quinta-feira, 30 de janeiro de 2014
VACINA CONTRA HPV PRETEJA QUEM VOCÊ AMA
Revista Brasileira de Cancerologia 2011; 57(1): 67-74 67
Revisão de Literatura
Vacina contra o HPV: Aspectos Práticos
Artigo submetido em 25/10/10; aceito para publicação em 24/1/11
Vacina contra o HPV e a Prevenção do Câncer do Colo do Útero:
Subsídios para a Prática
HPV Vaccine and the Prevention of Cervical Uterus Cancer: Subsidies to the
Practice
Vacuna contra el HPV y la Prevención de Cáncer del Cuello Uterino: Subsidios
para la Práctica
Alessandra Zanei Borsatto1, Maria Luiza Bernardo Vidal2, Renata Carla Nencetti Pereira Rocha3
Resumo
Introdução: Trata-se de um estudo de revisão de literatura com abordagem descritiva. Objetivo: Descrever os aspectos
relativos à vacina quadrivalente, encontrados na literatura científica nacional e internacional, quanto à sua descrição
química, indicações, esquema vacinal, apresentação e conservação, interação com outras vacinas, duração da proteção,
proteção cruzada, segurança, contraindicações, imunogenicidade, reações adversas, eficácia e impacto epidemiológico
e econômico. Método: Foi realizado um levantamento de produções nas bases de dados eletrônicas Lilacs e Medline,
no período entre 2005 e 2009. Dos 70 documentos encontrados, 35 foram selecionados, pois agregavam informações
sobre os diversos aspectos técnicos e práticos da vacina quadrivalente. De posse desses documentos, foi realizada
leitura analítica com organização por temas e sua apresentação. Resultados: Entre as informações mais relevantes, se
pode citar que está indicada para mulheres entre 9 e 26 anos, antes da iniciação sexual, sendo administrada em três
doses; possui eficácia comprovada contra os sorotipos nela presentes, sendo altamente imunogênica e com garantia
de proteção por cinco anos; é segura, não havendo risco de infecção com a sua administração e com efeitos adversos
locais leves a moderados. Conclusão: O trabalho demonstrou que há importantes lacunas do conhecimento sobre a
vacina que ainda necessitam ser esclarecidas.
Palavras-chave: Literatura de Revisão como Assunto; Prevenção de Câncer de Colo Uterino; Vacinas contra Papillomavirus
1Residência em Enfermagem Oncológica pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA). Enfermeira do Hospital do Câncer IV/INCA. Rio de
Janeiro (RJ), Brasil. E-mail: alessandraborsatto@gmail.com
2Mestre em Ciência pelo INCA. Enfermeira da Educação Continuada do Hospital do Câncer II/INCA. Rio de Janeiro (RJ), Brasil. E-mail: mvidal@inca.gov.br
3Residência em Enfermagem Oncológica pelo INCA. Enfermeira do Hospital do Câncer IV/INCA. Rio de Janeiro (RJ), Brasil. E-mail: rnencetti@yahoo.com.br
Endereço para correspondência: Alessandra Zanei Borsatto. Rua Uruguai, 380 - Bloco D – apto. 807 – Tijuca. Rio de Janeiro (RJ), Brasil. CEP: 20510-052.
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Revista Brasileira de Cancerologia 2011; 57(1): 67-74
INTRODUÇÃO
O câncer do colo do útero é um problema de
saúde pública, principalmente nos países mais pobres.
Mundialmente, essa doença foi responsável por
aproximadamente 260 mil mortes em 2005, sendo 80%
delas nos países em desenvolvimento1.
Cerca de 500 mil casos novos são diagnosticados
anualmente no mundo, com disparidades importantes entre
as nações. A incidência é duas vezes maior nos países menos
desenvolvidos, se comparada à dos mais desenvolvidos. Essa
diferença também é verificada em relação à sobrevida, já
que, nos países mais pobres, o diagnóstico é realizado na
maioria das vezes em estádios avançados2.
No Brasil, é o segundo tipo de câncer mais comum
entre as mulheres, perdendo apenas para o câncer de
mama, com uma estimativa de 18.430 casos para 2011.
Seu risco estimado é de 18 casos a cada 100 mil mulheres2.
Sabe-se que o vírus do papiloma humano (HPV), de
transmissão sexual, está relacionado com o desenvolvimento
de aproximadamente 98% dos casos dessa neoplasia. É
condição necessária, apesar de não suficiente para o seu
surgimento3.
Existem aproximadamente 200 tipos de HPV4,
podendo ser classificados como de alto, intermediário e
baixo risco para câncer cervical5. De todos eles, 40 podem
afetar a mucosa genital, sendo que 15 possuem potencial
oncogênico5.
Entre os sorotipos de alto risco, os 16 e 18 são
responsáveis por 70% de todos os cânceres cervicais
e, entre os de baixo risco, os 6 e 11 são os que mais se
relacionam com os condilomas genitais1.
O câncer do colo do útero tem seu controle baseado
na análise microscópica de alterações no esfregaço
cervical (exame de Papanicolaou), que permite detectar
precocemente as lesões precursoras ou o próprio câncer.
Nos países onde esse exame está disponível para a
maior parte da população feminina, houve redução da
incidência e mortalidade por essa doença3.
No Brasil, os últimos dados divulgados pelo Ministério
da Saúde demonstram as disparidades de cobertura do
exame de Papanicolaou entre as capitais do país. As taxas
variam de 69,3% a 95,6% entre as mulheres de 25 a 59
anos que realizaram a citologia oncótica alguma vez na
vida e nos últimos três anos6.
Pensando em prevenção, as vacinas profiláticas contra o
HPV trouxeram a possibilidade de ações em nível primário,
já que até então a prevenção só ocorria em nível secundário.
Trata-se de uma estratégia recente, utilizada em alguns
países a partir da aprovação, em junho de 2006, da vacina
quadrivalente pelo Food and Drug Administration (FDA),
órgão americano responsável pela regulamentação de
alimentos e drogas.
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa) aprovou a sua comercialização. Contudo, estudos
de prevalência dos sorotipos virais estão em andamento
para avaliar a sua incorporação no Programa Nacional de
Imunizações2.
Devido à relevância do tema, o objetivo desse estudo
é descrever os aspectos relativos à vacina quadrivalente,
encontrados na literatura científica nacional e internacional,
quanto à sua descrição química, indicações, esquema
vacinal, apresentação e conservação, interação com outras
vacinas, duração da proteção, proteção cruzada, segurança,
contraindicações, imunogenicidade, reações adversas,
eficácia e impacto epidemiológico e econômico.
MÉTODO
Trata-se de um estudo de revisão de literatura com
abordagem descritiva, utilizando as bases de dados
Medline (Literatura Internacional em Ciências da Saúde)
e Lilacs (Literatura Latino-Americana e do Caribe em
Ciências da Saúde), com os seguintes descritores de
assunto: câncer/neoplasia; vacina; HPV. Para cada um
desses, foram selecionados os descritores padronizados
que se relacionavam ao tema.
Foram utilizados os operadores booleanos or entre
os descritores padronizados e and entre os descritores de
assunto. Inicialmente a pesquisa foi realizada na base de
dados Lilacs e, a partir do DeCS (Descritores em Ciências
da Saúde), os termos foram traduzidos para posterior
inserção no PubMed que fez a busca na base Medline.
O recorte temporal foi de cinco anos, recuperando
documentos a partir de 2005, ano anterior à aprovação
da vacina nos Estados Unidos da América. Publicações
anteriores possuem informações já defasadas a respeito
do tema que é bastante recente.
Foram encontrados 70 documentos disponíveis na
íntegra em meio eletrônico; e, após leitura, 35 foram
selecionados: dez na base Lilacs e 25 na Medline.
Os critérios de inclusão foram: trabalhos que versassem
sobre a vacina quadrivalente nos idiomas português, inglês
e espanhol.
Foram excluídos os artigos que não possuíssem
informação relevante para atingir o objetivo deste artigo.
Os 35 artigos selecionados foram alvo de leitura
analítica com posterior organização e apresentação por
temas, limitando-se à vacina profilática quadrivalente, já
aprovada para uso em seres humanos.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Aspectos gerais
As vacinas contra o HPV podem ser profiláticas,
limitando a infecção pelo vírus e as doenças dele
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decorrentes, sendo consideradas um instrumento de
prevenção primária ou terapêutica, quando induzem a
regressão de lesões precursoras e a remissão do câncer7.
As vacinas profiláticas possuem estudos em fase mais
avançada, sendo utilizadas em seres humanos. Atualmente
estão disponíveis dois tipos: a bivalente, Cervarix®, que
cobre os sorotipos virais 16 e 18 e a quadrivalente,
Gardasil®, que cobre os tipos 6, 11, 16 e 188. Para os outros
sorotipos não existe profilaxia7.
Ambas as vacinas são produzidas a partir da proteína L1
do capsídeo viral por tecnologia de DNA recombinante9
resultando em vírus-like particles (VLP), partículas
semelhantes aos vírus, mas que não possuem DNA e,
portanto, não são infectantes10. São capazes de induzir
a produção de anticorpos contra os tipos específicos de
HPV contidos na vacina9.
A vacina quadrivalente está licenciada pelo FDA e pela
Agência Europeia para a Avaliação de Produtos Medicinais
(EMEA) desde 2006, sendo utilizada em mais de 80
países11. A bivalente ainda não foi licenciada, estando em
fase final de testes clínicos12.
Descrição química
A vacina quadrivalente contém VLPs da proteína L1
dos HPVs 6, 11, 16 e 1812. O gene que codifica a proteína
L1 de cada tipo é expresso na levedura Saccharomyces
cerevisiae. O produto proteico é uma partícula não
infecciosa, o VLP, que é idêntica em forma e tamanho ao
vírus e adsorvida no adjuvante sulfato de hidroxifosfato.
Cada 0,5 ml da vacina contém 20μg da proteína HPV6L1,
40 μg da proteína HPV11L1, 20 μg da proteína HPV18L1
e 20 μg HPV16L1, entre outros adjuvantes como sódio,
cloreto de L-histidina, polisorbato 80, borato de sódio e
água para injeção. O produto não contém conservantes
ou antibióticos, e as embalagens são livres de látex13.
Indicações
A vacina quadrivalente foi aprovada pelo FDA
para mulheres entre 9 e 26 anos4, recomendando que
a vacinação ocorra entre os 11 e 12 anos, podendo ser
ampliada entre 9 e 26 anos, idealmente antes da primeira
relação sexual12.
Essa recomendação baseia-se nos seguintes dados: a
vacina administrada em meninas jovens mostrou 100%
de eficácia sem nenhum evento adverso sério reportado14;
nessa faixa etária, os mais altos níveis de anticorpos foram
encontrados após a vacinação; meninas que não tenham
sido infectadas por nenhum dos quatro sorotipos presentes
na vacina terão maiores benefícios; há alta probabilidade
da aquisição da infecção pelo HPV logo após o primeiro
contato sexual14.
A Sociedade de Ginecologia Oncológica dos Estados
Unidos recomenda ainda5:
- a vacinação pode ser realizada entre os 9 e 26 anos,
mesmo com exame de Papanicolaou anormal, com
verrugas genitais e teste de presença viral positivo, pois
protegerá contra os outros tipos de HPV presentes na
vacina e que a paciente não tenha adquirido;
- pode ser administrada em mulheres imunossuprimidas,
pois elas possuem maior risco de adquirir a infecção.
Contudo, não há evidencia de eficácia nesse grupo.
Esquema vac inal e administração
A vacina quadrivalente é preparada de maneira estéril
para injeção intramuscular de 0,5 ml no seguinte esquema:
mês 0; 2; 6. Esse é o esquema vacinal padrão, porém já
estão definidos os intervalos mínimos. Entre a primeira e
segunda dose, o intervalo mínimo é de um mês; entre a
segunda e terceira, três meses. Em caso de administração
de dose menor do que a recomendada, a dose correta deve
ser readministrada10.
Caso a vacinação seja interrompida, o esquema não
deve ser reiniciado. Se a série for interrompida após a
primeira dose, a segunda deve ser administrada assim
que possível e o intervalo entre a segunda e terceira doses
pode ser reduzido para três meses. Se apenas a terceira
dose estiver atrasada, deve ser administrada assim que
possível10.
Foi testada para administração no músculo deltoide
e vasto lateral15. Nesses sítios, a vacina alcança os vasos
linfáticos locais, ocorrendo produção de anticorpos
neutralizantes em grande quantidade7. A eficácia de
absorção em outros músculos não foi determinada15 e,
portanto, não devem ser utilizados na administração.
Recomenda-se a observação durante 15 minutos após
a administração por risco de síncope, principalmente em
adolescentes e adultos jovens8.
Apresentação e conserva ção
A vacina quadrivalente é uma suspensão branca, turva
e líquida, podendo ser apresentada na forma de frasco de
dose única com 0,5 ml ou já na seringa tipo Luer Lock com
o mesmo volume. Deve ser refrigerada entre 2 e 8 ºC, não
podendo ser congelada. Deve ser homogeneizada antes
da administração15.
Administração simultânea com outras vac inas
A vacinação simultânea com a vacina contra hepatite
B pode ser realizada, desde que sítios e seringas diferentes
sejam utilizadas10, pois não há diferença na resposta imune
para nenhum dos imunobiológicos1.
Já no caso das vacinas contra difteria, tétano,
coqueluche e antimeningocócica, a administração
concomitante não deve ser realizada até que os estudos
sejam concluídos1.
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Duração da proteção
A duração da imunidade após a vacinação e a titulação
mínima de anticorpos protetores para evitar a doença
ainda não estão claras10.
Após a terceira dose, os títulos de anticorpos caem por
dois anos até atingir um platô, apesar de a quantidade de
anticorpos produzidos por estímulo vacinal ser maior do
que por infecção natural16.
Estudos só confirmaram proteção por cinco anos. Um
seguimento de 15 anos nos sujeitos vacinados na Europa
irá prover informações essenciais sobre a durabilidade da
proteção16.
Proteção cruzada
Inicialmente a vacina protege contra os tipos de HPV
nela presentes. Contudo, pode haver proteção cruzada pela
similaridade genética entre alguns sorotipos3. A vacina
quadrivalente parece proporcionar proteção cruzada
parcial (em torno de 59%) contra os sorotipos 31 e 4517.
Apesar de esses dados ainda não estarem confirmados,
também há indícios de proteção cruzada contra os tipos
33, 52 e 58. Os ensaios de fase III em curso sugerem uma
proteção parcial contra dez sorotipos não incluídos na
vacina, inclusive os já mencionados18.
Segurança
As unidades produzidas por engenharia genética, os
VLPs, são unidades proteicas, sem material genético e,
portanto, não infecciosas. Possuem perfil de segurança
similar a outras vacinas como tétano ou hepatite B18. A
recombinação genética é considerada uma técnica que
envolve altos padrões de segurança, e os estudos clínicos
de fases II e III comprovaram esse dado9.
A porcentagem de segurança é próxima aos 100% na
prevenção de lesões pré-cancerosas do colo do útero, vulva
e vagina e para os condilomas genitais4.
Contraindicações
A hipersensibilidade aos componentes da vacina,
principalmente ao Saccharomyces cerevisiae, é uma
contraindicação à vacinação11, apesar de o risco de reação
anafilática nessas pessoas ser pequeno10. Há um risco
teórico de reação alérgica à vacina em pessoas com alergia
ao fungo, contudo não foram documentadas reações
adversas após a vacinação dessas pessoas19.
O uso em gestantes ainda está contraindicado, apesar
de não haver indícios de teratogenicidade9; porém, caso
a mulher engravide após o início da série de vacinação, a
conclusão do esquema deve ser adiada até o término da
gestação. Caso uma dose tenha sido administrada durante
a gravidez, nenhuma intervenção é necessária19.
Bases imunológicas e imunogenicidad e
A vacina contra o HPV gera uma resposta imunológica
específica de memória baseada em anticorpos neutralizantes
contra as proteínas do capsídeo viral4.
A persistência dos níveis de anticorpos a longo prazo
ainda não está clara assim como o nível necessário para
prevenir a infecção ou a doença. A duração real da proteção
conferida só será confirmada quando a vacina for utilizada
por vários anos18.
Estudos clínicos fases II e III randomizados, duplocegos
e controlados por placebo, em homens e mulheres
entre 9 e 15 anos, e mulheres entre 16 e 26 anos, não
expostos aos subtipos de HPV presentes na vacina10,
demonstraram que a vacina é altamente imunogênica,
induzindo a produção de anticorpos genótipos-específicos
em quantidade dez vezes maior do que a encontrada
em infecção naturalmente adquirida num prazo de dois
anos12.
Nos ensaios, um mês após a terceira dose da vacina,
quase 100% das mulheres entre 15 e 26 anos tiveram
detectados no sangue anticorpos para cada sorotipo
presente no imunobiológico. Esses estudos também
demonstraram que a vacina quadrivalente induz melhor
resposta em crianças entre 9 e 15 anos, quando comparadas
a adultos jovens (16 a 23 anos)12.
Nas mulheres entre 9 e 15 anos, a vacina é altamente
imunogênica. Duas doses de Gardasil® em indivíduos nessa
faixa etária produziu títulos de anticorpos equivalentes a
três doses em mulheres entre 16 e 26 anos. Contudo, a
sustentabilidade dessa resposta não foi avaliada20.
Essas taxas de anticorpos foram detectadas após a
vacinação independente do sexo, raça, país de origem,
hábito tabagístico, índice de massa corporal20, uso de
contraceptivo oral ou administração concomitante com
a vacina contra a hepatite B1.
O nível mínimo de anticorpos necessários para proteger
o indivíduo de uma infecção naturalmente adquirida ainda
não é um dado conhecido. Essa informação é fundamental
para a comparação com o nível de anticorpos produzidos
por indução vacinal21.
Estudos de fase III estão em curso para determinar a
duração dos níveis de anticorpos e a sua proteção1, e seus
dados parciais sugerem a necessidade de revacinação após
cinco anos, estimulando a memória imunológica21.
Os efeitos da infecção pelo HIV, malnutrição grave
ou infecção por malária ou helmintos sobre a resposta
imune ainda não foram estudados1. Também não está
claro se a vacina quadrivalente irá impedir a infecção e
suas consequências nos homens21.
Eventos adv ersos
Os eventos adversos decorrentes da vacinação podem
ser classificados em locais ou sistêmicos. Na maioria dos
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indivíduos, houve uma boa tolerância e os efeitos adversos
mais relatados foram os locais18.
Esses eventos foram 6% a 8% mais frequentes do que
os produzidos pelo placebo20, e a maioria deles (94%) foi
de intensidade leve ou moderada. Os mais comuns foram:
reação no local de aplicação com dor, edema e eritema4.
Em relação aos efeitos sistêmicos, não houve diferença
na frequência entre os que receberam a vacina ou o
placebo20. Os mais observados foram febre, náusea,
diarreia, vômito, tontura, mialgia, dor de dente, infecção
de trato respiratório, indisposição, artalgia, insônia e
congestão nasal15, todos de intensidade leve ou moderada.
Óbitos, Síndrome de Guillain-Barré, formação de
coágulos sanguíneos e outros sintomas graves ocorreram
durante o estudo22, mas não houve nenhuma relação direta
com a vacina19.
Durante o estudo, 2.832 mulheres (1.396 que
receberam a vacina e 1.436 que receberam placebo)
reportaram gravidez. A proporção de gestações com efeitos
indesejáveis foi comparável em ambos os grupos14.
Eficácia
Estudos duplo-cegos, randomizados e placebo-controle
com mulheres têm sido conduzidos em diversos países da
Europa, América do Norte e do Sul, Ásia e Austrália. A
eficácia foi estudada considerando a infecção pelo HPV e
as doenças consequentes, mais especificamente neoplasia
intraepitelial cervical (NIC), neoplasia intraepitelial
vulvar (NIV), neoplasia intraepitelial vaginal (NIVa) e
condilomas genitais18.
Ensaios clínicos de fase III, utilizando como parâmetro
o câncer cervical, não são viáveis, pois o tempo desde a
aquisição da infecção até o desenvolvimento da doença é
longo. Além disso, não poderiam ser aceitos eticamente,
já que as lesões precursoras são tratáveis14.
O estudo FUTURE I (Female United to Unilaterally
Reduce Endo/Ectocervical Disease Study Group) é um estudo
de fase III, randomizado, vacina-placebo, duplo cego com
5.455 mulheres entre 16 e 24 anos5. Um total de 2.723
mulheres foram randomizadas para receber três doses da
vacina quadrivalente e 2.732 para receber placebo21.
Nesse estudo, a vacina foi 100% efetiva na prevenção
de lesões intraepiteliais vaginais, vulvares e perianais e
verrugas genitais associadas aos tipos presentes na vacina.
Também se mostrou 100% efetiva na prevenção de NIC 1,
2 e 3 e adenocarcinoma in situ. Demonstrou que a vacina
é altamente efetiva na prevenção dessas lesões associadas ao
HPV tipos 6, 11, 16 e 18, em mulheres sorologicamente
negativas para esses sorotipos. Não há interferência entre
os quatro tipos presentes na vacina, já que a eficácia foi
de 100% para cada tipo específico5, 21.
O estudo FUTURE II, de fase III, utilizando também
três doses da vacina quadrivalente, randomizou de forma
duplo-cego, vacina-placebo, 12.167 mulheres entre 15 e
26 anos que não apresentavam evidência de infecção viral
pelos sorotipos 16 e 18. O estudo demonstrou eficácia
vacinal de 98% na redução da incidência de NIC 2 e 3, e
adenocarcinoma in situ. Nas pacientes com infecção viral
prévia pelos subtipos 16 e 18, a vacina demonstrou uma
eficácia de 44%. Quando a infecção viral prévia não era
somente pelos sorotipos 16 e 18, a eficácia contra NIC 2
e 3 caiu para 17%5,16.
Esses dados estão confirmados para um seguimento de
cinco anos e ainda necessitam ser estudados a longo prazo4.
A eficácia da vacina profilática foi alta nas quatro
regiões geográficas e em todas as etnias e grupos raciais17,
inclusive no Brasil, que foi incluído nos estudos de fase II
e III1, independente de coinfecção por outros patógenos
sexualmente transmissíveis19.
Cabe ressaltar que as vacinas são profiláticas e não
terapêuticas, não possuindo ação em caso de infecção
preexistente ou doença já instalada17. Entre as mulheres
já infectadas com um ou mais tipos presentes na vacina,
a eficácia limitou-se na prevenção da doença relacionada
aos outros sorotipos14.
Pequenas variações no regime recomendado não
afetaram a eficácia. A única obrigatoriedade foi a
administração de três doses de vacina no prazo de um ano.
Em mulheres com mais de 2613 ou menos de 9 anos19
e em homens, a eficácia ainda não foi avaliada, e estudos
são necessários nessas populações14. Por isso, a vacina não
deve ser administrada nesses grupos.
A eficácia também não foi avaliada em
imunocomprometidos por doenças ou medicações e,
apesar de não ser infecciosa, a resposta imunológica nesse
grupo poderá ser menor do que em imunocompetentes19.
No que se refere à prevenção de condilomas da genitália
masculina, câncer de pênis e de cabeça e pescoço, também
não existem dados que demonstrem a sua eficácia14.
Impac to epidemiológico
Segundo os dados do estudo FUTURE II, a vacinação
não alterou o curso da infecção já instalada, mas protegeu
contra infecções por estirpes de HPV que o indivíduo
ainda não tivesse sido exposto16.
Sendo assim, pode ser possível erradicar os tipos virais
mais oncogênicos e, consequentemente, poderá ocorrer
um desequilíbrio entre os sorotipos, potencializando a
ação dos menos frequentes4.
A eficácia total em termos de saúde pública ainda
não está bem estabelecida, já que a vacina não substitui
os programas de rastreamento. Nos países onde está
implementada, a vacinação ainda não forneceu dados de
redução de incidência e mortalidade pelo câncer do colo
do útero. Apesar disso, a vacina parece ser uma alternativa
promissora para a redução da morbi-mortalidade pelo
câncer cervical23.
Modelos desenvolvidos para avaliar o impacto da
vacina sugerem que a vacinação de mulheres com até 12
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anos de idade reduza o risco de câncer cervical em 20%
a 66%. Contudo, essa doença é rara em mulheres jovens,
e um maior benefício da vacina não foi observado em
mulheres com idade entre 30 e 50 anos24.
Cobertura vacinal de 70% em adolescentes entre 9
e 12 anos reduziria a incidência por câncer entre 34% e
55%. O rastreamento por exame Papanicolaou e teste de
DNA por duas ou três vezes de 70% da população entre
35 e 45 anos parece ser menos efetivo do que a vacinação1.
Os benefícios clínicos da vacinação, comparados com o
rastreamento isolado, devem ser avaliados, levando-se em
consideração a efetividade dos programas de rastreamento
de cada país24.
Esquema vacinal limitado aos indivíduos entre 9 e 14
anos de idade necessitará de mais de 20 anos para reduzir
as taxas da doença. Para as lesões precursoras de alto e
baixo grau, esse impacto seria um pouco mais precoce.
Esses estudos demonstram que o impacto epidemiológico
só será percebido a longo prazo23.
Ainda são necessários ensaios clínicos que determinem
a prevalência dos tipos virais em diferentes populações
vacinadas e não vacinadas para serem incluídos na análise
do impacto epidemiológico4.
Impac to econômico
A política de vacinação deve ser determinada em cada
país e levar em consideração a dimensão da doença, a
estrutura dos sistemas de saúde, a capacidade de iniciar
e manter um programa de vacinação, a acessibilidade
e a relação custo-efetividade comparativamente ao
rastreamento25.
Indubitavelmente, o impacto da vacinação parece
ser maior nos países em desenvolvimento, onde o
rastreamento ainda não está bem organizado e as taxas
de mortalidade por câncer cervical são altas. Contudo, o
custo do imunobiológico pode dificultar o acesso desses
países à vacina24.
Nos Estados Unidos da América, cada dose da vacina
quadrivalente custa aproximadamente 120 dólares11. Na
União Europeia, 96 euros. Esses valores não incluem
outros custos associados à prática da vacinação11. No
Brasil, os valores variam com a taxa de câmbio, tendo os
valores internacionais como base, já que são importadas.
Os custos e benefícios da vacinação necessitam
ser estimados e comparados com outras potenciais
intervenções. Muitos países desenvolvidos obtiveram
grandes reduções nas mortes por câncer cervical como
resultado dos programas de rastreamento pelo exame
Papanicolaou. Nesses países, a expectativa dos benefícios
com a introdução da vacina inclui a redução da
morbidade e dos custos associados com o seguimento de
pacientes com lesões cervicais, tratamento de NIC 2 e 3,
adenocarcinoma in situ e câncer. A situação é bastante
diferente nos países onde o rastreamento não é realizado
ou é de forma limitada. Nesses locais, a potencial redução
das mortes por câncer cervical parece ser o maior benefício
da vacinação1.
Uma análise das opções de controle do câncer cervical
no Brasil, país onde o rastreamento ainda é deficiente e
a cobertura é limitada, constatou que ao preço de 100
dólares por dose, a vacina não parece ser eficaz em termos
de custos, quando comparados com o rastreio por exame
Papanicolaou três vezes na vida. Para os países mais pobres,
com um produto interno bruto menor que 1.000 dólares
per capita, o custo por dose pode precisar ser tão baixo
quanto 1 ou 2 dólares para fazer a vacinação ser custoefetiva25.
O GAVI Alliance (Aliança Global para Vacinas e
Imunização), parceria de governos nacionais, Organização
Mundial da Saúde, Banco Mundial, entre outros, oferece
assistência técnica e apoio financeiro para implementação
de vacinas em países com renda nacional inferior a 1.000
dólares per capita. Assim, com subsídios da GAVI, a vacina
contra HPV pode chegar aos países mais pobres25.
Os benefícios, em cada país, dependem da incidência,
mortalidade e custos do tratamento atribuídos ao HPV
em cada um deles. Esses dados devem ser comparados
com a capacidade protetora das vacinas, eficácia, cobertura
necessária e duração da imunidade1.
No Brasil, o impacto da vacinação na perspectiva do
controle do câncer cervical depende da proporção de casos
da doença atribuíveis aos HPVs 16 e 18 e da cobertura
alcançável1. Estudos para determinar a prevalência desses
sorotipos estão em andamento.
A vacinação contra o HPV possui o potencial de
impactar a morbi-mortalidade associada às infecções por
esse vírus. Entretanto, algumas questões ainda precisam ser
respondidas para que a vacinação possa ser implementada
de maneira custo-efetiva24.
População-alv o
A população-alvo para vacinação são as adolescentes
do sexo feminino nas seguintes situações19:
- entre 9 e 13 anos de idade: a vacinação nesse grupo etário
é altamente recomendada antes do início das relações
sexuais, pois a eficácia é bastante elevada;
- entre 14 e 26 anos: beneficiadas parcialmente mesmo
se já sexualmente ativas, pois provavelmente não estão
infectadas para os quatro tipos contidos na vacina.
- entre 14 e 26 anos que tiveram anormalidades nos exames
anteriores de Papanicolaou, incluindo o câncer cervical,
ou tiveram verrugas genitais ou infecção pelo HPV
diagnosticada: também podem se beneficiar parcialmente
pelo mesmo motivo anteriormente exposto; no entanto,
devem ser aconselhadas de que não existem dados que
sugerem que a vacina terá qualquer efeito terapêutico
sobre as lesões cervicais.
73
Vacina contra o HPV: Aspectos Práticos
Revista Brasileira de Cancerologia 2011; 57(1): 67-74
CONCLUSÃO
O estudo permitiu a construção de uma ampla revisão
acerca do tema a que se propôs, utilizando a literatura
eletrônica disponível sobre o assunto, prevalecendo os
estudos internacionais.
Com base nos estudos de eficácia e segurança,
vários países já aprovaram a vacinação com a vacina
quadrivalente. No Brasil, o acesso se dá através de meios
próprios, já que o Sistema Único de Saúde (SUS) ainda
não a disponibilizou para a população e estudos de
prevalência dos tipos virais estão em andamento.
O levantamento realizado demonstrou que importantes
avanços já foram alcançados, porém ainda existem lacunas
do conhecimento que necessitam ser esclarecidas antes
que a vacina quadrivalente seja utilizada em larga escala,
especialmente nos países em desenvolvimento.
Declaração de Conflito de Interesses: Nada a Declarar.
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74
Borsatto AZ, Vidal MLB, Rocha RCNP
Revista Brasileira de Cancerologia 2011; 57(1): 67-74
Abstract
Introduction: This research is a descriptive bibliographical review. Objective: To describe the aspects related to the
quadrivalent vaccine, found in both national and international scientific literature, as for its chemical description,
indications, vaccination scheme, presentation and conservation, interaction with other vaccines, duration of protection,
cross protection, safety, contraindications, immunogenicity, adverse reactions, efficacy and epidemiological and
economics impact. Method: A search of studies was carried out in the Lilacs and Medline electronic data bases in the
period between 2005 and 2009. Out of the 70 documents found, 35 were selected once they aggregated information
about the several technical and practical aspects of the quadrivalent vaccine. With these documents in hands, an
analytical reading was done and the papers organized by themes and their presentation. Results: Among the more
relevant information it can be mentioned that it is indicated to women between 9 and 26 years old, before sexual
initiation, being administered in three doses; it has confirmed efficacy against the serotypes present in it, being highly
immunogenic and with protection guarantee for 5 years; it is safe, without any risk of infection with its administration
and with mild to moderate local adverse effects. Conclusion: This study showed that there are important knowledge
gaps about this vaccine that still need to be explained.
Key words: Review Literature as Topic; Cervix Neoplasms Prevention; Papillomavirus Vaccines
Resumen
Introducción: Esta investigación es una revisión de literatura, de abordaje descriptivo. Objetivo: Describir los aspectos
relacionados a la vacuna cuadrivalente, encontrados en la literatura científica nacional e internacional, cuanto a su
descripción química, indicaciones, esquema de vacunas, presentación y conservación, interacción con otras vacunas,
duración de la protección, protección cruzada, seguridad, contraindicaciones, inmunogenicidad, reacciones adversas,
eficacia e impacto epidemiológico y económico. Método: Se realizó un levantamiento de producciones en las bases
de datos electrónicas Lilacs y Medline en el período de 2005 a 2009. De los 70 documentos encontrados, 35 fueron
seleccionados pues agregaban informaciones sobre los diversos aspectos técnicos y prácticos de la vacuna cuadrivalente.
De pose de esos documentos, se realizó la lectura analítica con organización por temas y su presentación. Resultados:
Las informaciones más relevantes son las de que la vacuna está indicada para mujeres entre 9 y 26 años, antes de la
iniciación sexual, y debe ministrarse en 3 dosis; se comprueba su eficacia contra los suero tipos existentes en ella,
siendo altamente inmunogénica y con garantía de protección por 5 años; es segura, no existiendo riesgo de infección
con su administración y con efectos adversos locales leves a moderados. Conclusión: El trabajo demostró que existen
importantes vacíos del conocimiento sobre la vacuna que aún necesitan ser esclarecidos.
Palabras clave: Literatura de Revisión como Asunto; Prevención de Cáncer de Cuello Uterino; Vacunas contra
Papillomavirus
domingo, 19 de janeiro de 2014
ATENÇÃO INTEGRAL A SAÚDE DO IDOSO NO COMTEXTO FAMILIAR
ATENÇÃO INTEGRAL À
SAÚDE DO ADULTO E
DO IDOSO NO
CONTEXTO FAMILIAR
Professor Nilton Furquim Junior
INTRODUÇÃO
ENVELHECIMENTO
O aumento da expectativa de vida
principalmente ao nascimento, é uma
conquista de muitas nações, principalmente
entre aquelas que se encontram em processo
de desenvolvimento como o Brasil. Conforme
estimativas da Organização mundial de Saúde
(OMS), entre os anos de 1950 e 2025 a
população de idosos no Brasil aumentará 16
vezes, contra cinco vezes a população total,
que levará o Brasil ser o sexto país em
números absolutos de idoso do mundo, ou
seja, terá cerca de 32 milhões de indivíduos
com 60 anos ou mais. QUEM É O VELHO?
É aquele que tem diversas idades,a idade
de seu corpo,da sua história genética,da
sua parte psicológica e social
É o que tem mais experiência,mais
vivência,mais anos de vida,mais doenças
crônicas,mais perdas,sofre maiores
preconceitos e tem mais tempo disponível.
CARACTERÍSTICAS DO
ENVELHECIMENTO
DIMINUIÇÃO DA GORDURA CORPORAL
DA MASSA MUSCULAR;
DA FORÇA MUSCULAR
DA DENSIDADE ÓSSEA
DA FLEXIBILIDADEModificações externas
As bochechas se enrugam e embolsam;
Aparecem manchas escuras na pele;
A produção de células novas diminui;
A pele perde o tônus,tornando--se flácida
O nariz alarga--se
Os olhos ficam mais úmidos
Há um aumento de pelos nas orelhas e nariz
Encurvamento postural devido a modificações na coluna
vertebral
Postural devido a modificações na coluna vertebral
Diminuição de estatura pelo desgaste das vértebras.
Modificações internas
Os ossos endurecem
Os órgãos internos atrofiam--se reduzindo se
funcionamento
O cérebro perde neurônios
O metabolismo fica mais lento
A digestão é mais difícil
O olfato e o paladar diminuem
o endurecimento e entupimento das artérias
A visão fica comprometida
A audição fica comprometidaIndependência,Dependência
São termos que só podem ser
empregados,quando relativizados.Uma
pessoa pode ser financeira mente
independente,mas fisicamente
dependente.
Aspectos Sociais
Crise de identidade provocado pela falta
de papel social levando a uma perda da
auto--estima
Mudanças de papeis na família,no trabalho
e na sociedade,devendo se adequar a
novos papéis
Aposentadoria já que hoje ao se aposentar
ainda restam muitos anos de vida
Perdas diversas que vão desde a condição
financeira a perda de parentes e amigos
Diminuição do contato socialCuidados da Moradia
Se a mudança for inevitável,é necessário preparar o idoso para essa nova situação.
Procurar pisos antiderrapantes
Evitar tapetes soltos,procurar os apropriados
Boa iluminação
Instalar campainhas em todos os ambientes
Evitar degraus no box,que devem ter agarradores
Aumentar a altura do vaso em cerca de 15cm.
Preferir fogão elétrico ao a gás utilizar poucos móveis
nos ambientes
Preferência nas maçanetas de alavanca
................................................................................... ................
Nem sempre esses cuidados poderão ser
observados,mas alguns deles requerem
apenas adaptações simples no ambiente
com isso proporcionando ao idoso um
ambiente seguro e evitando acidentes
como queda e com isso uma melhor
qualidade de vida.Cuidados com os Velhos
Respeitar as individualidades.
Não enfatizá--los.
Não tratá--los como doentes.
Não tratá--los como incapazes.
Não oferecer cuidados diferenciados pela faixa etária.
Preservar sua independência e autonomia.
Ter paciência,pois seu tempo é outro,são mais lentos.
Trabalhar suas perdas e seus ganhos.
Promover contatos sociais.
A Família
“A família é um sistema ativo em constante
transformação,ou seja,um organismo complexo que se altera com o passar do tempo para assegurar a
continuidade e o crescimento de seus membros
componentes,Andolfi(1983).
As famílias de 50 anos atrás eram “escuras”sendo que as atuais são “coloridas”..
É comum haver choques de idéias entre pais,filhos e netos,porque os tempos mudam tendo aspectos
positivos e negativos.
Para o velho,a família passa a ser os filhos,netos,bisnetos e outros parentes de idades
inferiores a sua.sendo que ele que já teve filhos sob
seus cuidados agora passa a ser cuidados por eles. ANTES HOJE
Família numerosa família nuclear
Todos morando juntos morando só
Mulher em casa mulher trabalhando
Casas grandes moradias pequenas
Poucas mudanças muitas mudanças
Transf.lentas transf.rápidas
Crianças em casa crianças em creches
Sexo reprimido sexo liberado
Liberdade vigiada liberalismo
A troca de papéis que ocorre à medida que
o pai e a mãe vão envelhecendo ocasiona
uma mudança grande nas famílias
.acostumados a serem cuidados pelos pais
agora ocorre uma inversão de papeis os
filhos passam a cuidar dos pais desde a
sua alimentação ate cuidados
médicos,transporte e vestuário.O neto que
antes vivia no colo agora passa a ser seu
motorista.Ou seja a família descobre a
aprende a conhecer o seu velho e com isso
conhecer a beleza dessa fase da vida.Fatores complicadores no trabalho
com as famílias. Quando valorizam a parte médica achando que só a medicação e que resolve tudo,sem levar em conta o tratamento psicossocial..
Depressivas acreditam que nada vai dar certo.
Intelectualizadas entendem tudo,podem até entender,mas não sentem.
Ressentidas nesse caso,os filhos,consciente ou inconscientemente,querem se vingar dos pais por algo que sofreram no passado.
Obsessivas tudo deve ser perfeito.estão mais preocupados com a ordem e
organização,do que com o bem estar do idoso
Histéricas tudo é drama,tragédia.se tem um resfriado é gripe se tem gripe é
pneumonia e assim por diante.
Impermeáveis são resistentes a novas idéias e propostas que não sejam aquelas que sempre acreditaram
Fechadas escondem alguns segredos que tem vergonha de revelar so Fechadas escondem alguns segredos que tem vergonha de revelar sobre a
sua família e com isso as vezes atrapalhando o trabalho com o idoso
Aparência
Na frente dos outros trata bem o velho e quando estão só tratam de outra
forma
Doenças
As projeções para o ano 2020 revelam
que77% das mortes nos países em
desenvolvimento ocorrerão por doenças
não--
transmissíveis(derrame,enfarto,diabetes
alguns tipos de câncer e hipertensão).A
natureza dessas enfermidades
,tratáveis,mas comumente
incuráveis,exige intervenções caras e de
alta tecnologia,para o resto da
vida.(kalache,1996). As doenças comuns no envelhecimento estão
relacionadas às condições de vida tais como
alimentação e estilo de vida,que caracterizarão a forma pela qual se chega a velhice.Com o
aumento da expectativa de vida,torna--se
freqüente o aparecimento de doenças crônico-- degenerativas,que implicam na utilização dos
serviços de saúde por tempo prolongado.Neste aspecto,observa--se que o processo de envelhecimento não deverá estar direcionado
para uma visão curativa,mas sim preventiva
onde segundo a OMS,não deve estar restrito a
ausência de doença,mas sim a um estado
positivo completo bem estar físico,psíquico e social.
Se saúde fosse sinônimo de ausência de
doença,a partir de determinada idade poucos seriam saudáveis,pois a medida que se envelhece,surgem as doenças crônico-- degenerativas e desenvolvem deficiências,como
a auditiva e a visual.No processo natural do
envelhecimento,ocorre uma diminuição da
capacidade funcional de cada sistema.As
alterações são constantes podendo ser lentas ou
rápidas dependendo de alguns
fatores:constituição genética,hábitos e estilo de
vida,meio ambiente,contexto sócio econômico e
social e até mesmo a sorte de nascer em uma
sociedade desenvolvida e em uma família com
um poder aquisitivo melhor.Doenças mais comuns no
envelhecimento
Cardiovasculares:artério coronarianas e hipert..
Respiratórias:asma,bronquite crônica e
enfisema;
Musc.esquelética:artrose,artrite reumatóide e
dores lombares;
Depressivas;
Metabólicas:diabetes,obesidade e osteoporose;
Sensoriais:desordens visuais auditivas;
Incontinência urinária.
Doenças cardiovasculares
Doença aterosclerótica coronariana
Conceito: Depósito de placas de gordura dentro da parede
arterial, é considerada a mais comum.
Etiologia: Acredita--se que a lesão se inicia por acumulo de
lipídios na parede arterial formando as placas
ateromatosas, em particular a lipoproteína de baixa
intensidade (LDL). A oxidação da LDL dá inicio a
respostas inflamatórias.
Sinais e sintomas: Angina, infarto do miocárdio, acidentes
vasculares cerebrais (AVC), doença vascular periférica,
cardiopatia isquêmica e morte súbita. Hipertensão
Conceito: Conhecida como doença silenciosa, é a
elevação da pressão arterial para números
acima dos valores considerados normais, ou
seja, a pressão sistólica acima de 140 mm Hg e
a diastólica acima de 90 mm Hg (WHO,1990)
Sinais e sintomas: Os sintomas mais comuns são:
cefaléia occipital, tontura, sensação
desagradável, escotomas cintilantes (manchas brilhantes que se movem dentro do campo
visual), náuseas, diminuição da libido, cansaço
nos médios e grandes esforços físicos,
palpitações, angina peitoral, dispnéia, síncope e
parestesia.
Exercícios físicos e o paciente com
doenças cardiovasculares.
O portador de doença artério--coronariana,,
que pretende dar inicio a um programa de
exercícios físicos, deve informar ao
profissional de Educação Física seu estado
de saúde e seguir as seguintes
recomendações, de acordo com Benetti
(1999) e Rimmer (1998): Apresentação do atestado médico, no qual
deve constar a recomendação do tipo de
atividade física adequada, de acordo com
a sua patologia
Levar em consideração sua individualidade
biológica e respectiva condição cardíaca
Estar sempre munido de medicamento no
local da atividade física.
Medir a pressão arterial: se a pressão estiver
acima de 200 mmHg, não deverá praticar
exercícios físicos nesse dia; igual procedimento
será adotado se aumentar para esse índice,
durante a sessão;
Medir a pressão antes, durante e após a sessão
de exercícios, com vistas a ser mantido um
acompanhamento de seu estado
As atividades físicas deverão ser aeróbicas com
60 a 80% da freqüência cardíaca máxima.Doenças respiratórias
Asma
Conceito: Doença caracterizada por uma
hiperreatividade da traquéia e brônquios em
resposta a vários estímulos, manifestado por um
estreitamento generalizado das vias aéreas que
modifica sua severidade espontaneamente, ou,
como resultado do tratamento.
Sinais e Sintomas: Dificuldade respiratória com o
uso da musculatura acessória, expectoração
mucopurulenta abundante, dispnéia, roncos,
cianose e estertores sibilantes.
Bronquite crônica
Conceito: São consideradas, como tendo bronquite
crônica, pessoas que apresentavam tosse com
expectoração(produção de catarro) do tipo
mucoso ou purulento (ocorre quando há uma
infecção associada), na maioria dos dias, por
pelo menos 3 meses seguidos, em 2 anos
consecutivos (Menezes, s/d).
Sinais e sintomas: a forma mais branda na tosse,
com pequena quantidade de muco pela manhã,
também chamada de tosse do fumante. Enfisema:
Conceito: alargamento anormal e
permanente dos espaços aéreos distais ao
bronquíolo terminal, acompanhado pela
distribuição de suas paredes e sem fibrose
aparente.
Sinais e sintomas: os primeiros sinais
costumam ocorrer em fumantes, após os
50 anos de idade. A dispnéia é a principal
queixa, que progride lentamente até a
incapacidade.
Exercícios físicos e paciente com
doenças respiratórias.
O exercício físico para pacientes com doenças
respiratórias propicia as seguintes vantagens.
-- Melhor eficiência no andar
-- Redução do consumo de oxigênio, com conseqüente
diminuição do custo metabólico.
-- Melhor postura corporal
-- Melhor resposta cardíaca e maior distribuição do fluxo
sanguínea.
-- Aumento do volume respiratório, estimulando melhores
trocas gasosas.
-- Aumento da capacidade de ventilação do pulmão e da
resistência dos músculos respiratórios.Doenças músculo--esqueléticas
Artrose:
Conceito: também chamada pelos norte--
americanos de osteoartrite, e pelos europeus de
osteoartrose, resulta de uma alteração não
inflamatória das articulações e se caracteriza
pela degeneração da cartilagem e neoformação
óssea na superfície articular. Esta localizada em
áreas não submetidas a hiperpressão e é uma
doença que acomete pessoas de idade mais
avançada.
Sinais e sintomas:
Os sintomas são: dor, inchaço (edema) e
dificuldade de movimentação da região
acometida. Cada articulação tem o seu
curso, de acordo com a evolução da
doença. No joelho, manifesta--se, alem da
dor e do inchaço, a dificuldade progressiva
de caminhar, subir e/ ou descer escadas. Artrite reumatóide
Conceito: Doença sistêmica crônica, inflamatória
subaguda ou crônica, não supurativa, difusa, do
tecido conjuntivo, que acomete geralmente as
articulações.
Sinais e sintomas: a doença tem inicio com
fadiga, rigidez muscular. Edema doloroso em
uma ou mais articulações. As mãos refletem
deformidade nas articulações. As falanges distais
estão hipertrofiadas e as proximais, fletidas, e
há desvio dos dedos. As unhas tornam--se
quebradiças e os músculos internos,
enfraquecidos.
Dores lombares
Conceito: A síndrome Dolorosa Lombar, ou
simplesmente lombalgia, pode ser caracterizada por uma dor localizada na região lombar, aguda
ou crônica, leve ou intensa.
Sinais e sintomas: a dor lombar pode ser de dois tipos: mecânica e compressiva.
A dor mecânica resulta da inflamação causada por
irritação ou traumatismo dos discos, das facetas
articulares, ligamentos e músculos da região lombar.
A dor compressiva ocorre quando uma raiz nervosa, ao se deslocar lateralmente em relação
a espinha, é pinçada.Doenças depressivas
Conceito: doença que se caracteriza por um estado
patológico de sofrimento psíquico. É acompanhado de
episódios depressivos como: rebaixamento do estado de
animo, redução da auto--estima, perda de interesse e
prazer pelas atividades habituais, perda ou aumento de
peso, sentimento de auto--acusação e culpa excessiva.
Sinais e sintomas: os sintomas em sua maioria são atípicos.
Sensação de vazio, sentimento de culpa, pessimismo,
desamparo, inutilidade, irritabilidade, inquietação,
fadiga, falta de perspectivas , perda de apetite, de peso
e de interesse pela atividade sexual, dificuldade de
concentrar--se para tomar decisões, idéia de morte, dor
de cabeça.
Doenças metabólicas
Diabetes:
Conceito: síndrome metabólica que se caracteriza
por um excesso de glicose (açúcar) no sangue
(hiperglicemia), devido à falta ou ineficácia da
insulina, que é um hormônio produzido pelo
pâncreas.
Varias são as causas que provocam ou facilitam o
aparecimento das diabetes: hereditariedade,
vírus, transtornos psíquicos, estresse,
sedentarismo, obesidade,idade, efeito da dieta e
disfunção auto--imune. Sinais e sintomas: Os sintomas são pliúria
(aumento da urina), polidipsia (aumento
de sede), polifagia (aumento da fome),
boca seca, infecções cutâneas e genitais
recidivantes, impotência sexual, alterações
visuais, renais ou neurológicas, como
diabético precedido de náuseas, vômitos,
fadiga progressiva, irritabilidade,
inconsciência profunda, respiração rápida,
hálito cetônico e debilidade.
Obesidade:
Conceito: Caracteriza--se por excesso de
tecido adiposo no individuo. Dependendo
da localização da gordura no organismo, a
obesidade é classificada como: visceral e
subcutânea. A mais “perigosa”é a
obesidade visceral, pois leva o individuo a
apresentar quadro clinico compatível com
a hipertensão arterial, diabetes mellitus,,
aumento de triglicerídios e doenças
cardiovasculares.Sinais sintomas: excesso de tecido adiposo.
Pode ser medido através do Índice da
Massa Corporal (IMC) que é igual a Massa
corporal em Kg, dividida pela estatura em
metros ao quadrado (IMC= peso Kg,,
(altura x altura)). O individuo que
apresentar o IMC acima de 25 apresenta
sobrepeso, e o acima de 30 considerando
obeso, ou com obesidade.
Osteoporose
Conceito: Aumento da porosidade do esqueleto.
Os ossos tem uma uma diminuição da massa
por unidade de volume, causando um
desequilíbrio entre a reabsorção e a formação
óssea.
Sinais e sintomas: dor lombar, diminuição de
altura, deformidade da coluna (cifose) e
múltiplas fraturas (vértebras, quadris e região distal do radio.) Obesidade, hipertensão arterial,
celulite em membros inferiores, excesso de
pêlos e hiperfrouxidão ligamentar..Doenças sensoriais
Deficiência visual
Conceito: declínio de acuidade visual com diminuição da
capacidade de discriminar estímulos e imagens.
O déficit visual nos idosos podo ocorrer não só pelas
alterações estruturais e funcionais dos olhos, como
também pelas doenças especificas que pode acometê--
los. Com o envelhecimento, os olhos necessitam de
maior quantidade de luz para compensar os efeitos de
pupila diminuída de tamanho, ou do espessamento do
cristalino que contribui para um déficit de acomodação.
A causa mais comum da deficiencia no idoso é a
catarata.
Deficiência auditiva
Conceito declínio da sensibilidade
auditiva,que compromete a capacidade de
ouvir e de se relacionar socialmente.
Sinais e sintomas:isolamento
social,tendências paranóicas(sensação de
que os outros estão falando dele.)World Health Organization
Até 2025, segundo a OMS, o
Brasil será o sexto país do mundo em
número de idosos.
O aumento do número de anos de vida,
no entanto precisa ser
acompanhado pela melhoria ou
manutenção da saúde e
qualidade de vida. (OMS 2005)
ENVELHECIMENTO
O envelhecimento da população é,,
antes de tudo, uma história de sucesso para
as políticas de saúde pública, assim como
para o desenvolvimento social e econômico
(Gro Harlem Brundtland, Diretor--geral, OMS,1999)100,0
17.4
> de 60 anos 7.920 100,0 9.565 100,0 85
80 anos e mais 701 8,9 1.040 10,9 1.741 10,0
912 11,5 1.170 12,2 2.082 11,9 75 a 79 anos
1.561 19,7 1.945 20,3 3.506 20,1 70 a 74 anos
2.064 26,1 2.360 24,7 4.424 25,3 65 a 69 anos
2.682 33,9 3.050 31,9 5.732 32,8 60 a 64 anos
Nº % Nº % Nº %
Masculino Feminino Total Faixas etárias
População residente por sexo e faixa etária, 2005 Fonte: IBGE
ENVELHECIMENTO
em Mafra
PROJEÇÃO 1980 -- 2050ENVELHECIMENTO ATIVO
A OMS argumenta que os países
podem custear o envelhecimento se
os governos, as organizações
internacionais, universidades e a
sociedade civil implementarem
políticas e programas de
“ENVELHECIMENTO
ATIVO”
JUSTIFICATIVA
Sendo o envelhecimento uma
característica de nosso tempo,
cresce a necessidade de
desenvolver estudos que
busquem oferecer
subsídios para uma melhor
compreensão deste processo.
A CADA DÓLAR INVESTIDO NA
PREVENÇÃO SÃO ECONOMIZADOS 3
DÓLARES NO TRATAMENTO (OMS)Estágio de Mudança de
Comportamento
Teoria elaborada por Prochaska e
Marcus(20), a aspirada mudança de
comportamentos obedece a uma
seqüência de estágios em que o
indivíduo vai passando ao próximo,
caso as características do estágio em
que ele se encontre já estejam
incorporadas.
Prochaska JO, Marcus BH. The transtheoretical model: applications to
exercise. In: Dishman RK, editor. Advances in exercise adherence.
Champaign, IL: Human Kinetics, 1994;181-90No quadro1 pode--se verificar esses estágios de mudança de
comportamento com suas respectivas características
Estágios de Mudança de
Comportamento
Prochaska e Marcus
PRÉ-- CONTEMPLAÇÃO
A pessoa não tem intenção de mudarEstágios de Mudança de
Comportamento
Prochaska e Marcus
CONTEMPLAÇÃO
começa a considerar a necessidade
de mudar de comportamento
Estágios de Mudança de
Comportamento
Prochaska e Marcus
PREPARAÇÃO
toma a decisão de mudar de
comportamentoEstágios de Mudança de
Comportamento
Prochaska e Marcus
AÇÃO
coloca em prática seu plano de
mudança de comportamento
Estágios de Mudança de
Comportamento
Prochaska e Marcus
MANUTENÇÃO
comportamento já incorporado Também conhecido como modelo
transteorético
Reconhece que fatores específicos do
processo de mudança, como a
percepção dos benefícios (prós) e das
barreiras (contras), incluem em sua
análise fatores sociais e do
ambiente físico.
O considerar os processos cognitivos e comportamentais,
além dos fatores internos e do ambiente, envolvidos na
adoção do novo comportamento relacionado à saúde..
Esse modelo ganha destaque na
área relacionada à saúde e,
particularmente, na atividade
física. A vantagem desse modelo reside no
fato de que, ao se fazer uma
classificação do sujeito, há indícios
de qual poderia ser a intervenção
mais adequada para cada tipo de
comportamento identificado
Estágios de Mudança de Comportamento
ATIVIDADE FÍSICA
Você tem um estilo de
vida fisicamente
ativo?
Você considera a
atividade física
importante para
a sua saúde e
bem-estar geral?
Pretende começar a prática de atividades físicas
nos próximos
meses?
Pratica há mais de
seis meses?Referências
Nahas MV. Atividade física, saúde e
qualidade de vida: conceitos e sugestões
para um estilo de vida ativo. Londrina:
Midiograf, 2001.
Prochaska JO, Marcus BH. The
transtheoretical model: applications to
exercise. In: Dishman RK, editor. Advances
in exercise adherence. Champaign, IL:
Human Kinetics, 1994;181-90.
Desculpas para não se exercitar
1 – falta de tempoDesculpas para não se exercitar
2 – falta de informação dos benefícios e
sobre como se exercitar
Desculpas para não se exercitar
3 – falta de instalações adequadas e
convenientesDesculpas para não se exercitar
4 – fadiga geral
Atividade Física
Todo e qualquer movimento corporal
produzido pela musculatura
esquelética(voluntária),com gasto
energético acima dos níveis de repousoExercício Físico
Formas de atividade física
planejada,estruturada,sistemática,
efetuada com movimentos corporais
repetitivos,a fim de manter ou
desenvolver um ou mais componentes da
aptidão física
Aptidão física
Conceito multidimensional que reflete um
conjunto de características que as pessoas
tem ou desenvolvem,e que estão
relacionadas com a capacidade de um
individuo tem para realizar atividades
físicas.Sedentário
Individuo que tenha um estilo de vida com
um mínimo de atividade física,equivalente
a um gasto
energético(trabalho+lazer+atividades
domesticas+locomoção)inferior a 500Kcal
por semana
Moderadamente ativo
Deve realizar atividades físicas que
acumulem um gasto energético acima de
1000Kcal.isso corresponde
aproximadamente,a caminhar a passos
rápidos por 30min,cinco vezes por
semana.Ativo
Individuo que gastam acima de
2.500Kcal/semana
Aptidões Físicas
Agilidade
Equilíbrio
Força e resistência muscular
Flexibilidade
Resistência aeróbia
Composição corporal
Velocidade
Resistência anaeróbiaPrescrição de Exercícios
A prescrição de um exercício precisa se
adequado para cada pessoa por uma
série de circunstâncias:
Elas se diferem pela(o):
IDADE
SEXO
PRESENÇA OU AUSÊNCIA DE
COMPLICAÇÕS CRÔNICAS.
COLÉGIO AMERICANO DE MEDICINA DESPORTIVA RECOMENDA
UMA AVALIAÇÃO ERGOMÉTRICA COM ELETROCARDIOGRAMA DE
ESFORÇO NAS SEGUINTES CONDIÇÕES:
Homens
Mulheres
aparentemente saudáveis
com mais de 40 anos
aparentemente saudáveis
com mais de 50 anosCOLÉGIO AMERICANO DE MEDICINA DESPORTIVA RECOMENDA
UMA AVALIAÇÃO ERGOMÉTRICA COM ELETROCARDIOGRAMA DE
ESFORÇO NAS SEGUINTES CONDIÇÕES:
Indivíduos com
fatores de risco conhecido
independente da idade
ou sintomas de doença
arterial coronariana(DAC);
Todos os indivíduos com doenças
cardíacas metabólica pulmonar
IMPORTÂNCIA DOS TESTE RELACIONADOS
AOS INDIVÍDUOS QUE VISAM INICIAR UM
PROGRAMA DE MANUTENÇÃO DE SAÚDE OU
DE REABILITAÇÃO
INFORMAÇÕES PRELIMINARES DEVEM
INCLUIR QUESTÕES COMO EXAME
FÍSICO OU UMA ENTREVISTA COM O
MÉDICO
ANAMNESE COMPLETAANAMNESE
Nome:____________ Idade: ______
Peso: _____ Altura: _____ C. Cintura: ___ IMC:__
Pressão Arterial: _______ Fcrep.: _____ Glicose:__
Último Check--up: _____ Colesterol:_____
HDL: ____ LDL: _______ Triglicerídeos: ______
Fumante: ____ cigarros/dia: ____ Já fumou:___ Parou
a: _____
Doenças Anteriores: ____________ Doenças em
familiares: _____
Cirurgias e Internações: ________ Lesões Anteriores:
__________
Medicação em uso: _________
Pratica atividade física: ______ Qual? _________
Quantas vezes por semana: ____ Duração da Sessão:
Intensidade:
PRÉ-- TESTE
UMA RECOMENDAÇÃO MÍNIMA É QUE
OS INDIVÍDUOS DEVEM COMPLETAR UM
QUESTINÁRIO COMO O Q--PAF
(QUESTIONÁRIO DE PRONTIDÃO PARA
ATIVIDADE FÍSICA)
DEVE SER FEITO UMA AVALIAÇÃO NO
ESTILO DE VIDA (PENTÁCULO DO
BEM-- ESTAR)NahasTESTE Q--PAF
7. Você tem consciência, através da sua própria
experiência ou aconselhamento médico, de alguma outra
razão física que impeça sua prática de atividade física
6. Algum médico já recomendou o uso de medicamentos
para sua pressão arterial ou condição cardiovascular?
5. Você tem algum problema ósseo ou muscular que
poderia se agravado com a prática de atividade física?
4. Você tende a perder a consciência ou cair como
resultado de tonteira?
3. Você sentiu dor no peito último mês?
2. Você sente dor no peito causada pela prática de
atividade física?
1. Alguma vez um médico lhe disse que você possui um
problema do coração e recomendou que só fizesse
atividade física sob supervisão médica?
SIM NÃO PERGUNTAS
a) Sua alimentação inclui pelo menos 5 porções de frutas e
hortaliças;
b) Você evita ingerir alimentos gordurosos;
c) Você faz 4 a 5 refeições variadas ao dia, incluindo café da
manhã completo.
NUTRIÇÃO
(0) absolutamente NÃO faz parte do seu estilo de vida
(1) ÀS VEZES corresponde ao seu comportamento
(2) QUASE SEMPRE verdadeiro no seu comportamento
(3) a afirmação é SEMPRE verdadeira no seu dia--a--dia
Perfil do Estilo de Vida
Individuald) Você realiza ao menos 30 minutos de atividades físicas
moderadas/ intensas, de forma contínua os acumulada, 5 ou
mais dias na semana.
e) Ao menos duas vezes por semana você realiza exercícios que
envolvam força muscular e alongamento muscular
f) No seu dia--a--dia, você caminha ou pedala como
meio de transporte e preferencialmente, usa escadas
ao invés do elevador
ATIVIDADE FÍSICA
(0) absolutamente NÃO faz parte do seu estilo de vida
(1) ÀS VEZES corresponde ao seu comportamento
(2) QUASE SEMPRE verdadeiro no seu comportamento
(3) a afirmação é sempre VERDADEIRA no seu dia--a--dia
g) Você conhece sua PRESSÃO ARTERIAL, seus níveis
de colesterol e procura controlá--los.
h) Você NÃO FUMA E NÃO INGERE ÁLCOOL (ou ingere
com moderação)
i) Você respeita as normas de trânsito.
COMPORTAMENTO
PREVENTIVO
(0) absolutamente NÃO faz parte do seu estilo de vida
(1) ÀS VEZES corresponde ao seu comportamento
(2) QUASE SEMPRE verdadeiro no seu comportamento
(3) a afirmação é sempre VERDADEIRA no seu dia--a--diaj) Você procura cultivar amigos e está satisfeito com
seus relacionamentos.
k) Seu lazer inclui encontros com amigos, atividades
esportivas em grupo, participação em associações
ou entidades sociais.
l) Você procura ser ativo em sua
comunidade, sentindo--se útil
no seu ambiente social.
RELACIONAMENTOS
(0) absolutamente NÃO faz parte do seu estilo de vida
(1) ÀS VEZES corresponde ao seu comportamento
(2) QUASE SEMPRE verdadeiro no seu comportamento
(3) a afirmação é sempre VERDADEIRA no seu dia--a--dia
m) Você reserva tempo ( ao menos 5 minutos) todos os
dias para relaxar.
n) Você mantém uma discussão sem alterar--se, mesmo
quando contrariado.
o) Você equilibra o tempo dedicado
ao trabalho com o tempo dedicado ao lazer.
CONTROLE DO
STRESS
(0) absolutamente NÃO faz parte do seu estilo de vida
(1) ÀS VEZES corresponde ao seu comportamento
(2) QUASE SEMPRE verdadeiro no seu comportamento
(3) a afirmação é sempre VERDADEIRA no seu dia--a--diaEstilo de Vida Saudável
Estilo de Vida NÃO--SaudávelEstilo de Vida Saudável
Objetivo dos testes em Idosos
Diagnosticar e verificar a eficiência dos
programas quanto a aptidão física e
capacidade funcional
Verificar as associações existentes nos
aspectos antropométricos,,neuromotores e
metabólicos da aptidão física
Determinar as variáveis que devem ser
priorizadas na elaboração dos programas
de intervençãoCapacidade Funcional
Capacidade de realizar as atividades da
vida diária de forma
independente,incluindo atividades de
deslocamento,participação atividades
ocupacionais e recreativas,ou seja,a
capacidade de manter as habilidades
físicas e mentais para uma vida “saudável”
MÉTODOS ANTROPOMÉTRICOS
AS MENSURAÇÕES DE ALTURA, PESO,
CIRCUNFERÊNCIAS E DOBRAS CUTÂNEAS
SÃO USADAS PARA ESTIMAR A
COMPOSIÇÃO CORPORAL
OS QUE NOS TRAZ OS
MELHORES
RESULTADOS É AS DE
DOBRAS CUTÂNEAS
DEVIDO AS MELHORES
ESTIMATIVAS DA
ADIPOSIDADE
CORPORAL.TESTES DE APTIDÃO FÍSICA
A coleta de dados basais e de
acompanhamento que tornam possível a
avaliação do progresso por parte dos
participantes dos programas de exercícios.
MOTIVAÇÃO DOS PARTICIPANTES PELO
ESTABELECIMENTO DOS OBJETIVOS
ESTRATIFICAÇÃO DO RISCO
TESTE DE FLEXIBILIDADE
ABDOMINAL
TESTE SENTAR E ALCANÇAR
REGISTRAR A DISTÂNCIA MÁXIMA
ALCANÇADA, NA FLEXÃO DO TRONCO
SOBRE O QUADRIL NA POSIÇÃO
SENTADA.
BANCO DE WELLSDOBRAS CUTÂNEAS
A maneira mais prática e barata para
determinar a quantidade de gordura corporal é
através da dobras cutâneas. Seus valores usados
em fórmulas específicas permite um cálculo
estimativo da Porcentagem de Gordura.
EDWARDS (1950), citado por GUEDES
(1987), refere que a literatura especializada
menciona a existência de aproximadamente
93 possíveis locais anatômicos onde uma
dobra cutânea pode ser destacada..
As dobras cutâneas mais utilizadas são
as localizadas nas regiões do tríceps,
subescapular, supra-ilíaca, abdominal
e da coxa.
SÍNDROME DE YOUNG ( INFECÇÃO RESPIRATÓRIA DE REPETIÇÃO E AZOOSPERMIA )
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vol.46 issue1Radiation overexposure to the X-ray beam of a difractometer affected the hands of three workers in Camaçari, Brazil author indexsubject indexarticles search Home Pagealphabetic serial listing
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Revista da Associação Médica Brasileira
Print version ISSN 0104-4230
Rev. Assoc. Med. Bras. vol.46 n.1 São Paulo Jan./Mar. 2000
http://dx.doi.org/10.1590/S0104-42302000000100014
Relato de Caso
Síndrome de Young: infecções respiratórias de repetição e azoospermia
A.P.S. Balbani, S.A.M. Marone, O.Butugan, P.H.N. Saldiva
Divisão de Clínica Otorrinolaringológica do Hospital das Clínicas e Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
RESUMO
INTRODUÇÃO: A síndrome de Young é uma variante da discinesia ciliar primária, caracterizada pela ocorrência de infecções respiratórias de repetição e obstrução congênita do epidídimo.
APRESENTAÇÃO DO CASO: Os autores apresentam um caso de rinossinusite e pneumonias de repetição em um paciente de 28 anos do sexo masculino. Dosagem de sódio e cloro no suor e pesquisa de imunodeficiências celulares e humorais resultaram negativas. O espermograma revelou azoospermia, embora a espermatogênese estivesse mantida, conforme achado na biópsia de testículo.
DISCUSSÃO: O diagnóstico foi de síndrome de Young, sendo este o primeiro caso relatado no Brasil.
CONCLUSÃO: Os autores alertam para a importância desse diagnóstico, dadas suas implicações para aconselhamento genético, além do diagnóstico diferencial a ser feito com a fibrose cística.
UNITERMOS: Sinusite. Otite média. Cílios. Infecções respiratórias.
INTRODUÇÃO
A associação entre infecções respiratórias de repetição e azoospermia de causa obstrutiva foi descrita pela primeira vez em 1970, sendo denominada síndrome de Young1. A síndrome de Young está incluída na discinesia ciliar primária, doença genética de caráter autossômico recessivo que determina anomalias ultra-estruturais dos cílios presentes na mucosa do aparelho respiratório e dos espermatozóides2. Outra apresentação clínica da discinesia ciliar primária é a síndrome de Kartagener, caracterizada pela tríade sinusite-bronquiectasia-situs inversus2.
O presente artigo tem por objetivo descrever um caso de síndrome de Young, diagnosticado em nosso Serviço, sendo esse o primeiro relato da doença em nosso País, segundo levantamento de literatura. Serão discutidos os aspectos de quadro clínico, diagnóstico e tratamento da doença, com especial atenção às manifestações no aparelho respiratório.
APRESENTAÇÃO DO CASO
Paciente do sexo masculino da raça amarela, com 28 anos de idade, procurou o ambulatório da Divisão de Clínica Otorrinolaringológica do Hospital das Clínicas da FMUSP com queixa de rinorréia purulenta constante e pneumonias de repetição desde a adolescência. Negava outras doenças, relatando apenas a necessidade de inalações com broncodilatador e fisioterapia respiratória para melhora do quadro de chiado e dispnéia. O paciente não era tabagista. Entre os antecedentes familiares, o pai do paciente tinha história semelhante de infecções respiratórias de repetição, evoluindo com "bronquite" (sic). Ao exame físico, apresentava hiperemia de membrana timpânica com presença de líquido em ambas as orelhas médias, secreção purulenta abundante, drenando dos meatos médios para as fossas nasais e discreta hiperemia de orofaringe, com muco visível na parede posterior da faringe. A ausculta pulmonar revelava murmúrio vesicular reduzido globalmente com sibilos difusos.
Entre os exames laboratoriais, hemograma completo, dosagem sérica de imunoglobulinas e alfa-1 antitripsina e dosagem de sódio e cloro no suor resultaram normais. A sorologia para o vírus da imunodeficiência humana foi negativa. A audiometria tonal limiar teve resultado normal. A tomografia computadorizada de tórax mostrou bronquiectasias difusas, com pequeno nódulo subpleural no ápice do lobo superior direito. A pesquisa de fungos e bacilo álcool-ácido resistente no escarro foi negativa em quatro amostras. A tomografia computadorizada de seios paranasais revelou velamento parcial dos seios maxilares e total de seios etmoidais e esfenoidal. Após antibioticoterapia com amoxicilina (1,5g/dia durante 14 dias) e lavagem nasal com solução fisiológica houve desaparecimento da rinorréia purulenta, quando foi realizada biópsia da mucosa do corneto inferior para microscopia eletrônica de transmissão. À microscopia foi encontrada substituição do epitélio respiratório por uma extensa área de metaplasia escamosa, não se observando epitélio ciliado. Na suspeita de síndrome dos cílios imóveis foi solicitada coleta de espermograma, com diagnóstico de azoospermia após duas amostras. A biópsia de testículo, contudo, mostrou espermatogênese preservada.
DISCUSSÃO
O diagnóstico da síndrome de Young deve ser sempre lembrado nos casos de infecções respiratórias recorrentes (sinusites, rinites purulentas, pneumonias e bronquiectasias) associadas à infertilidade masculina. O diagnóstico é feito através da história clínica, fortemente sugestiva nas situações em que há antecedentes familiares de consangüinidade, uma vez que se trata de doença com herança autossômica recessiva.
Um dos principais diagnósticos diferenciais é a fibrose cística, na qual o aumento da viscosidade da secreção respiratória determina redução do clareamento mucociliar e infecções bacterianas secundárias do aparelho respiratório. Também a fibrose cística está associada à infertilidade masculina, em virtude do espessamento das secreções, enquanto que na síndrome de Young a obstrução do epidídimo decorre de malformação congênita. Dessa forma, a dosagem de sódio e cloro no suor é um passo fundamental no diagnóstico diferencial entre as duas entidades3. Outro diferencial é a própria síndrome de Kartagener, na qual os pacientes apresentam elevada proporção de espermatozóides imóveis, porém sem relato de azoospermia4. Também devem ser descartadas as imunodeficiências, celulares e humorais, congênitas ou adquiridas nos casos de infecções respiratórias recorrentes.
A confirmação da anomalia ultra-estrutural ciliar na síndrome de Young e nas demais formas clínicas da discinesia ciliar primária é bastante difícil, necessitando-se de técnicas caras como a microscopia eletrônica de transmissão2. Existem várias alternativas para esse métodos, como a medida do clearance de sacarina e de radioalbumina e o estudo da freqüência de batimento ciliar em microscópio óptico de contraste de fase1.
O acompanhamento do paciente com síndrome de Young inclui o aconselhamento genético à família e medidas para prevenção das infecções respiratórias e suas seqüelas: higiene nasal, uso de mucolíticos, fisioterapia respiratória e cirurgia endoscópica funcional para ampliação dos óstios de drenagem das cavidades paranasais. Através dessas medidas obtém-se melhora significativa da qualidade de vida dos pacientes, com controle adequado do quadro infeccioso respiratório3,5.
CONCLUSÕES
1. O diagnóstico de síndrome de Young deve ser sempre lembrado nos casos de infecções sinusais e pulmonares de repetição associadas à azoospermia.
2. O principal diagnóstico diferencial nestes casos é a fibrose cística, que pode levar à obstrução funcional do epidídimo pelas secreções espessadas.
AGRADECIMENTOS
Trabalho financiado pelas seguintes instituições: FAPESP, CNPq, CAPES. Os autores agradecem a Mirian Regina P. Simone pela preparação do material utilizado na microscopia eletrônica de transmissão.
SUMMARY
Young's Syndrome: repeated upper airway infections and azoospermia
INTRODUCTION: Young's syndrome is part of primary ciliary dyskinesia, characterized by repeated airway infections and congenital epididymis obstruction.
CASE REPORT: The authors present the case of a 28-year old male with recurrent rhinosinusitis and pneumonia. Sweat and immunologic tests fell within the normal range. Sperm analyses revealed absence of spermatozoa although spermatogenesis was normal according to the findings in testis biopsy.
DISCUSSION: The final diagnosis was Young's syndrome the first case of the disease reported in Brazilian literature.
CONCLUSIONS: The authors emphasize the need for appropriate diagnosis and genetic counselling as well as differential diagnosis with cystic fibrosis in these cases. [Rev Ass Med Bras 2000; 46(1): 88-90]
KEY WORDS: Chronic respiratory infection. Primary mucociliary transport failure. Young's syndrome.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Armengot M, Juan G, Carda C et al. Young's syndrome: a further cause of chronic rhinosinusitis. Rhinology 1996; 34: 35-37.
2. Rossman CM, Newhouse MT. Primary Ciliary Dyskinesia: Evaluation and Management. Pediatr Pulmonol 1988; 5: 36-50.
3. Handelsman DJ, Conway AJ, Boylan LM, Turtle JR. Young's syndrome: Obstructive azoospermia and chronic sinopulmonary infections. N Engl J Med 1984; 310: 3-9.
4. Pavia D, Agnew JE, Bateman, JRM et al. Lung mucociliary clearance in patients with Young's syndrome. Chest 1981; 80: 892-95.
5. Salathé M, O'riordan TG, Wanner A. Treatment of mucociliary dysfunction. Chest 1996; 110: 1.048-57.
All the contents of this journal, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution License
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