sugere que mais pesquisas devem ser realizadas, verificando qual a melhor opção de tratamento na DMD.
Palavras-chave: distrofia muscular de duchenne; cinesioterapia; hidroterapia.
ANALYSIS BETWEEN THE HYDROTHERAPY AND KINESIOTHERAPY IN DUCHENNE MUSCULAR DYSTROPHY: LITERATURE
REVIEW
ABSTRACT
Introduction: Duchenne Muscular Dystrophy (DMD) is a progressive myopathy with
progressive inheritance linked to the X chromosome, affecting the males clinically and
the females asymptomatically. The affected gene encodes the dystrophin protein whose
function is to ensure the integrity of the muscle membrane. The absence of dystrophin
leads to a muscle fiber necrosis. The main clinical feature is the progressive loss of
muscular strength with signs of tiredness and muscular fatigue in the face of an activity
effort. The first signs appear at about 3-5 years, with an average of 12 years to lose the
march and at the end of the second decade of life they die. There is no cure for this
myopathy, but treatment must be multidisciplinary. Physical therapy is essential in the
treatment and various methods may be used, such as hydrotherapy and kinesiotherapy.
Methodology: Literature review using the analysis of studies published from 1995 to
2011. Objective: To analyze the treatment of exercise and hydrotherapy in patients with
DMD. Conclusion: It is belived that both kinesiotherapy as hydrotherapy brings benefits
to these patients, causing no disease progression, but this study suggests that more
researches should be conducted, checking what is the best treatment option in DMD.
Keywords: Duchenne Muscular Dystrophy; kinesiotherapy; hydrotherapy.
ANALISIS ENTRE LA HIDROTERAPIA Y CINESITERAPIA EN LA
DISTROFIA MUSCULAR DE DUCHENNE: REVISIÓN DE LA LITERATURA
RESUMEN
Introducción: La distrofia muscular de Duchenne (DMD) es una miopatía progresiva con
la herencia progresiva ligada al cromosoma X, que afecta a los varones y las hembras
clínicamente asintomática. El gen afectado codifica la proteína distrofina, cuya función
es garantizar la integridad de la membrana muscular. La ausencia de distrofina conduce
a una necrosis de la fibra muscular. La característica clínica principal es la pérdida
progresiva de la fuerza muscular con signos de cansancio y la fatiga muscular en la cara
de un esfuerzo actividad. Los primeros síntomas aparecen en alrededor de 3-5 años,
con un promedio de 12 años para bajar la marcha y al final de la segunda década de la
vida de su muerte. No existe cura para esta miopatía, pero el tratamiento debe ser
multidisciplinario. La terapia física es esencial en el tratamiento y varios métodos puede
ser utilizado, tales como la hidroterapia y cinesiterapia. Metodología: Revisión de la
literatura mediante el análisis de los estudios publicados entre 1995 y 2011. Objetivo:
Analizar el tratamiento de ejercicios e hidroterapia en pacientes con DMD. Conclusión:
Se belived que tanto cinesiterapia como la hidroterapia trae beneficios para estos pacientes, lo que sin progresión de la enfermedad, pero este estudio sugiere que más investigaciones deben llevarse a cabo, comprobar cuál es la mejor opción de tratamiento en
DMD.
Palabras clave: Distrofia muscular de Duchenne, cinesiterapia, hidroterapia.
Revista UNILUS Ensino e Pesquisa
v. 10, n. 20, jul./set. 2013
ISSN (impresso): 1807-8850
ISSN (eletrônico): 2318-2083
UNILUS
Centro Universitário Lusíada
Rua Armando Salles de Oliveira, 150
Boqueirão – Santos/SP – Brasil
11050-071
(13) 3202-4500
Michelli Rodrighero Monteiro
Fisioterapeuta especialista em Neuropediatria pela UFSCAR
Priscila Lanzillotta
Mestre em Clinica Médica e Docente do
Centro Universitário LusíadaMONTEIRO, M. R.; LANZILLOTTA, P. Análise entre a cinesioterapia e hidroterapia na Distrofia Muscular de Duchenne: revisão de literatura. Revista UNILUS Ensino e Pesquisa, v. 10, n. 20, jul./set. 2013, ISSN (impresso):
1807-8850, ISSN (eletrônico): 2318-2083
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INTRODUÇÃO
A Distrofia muscular de Duchenne (DMD) é uma miopatia progressiva, que possui
herança progressiva ligada ao cromossomo X, afetando, clinicamente o sexo masculino e
assintomaticamente o sexo feminino (SANTOS et al., 2006; MARIANO; SEVILHA; SOUTO,
2009).
O gene afetado localiza-se no braço curto do cromossomo X, na região Xp21, o
qual codifica a proteína distrofina, localizada no sarcolema das fibras musculares, e tem a
função de garantir a integridade da membrana muscular. A ausência da distrofina leva a
necrose da fibra muscular em músculos lisos, esqueléticos, cardíacos e em alguns neurô-
nios cerebrais (SANTOS et al., 2006; MARIANO; SEVILHA; SOUTO, 2009).
O quadro clínico dessa patologia ocorre pela perda progressiva e irreversível da
musculatura, morte celular e substituição de células musculares por tecido conjuntivo e
adiposo. Frente a isso, as manifestações clínicas estão presentes desde o nascimento,
porém se evidenciam entre os 3 e 5 anos de idade. A principal característica clínica é a
perda progressiva de força muscular, iniciando pelas musculaturas proximais e músculos
flexores do pescoço. Devido a isso, esses pacientes apresentam cansaço e fadiga muscular frente a uma atividade de esforço, desenvolvem também uma pseudo hipertrofia de
tríceps sural e alteração de marcha, assim como dificuldades de subir e descer escadas
(GEVAERD et al., 2010; COROMANO; TANAKA; JOÃO et al., 2010).
A fraqueza muscular de cintura pélvica e paravertebrais promovem, nesses pacientes, báscula alternada de quadril e desenvolvimento de hiperlordose lombar, além da
marcha em plantiflexão pelas contraturas e retrações tendíneas (GEVAERD et al., 2010;
COROMANO et al., 2010).
Na realização da troca postural de decúbito ventral para bipedestação, os pacientes desenvolvem uma escalada sobre si mesmos (Manobra de Gowers). Por volta dos 12
anos perde a capacidade de deambulação, ficando restritos à cadeira de rodas. Em está-
gios mais avançados da doença, há presença de deformidades da coluna vertebral que
concomitante à fraqueza muscular respiratória levam a um prognóstico ruim, havendo
óbito por volta do final da segunda década de vida (FREZA; Da SILVA; FAGUNDES, 2005;
PENA; ROSOLÉM; ALPINO, 2008).
Apesar do amplo conhecimento dessa patologia, ainda sem cura, o tratamento
objetiva reduzir as incapacidades, prevenir as complicações, prolongar a mobilidade e
promover qualidade de vida, e para isso a abordagem multidisciplinar é necessária (SANTOS et al., 2006; MARIANO; SEVILHA; SOUTO, 2009).
A fisioterapia na DMD consiste em evitar contraturas, manter força muscular, evitar a atrofia por desuso, manter função respiratória, favorecer habilidades funcionais e
evitar a incapacidade e dor, sendo possível por meio de fisioterapia motora, respiratória
e hidroterapia (PENA; ROSOLÉM; ALPINO, 2008).
A hidroterapia é um recurso que vem crescendo no Brasil e começa a ser aceito
como opção de tratamento para as Distrofias Musculares Progressivas. Devido às propriedades físicas da água, a movimentação voluntária e adoção de diversas posturas, que
podem ser facilitadas, e os exercícios de alongamento muscular, que podem ser realizados, proporcionam alívio da dor e melhoram a funcionalidade, além de facilitar os exercí-
cios respiratórios, o treino de marcha e, principalmente, as atividades recreacionais (FACHARDO; CARVALHO; VITORINO, 2008).
A água proporciona o potencial de exercício por estimulação sensitiva, visual e
auditiva; e também por meio dos receptores da pele, devido aos efeitos da turbulência,
do calor e da pressão hidrostática. A terapia na água também auxilia no controle de equilíbrio, no controle rotacional e no trabalho respiratório. Os efeitos adquiridos são tanto
físicos quanto psicológicos. Para as crianças, a atividade na água constitui um meio de
ampliar experiências (CUNHA et al., 2000).MONTEIRO, M. R.; LANZILLOTTA, P. Análise entre a cinesioterapia e hidroterapia na Distrofia Muscular de Duchenne: revisão de literatura. Revista UNILUS Ensino e Pesquisa, v. 10, n. 20, jul./set. 2013, ISSN (impresso):
1807-8850, ISSN (eletrônico): 2318-2083
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Acredita-se que atividades físicas que requerem força muscular máxima contra a
ação da gravidade, de forma repetitiva, assim como a inatividade podem prejudicar crianças portadoras de DMD. Uma opção razoável seria a realização de atividade física moderada em meio aquático. A água aquecida promove a facilitação dos movimentos pelo
efeito do empuxo e alívio de dores pelo calor, além de fornecer um ambiente favorável
para atividades infantis (CAROMANO et al., 1998).
A cinesioterapia consta em realizar alongamento e fortalecimento muscular através da manutenção de posturas (contração isométrica) sem carga, com o objetivo de
manter a flexibilidade, melhorar coordenação e equilíbrio, força muscular e prevenir encurtamento e contraturas (MARQUES; COSTA; CRUZ, 2003).
Conhecendo o quadro clínico, a evolução da DMD e os tratamentos de hidroterapia
e cinesioterapia para esses pacientes, esse estudo tem como objetivo analisar através de
revisão de literatura, os tratamentos acima citados.
METODOLOGIA
Para a realização da presente pesquisa, foram pesquisados estudos que verificaram o efeito do exercício nos pacientes com doenças neuromusculares, particularmente
Distrofia Muscular de Duchenne. As seguintes bases de dados foram acessadas: Web of
Science,Medline, Pub Med, Lilacs, e Scielo, utilizando as palavras chaves Distrofia muscular de Duchenne, Treinamento Muscular, Cinesioterapia, Hidroterapia, Treinamento aquá-
tico, Doença Neuromuscular, Duchenne muscular disthophy, Muscle training, Aquatic training, Kinesiotharapy, Hidrotherapy e neuromuscular disease.
Os critérios de exclusão foram artigos relacionados a outras doenças neuromusculares, foco para treinamento muscular respiratório e artigos publicados nos anos anteriores a 1995.
Foram incluídos trabalhos que discutem a reabilitação física apenas pelos métodos
de hidroterapia ou cinesioterapia nos pacientes com Distrofia Muscular de Duchenne,
publicados entre o ano 1995 e 2011.
Participaram desse estudo de revisão 14 artigos, sendo 8 com abordagem em cinesioterapia, e 6 com abordagem e hidroterapia.
REVISÃO DE LITERATURA
Há tempos atrás o tratamento físico na Distrofia Muscular de Duchenne visava
apenas preservar e estimular a mobilidade através da prevenção de contraturas, inatividade e repouso no leito, ginástica corretiva e natação. Hoje, sabe-se que a fisioterapia é
baseada em objetivos, os quais visam proporcionar à criança equilíbrio e coordenação,
retardar enfraquecimento muscular, corrigir alinhamento postural, evitar a fadiga muscular e adquirir domínio sobre movimentos possíveis. Para que isso seja possível, são propostos pela cinesioterapia para esses pacientes, exercícios isométricos ativos livres, usando da gravidade e peso corporal como resistência; ampla variação de amplitudes de
movimentos e alongamentos (FREZZA; Da SILVA; FAGUNDES, 2005).
De acordo com Pereira e Ferreira, 2008, através de revisão de literatura para verificar como a fisioterapia pode intervir no retardo da marcha, relataram que além da progressão do quadro clínico, há alterações musculotendíneas como retração e deformidades
devido ao imobilismo em pacientes com DMD e frente a isso abordou que há necessidade
de se empregar alongamentos e exercícios de fortalecimento de forma global, porém,
sabendo das restrições do exercício resistido, refere que o melhor exercício é o isométrico, o qual não é feito trabalho mecânico (força x distância),mas uma quantidade mensurável de tensão e força é produzida pelo músculo, havendo discreta mudança no comprimento do músculo, e os riscos para que haja ruptura de fibras e consideravelmente me-MONTEIRO, M. R.; LANZILLOTTA, P. Análise entre a cinesioterapia e hidroterapia na Distrofia Muscular de Duchenne: revisão de literatura. Revista UNILUS Ensino e Pesquisa, v. 10, n. 20, jul./set. 2013, ISSN (impresso):
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nor. É de fundamental importância o trabalho para que haja reequilíbrio entre tronco e
membros inferiores e conseqüente melhora da marcha.
Em estudo com 10 meninos entre 6 e 12 anos, com distrofia muscular de duchenne, com o objetivo de tentar esclarecer os riscos e possibilidades de aplicação de cinesioterapia nesses pacientes, abordou-se sobre o questionamento se exercícios ativos seriam
capazes de melhorar ou produziriam degeneração. Foram excluídos os exercícios de resistência, alongamento de estruturas com contraturas e mobilização passiva, era prescrito órtese em caso de perda e marcha, assistência postural e prevenção de fadiga muscular, além de elaboração de exercícios domésticos com atividades físicas moderadas que
envolvessem lazer e ocupações. Nos resultados verificou-se que a eliminação da cinesioterapia em algumas crianças resultou em diminuição da fadiga muscular, melhora da
deambulação e do desempenho físico, isso devido a manutenção da musculatura amea-
çada estável. Porém, mesmo com esses resultados, o estudo concluiu que não se deve
impedir a equipe de intervenção, mas a cinesioterapia necessita de conhecimentos adicionais para a inclusão nesses pacientes (LEITÃO; DURO; PENQUE, 1995).
No artigo de revisão que verificou a implementação da equipe multidisciplinar no
diagnóstico e tratamento do paciente com distrofia muscular de duchenne, foi abordado
qual o tipo de exercício, intensidade e frequência são ideais para esses pacientes. Foi
relatado no estudo que muitas recomendações são feitas com base nos estudos e conhecimento da fisiopatologia, e que o exercício submáximo e a atividade aeróbia são as recomendadas por alguns médicos, em especial no início, assim como o excesso de exercí-
cio, treinamento de alta resistência e força são inadequados em todo ciclo dos portadores
de DMD. Para se evitar a atrofia por desuso e as complicações secundárias ao imobilismo
é importante que os pacientes com DMD em fase ambulatorial, realizem regularmente
fortalecimento funcional e atividades que incluam combinação entre solo e piscina, assim
como recreação, porém se houver dor muscular, 24 horas após a atividade, significa contração induzida por lesão, assim a atividade deve ser suspensa e modificada (BUSHBY et
al., 2010).
Ramaccioti e Nascimento em 2010, em estudo de caso realizado com uma criança
de 6 anos com diagnóstico de DMD, realizaram como intervenção terapêutica, alongamento passivo, aquecimento em esteira, mobilização articular, treino de equilíbrio e marcha, além de exercícios resistidos e ativos livres, por 10 sessões. Para obtenção dos resultados quantitativos, aplicou-se Es¬cala de Vignos modificada por Vignose da mensura¬ção da FM pelo Dinamômetro de preensão manual. O estudo abordou que o nível de
força muscular de preensão palmar não foi constatado pelo tempo reduzido na realização
da pesquisa, relatou ainda das dificuldades na realização do estudo, por ser pesquisa de
graduação, verba reduzida para exames laboratoriais, tema pouco abordado e população
limitada. Conclui-se que o exercício resistido pode aumentar a força nessa população,
mas deve haver periodização do programa de exercícios e respeito ao princípio da especificidade, devendo ser incentivadas pesquisas com maior abrangência dessa popula-
ção para se obter melhores resultados em relação ao tratamento.
Em 2001, ANSVED relatou, em sua revisão de literatura, que o uso da alta resistência em portadores de miopatias, como na DMD é altamente questionável e polêmico e
que os exercícios devem ser utilizados preferencialmente nos primeiros estágios da doença, pois ainda há uma quantidade substancial de fibras musculares treináveis. Abordou
ainda que nenhum tratamento eficaz foi encontrado para melhorar a força ou retardar a
progressão da fraqueza das distrofias musculares, isso porque esta área tem pouca aten-
ção científica, existindo poucos estudos sobre o tema, sendo muito debatido se o treinamento de resistência é benéfico ou prejudicial no paciente miopático, mas com raros estudos publicados até agora, e os estudos já publicados relatam que certas formas de
treinamento muscular podem ser benéficas para o paciente com DMD, especialmente se
realizadas na fase inicial da progressão, sugerindo-se, assim, utilizar treinamento de baixa resistência, e evitar treinamento muscular de alta residência e excêntrico, pois, estes
levam ao aumento de lesão muscular (ANSVED, 2001).MONTEIRO, M. R.; LANZILLOTTA, P. Análise entre a cinesioterapia e hidroterapia na Distrofia Muscular de Duchenne: revisão de literatura. Revista UNILUS Ensino e Pesquisa, v. 10, n. 20, jul./set. 2013, ISSN (impresso):
1807-8850, ISSN (eletrônico): 2318-2083
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Em um artigo de revisão, com o objetivo de melhor esclarecer sobre a DMD, e
como a fisioterapia através da cinesioterapia pode contribuir para retardar a evolução da
doença e proporcionar melhor qualidade de vida, foi relatado que a fisioterapia nesses
pacientes tem como objetivo permitir que a criança tenha domínio sobre seus movimentos, coordenação, equilíbrio, manter ou melhorar a amplitude de movimento, fortalecer
musculatura de cintura escapular e pélvica e adequar a postura. Para isso, utiliza-se de
alongamentos de forma lúdica, exercícios ativos livres em várias posturas dentro de toda
amplitude de movimento permitida, sendo que durante esse trabalho deve-se ter cuidado
com as compensações que a criança deve fazer, mantendo o alinhamento postural. Todas
as atividades podem ser associadas a atividades lúdicas, estimulando também o treino de
marcha. O tratamento fisioterapeutico para essas crianças deve ser modificado de acordo
com a evolução da doença, além de orientações aos pais sempre com o intuito de contribuir para a qualidade de vida desses pacientes (SILVA; Da COSTA; Da CRUZ, 2003).
Na revisão de literatura, que teve por objetivo reunir informações sobre efeitos
dos exercícios em indivíduos com doenças neuromusculares, foram analisados os principais estudos que investigaram os efeitos de programas de exercícios em indivíduos portadores de miopatia, através da busca em bases de dados na Internet por meio de “palavras-chave” e estabeleceu-se a relação entre DNM e exercício. O estudo mostrou que a
literatura analisada apresenta limitações metodológicas importantes que comprometem
sua credibilidade, porém sugere que o exercício traz benefícios, mas também existe a
possibilidade de agravar o quadro. As principais limitações metodológicas encontradas
nesse estudo foram amostra heterogênea ou de número pequeno; ausência de grupo
controle ou o membro contralateral com controle; medidas subjetivas; programas realizados sem supervisão; falta de avaliações funcionais e ausência de medidas específicas.
Nessa revisão, apenas dois artigos foram merecedores de destaque, sendo um realizado
com dois pacientes com DMD, o qual avaliou após programa de exercício concêntrico o
pico de torque isométrico dos extensores da coxa, havendo ganho de força muscular nas
primeiras duas semanas, mas ao final do estudo demonstrou regressão da força muscular. Nessa revisão, mesmo com limitações metodológicas, conclui-se que o exercício em
pacientes com doenças neuromusculares tem papel fundamental, porém o que se desconhece ainda é a dose a ser utilizada (TERINI et al., 2005).
Em relação a terapia aquática em pacientes com Distrofia Muscular e Duchenne,
esta vem ganhando progressivamente a adesão devido a maior possibilidade da realiza-
ção de atividades físicas muitas vezes em solo impossível (CUNHA et al., 2000).
Condutas fisioterapeuticas, iniciadas precocemente nos pacientes com DMD, podem retardar a evolução clínica e prevenir complicações secundárias, melhorando assim
a qualidade de vida. Dentre as condutas, encontra-se a hidroterapia. Em estudo com o
objetivo de relatar o caso de um menino de 11 anos com diagnóstico de DMD, foram realizadas 10 sessões de hidrocinesioterapia como intervenção terapêutica, ao final, relatouse melhora de motivação e bem estar do paciente, não havendo evolução do quadro clí-
nico (NUNES et al., 2008).
Em trabalho, que teve como objetivo verificar os efeitos fisiológicos da imersão
em água aquecida em pacientes com DMD, verificando Frequência Cardíada, Saturação
de Oxigênio, pressão inspiratória máxima, pressão expiratória máxima e temperatura
oral foi possível verificar reações significativas em relação às pressões inspiratórias e
expiratórias máximas, e discretas alterações nos valores de frequência cardíaca, temperatura oral e níveis de saturação de oxigênio, demonstrando assim que a hidroterapia
associada à atividade física de baixa a moderada intensidade não é uma sobrecarga física
para crianças portadoras de DMD. Nesse estudo foi verificado as variáveis descritas antes
da terapia, no momento da imersão e após a terapia, sendo as sessões de hidroterapia
compostas de exercícios ativos gerais, intercalados com deambulação e exercícios respiratórios, durando 40 minutos (CAROMANO et al., 1998).
Em um estudo de caso com um menino de 9 anos com DMD, com o objetivo de
verificar se a hidroterapia era capaz de retardar a progressão da doença, o garoto foi MONTEIRO, M. R.; LANZILLOTTA, P. Análise entre a cinesioterapia e hidroterapia na Distrofia Muscular de Duchenne: revisão de literatura. Revista UNILUS Ensino e Pesquisa, v. 10, n. 20, jul./set. 2013, ISSN (impresso):
1807-8850, ISSN (eletrônico): 2318-2083
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submetido a dois períodos de tratamento hidroterápico, com intervalo entre os mesmos.
Em cada período foram realizadas 21 sessões, 3 vezes por semana, com duração de 40
minutos e obedecendo a um protocolo específico. O paciente foi avaliado no início e no
término de cada período de tratamento através de um questionário elaborado pelas autoras, baseado no PediatricEvaluationofDisabilityInventory (PEDI) e Gross Motor FunctionMeasure (GMFM) e foi concluído que a hidroterapia é um recurso fisioterápico capaz de
retardar a progressão desta doença (FACHARDO; CARVALHO; VITORINO, 2008).
Um dos métodos de intervenção aquática é o Ai Chi, que foi criado com a combinação de conceitos de Tai-Chi e do Qigong,Shiatsu e Watsu. Utiliza-se a combinação de
respiração profunda com movimentos leves e amplos, proporcionando alongamento e
relaxamento progressivo. Visto isso em estudo com a utilização do método Ai Chi como
abordagem terapêutica em 3 pacientes portadores de doenças neuromusculares, puderam observar que esse método, recentemente desenvolvido, apresenta-se como uma
técnica promissora e aplicável a esses pacientes, visto a evolução clínica dos mesmos
CUNHA et al., 2000).
Vieira e Barbosa em 2007 com o objetivo de revisar os aspectos que envolvem o
tratamento fisioterapêutico da criança portadora de distrofia muscular com recomenda-
ções em relação à Fisioterapia Aquática, destacaram que a pressão hidrostática auxilia
no treinamento dos músculos respiratório, a água aquecida reduz a viscosidade dos tecidos conjuntivos componentes de ligamentos, cápsulas articulares e músculosesqueléticos aumentando a elasticidade, mantendo assim a ADM. Há também melhora da
força muscular, reeducação ou manutenção da postura corporal, através dos exercícios e
materiais específicos da terapia aquática. Além dos benefícios físicos, observou-se também a relação da água com o caráter lúdico, colaborando para o bem estar geral e disposição da criança. Sendo assim, a terapia aquática pode ser considerada como uma abordagem terapêutica superior a forma convencional, visto que todas as intervenções realizadas em solo são reprodutíveis no meio aquático com a vantagem de aumentar a adesão e aderência do tratamento nesses pacientes (VIEIRA; BARBOSA, 2007).
CONCLUSÃO
Sabe-se que a fisioterapia em pacientes com doenças neuromusculares é de grande valia, principalmente quando se relaciona com o caráter evolutivo da doença, em especial na Distrofia Muscular de Duchenne, na qual os pacientes perdem a marcha por
volta dos 12 anos. Mesmo com a suma importância da atuação fisioterapeutica na parte
física desses pacientes, poucos estudos foram encontrados, abordando a cinesioterapia
ou hidroterapia em foco apenas de reabilitação física, com poucas amostras, sendo os
analisados com metodologia ineficiente, estudos de caso ou revisão de literatura. Acredita-se que tanto a cinesioterapia quanto a hidroterapia trazem benefícios, não promovendo progressão da doença, desde que não haja resistência para o treino de força muscular
ou atividade de alta performance, preconizando exercícios em manutenção de posturas,
isometria, alongamentos e relaxamentos, realizados também em piscina aquecida.
O presente estudo sugere que haja mais estudos com metodologia bem aplicada,
maior número de crianças, método de avaliação validado, verificando qual a melhor op-
ção de tratamento nessa doença neuromuscular, proporcionando assim possibilidade no
retardo da progressão da doença e promovendo o bem estar e qualidade de vida dessas
crianças.
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sábado, 28 de setembro de 2013
SÍNDROME DE DOWN TRISSOMIA 21
SÍNDROME DE DOWN
* Karina Latorre Castro Damasceno
*Márcia Chaves Cunha
** Carla Streit
Resumo:
A síndrome de Down é uma aneuploidia¹ mais comum em nativivos com uma
incidência de aproximadamente 1 entre 700 indivíduos.
Este trabalho vai tratar sobre a síndrome de Down, uma doença cromossômica²
autossômica, baseado em estudos bibliográficos. Com o estudo, observou-se que existe uma alta
incidência de síndrome de Down, principalmente em mulheres gestantes acima de 35 anos. Com
enfoque na análise do mapeamento cromossômico, caracteriza-se a trissomia do 21 e,
posteriormente, as características fenotípicas do paciente portador desta aneuploidia.
O presente trabalho tem como objetivo explanar e caracterizar a síndrome de Down,
fornecendo subsídios para que biólogos e profissionais da área da saúde possam auxiliar no
diagnóstico da patologia, valendo-se de técnicas específicas de análise cromossômica e
biomolecular.
Palavra-chave: Síndrome de Down
________________________
*Acadêmicas do Curso de Biologia Universidade Luterana do Brasil Campus Guaíba.
** Carla Streit, mestre e doutora em ciências biológicas c/ ênfase em biologia molecular/bioquímica pela UFRGS.INTRODUÇÃO E REVISÃO DA LITERATURA
A trissomia do 21, também conhecida como Síndrome de Down, é uma anormalidade
cromossômica caracterizada por uma série de sinais e sintomas. Em 1959, o médico Lejeune e
colegas, além de vários outros grupos, confirmaram que a maioria dos pacientes com a
Síndrome de Down, Possui 47 cromossomos e que o membro extra é um cromossomo
acrocêntrico pequeno, desde então designado cromossomo 21.(THOMPSON,1993).
A síndrome de Down é uma alteração genética que ocorre na formação do feto mais
especificamente no período de divisão celular. A maioria dos casos de portadores da trissomia
do 21 é causada pela não–disjunção, resultando em um cromossomo extra. Os demais pacientes
possuem anormalidades cromossômicas que apresentam um número normal de cromossomo,
porém a alteração é do tipo translocação, e mosaicismo³, o qual, algumas células possuem o
cariótipo normal, contendo aberrações cromossômicas; no entanto este último tipo é raro com
ocorrência aproximada de 1 a 2%.(THOMPSON,1993).
Os pacientes possuem características dismórficas, produzindo um fenótipo distinto,
tais como hipotônia observada em recém-nascido, baixa estatura e braquicefalia com um
occipúcio achatado. O pescoço é curto, apresentando pele redundante na nuca. A ponte nasal é
plana, as orelhas são de implantação baixa e possuem uma aparência dobrada típica, os olhos
exibem manchas de Brushfield ao redor da margem da íris. A boca permanece aberta, muitas
vezes o paciente mostra a língua sulcada e saliente. As mãos são curtas e largas, freqüentemente
com uma única prega palmar transversa (“prega simiesca”) e os quintos dedos defletidos, ou
Clinodctilia. Os pés mostram um amplo espaço entre o primeiro e segundo dedos com um sulco
estendendo-se próximo à face plantar. Os dermatóglifos (padrões das cristas dérmicas) são
altamente típico. ( tabela 1).
1
1
Aneploidia: perda ou ganho de um ou poucos cromossomos
² cromossomo: material nuclear, condensado em uma série de organelas em forma de bastão
³mosaicismo: presença num individuo ou tecido de pelo menos duas linhagens celulares, que diferem genéticamente,
mas provem de um único zigoto A alta percentagem dos casos de trissomia do 21, nos quais o gameta anormal originouse durante a meiose I materna, sugere uma alteração relacionada à idade materna avançada. Uma
possibilidade óbvia é o modelo do “ovócito velho”, pois maior seriam as chances de os
cromossomos não segregarem corretamente. (FRASER,1991).
A idade materna é uma das causas; entretanto, estudos recentes, utilizando técnicas de
bandeamento, mostram que a idade paterna influencia a aneuploidia. A identificação do
cromossomo 21 pelas técnicas referidas demostrou que, em cerca de 1/3 das trissomias, a nãodisjunção ocorreu no pai e, a partir dos 55 anos sua freqüência aumenta com a idade paterna.
Os fatores extrínsecos como as radiações, drogas e vírus possuem particular importância
nas alterações estruturais, uma vez que eles induzem quebras cromossômicas ( OSÓRIO, 2002).
As características comuns da síndrome de Down são maiores que as diferenças raciais, o
aspecto facial é tão típico nos pacientes com trissomia do 21 que, tendem a ter feições mais
semelhantes com outros pacientes com a trissomia do 21 do que às de seus próprios irmãos.
(THOMPSON, 1993).
É possível diagnosticar a síndrome de Down antes do nascimento com a utilização de
exames pré-natais. As principais indicações para o diagnóstico pré-natal são: idade materna,
avançada (acima de 35 anos); histórias com a Síndrome de Down, famílias prévias; um dos pais
portador de translocação cromossômica envolvendo o cromossomo 21; malformações fetais
diagnosticadas pelo ultra-som e testes de triagem pré-natal alterados. Os métodos utilizados são:
Coleta de vilosidades coriônicas, Amniocentese, Cordoncetese e, atualmente, com os avanços da
Biologia Molecular, a utilização da técnica de DNA recombinante. O mapeamento genômico
humano, pode auxiliar preponderantemente no diagnóstico preciso de tal anomalia. O
diagnóstico pós-natal, com base em uma série de sinais e sintomas, pode ser confirmado,
posteriormente, pelo estudo cromossômico.
A alteração cromossômica atualmente é incurável, mas os tratamentos podem auxiliar
no manejo do paciente, levando em consideração os problemas orgânicos, como por exemplo, as
malformações cardíacas. O grau de deficiência mental, também com um adequado prognóstico,
possibilita o paciente, dependendo do grau de deficiência, usufruir de centros especializados
que trabalhem com os portadores desenvolvendo as habilidades que possuem. CARACTERÍSTICAS DE PACIENTES PORTADORES DE SÍNDROME DE DOWN
Tabela 1:
ÁREA SÍNDROME DE DOWN
Cariótipo 47,XX OU XY,+21
Sinonímia Trissomia do 21
Anomalia cromossômica
Aneuploidia: trissomia do cromossomo
21(regiãoq22), translocação e mosaicismo
Freqüência 2/1000 aumentando com a idade materna 35e
paterna 55 para 1/700
Distribuição sexual Igual para ambos os sexos
Expectativa de vida Reduzida; morte por doenças respiratórias ou
cardíacas; risco de morte por leucemia aguda
aumentado 20x.
Neurologia Retardo mental de grau variável; hipotônia.
Cabeça fáceis características
Occípucio e face achatados; fenda palpebral
obliqua, manchas de Brushfield na íris,
problemas oculares; ponte nasal baixa; língua
protusa e fissurada; hipoplasia maxilar, palato
ogival; anomalias dentárias; orelhas pequenas
dismórficas e de baixa implantação.
Pescoço Curto e grosso
Tronco Cardiopatias congênitas; ausência uni ou
bilateral da 12a costela; hérnia umbilical;
genitais externos pouco desenvolvidos; pelve
estreita, índice ilíaco menor do que as pessoas
normais.
Membros Curtos: mãos e dedos curtos e largos;
clinodactilia; linha simiesca
Estatura baixa
Risco teórico de ocorrência
Para trissomia livre: aumenta com as idades
materna e paterna; mulheres com
35anos:1/350; mulheres com mais de 45 anos:
1/25.
Fontes: Thompson & Thompson Genética Médica(1988) CONSIDERAÇÕES FINAIS
A ocorrência da síndrome de Down, apesar de comum, torna-se inesperada na reação das
famílias, de modo que, muitos integrantes não são capazes de aceitarem o diagnóstico. Alguns
pais verbalizam sua rejeição à criança, alguns rejeitam, embora façam uma grande exibição de
preocupação e aceitação (às vezes telefonando constantemente para o pediatra, cardiologista e
geneticista a cada espirro, resfolego e evacuação) e alguns parecem aceitar o bebê honesta e
abertamente, e torna refazer parte da família. A maioria dos pais e irmãos aceita o bebê com o
decorrer do tempo e desenvolve um amor e interesse genuínos.
O apoio e acompanhamento de uma equipe multidisciplinar são inquestionavelmente
necessários. A crise dos familiares é superada, na maioria dos casos, e o paciente com síndrome
de Down passa sua infância em casa como um membro da família igual, amado e aceito.
Muitos pais enfatizam o quão afetuosas e agradáveis essas crianças podem ser. Os
recursos do centro médico e da comunidade precisam ser mobilizados para enfrentar os
problemas especiais de pacientes com essa desordem. A avaliação do desenvolvimento e
treinamento especial devem ser fornecidos quando indicados. Muitas crianças com Síndrome de
Down podem ser treinadas e um paciente eventual é educável. Estas são algumas das
informações necessárias para se responder às questões iniciais acerca do prognóstico.
No passado, os pacientes portadores de síndrome de Down não ultrapassavam a
velhice por motivos de doenças que se agravavam com o decorrer da idade, como mal de
Alzheimer ou leucemia aguda.
Atualmente, com o rápido avanço da ciência e a busca incansável de técnicas de
diagnóstico e tratamento, estes pacientes se beneficiam, obtendo uma melhora de vida e,
conseqüentemente, a longevidade.
A alta incidência de Síndrome de Down e o despreparo com relação as identificações
das causas e características da anomalia, ainda hoje exercem um importante e significativo papel
na nossa sociedade. Além disso, o despreparo familiar e a discriminação, infelizmente, perduram
na atualidade. Desta forma, o presente trabalho se propõe caracterizar a síndrome de Down,
habilitando e permitindo discussões acerca das causas e conseqüências da doença, ampliando
conhecimento do mapeamento cromossômico e suas anormalidades. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MARQUES, Edmundo Kanan(org.). Diagnóstico Genético–Molecular. Canoas: ed. ULBRA,
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sexta-feira, 27 de setembro de 2013
DALTONISMO
DALTONISMO
Caroline Dunley e Fabiana Chalhoub
Introdução
Neste site iremos explicar o que é daltonismo e apresentaremos aspectos referentes a este assunto.
Palavras chaves
Olho
Daltonismo
Visão
Cores
Cones
Como funciona o olho?
O olho é um órgão extremamente complexo que conta com uma grande interconexão de sinais para transmitir dados do mundo exterior para o cérebro. O olho é uma simples esfera que mede aproximadamente 2,5 cm de diâmetro, mas seu poder é incrível, distingue cores e formas na presença de luz forte ou fraca, de perto ou de longe. Ele funciona graças ao complexo balé entre músculos e nervos. A luz refletida em um objeto passa pela córnea, os músculos em torno do olho se contraem e relaxam para ajustar a forma da lente, focalizando os raios de luz. Os raios, então, atingem a retina, onde mais de 100 milhões de células sensíveis à luz interpretam esses raios e transmitem a imagem ao cérebro através do nervo óptico. Como os raios de luz se cruzam enquanto atravessam a córnea, a retina interpreta a imagem de cabeça para baixo, mas o cérebro reajusta a imagem, garantindo que você seja adequadamente orientado. Essas células sensíveis que a retina do olho humano possui são chamdas de cones, e são responsáveis pela percepção das cores. Cada cone é composto por pigmentos sensíveis a um dos três comprimentos de onda de luz, sendo o cone sensível ao vermelho o Protan, o sensível ao verde, o Deutan e o sensível ao azul, o Tritan. A figura abaixo mostra como a luz age nos cones.
O que é daltonismo?
Daltonismo é o nome comum que se atribui à alteração congênita, que impede a percepção de uma ou de todas as cores. Este nome foi atribuído em homenagem a John Dalton (Químico 1766 - 1844), que primeiro descreveu o fato como a incapacidade de distinção correta entre as cores vermelho e verde, deficiência que ele próprio portava.
Embora também seja conhecida como cegueira para cores, o daltonismo não é exatamente uma cegueira. As pessoas afetadas por esse distúrbio simplesmente não concordam com a maioria das pessoas em relação às cores. A maioria dos daltônicos não consegue distinguir entre tons de vermelho e verde quando há pouca luz; alguns não distinguem o azul do amarelo. Nestes dois casos, o tipo de daltonismo é chamado de dicromático, porque têm dois tipos de cones em vez de três. Um grupo muito pequeno apresenta uma condição chamada monocromatismo, ou seja, elas enxergam somente em preto e branco.Existem também os tricromáticos, que são os mais comuns, possuem três tipos de cones, mas percebem os tons das cores alterados. Tem defeitos similares aos dicromáticos, mas num grau inferior, mais atenuado.
As pessoas com visão normal são capazes de combinar as cores do espectro através da mistura das três cores.
Os cones dos daltônicos não existem em número suficiente ou apresentam alguma alteração, impedindo o indivíduo de diferenciar as cores nas diversas tonalidades.
Qual a causa do daltonismo?
O daltonismo é causado pela falta de uma ou mais das substâncias sensíveis à luz encontradas na retina.
Como é transmitido o daltonismo?
O daltonismo é transmitido hereditariamente, sendo uma característica ligada ao sexo.
As mulheres são geralmente protegidas da aquisição deste distúrbio, isto é, podem ser portadoras, mas normalmente não sofrem da doença (só será daltônica se o seu pai o for e a mãe transportar o gene da anormalidade e o transmitir). Os homens afetados transmitem o gene a todas as suas filhas, mas a nenhum dos seus filhos. Há 50% de chance da mãe portadora passar o gene afetado a um filho ou filha.
Como saber se você é daltônico?
Existem três métodos para verificar o grau de daltonismo:
- Anomaloscópio de Nagel. Nesse aparelho, o indivíduo que vai ser examinado vê um campo dividido em duas partes. Uma delas é iluminada por uma luz monocromática amarela, enquanto a outra é iluminada por uma mistura de luzes monocromáticas vermelha e verde. Solicitando ao indivíduo sob exame que ele iguale os dois campos, ele pode alterar a razão entre a intensidade das luzes vermelha e verde, bem como reduzir ou aumentar a intensidade da luz amarela. Por intermédio desse exame, os seres humanos podem ter seu tipo de daltonismo classificado.
- Lãs de Holmgreen; Consiste em um feixe de lã em diversas cores, que devem ser separadas
- Lâminas Pseudoisocromáticas (ou teste de Ishihara); São quadros formados por pontos coloridos sobre as quais aparece um número desenhado em determinada cor. Por ser um método simples este é o mais difundido. Veja - o logo abaixo:
Pessoas com percepção normal observam a letra O, pessoas com deficiência na percepção das cores vermelho e verde, observam a letra Q, pessoas com ausência de percepção de cores não conseguem fazer a leitura das letras.
Como se pode tratar o daltonismo?
Não há cura para o daltonismo, mas existem lentes que incrementam o contraste entre as cores.
Atualmente, já existem lentes com filtro que auxiliam o portador de deficiência em relação a uma cor. Entretanto, o material é caro e precisa ser feito sob medida, conforme o "índice" de identificação de cada cor confundida.
Curiosidades:
Estima-se que 8% dos homens e 0,4% das mulheres sejam daltônicos.
Em casos bem raros, a deficiência pode aparecer apenas na adolescência ou idade adulta, pelo uso de certas drogas, como cloroquina, álcool etílico e metílico, aplicação de laser argônio e até pelo uso de viagra, que dura alguns minutos ou então com grande freqüência vai piorando gradativamente.
Bibliografia
http://www.bausch.com.br/br/vision/concerns/eyeworks.jsp
http://correio.fc.ul.pt/~apiedade/Temas/Tema61.html
http://www.ufv.br/dbg/trab2002/HRSEXO/HRS002.htm
quinta-feira, 26 de setembro de 2013
ALFABETIZAÇÃO PARA PESSOAS COM AUTISMO
Guia do Professor
Alfabetização para Pessoas com Autismo
Introdução
O processo de alfabetização é muito mais do que reconhecer símbolos e
letras, é saber interpretar o que está a sua volta com a leitura de mundo, como diz
Freire (1993). Cada sujeito realiza essa aprendizagem de uma forma diferente. Esse
aprender de formas diferenciadas também diz respeito às pessoas com deficiência
(PD), que, em decorrência das especificidades de suas deficiências, elas aprendem
os conteúdos de forma peculiar e cada uma apresenta características próprias como
resposta ao trabalho pedagógico. Portanto, as diferentes deficiências geram
necessidades e formas educativas especiais próprias, o que não é diferente em
relação às síndromes. Este também é o caso de pessoas com autismo, foco maior
deste Objeto de Aprendizagem.
De acordo com Mello (2004), o autismo é uma síndrome que se caracteriza
por desvios qualitativos na comunicação, na interação social e no uso da imaginação.
As pessoas com autismo apresentam, desde cedo, um distúrbio severo do
desenvolvimento, principalmente relacionado à sua comunicação e interação social.
Entretanto, em alguns casos, podem apresentar incríveis habilidades motoras,
musicais, de memória e outras, que muitas vezes não estão de acordo com a sua
idade cronológica.
Gauderer (1997, p.108) afirma que em relação à educação,
“[...] é útil dividir a tarefa em pequenas etapas e, vagarosamente,
construir o todo. Deve-se aproveitar ao máximo as situações do diaa-dia [...], transformando-as em oportunidades de ensino de forma a
encorajar a criança a usar na prática os conhecimentos adquiridos.”
Além disso, as pessoas com autismo possuem um estilo cognitivo
diferenciado. Grande parte delas são "pensadores visuais” ou “visual thinkers" conforme Grandin
(1996, 1998) e Sacks (1995, apud RIBEIRO, 2003). Ou seja, elas processam o
pensamento em imagens, têm dificuldades em mudar suas rotinas diárias,
decorrentes da falta da habilidade de percepção, de compreensão e de
comunicação. Portanto, precisam de ambientes estruturados e organizados para
aprender.
Todas estas características peculiares ao autismo exigem uma metodologia
específica para ensiná-los. Considerando-as, portanto, ressalta-se a importância do
computador no processo de ensino e aprendizagem de pessoas com autismo. O
computador dispõe de recursos como animação, som, efeitos especiais, tornando o
material mais interessante e atrativo para todas as pessoas, não só para aquelas
com algum tipo de deficiência ou com autismo. Valente (1991), afirma que com esse
recurso, o aluno talvez seja capaz de ficar “ligado” ao material por mais alguns
minutos, o que pode ser um grande ganho.
Conseqüentemente, a ferramenta que tem se mostrado cada vez mais efetiva
na educação de pessoas com autismo, é o computador. Portanto, levando este fato
em consideração, o Objeto de Aprendizagem se torna um recurso pedagógico
importante, uma vez que contribui para o processo educacional das pessoas com
autismo porque pode proporcionar, além da comunicação, um conhecimento de
mundo que favoreça o processo de alfabetização.
O Objeto de “Alfabetização” para pessoas com Autismo
A concepção pedagógica para o OA “Alfabetização” visou uma proposta que
contribuísse para o ensino de pessoas com autismo, auxiliando em seu processo de
conhecimento e comunicação com o mundo ao seu redor. Tendo em vista que as defasagens decorrentes dessa síndrome podem ser
relacionadas aos modos de comunicação com o mundo externo, a proposta
educativa deste software considera não só os conteúdos escolares, mas também a
vida em sociedade de forma geral.
Portanto, espera-se que este Objeto de Aprendizagem contribua no processo
educacional das pessoas com autismo porque poderá proporcionar a elas, além da
melhora na sua comunicação, um conhecimento de mundo que favorece o processo
de alfabetização para qualquer aluno, independente de suas necessidades especiais.
Para contribuir com o processo de “alfabetização” de pessoas com autismo é
fundamental considerar as suas dificuldades de comunicação com o mundo externo.
Portanto, as atividades propostas por este OA buscam contribuir para expandir o
conhecimento de mundo, procurando contextualizar o que se pretende ensinar com
a realidade do aluno. De acordo com Freire (1993, p. 11) “a leitura de mundo
precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir
da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem
dinamicamente.”
De acordo com MEC (2004, p. 15), pessoas com autismo têm dificuldades em
estabelecer relações entre eventos e, conseqüentemente, estabelecer
generalizações. Tendo em vista essas dificuldades, o OA visa também uma
“alfabetização” que auxilie a pessoa com autismo a também incorporar novos
elementos ao seu contexto de mundo. Possibilita que avance em termos de
abstração e generalização de conhecimento sobre a realidade a sua volta.
Além disso, este OA aproveita ao máximo os recursos que podem ser
oferecidos pelo computador, inclusive agregando componentes como vídeos,
imagens e sons, facilitando ao aluno o contato com uma atividade bastante
aproximada da realidade. Ribeiro (2003), afirma que o sucesso no trabalho com computadores para
pessoas com autismo não está no uso de softwares especiais ou mesmo em
máquinas de última geração. Segundo esta autora, a relevância do material consiste
em proporcionar telas no software mostrando ambientes próximos do real. No OA
“Alfabetização” as imagens são objetivas, tanto o personagem, como os objetos e os
animais são reproduções reais. Espera-se que estas características contribuam para
a identificação do cotidiano e para a expansão do conhecimento de mundo das
pessoas com autismo.
Características do O.A. Alfabetização para pessoas com autismo:
• FOCO: Alfabetização de pessoas com autismo. Considera o conhecimento de
mundo do aluno, de modo que ele possa chegar ao processo de abstração
necessário para a leitura e escrita;
• IDÉIA PRINCIPAL e PROPOSTA: Trabalhar com elementos da realidade da
pessoa com autismo, para posteriormente trabalhar com a idéia de
generalização, para atingir um conhecimento mínimo de mundo.
• IMAGENS: Todas as telas do Objeto são baseadas em fotos com imagens
reais para que o aluno tenha contato com um material próximo da realidade.
• AMBIENTES: Foram selecionados três ambientes que são ao mesmo tempo
contextuais à realidade da pessoa com autismo como também apresentam
desafios a serem superados. As atividades serão desenvolvidas partindo da
rotina diária: casa, escola e o sítio. No sítio serão trabalhados conceitos e
elementos (animais) que fazem parte do conhecimento e são atrativas para as
crianças em geral.
• BANCO DE DADOS: Armazena informações pessoais a respeito do usuário.
Com a proposta de partir do contexto do aluno para posteriormente expandir o
conhecimento sobre o mundo a sua volta, o objetivo do banco de dados é permitir ao professor inserir dados e fotos relacionados ao dia-a-dia do aluno
com autismo. Deste modo, o aluno poderá associar e/ou comparar seus
dados pessoais com os fornecidos pelo OA. Acredita-se que isto facilitará a
compreensão e assimilação das atividades.
• OBJETIVO DAS ATIVIDADES: Expandir o conhecimento de mundo por meio
do contato com ambientes similares àqueles que a pessoa com autismo já
encontra em seu cotidiano. A seleção das atividades e dos ambientes
considera a rotina da pessoa com autismo, buscando relação com as
atividades que compõem o cotidiano dos dias de semana (casa e escola) e
uma proposta para os fins-de-semana (casa e sítio).
Ao acessar o O.A., o usuário pode escolher iniciar com as atividades realizadas
durante os dias de semana ou as do fim-de-semana.
Objetivos
Propor atividades que contribuam para o processo de alfabetização de
pessoas com autismo por meio de atividades relacionadas ao seu contexto. Estas
atividades visam:
• Expandir seu conhecimento de mundo através da comparação de figuras com
outras semelhantes ou diferentes, como os materiais escolares.
• Identificar, de acordo com a sua realidade, as figuras que lhe são
apresentadas;
• Relacionar as figuras com as palavras correspondentes;
• Identificar as figuras através das palavras correspondentes.Pré-requisitos
Que o professor tenha disponibilidade, recursos e habilidade para trabalhar
com o computador e o acesso à Internet, ou seja, para que a máquina
comece a fazer parte do conhecimento de mundo do aluno e para que este
seja capaz de realizar as atividades.
É desejável que o aluno tenha contato prévio com o computador,
considerando que saiba identificar como funciona a máquina e para quê serve,
(se ele não tiver esse contanto prévio, que o professor tenha a disponibilidade
para realizar essa introdução ao uso da máquina).
O aluno precisará ter conhecimento da associação mouse/cursor, ou seja,
que o aluno compreenda que mexendo ou mouse, ele terá possibilidades de
trabalhar com os elementos dispostos na tela;
Que o professor saiba a importância de o aluno com autismo e os demais
alunos adquirir uma leitura de mundo anterior à alfabetização lingüística.
As atividades são simples pelo fato de que a maioria das pessoas com
autismo tem dificuldades em estabelecer relações. Portanto, é desejável e
necessário que o professor entenda os procedimentos antes de desenvolver
as atividades com os alunos.
Tempo previsto para a atividade
O tempo de duração da atividade será de acordo com a organização
curricular de cada escola, dependendo, por exemplo, do tempo disponibilizado para
aulas de informática. Além disso, o tempo da atividade vai depender do grau de
dificuldade específico de cada aluno.
O OA não esgota em si um número de atividades a serem feitas em cada uso. São atividades com diversos níveis de complexidade, mas que são independentes
entre si, o que facilita o início ou a retomada da atividade a partir de qualquer ponto.
Considerando o ritmo de cada criança, pode-se dizer que aquela que tem autismo
pode demandar um tempo maior realizando determinada atividade, o que não
possibilita estabelecer um período pré-determinado para a sua realização.
Na sala de aula
Dependendo da faixa etária da turma, o OA poderá ser trabalhado com todos
os alunos. Por exemplo, uma sala da Educação Infantil em que as crianças ainda
não estão alfabetizadas na forma lingüística, ou utilizado com alunos que não
tenham nenhum tipo de deficiência clinicamente diagnosticada.
Caso contrário, o professor pode selecionar outros softwares de alfabetização
para trabalhar com o restante da classe, enquanto o aluno com autismo utiliza o
Objeto proposto, pois o acompanhamento individual é necessário neste momento.
Na sala de computadores
Preparação
Os computadores precisam ter conexão com a Internet, já que será
necessário acessar o site da Rived para baixar o OA na hora da sua utilização.
Material Necessário
Caso o aluno tenha alguma dificuldade em reconhecer os objetos dentro do
contexto proposto pelo Objeto, propõe-se que o docente tenha em mãos recortes de
figuras similares àquelas trabalhadas no OA para auxiliar o aluno no reconhecimento. Antes de ser realizada a atividade no computador deve-se fazer uma
contextualização e um trabalho concreto com os ambientes a serem trabalhados em
situações reais. O professor pode utilizar objetos concretos, para auxiliar a
percepção do aluno em relação ao que está sendo proposto no OA, uma vez que as
pessoas com autismo aprendem melhor quando o material é concreto. Além disso,
na utilização do OA o professor pode ter em mãos recortes de figuras similares ao
do OA para auxiliá-lo no caso do aluno não conseguir identificar algum objeto
proposto pelo OA.
Requerimentos técnicos
Para a utilização do OA é necessário navegador WEB com plug-in do Adobe
Flash Player 8 ou superior.
Dica: o plug-in está disponível em www.adobe.com.br
Durante a atividade
A maioria das pessoas com autismo ou com qualquer tipo de necessidades
educativas especiais necessitará de acompanhamento para a realização das
atividades propostas pelo OA. Com o acompanhamento de um professor, estagiário,
assistente ou auxiliar de sala, o aluno se sentirá mais seguro e terá melhores
condições de compreender a proposta das atividades.Tela 1: Acesso ao OA
Tela de Login: – O usuário cadastrado entrará com seu login ou nome e senha.
Caso ainda não tenha sido cadastrado pode clicar sobre o termo CADASTRAR-SE,
o que o levará a uma página para cadastro.
Tela 1: – Após efetuar o login, aparecerá a tela de boas vindas, com o nome do
usuário e sua foto pessoal, inserida no momento do cadastro. Procedimento: Ao acessar o Objeto, o usuário verá a tela de abertura com a
animação do personagem convidando-o a realizar as atividades. Caso seja a
primeira vez na utilização do OA, o usuário deve clicar em “primeiro acesso” para
preencher um cadastro com informações pessoais, criar um login e uma senha. Com
a ajuda do professor o usuário pode escrever seu nome e, de comum acordo,
poderão escolher uma senha que será solicitada sempre que for utilizar o OA.
Tanto o professor quanto os pais poderão auxiliar o aluno para inserir
fotografias pessoais referentes a cada atividade proposta, para que o aluno, ao
utilizar o OA, realize com mais familiaridade e precisão as atividades propostas.
Todos esses procedimentos devem ser realizados com a ajuda do professor ou dos
pais, uma vez que a maioria das pessoas com autismo não entenderá este
procedimento por ser muito abstrato para elas.
Fundamento Pedagógico: Recuperar os dados e o progresso que o aluno tiver a
cada vez que acessar o Objeto para que não tenha que retomar as atividades desde
o início em todos os acessos.
Tela 2: Escolha dos ambientes para a rotina: DIAS DE SEMANA ou FIM-DESEMANA)
Tela 2: – Tela onde o usuário faz a opção por quais atividades deseja realizar
primeiro, dia de semana (Casa – Escola) ou Fim de semana (Casa - Sítio). Procedimento: Na segunda tela, o usuário se verá diante de dois quadros que
expressam duas opções para iniciar as atividades do OA. Deverá clicar em uma das
opções: DIA DE SEMANA ou FIM-DE-SEMANA.
Fundamento Pedagógico: Auxiliar o aluno a fixar o conhecimento de mundo de
acordo com as rotinas de seu cotidiano. Caso seja um dia de semana, o aluno
cumpre a rotina casa-escola. Em fim-de-semana, o aluno realiza a rotina casapasseio (aqui representado pelo ambiente do sítio).
Independentemente de qual rotina escolher, o percurso começa pela casa, para fixar
a rotina: o personagem sempre terá como ambiente inicial a casa para,
posteriormente, ir para a Escola ou para o Sítio.
Tela 3: Ambiente Casa
Tela 3: – Tela de abertura da casa Tela 4: – Tela de apresentação da casa
Procedimento: Após ter escolhido um dos ambientes, automaticamente aparece o
ambiente “Casa” seguido da legenda e da fala do nome do ambiente.
Fundamento Pedagógico: Permitir que o aluno associe a imagem da casa com o
significado dela. O aluno pode ver a foto e compreender que aquele ambiente
também é uma casa, mesmo que não seja a sua. Dessa maneira o aluno irá fazer a
associação da imagem com seu significado, além de começar a estabelecer
relações. Tela 4: Visualização dos cômodos da casa
Tela 4: – Tela para escolha do ambientes da casa
Procedimento: O aluno tem acesso à tela com os ambientes da casa onde poderá
visualizar os cômodos que contêm as atividades. Para isso deve clicar em cima de
um dos ambientes para iniciar a atividade.
Fundamento Pedagógico: Permitir que o aluno estabeleça relações entre os
ambientes que ele conhece, com os ambientes apresentados pelo Objeto.
O caminho para a escolha das atividades é aleatório. O usuário se vê diante dos
cômodos da casa, mas pode escolher por qual deles irá começar suas atividades.Tela 5: Quadros para o usuário inserir suas próprias fotos
Procedimento: o usuário verá as telas referentes aos espaços dos cômodos da
casa. O aluno pode clicar no quadro referente ao cômodo escolhido e, a partir dele,
o programa abre uma janela que permite ao usuário selecionar uma foto anexada
anteriormente do ambiente que selecionou. Ao clicar em cima da foto, ela será
enviada para o quadro que fica no canto inferior esquerdo da tela, para que o aluno
se familiarize com o ambiente. Caso o aluno não tiver nenhuma foto inserida para
este procedimento, ele com o auxílio dos pais ou professor poderá selecionar
fotografias ou figuras da internet e inseri-lo no quadro, para que o aluno tenha
elementos para comparação ao realizar a atividade.
Fundamento pedagógico: Permitir a comparação dos dados do usuário com as
informações fornecidas pelo OA.
Tela 6: Personagem no banheiro
Tela 6/7: – Atividade do banheiro Procedimento: O aluno verá a imagem do banheiro com os objetos que pode
utilizar para a sua higiene pessoal. Diante dos itens a serem escolhidos, o aluno
deve responder à pergunta do programa sobre qual deles pode utilizar para tomar
banho. A resposta deve ser dada em forma de ação: o aluno ouve a pergunta e
diante dos vários objetos no cenário ele pode escolher aqueles relacionados à ação
de tomar banho. Ao identificar tais objetos, o aluno clica em cima deles e os arrasta
para o quadrado em branco. A cada vez que selecionar o objeto correto, o usuário
ouvirá o programa emitir a mensagem de acerto, caso erre, o usuário pode perceber
seu erro pela mensagem enviada pelo programa estimulando-o a tentar outra vez.
Quando selecionar todas as opções necessárias para efetuar a ação de tomar
banho, haverá uma mensagem: - muito bem você acertou e o programa vai
automaticamente para a outra tela, concluindo esta atividade.
Fundamento Pedagógico: possibilitar que o aluno identifique dentro do cenário,
objetos contextuais à sua ação de tomar banho, para expandir seu conhecimento de
mundo sobre os objetos que são utilizados para tal ação. A frase geradora da
atividade não será melhor explicativa em decorrência da compreensão da linguagem
pela maioria das pessoas com autismo, que requer a utilização de frases objetivas e
com o conteúdo que expressem as idéias principais das ações. Tela 8: Finalização do Banho
Tela 8: – Finalização da atividade do banheiro
Procedimento: O usuário visualizará a finalização da ação de tomar banho.
Fundamento Pedagógico: permitir que o aluno relacione a ação de tomar banho
adquirindo sobre ela a dimensão sobre seu início e término.
Tela 9: Ambiente do Quarto
Tela 9: – Tela de abertura do quartoProcedimento: A proposta desta atividade é fazer com que o aluno reconheça os
elementos presentes ou os relacione com os da fotografia do seu próprio quarto ou
faça a comparação entre o quarto do OA e o de outros quartos.
Fundamento Pedagógico: Ao entrar em contato com o espaço do quarto, o aluno
poderá ver a imagem do quarto exposto no Objeto e, ao ser incentivado, ele possa
fazer a comparação com a foto de seu próprio quarto ou de outro quarto, para
expandir a concepção que ele tem sobre o que é um quarto, o que são os objetos
usuais de um quarto e o que caracteriza um quarto de dormir, com cama, guarda
roupa, etc...
Tela 9: ATIVIDADE 2a: Guarda-roupa (Dias de semana) com uniforme da Escola.
Tela 9: - Atividade do quarto
Procedimento: O usuário pode visualizar o ambiente do quarto com a imagem do
guarda-roupa se abrindo. Na opção de “dias de semana”, o usuário pode ver o
guarda-roupa contendo a roupa de ir para a escola, ou seja, o uniforme. O usuário
ouve as falas do personagem pedindo aquilo que ele deve encontrar dentro do
guarda-roupa. Quando passa o mouse sobre a roupa, o personagem diz o nome da peça de roupa
e aparece uma legenda. A cada comando, o usuário deve clicar no objeto solicitado
pelo personagem. Caso acerte, ouve a mensagem de acerto. Caso erre, o
personagem o estimula a tentar novamente.
Fundamento Pedagógico: Permitir a associação do nome da roupa com sua
imagem e fixação da rotina do dia de semana por meio da roupa que usa para ir à
escola.
Tela 9: ATIVIDADE 2 b: Guarda-roupa (Fim-de-semana) com roupas comuns
Procedimento: O usuário pode visualizar o ambiente do quarto com um vídeo do
guarda-roupa se abrindo. Na opção de “dias de semana”, o usuário pode ver o
guarda-roupa contendo a roupa de passeio, ou seja, camiseta e bermuda. O usuário
ouve as falas do personagem pedindo aquilo que ele deve encontrar dentro do
guarda-roupa. Quando passa o mouse sobre a roupa, o personagem diz o nome
dela e aparece uma legenda.
A cada comando, o usuário deve clicar no objeto solicitado pelo personagem. Caso
acerte, ouve a mensagem de acerto. Caso erre, o personagem o estimula a tentar
novamente.
Fundamento Pedagógico: Permitir a associação do nome da roupa com sua
imagem e fixação da rotina do fim de semana por meio da identificação com uma
roupa que não é a de uniforme. Tela 10: Ambiente da Cozinha
Tela 10: – Abertura da atividade da cozinha
Procedimento: O usuário verá os elementos pertinentes a este ambiente.
Fundamento Pedagógico: Familiarização com o ambiente de uma cozinha e
relação de comparação com a imagem da cozinha da sua casa ou de outra cozinha.
Tela 10: ATIVIDADE 3: Arrumar a mesa
Tela 10: – Atividade da cozinha (parte 1) Procedimento: O usuário poderá ouvir o comando do personagem para poder
arrumar a mesa e posteriormente pegar aquilo que ele precisa e que está sobre a
mesa. A cada comando, o usuário precisa clicar sobre os itens solicitados e ver a
animação resultante. Caso acerte, verá a animação da ação sendo executada. Caso
erre, o programa emite a mensagem para que ele tente outra vez.
Fundamento Pedagógico: Associação do ambiente “COZINHA” e dos alimentos
usuais em um café da manhã e a ação a ser executada com eles.
Tela 10 ATIVIDADE 3: Nome dos objetos da cozinha
Tela 10: – Atividade da cozinha (parte 2)
Procedimento: Surgirá na tela um objeto com a legenda do nome que corresponde
esse objeto e o som correspondente. Aparecerá ao lado direito, palavras aleatórias e
o aluno deverá clicar na palavra que corresponde a esse objeto. Para nortear as
escolhas como certas ou erradas, o personagem emitirá mensagens de acerto e erro.
Fundamento Pedagógico: Pelo fato desta atividade ser curta, objetiva, e ter apenas
uma proposta, o aluno tem a possibilidade de fazer a associação do objeto com seu
nome correspondente, iniciando desta maneira a fase de compreensão das letras e
palavras, dando inicio a “Alfabetização” de forma mais concreta. Tela 11: Transição da casa para a escola e transição da casa para o sítio.
Tela 11: – Animação de transição para escola
Tela 11 (2): – Animação de transição para o sítio.
Procedimento: O usuário verá na tela a transição para a escola e para o sítio.
Fundamento Pedagógico: Esta tela tem o intuito de fazer o aluno compreender
através da leitura visual que essa transição acontece com ele também quando vai da
casa para escola ou da escola para casa. Da casa para um passeio e do passeio
para casa. Dessa maneira ele exercita as relações do que está sendo proposto. Tela 12: Ambiente do sítio:
Tela 12: – Abertura do sítio
Procedimento: O usuário pode visualizar a tela com o ambiente do sítio notando os
elementos que o compõem.
Fundamento Pedagógico: Familiarização com o cenário campestre com elementos
diferentes do ambiente doméstico. Essa atividade tem como objetivo fazer com que
o aluno conheça outros ambientes e saia da sua rotina diária. Dessa maneira, o
aluno não ficará estressado ou agitado, já que a rotina está sendo mudada no
computador e não na vida real. Tela 13: Celeiro
Tela 13: – Apresentação dos animais
Procedimento: A atividade será realizada em três níveis. Para realizar todos esses
níveis basta que o usuário ouça o comando e execute aquilo que o programa está
pedindo, ou seja, que ache os animais no meio de outros presentes no cenário do
celeiro, clicando sobre eles para serem dados como acerto
Fundamento Pedagógico: Que o aluno seja capaz de identificar o comando dado
pelo personagem, selecionando o animal que corresponde ao que o personagem
solicitou. Tela 14: Associação dos elementos semelhantes no Celeiro
Tela 18: – Atividade do sítio (parte 1A)
Tela 18: – Atividade do sítio (Parte 2)
Procedimento: Na parte 1, o usuário pode ver o cenário com os diferentes tipos de
animais. O programa estimula o aluno a conhecer os animais. Para isso expõe um
animal por vez no centro da tela seguido da pronúncia de seu nome e da legenda do
nome do animal correspondente. Depois disso, o aluno verá uma lista com outros nomes de animais e entre eles
estará o nome do animal apresentado. O aluno deve clicar no nome do animal
correspondente. Na parte 2, após selecionar a palavra correta em meio a várias
opções, o programa abre uma caixa de texto para que o usuário escreva o nome do
animal. Para isso, deve clicar dentro da caixa de texto e escrever através das teclas
do computador o nome do animal que ele acabou de encontrar.
Fundamento Pedagógico: Identificação da palavra correta em meio a outras
palavras de mesma natureza e fixação da grafia da palavra procurada por meio da
escrita.
Tela 19: Ambiente da Escola
Tela 19: – Abertura da escola Tela 19: – Entrando na sala de aula
Procedimento: Após realizar as atividades da casa, caso tenha escolhido a rotina
de “Dias de semana”, o programa vai para o ambiente da escola. Na primeira tela, o
aluno pode ver o prédio da escola, o personagem uniformizado e em seguida a sala
de aula.
Fundamento Pedagógico: Familiarização e identificação do ambiente escolar. Tela 20: Material escolar
Tela 20: – Atividade da escola - Qual o objeto diferente?
Procedimento: O aluno verá na tela objetos comuns e usuais em uma sala de aula.
O usuário pode ver os objetos seguidos de suas respectivas legendas. Na primeira
fase, o aluno verá quatro objetos iguais e um diferente. Ele deve clicar no objeto
diferente. Quando clica naquele objeto, o programa pergunta com qual letra aquela
palavra começa, independentemente de ser a reposta correta ou não. Caso o aluno
clique duas vezes seguidas na opção errada, o programa automaticamente reinicia a
atividade utilizando outras figuras.
Fundamento Pedagógico: Esta atividade tem o intuito de fazer com que o aluno
inicie o processo de comparação e aprenda o CONCEITO de igual e depois das
variadas formas de diferente. Tela 21: Letras das palavras
Tela 21: – Atividade 2 da escola
Procedimento: Depois da apresentação do alfabeto para o aluno, ele vê a imagem
de um objeto com sua legenda. Depois de ver essa palavra, o aluno deve procurar
as letras que a compõem no alfabeto exposto na tela. Para isso, deve clicar em cada
letra que compõe aquela palavra para a caixa de texto em branco na tela.
Fundamento Pedagógico: Esta atividade tem o intuito de dar continuidade ao
processo de alfabetização, fazendo com que o aluno identifique o nome do objeto
exposto e que coloque cada letra no seu devido lugar para formar a palavra
correspondente. Para isso terá auxílio do professor. Telas de finalização do Objeto
Tela 22: – Animação de finalização das atividades do sítio
Tela 23 (parte 1): – Animação de finalização das atividades da escola. Tela 23 (parte 2): – Animação de finalização das atividades da escola.
Depois da atividade
Para poder avaliar posteriormente o desempenho do aluno de forma relevante,
o professor necessitará de dados concretos, por isso é importante que verifique a
cada aula:
• O que foi significativo para seu aluno;
• Quais foram seus progressos;
• O que aprendeu;
• Como aprendeu;
• Se houve regressão;
• Por que regrediu.
Questões para discussão
Este item não será contemplado em decorrência da especificidade do públicoalvo do Objeto de Aprendizagem. Dicas e atividade complementares
O professor deve estimular a criatividade do aluno, pois o OA é apenas um
recurso auxiliar para o processo de “alfabetização” através do conhecimento de
mundo e não o foco principal desse processo. Espera-se que o professor busque e
encontre meios e estratégias para o ensino e aprendizagem tanto do aluno “normal”
como daquele com algum tipo de necessidade educativa especial. Em geral o
professor vai trabalhar de acordo com a realidade de seus alunos e desenvolver
formas de aprendizagem que seja significativa dentro da realidade que ele estará
inserido.
Sugere-se que o professor trabalhe a contextualização de mundo em outras
atividades complementares às do OA, utilizando tanto objetos do mundo real como
fotos de revistas, gravuras ou qualquer item que estiver relacionado a realidade do
próprio aluno.
Avaliação
Sugere-se que o professor permaneça atento aos progressos que o aluno
obtiver tanto em relação ao conhecimento de mundo, uso do computador como as
letras do alfabeto, palavras ou a alfabetização. Paralelamente aos objetivos iniciais,
o professor pode analisar e avaliar as atividades sob vários pontos de vista e
perspectivas, considerando aquilo que o aluno evoluiu de acordo com sua habilidade,
potencialidade e capacidade. Assim, é importante a postura de mediador e também
de observador do professor. Para saber mais
BRASIL, Parâmetros Curriculares nacionais: Adaptações Curriculares. Secretaria de
Educação Fundamental. Secretaria de Educação Especial. - Brasília: MEC/
SEF/SEESP, 1999.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São
Paulo. Cortez, 2003.
GAUDERER, Christian. AUTISMO e OUTROS ATRASOS do DESENVOLVIMENTO.
Guia Prático para Pais e Profissionais. 2 ed. Rio de Janeiro: Revinter, 1997.
MEC, Saberes e Práticas da Inclusão: Dificuldades Acentuadas de Aprendizagem:
autismo/ coordenação geral – MONTE, Francisca R. F. do, SANTOS, Ide B. dos -
reimpressão. Brasília: MEC, SEESP, 2004.
MELLO, Ana Maria S. Ros de. Autismo: Guia Prático. 4 ed. São Paulo: AMA; Brasília:
CORDE, 2004.
RIBEIRO, Valéria L.B. Breve Análise Da Cognição Da Pessoa Com Autismo E
Porque O Computador Tem Um Papel Preponderante Na Educação Da Pessoa Com
Autismo. Disponível em: <
http://topicosemautismoeinclusao.blogspot.com/search?q=%E2%80%9CBREVE+AN
%C3%81LISE+DA+COGNI%C3%87%C3%83O+DA+PESSOA+COM+AUTISMO+E
+PORQUE+O+COMPUTADOR+TEM+UM+PAPEL+PREPONDERANTE+NA+EDUC
A%C3%87%C3%83O+DA+PESSOA+COM+AUTISMO%E2%80%9D.+> Acessado
em 22 de fev. 2008.
VALENTE, José Armando. Liberando a mente: Computadores na educação especial.
Campinas: Graf. Central da Unicamp, 1991.
quarta-feira, 25 de setembro de 2013
HIPERLEXIA E O AUTISMO
Relato de Caso
Baldaçara, L.; Nóbrega, L.P.C.; Tengan, S.K.; Maia, A.K. Rev. Psiq. Clín. 33 (5); 268-271, 2006
Hiperlexia em um caso de autismo
e suas hipóteses
Hyperlexia in a patient with autistic disorder and its hypothesis
LEONARDO BALDAÇARA1
LUCIANA P. C. NÓBREGA2
SÉRGIO K. TENGAN3
ANNE K. MAIA4
1 Psiquiatra do Centro de Atenção Integrada à Saúde Mental (CAISM) - Santa Casa de São Paulo.
2 Médica residente em psiquiatria da Universidade de São Paulo.
3 Psiquiatra do setor de Psiquiatria Infantil do Centro de Atenção Integrada à Saúde Mental (CAISM)
- Santa Casa de São Paulo.
4 Psiquiatra do Setor de Psiquiatria Infantil do Centro de Atenção Integrada à Saúde Mental (CAISM)
- Santa Casa de São Paulo.
Endereço para correspondência: Leonardo Baldaçara. Rua Domingos de Moraes, 1.457 –ap. 74 – 04009-003
– São Paulo, SP. Fone: (11) 5579-8849 / Fax: (11) 5087-7000. E-mail: leonardobaldassara@terra.com.br
Resumo
Contexto: Pouco se sabe sobre os mecanismos neurais precoces da leitura. Crianças com
doenças do espectro do autismo, em raras ocasiões, apresentam avançadas habilidades de leitura. Apesar de suas sérias dificuldades na expressão e recepção da linguagem, essas crianças
podem identificar palavras impressas tão jovens quanto aos 18 meses de idade sem nenhuma
instrução explícita. Relato de caso: Relatamos aqui um caso de uma criança de seis anos com
história de autismo e que embora apresentasse dificuldades na comunicação, começou a ler
aos três anos. Em seguida, discutimos algumas teorias sobre essa associação. Conclusão:
Deficiências no desenvolvimento da linguagem e na comunicação são critérios definidores
do autismo; já a hiperlexia, apesar de incomum, quando presente deve ser levada em conta
para o diagnóstico. Seus mecanismos ainda são pouco compreendidos, mas diversos estudos
feitos associados a outros que estão em andamento poderão elucidar melhor esse sintoma.
Palavras-chave: Transtorno autístico, hiperlexia, leitura, comunicação, neuropsicologia.
Abstract
Background: Little is known about the early neural mechanisms of the reading ability.
Children with autism spectrum, in rare occasions, present advanced reading abilities. In
spite of their severe difficulties in language reception and expression, those children can
identify words printed as young as for the 18 months of age without any explicit instruction.
Case report: We report a case of a six year-old child with history of autism who, in spite of
severe difficulties in communication, began to read at the age of three. We discuss some
theories supporting this association. Conclusion: Deficiencies in the development of language and communication are definition criteria for autism. Hyperlexia is uncommon, but
when present should be taken into account for the diagnosis. The underlying mechanisms
are not completely understood and there is a limited number of studies that in addition to
other studies in progress, will help to ellucidate the neurobiology of this symptom.
Key-words: Autistic disorder, hyperlexia, reading, communication.
Recebido: 22/01/2006 - Aceito: 08/05/2006
Rev Psiq Clin 33 5.indd 268 23/10/2006 19:21:01269
Baldaçara, L.; Nóbrega, L.P.C.; Tengan, S.K.; Maia, A.K. Rev. Psiq. Clín. 33 (5); 268-271, 2006
Introdução
Segundo as classificações atuais da Organização Mundial da Saúde (Caetano, 1993) – CID-10 – e Manual
Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (Dornelles, 2002) – DSM-IV-TR –, o autismo é um transtorno
global do desenvolvimento caracterizado pela perturba-
ção de três domínios: interação social, comunicação e
comportamento (normalmente focalizado, repetitivo e
estereotipado). De maneira mais inespecífica, também
envolve fobias, perturbações da alimentação, crises de
birra ou agressividade, entre outros. Apesar de a linguagem e a comunicação serem aspectos centrais para
o diagnóstico, ainda são pouco abordados nas pesquisas
sobre os transtornos desse espectro.
As bases neurobiológicas da leitura têm sido
estudadas em crianças com desenvolvimento normal
(Schlaggar et al., 2002; Turkeltaub et al., 2003) e naquelas com deficiências, como a dislexia (Georgiewa
et al., 2002; Shaywitz et al., 2002). Entretanto, pouco se
sabe sobre os mecanismos neurais precoces da leitura.
Crianças com doenças do espectro do autismo em raras
ocasiões apresentam avançadas habilidades de leitura.
Apesar de suas dificuldades severas na expressão e na
recepção da linguagem, essas crianças podem identifi-
car palavras impressas tão jovens quanto aos 18 meses
de idade sem nenhuma instrução explícita (Sparks,
1995). Essa habilidade, que pode surpreender qualquer
familiar, é ainda mais extraordinária considerando que
muitas dessas crianças começam a ler antes de dominar
a linguagem falada, e, às vezes, antes de falar qualquer
coisa (Cobrinik, 1982; Healy et al., 1982).
Neste artigo, relatamos o caso de uma criança com
diagnóstico de autismo e hiperlexia. Em seguida, discutimos sobre as principais teorias dessa associação.
Relato de caso
Uma criança do sexo masculino, filha de pais consangüí-
neos, nascida de parto normal e sem intercorrências,
cuja gravidez não havia sido planejada. Durante seu
desenvolvimento, tinha habilidades motoras normais,
mas apresentou interação social prejudicada: não olhava
seus pais nos olhos, não permitia ser abraçada e não
correspondia ao afeto dos pais. Preferia brincar com
objetos simples, como pedaços de madeira, folhas de
papel e revistas, a brincar com brinquedos. Fazia movimentos repetitivos e sem sentido no ar, principalmente
com as mãos. Preferia brincar sozinha em apenas dois
cômodos da casa (sala e cozinha). Quando algum membro entrava no local onde estava, mudava-se para outro
cômodo. Se insistissem para que ficasse, irritava-se e
chorava. Até os 2 anos de idade não havia apresentado
qualquer habilidade em comunicar-se verbalmente.
Nessa idade passou a assistir à TV, com preferência
por programas de alfabetização (Telecurso 1o
grau).
Com 2,5 anos, os pais notaram preferência restrita
por brincar apenas com revistas. Aos 3,5 anos, passou
a ler, de início, placas de propaganda na rua, depois
revistas. Repetia as palavras em voz alta várias vezes
e não relacionava os significados. Gostava de repetir
certas frases, geralmente pequenas (de três a quatro
palavras), não relacionadas ao contexto. Seu isolamento
social foi piorando e mesmo assim, pensando tratar-se
de uma criança superdotada, os pais colocaram-na em
uma escola aos 4 anos de idade.
Nessa escola, não participava das atividades,
não escrevia nem desenhava nos cadernos. Notando
a pouca evolução, os pais a mudaram para uma nova
escola; estava então com 5 anos. Entretanto, manteve-se
isolada, recusando-se a entrar na sala de aula. Persistia
com dificuldade em desempenhar as atividades e tinha
fixação por “leitura”, o que fez com que a pedagoga
sugerisse a procura por um serviço de saúde. Durante
entrevista inicial na psiquiatria, não foi constatada história psiquiátrica familiar prévia de transtorno global do
desenvolvimento. A família era estruturada e sem con-
flitos, apesar de ser o segundo casamento do pai. Tinha
um irmão de 4 anos, que sempre tentou brincar com o
paciente, mas sem contato recíproco. Os pais contaram
que, quando contrariado, fazia “birra” e chorava muito.
Tinha preferência por certos tipos de roupa (principalmente vermelhas) e não gostava de roupas e alimentos
de cor verde. Costumava procurar pelo alimento quando
queria e não pedia aos pais.
Foi realizada hipótese de autismo e iniciadas atividades no hospital-dia. De início, a comunicação era
estabelecida por meio de palavras escritas em cartões,
pois a criança apresentava dificuldade em identificar
outros símbolos que não fossem letras. Mesmo as palavras, apesar de lê-las corretamente, não identificava
o significado. Após seis meses, já era capaz de iniciar e
concluir algumas atividades, pedir para ir ao banheiro
e por alimento. Abraçava membros da equipe quando
solicitada, porém, sem demonstrar afeto. Passou a
identificar alguns objetos, mesmo com dificuldade. Até
a conclusão desse artigo, mantinha o treinamento há
oito meses.
Discussão
O caso em questão trata de uma criança com diagnóstico
de autismo e hiperlexia associada. Kanner (1943) percebeu a presença desse fenômeno quando primeiramente
descreveu e definiu o autismo, e Silberberg e Silberberg
(1967) definiram o termo “hiperlexia” para descrever
crianças que liam em níveis além daqueles esperados
para sua idade na presença de comunicação oral desordenada. Após décadas de pesquisa, três características
da hiperlexia emergiram: presença de desordem do
desenvolvimento da comunicação, mais comum nas
doenças do espectro do autismo (Healy et al., 1982);
aquisição da habilidade da leitura antes dos 5 anos sem
instrução explícita (Nation, 1999); relativa habilidade
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para o reconhecimento avançado das palavras para a
idade mental (Temple et al., 2001; Welsh et al., 1987). A
verdadeira prevalência para a hiperlexia não é totalmente disponível, mas um estudo encontrou a prevalência
de 2,2/10.000 para esse transtorno na população geral
(Yeargin-Allsopp et al., 2003).
O primeiro passo a ser dado diante desses casos
seria a diferenciação com o transtorno de Asperger.
Segundo o DSM-IV-TR, o autismo apresenta-se com
anormalidades significativas nas áreas de interação social, linguagem e brincadeiras, enquanto, no transtorno
de Asperger, as habilidades cognitivas e lingüísticas não
sofrem significativo atraso. No autismo, as atividades e
os interesses são restritos, repetitivos e estereotipados,
além de apresentar maneirismos motores, preocupação
com partes de objetos, rituais e perturbações relacionadas a mudanças do ambiente. No transtorno de Asperger,
essas características manifestam-se principalmente pela
insistência em interesse circunscrito, com dedicação de
uma grande parcela de tempo reunindo informações e
fatos. O autismo ainda é marcado por isolamento ou
abordagens sociais restritas e rígidas. Já no transtorno
de Asperger, há aproximação dos outros, mesmo que
de modo excêntrico e insensível (American Psychiatric
Association, 2005). Na prática clínica, a diferenciação
entre os dois transtornos pode ser difícil.
Apesar de as crianças com hiperlexia não compreenderem tudo que lêem, as letras impressas podem se tornar um importante meio de comunicação, porque sua
atenção ao texto é maior do que à voz (Tager-Flusberg,
2004). Na verdade, os resultados para a habilidade verbal
e o quociente de inteligência são maiores para crianças
autistas com hiperlexia do que para as outras crianças
com autismo (Charman, 2004), possivelmente porque
a leitura possibilita uma ferramenta adicional na comunicação e na socialização (Kistner et al., 1988).
Investigações neuropsicológicas da leitura na hiperlexia têm explorado várias hipóteses para justificar
a leitura precoce e alcançaram diversas conclusões.
Algumas das discrepâncias são em parte devidas à
ausência de controles e diferenças nos critérios de
inclusão (Temple et al., 2001). Uma teoria prevalente
diz que a leitura precoce pode ser explicada por uma
vantajosa configuração visual analítica. Esse mecanismo
foi primeiramente proposto por Cobrinik (1982) baseado
na evidência de que crianças hiperléxicas reconhecem
visualmente palavras degradadas mais facilmente do que
os controles. Cohen et al. (1997) também encontraram
evidências em uma teoria de padrão de reconhecimento
visual, demonstrando que o grupo de crianças com prejuízos específicos da linguagem e hiperlexia foi melhor
em testes de habilidades da percepção visual do que o
de crianças com prejuízos específicos da linguagem sem
hiperlexia. Por outro lado, Goldberg (1987) propôs que
a hiperlexia é um exemplo de habilidade sábia, baseada
no avantajado sistema de memória de procedimento.
Igualmente, Sparks (1995) concluiu que a hiperlexia
em crianças envolve o caminho da memória ortográfica
para a leitura.
Entretanto, Turkeltaub et al. (2004) acreditam que
nem a teoria visual nem a teoria da rota da memória
podem explicar a habilidade de muitas crianças com
hiperlexia de decifrar símbolos que não sejam palavras,
um processo que necessita da construção fonológica,
além de analogia para palavras verdadeiras ou aplicação
de regras para a aplicação de símbolos. Contrastando a hipótese não fonológica, Welsh et al. (1987) concluíram que
a hiperlexia era baseada em uma capacidade fonológica
avançada utilizada para decodificar símbolos de fonemas,
ou melhor, para o acesso léxico direto. Healy et al. (1982)
e Temple et al. (2001) concordaram que a leitura hiperlé-
xica apresenta modificação no processo fonológico, mas
sugeriram que estratégias não usuais são adaptadas e
que as habilidades na aquisição da leitura provavelmente
seguem um caminho típico e seqüenciado, incluindo o
reconhecimento de ícones para a decodificação fonológica
do alfabeto por meio do processo léxico direto.
Crianças que exibem boa sensibilidade fonética
antes de ir à escola tornam-se bons leitores (Bradley e
Bryant, 1983) e continuam a realçar suas habilidades
fonéticas conscientes pela sua experiência de leitura
(Wagner et al., 1993). Tem sido proposto que boa linguagem expressiva e receptiva é um importante quesito para
o desenvolvimento da habilidade fonética consciente.
Entretanto, uma alteração na emergência da linguagem
oral e da habilidade fonética consciente nas crianças com
hiperlexia sugere que a fonética consciente pode operar
independentemente da habilidade geral da linguagem.
Dados neuropsicológicos podem ajudar a reconciliar as teorias discrepantes da hiperlexia apresentadas
anteriormente. Além disso, as bases neurais da leitura
na hiperlexia permanecem inexploradas. Alguns casos
de hiperlexia têm apresentado padrões anormais no
eletroencefalograma (EEG), segundo Glosser et al.
(1996), mas os padrões anormais de atividade elétrica
têm se demonstrado diferentes nos estudos (Goldberg,
1987; Aaron et al., 1990). Além disso, Goldberg (1987)
relatou casos com EEG normal.
Alguns modelos neurais da hiperlexia têm seguido
achados neuropsicológicos. Baseado na explicação da
leitura na hiperlexia por meio do padrão de reconhecimento visual, Cobrinik (1982) propôs que há uma avantajada configuração do hemisfério visual medial direito
na leitura precoce (Patti e Lupinetti, 1993).
Por outro lado, Welsh et al. (1987) demonstraram
uma preferência pela decodificação fonológica sob o
acesso léxico direto e propuseram que sistemas cerebrais para a decodificação fonológica se hipertrofiam
para compensar deficiências nos outros sistemas de
comunicação. Baseado nos modelos atuais neuroanatô-
micos da leitura, essa teoria poderia predizer o hiperdesenvolvimento do giro hemisférico frontal inferior e do
córtex temporal póstero-superior (Pugh et al., 2001).
Richman e Wood (2002) reconheceram a hipótese do
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hemisfério direito e esquerdo, afirmando que as crian-
ças hiperléxicas com desordens verbais dependem das
associações corticais do hemisfério visual direito para a
leitura, enquanto hiperléxicas com desordens na leitura
não-verbal dependem da hipertrofia dos sistemas de
linguagem do hemisfério esquerdo para a leitura.
Por fim, um estudo recente testou essas últimas
hipóteses. Turkeltaub et al. (2004), por meio da ressonância magnética funcional, estudaram a habilidade da
leitura precoce em um garoto com hiperlexia e encontraram maior atividade no córtex frontal inferior esquerdo,
no córtex temporal superior e no sulco temporal inferior
direito do que nos controles. Eles sugeriram que a leitura
precoce está associada a essas áreas, diferenciando-se da
dislexia, que apresenta hipoatividade no córtex temporal
superior esquerdo. Outro estudo semelhante sugeriu o
envolvimento do lobo temporal (Cardy et al., 2005).
As deficiências no desenvolvimento da linguagem
e na comunicação são critérios definidores do autismo,
sendo a hiperlexia incomum, mas presente e que deve
ser levada em conta para o diagnóstico. Seus mecanismos ainda são pouco compreendidos, porém, diversos
estudos feitos associados a outros que estão em andamento poderão elucidar melhor esse sintoma.
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